Um dos duelos mais equilibrados da primeira rodada dos playoffs da NBA vai confrontar Denver Nuggets e Los Angeles Clippers. Os dois times tiveram a mesma campanha na temporada regular, depois de vencerem 50 de 82 jogos. A equipe do pivô Nikola Jokic ficou com a quarta posição, um posto acima dos angelinos, por causa dos critérios de desempate. O Lakers também teve 50 vitórias e terminou na terceira colocação.
As franquias fizeram quatro partidas na temporada regular, com duas vitórias para cada lado. O mandante sempre venceu, mas é difícil tirar uma conclusão desses resultados. Afinal, o último desses quatro jogos aconteceu já há mais de três meses. E o histórico fica ainda mais estranho porque um desses encontros foi um dos raros triunfos do Nuggets na campanha sem Jokic.
Além disso, os times chegam aos playoffs em momentos bem diferentes. O Clippers, a princípio, encerrou a temporada em ótima fase. Os californianos venceram os últimos oito jogos para “fugirem” de disputar o play-in. Mais do que isso, foram 15 resultados positivos nas 17 partidas finais. As duas derrotas ocorreram para o Oklahoma City Thunder e Cleveland Cavaliers, por uma soma de sete pontos.
O Nuggets, por sua vez, teve um fim de campanha bem conturbado. Em uma decisão sem precedentes, a franquia demitiu o técnico Michael Malone e o GM Calvin Booth a três partidas dos playoffs. É verdade que a equipe venceu os seus três jogos finais e, com isso, segurou uma vaga no TOP 4 do Oeste. Ainda é uma situação estranha, no entanto, com um treinador de primeira viagem em David Adelman.
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Jokic e…
Nikola Jokic vai ser a peça central da análise de qualquer série que esteja envolvido, pois é o melhor jogador do mundo. Ele é um dos “protagonistas” da NBA atual e, certamente, não vai ser diferente nesse duelo de playoffs entre Nuggets e Clippers. O sérvio finalizou a campanha regular com 29,6 pontos, 12,6 rebotes e 10,2 assistências. Virou, com isso, o terceiro jogador da história da liga com uma temporada de triplo-duplo.
Mas a sabedoria popular diz que ninguém ganha sozinho nos esportes. É claro que o pivô não está sozinho, mas o seu apoio é limitado. Denver, afinal, tem um dos reconhecidos elencos mais “raquíticos” da liga. Os três jogadores mais participativos da rotação saindo do banco são dois jovens pouco provados (Peyton Watson e Julian Strawther) e o contestado Russell Westbrook.
O Nuggets, não por acaso, vive um (interminável) drama nos minutos em que Jokic não está em quadra. Os anos passam, mas o problema persiste. Esses intervalos de tempo, por menores que sejam, deixam um “rombo”. Nessa temporada, por exemplo, a queda de produção é assustadora. O ataque produz absurdos 21,5 pontos a menos por 100 posses de bola quando o craque está fora de quadra.
A equipe do Colorado parece cada vez mais um “exército de um homem só” por causa de outros problemas. Todos sabem que os grandes momentos do Denver acontecem, antes de tudo, quando Jamal Murray está em forma e mostra o seu melhor basquete. Mas o armador passou a maior parte dos jogos finais da campanha lesionado. A sua condição física, assim, é um ponto de interrogação entrando nos playoffs.
Matchup ruim
É seguro dizer que, em seu nível de jogo atual, não existem matchups ruins para Jokic. Há alguns adversários que representam desafios um pouco maiores dentro do possível, mas ninguém que o anule. O Clippers, a princípio, é um desses times que são capazes de lhe causar algum desconforto. Tudo gira em torno da presença do cada vez melhor Ivica Zubac do outro lado.
O pivô croata não é um craque, mas faz uma grande temporada e sempre foi um dos melhores marcadores do sérvio. Isso acontece porque é um dos poucos atletas com comprovada capacidade de lidar com o ídolo no um contra um. E lidar não significa anular. Possui a imposição física para “desestimular” o astro a operar no post e, ao mesmo tempo, comete poucas faltas. É uma combinação bem particular.
