Na noite em que houve o encontro entre os dois jogadores (Stephen Curry e James Harden) com mais cestas do perímetro em todos os tempos, algo aconteceu. Não que seja totalmente diferente, mas é sinal dos tempos. Considerando apenas pivôs na rodada da NBA de segunda-feira (18), oito jogadores da posição foram responsáveis por 21 cestas de três.
Em quase todas as partidas (oito), teve algum jogador grande acertando do perímetro. Apenas em três delas não houve, mas é necessário fazer um registro. Apesar de não ser pivô de origem, Draymond Green acertou duas das três que tentou no embate entre Golden State Warriors e Los Angeles Clippers. Ou seja, se aplicarmos o mesmo com Trey Lyles no jogo do Atlanta Hawks contra o Sacramento Kings, o número sobe para 26. Portanto, apenas em Orlando Magic x Phoenix Suns não houve uma cesta de três de pivôs na rodada da NBA.
Mas, mesmo assim, se tivermos boa vontade. Isso porque não são pivôs de ofício na NBA. Até começaram partidas assim em suas carreiras, mas o ponto não é esse.
Apenas na vitória do Chicago Bulls sobre o Detroit Pistons, nove delas aconteceram ali. Nikola Vucevic, por exemplo, atingiu seu recorde de cestas de três na carreira. Ele acertou seis das oito que tentou. Enquanto isso, Jalen Smith, seu reserva, converteu duas das três. Por outro lado, Isaiah Stewart fez uma das duas que arriscou.
Veja o detalhe importante: a alta porcentagem nos arremessos de três dos pivôs. Ela segue nos outros jogos.
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Bam Adebayo e Joel Embiid somaram duas em cinco no jogo entre Miami Heat e Philadelphia 76ers. Já Karl-Anthony Towns fez três das quatro que tentou contra o Washington Wizards. Aliás, é bom ressaltar que Alex Sarr errou as quatro que tentou. No entanto, o calouro vem passando por altos e baixos em sua temporada de estreia na NBA.
Já Brook Lopez conectou cinco das oito tentativas, enquanto Bobby Portis, seu reserva, acertou a única que arriscou. O Milwaukee Bucks bateu o Houston Rockets por 101 a 100, enquanto Alperen Sengun não fez nenhuma das duas que teve. Portanto, os pivôs provam que a NBA mudou de vez.
Tem quem não goste, mas é isso. Os pivôs precisaram mudar ao longo do tempo na NBA e, agora, muitos são especialistas nas cestas de três.
Claro, ainda existem aqueles pivôs que passam longe da linha de três. Jakob Poeltl, por exemplo, liderou o Toronto Raptors na vitória sobre o Indiana Pacers (130 a 119) com 30 pontos e 15 rebotes. Só que do outro lado, o calouro Enrique Freeman fez três pontos na partida. E foi de três. Mas ele só jogou porque o Pacers não tinha nenhum pivô disponível.
Myles Turner, o titular, não jogou por lesão na panturrilha. Enquanto isso, Isaiah Jackson e James Wiseman estão fora da temporada. Então, sobrou para Freeman, que é mais um ala-pivô, para o substituir. E Turner é um dos melhores pivôs em cestas de três pontos da temporada 2024/25 da NBA. Até aqui, ele acertou 28 em 66 (42.4%).
Mudança em pivôs na NBA tem explicação
Aquele pivô clássico, como Poeltl, ainda existe. Mas está ficando mais raro. Isso acontece porque a NBA busca cada vez mais pivôs que possam acertar de longa distância. E a explicação é bem simples.
Antigamente, os pivôs de grande nível na NBA (Shaquille O’Neal, Wilt Chamberlain e Kareem Abdul-Jabbar, por exemplo), acertavam entre 55% e 60% de seus arremessos. Só que aí entrou a matemática.
Ainda é possível encontrar pivôs na NBA com alto índice de acerto perto do aro, como Jarrett Allen. Mas veja um detalhe. Com o jogo cada vez mais longe do garrafão, os jogadores grandes são obrigados a saírem para marcação de outros que estão ali na linha de três. A não ser que a defesa jogue em zona, como o Cleveland Cavaliers de Allen.
Mas para conseguir um jogador como Allen, é extremamente difícil. Ele acerta 66.2% na atual temporada da NBA, tudo perto da cesta (ele ainda é dos pivôs clássicos). Mesmo assim, o atleta faz 14.5 pontos.
Conta é simples
Só que os nerds tomaram conta de tudo. Se quer culpar alguém pelo estilo de jogo com muitas cestas de três, é com eles que você tem que conversar.
É básico, entretanto. Jogadores (pivôs ou não) que acertam 43% com um certo volume de cestas de três na NBA fazem quase o mesmo que Allen com os 66% de dois.
Seis cestas de três em 14 tentativas (42.8%) resultam em 18 pontos. Nove cestas de dois em 15 tentativas (60%), representam a mesma pontuação. Ou seja, você precisa ter mais ataques, contando que seus pivôs vão fazer cestas e que não vai haver erro de ataque para atingir o mesmo nível.
A NBA usa uma métrica por cem posses de bola para traduzir em cestas e aproveitamentos, certo?
No jogo entre Bulls e Pistons, por exemplo, houve um acerto de 42.2% por parte das duas equipes. Foram 38 cestas de três em 90 tentativas. E não é que Chicago teve um aproveitamento menor de dois do que de três? Enquanto a equipe acertou 50% do perímetro e 46.7% dentro da linha.
Então, voltamos naquela métrica de cem posses de bola.
Contando que times cometem, em média, 14.7 erros de ataque, cai para 85 tentativas, arredondando para cima. Vamos lembrar que, em 2024/25, a porcentagem de acerto nas cestas de três é de 35.7. Enquanto isso, de dois, é de 53%.
De dois, considerando os 85 arremessos assim, com os 53% de aproveitamento, fariam cerca de 45 cestas ou 90 pontos. Então, com os mesmos 85 arremessos de três, e os 35.7%, resultaria em 30.3 cestas. Ou seja, 90.9 pontos. Vale tentar mais posses de bola de três, pois se o time A tem um aproveitamento melhor que essa linha de 35.7%, a vitória fica muito mais fácil.
Exemplos de times
Até o início da rodada de segunda-feira, 14 times tinham aproveitamento superior aos 35.7% de três. Enquanto o Cleveland Cavaliers tem 41.9%, o Golden State Warriors fazia 39.2%. Então, está mais fácil entender.
Quando a rodada começou, o Cavs liderava o Leste e o Warriors era o líder do Oeste.
Na última temporada, Boston Celtics e Dallas Mavericks fizeram a final da NBA. E preciso dizer quem foram os líderes em porcentagem nas cestas de três?
Apesar de não precisar, o Celtics teve 42.5% e o Mavs, 39.5%.
Não adianta tapar o sol com a peneira, entretanto. Times possuem outros problemas que, com as cestas de três, tentam resolver. Às vezes, a equipe não tem um grande aproveitamento dali, mas tem uma boa defesa. Caso do Oklahoma City Thunder, que tem 35.1% (próximo da média), mas tem a melhor eficiência defensiva.
Outros, como o Miami Heat, até possuem tal índice de acerto, mas é cheio de falhas, até pela falta de um grande elenco. Por isso, tem campanha negativa, mesmo com boa porcentagem nas cestas de três.
Pivôs se destacam em três pontos
De acordo com o site Basketball Reference, até ontem, cinco dos dez melhores aproveitamentos nas cestas de três da NBA eram de pivôs ou alas-pivôs. Larry Nance Jr, do Atlanta Hawks, possui incríveis 63.6%, enquanto Nikola Jokic é o segundo com 56.4%. Ainda fazem parte da lista: Aaron Gordon, Karl-Anthony Towns e Rui Hachimura.
É uma tendência, afinal. Aquele cara de costas para a cesta, pesadão, você até vê aqui e ali. Mas é mais comum encontrar pivôs mais magros, rápidos e que saibam arremessar de três.
Eu entendo. A NBA mudou, mas ainda é muito legal de acompanhar. Eu mesmo tive um certo preconceito quando tudo isso começou, pois acompanho a liga desde o fim dos anos 80. Cestas de três eram raras e muitas vezes utilizadas como artifício. Hoje, elas são importantes e decisivas.
E os jovens pivôs estão arremessando de três cada vez mais. É só ver que Victor Wembanyama, melhor calouro da última temporada, acabou de ter um jogo com oito cestas do perímetro.
Não é por ser diferente que o basquete atual é ruim. Aliás, é bom demais.
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