Mas não é só isso. Do outro lado da quadra, o Clippers abusa dos pick-and-rolls entre Zubac e James Harden. É a chave para o grande ano do croata, aliás. Não espere que isso mude nessa série, pois tirar o sérvio do garrafão e envolvê-lo nas ações o tempo inteiro é uma forma de desgastá-lo. Então, Jokic vai se cansar. E esse tipo de ações, além disso, vai explorar a péssima defesa do craque nessa temporada.
É fato, no entanto, que essa história pode virar rápido também. Se o sérvio conseguir fazer o croata carregar em faltas, ele expõe uma das (poucas) lacunas do elenco dos californianos. O pivô reserva, por enquanto, do Clippers é Ben Simmons. Isso não é viável contra o três vezes MVP da liga. A melhor opção nesse cenário, talvez, seria colocar Drew Eubanks em quadra – por si só, uma vitória para o Nuggets.
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Alternativas
A grande questão é que, dentro dos playoffs da NBA, Nuggets e Clippers são “antíteses” em termos de elencos. Os angelinos, a princípio, tem um dos elencos mais repletos de opções da liga. Muita gente vai dizer – com razão – que esse é um trunfo que se dilui nos playoffs por causa das rotações ficarem mais curtas. Mas, ao mesmo tempo, isso representa ter mais alternativas para mudar os rumos de uma série.
A equipe de Los Angeles, com isso, cria uma sobrecarga em Denver. Está claro que essa série cria um potencial colapso nos encaixes defensivos do Nuggets. O cobertor é curto, em síntese. A lógica diz que Aaron Gordon defende Kawhi Leonard, enquanto Harden é missão para Christian Braun. Mas o que ocorre quando também estiver Norman Powell em quadra? Sobram Murray e Michael Porter, que são alvos para os ataques.
O Nuggets pode “rodar” o elenco e colocar melhores marcadores para situações assim. Watson, por exemplo, seria viável. Mas, nesse caso, você compromete o espaçamento do time que menos arremessa de três pontos nessa temporada. O Clippers não vai ter problemas em “dobrar” Jokic ou Murray, certamente, se o efeito colateral for Watson livre de longa distância. É uma boa aposta para os angelinos.
Aliás, o técnico Tyronn Lue também tem várias boas alternativas para marcar Murray. Deve começar as partidas já com um dos melhores armadores defensivos da liga em cima dele: Kris Dunn. Mas, com o avançar dos jogos, existem alas altos e físicos que podem assumir o desafio: Derrick Jones Jr., Nicolas Batum e, obviamente, Kawhi Leonard. É o elenco em ação.
Esconde esconde
Um dos pontos cruciais para a série de playoffs entre Nuggets e Clippers passa por uma questão popular na NBA: como “esconder” jogadores. Cada time tem um armador bem ruim na marcação: Murray e Harden. Quem está em melhor condição de “sobreviver” à presença desse atleta sem ser punido? Isso é complicado porque, muitas vezes, passa pela escalação do adversário.
Eu acabei de dizer que Dunn é o especialista ideal para marcar Murray. No entanto, isso pode ter um lado positivo para a organização do Nuggets. Enquanto o marcador estiver em quadra, Denver vai ter um ponto claro para “esconder” o seu armador. Dunn, afinal, não é uma ameaça ofensiva. Isso é importante também porque, como já citado, não sabemos as exatas condições físicas de Murray também.
Quando Dunn sair, o problema volta a aparecer. A entrada de jogadores como Powell e Bogdan Bogdanovic, em particular, vai representar desafios.
Harden, por sua vez, deve iniciar a série marcando Braun. Isso não é uma conclusão tão difícil. Mas, aqui, a situação pode revelar-se um pouco diferente de Murray. A questão é que Braun é um atleta ofensivo melhor e mais capaz do que Dunn. Ele é o “esconderijo” do armador do Clippers porque é quem tem um papel ofensivo mais limitado. Mas isso pode mudar.
Talvez, um trunfo enorme para o Nuggets pode ser achar formas de envolver Braun no ataque com mais volume. Pois envolvê-lo significaria, nesse contexto, forçar Harden a marcar.
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Questão de tempo
Seria natural pensar que o tempo joga em favor do Nuggets nessa série. E, de fato, joga em vários sentidos. Uma série longa costuma favorecer quem está com a vantagem de mando de quadra e o elenco mais experiente. Acima de tudo, o intervalo regular entre os jogos minimiza os efeitos da estafa de um elenco curto. Menos jogadores podem atuar mais tempo, pois há a certeza de descanso mínimo de dois dias.
Denver, com isso, vai se sentir mais à vontade para usar o (fraco) banco de reservas por menos tempo. Mais do que isso, é provável que vejamos partidas – no plural – em que Jokic fica em quadra por 45 minutos ou até mais. Não há experiência que justifique ter DeAndre Jordan em quadra nos playoffs em 2025.
Mas também existem motivos para o Nuggets se preocupar com uma série mais longa. Como já disse anteriormente, ter um elenco mais enxuto significa também ter menos margem para variação. Mudar uma série com jogadores de características diferentes, certamente, é bem menos provável pelos lados de Denver. Além disso, Lue tem mais chances de fazer ajustes do que Adelman pelo simples fato de ser mais experiente.
Ao mesmo tempo, há um ponto intangível que abala o Clippers conforme os jogos se estendam: físico. Grande parte da ótima fase do time passa pelo fato de Leonard, por fim, estar jogando. Mas, nos últimos anos, o ala sempre tem uma lesão nos playoffs. Quando menos se espera, você recebe a notificação de alguma lesão do veterano. O tempo, nesse sentido, joga contra os californianos.
Ponto final
Eu sei que esse texto, em síntese, “pinta” um cenário bem favorável para o Clippers. Mas não se engane: Jokic e o histórico recente não são os únicos trunfos do Nuggets nessa série. A falta de opções dos angelinos para tentar marcar o sérvio, caso ocorra algo com Zubac, é inegável. Uma vitória de Denver pode se encaminhar se o croata comete duas faltas nos três primeiros minutos de jogo, por exemplo.
Outro ponto positivo para Denver é ter uma resposta clara para Leonard nessa série. Aaron Gordon é um dos poucos atletas da liga que podem marcá-lo tanto em espaço aberto, quanto no poste baixo. O ala vai ter grandes atuações, pois é um jogador de altíssimo nível. Mas, se Gordon ficar em cima dele na maior parte da série, o seu esforço vai ser maior.
No entanto, o fato de vermos uma série de playoffs entre Nuggets e Clippers equilibrada na NBA de hoje diz muito sobre a grandeza de Jokic. Os comandados de Lue, afinal, parecem estar em vantagem em termos de elenco, desempenho e clima interno.
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Nuggets e Clippers na história dos playoffs da NBA
Na história dos playoffs da NBA, Nuggets e Clippers já se enfrentaram duas vezes. Na primeira rodada dos playoffs de 2006, os angelinos levaram a melhor em cinco jogos. Por sua vez, em 2020, o time do Colorado venceu a semifinal do Oeste em sete jogos depois de perder três das quatro partidas iniciais.
Na temporada regular
Nuggets e Clippers se enfrentaram quatro vezes na temporada antes dos playoffs da NBA. Foram duas vitórias para cada lado.
- 26/10: Los Angeles Clippers 109 X 104 Denver Nuggets
- 02/12: Denver Nuggets 122 X 126 Los Angeles Clippers
- 13/12: Los Angeles Clippers 98 X 120 Denver Nuggets
- 08/01: Denver Nuggets 126 X 103 Los Angeles Clippers
Datas da série
Dia | Jogo | Horário | TV |
---|---|---|---|
19/04 | Clippers x Nuggets* | 16h30 | ESPN 2 |
21/04 | Clippers x Nuggets* | 23h | Prime Video |
24/04 | Nuggets x Clippers* | 23h | League Pass |
26/04 | Nuggets x Clippers* | 19h | Prime Video |
29/04** | Clippers x Nuggets* | – | |
01/05* | Nuggets x Clippers* | – | – |
03/05* | Clippers x Nuggets* | – | – |
* Mandante
** Se necessário
Palpite Jumper Brasil
Jumper | Vencedor |
---|---|
Antonio Carlos Gomes | Nuggets em sete |
Gustavo Freitas | Nuggets em sete |
Gustavo Lima | Clippers em seis |
Higor Goulart | Nuggets em seis |
João Pedro | Clippers em sete |
Lucas Piona | Nuggets em sete |
Matheus Carvalho | Clippers em seis |
Ricardo Stabolito | Clippers em seis |
Victor Linjardi | Clippers em sete |
Vini Donato | Clippers em seis |
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