Os desafios de Adam Silver

Ricardo Romanelli discute os novos paradigmas que o sucessor de David Stern encara no comando de uma liga em franca expansão

Fonte: Ricardo Romanelli discute os novos paradigmas que o sucessor de David Stern encara no comando de uma liga em franca expansão

Por Ricardo Romanelli

Com a aposentadoria de David Stern, comissário da NBA durante os últimos 30 anos, nasce uma nova era no basquete. O dirigente agora aposentado, como já discutido aqui no Jumper Brasil, liderou a liga durante um período de profundo crescimento e prosperidade. Adam Silver foi escolhido como seu sucessor e agora tem desafios de uma NBA moderna pela frente.

Silver, 51 anos, assume o comando da NBA após ter sido indicado por Stern e ratificado pelos donos de time em outubro de 2012. O período de transição, portanto, foi planejado com a devida antecedência e executado com tamanha precisão que até mesmo as bolas utilizadas na liga, que levam a assinatura do comissário, foram feitas antes da temporada na mesma fábrica e no mesmo lote que as que tinham a assinatura de Stern. Esta medida, assim como tantas outras, mostra que o novo comissário é tão detalhista e dedicado quanto seu antecessor – e isso é muito bom.

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No entanto, apesar de terem personalidades amplamente convergentes, Silver vai enfrentar desafios diferentes dos encontrados por Stern quando assumiu o cargo. Desafios originados pela posição de grandeza a que Stern alavancou a liga nas últimas décadas e, justamente por isso, de magnitude e complexidade maiores.

Uma das primeiras questões que Silver terá que administrar é qual direção tomar quanto à globalização da NBA. Principalmente na última década, a liga tem feito um esforço enorme para inserir seu basquete nos mais variados mercados ao redor do globo. Com isso, estabeleceu escritórios em locais estratégicos do planeta (como China e Brasil). Estes movimentos de abertura se consolidaram com a realização de jogos e outros eventos menores nestas cidades, mas para fixar a presença nestes pólos será necessário oferecer algo permanente. A realização de jogos da temporada regular ou mesmo o estabelecimento de uma franquia parece inviável por conta das distâncias que teriam que ser percorridas. O caminho mais lógico possível seria a criação de algo como centros de treinamento e recrutamento de jovens talentos, criando verdadeiras filiais de descobrimento de jogadores para o draft, reunindo ao longo dos anos olheiros e dirigentes (aqui e lá) das franquias.

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Esta é uma ideia perfeitamente viável e que, em muito, ampliaria a participação da NBA nestes mercados que escolheu explorar, tendo em vista que levaria mais atletas destas regiões para a liga.

Além disso, o próprio Stern já destacou qual será um dos maiores focos de Silver no comando da NBA: a atuação em mídias sociais. Esta seria, segundo o ex-comissário em entrevista a ESPN Radio, uma das expertises pessoais do novo comissário. Isso passa desde a maneira como os meios oficiais da NBA se comunicam com o público nas diferentes plataformas até padrões comportamentais mínimos que devem ser exigidos das franquias e jogadores nestas mesmas plataformas. Chegar a uma equação que não apenas agrade, mas seja justa a todos neste sentido, é uma das tarefas mais espinhosas para organizações do vulto da NBA nesta era digital.

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Outro ponto sobre o qual a liga será obrigada a se debruçar com maior critério são as transmissões “piratas”. A NBA tem feito um esforço gigante para que todos tenham acesso aos seus jogos, oferecendo ampla cobertura inclusive via League Pass que, proporcionalmente, possui custos bem aceitáveis. Mesmo assim, os links “piratas” existem em abundância e isso acaba afetando a negociação da NBA com as grandes redes de televisão, gerando pouco interessante perda de receitas para a liga.

Silver também teria, segundo alguns rumores, uma proposta elaborada para extinguir as divisões da NBA: deixar apenas as conferências Leste e Oeste como parâmetros de classificação. Esta surge como uma medida urgente, tendo em vista que as divisões são um anacronismo de uma época em que as distâncias eram proibitivas pela menor velocidade com que se ia de um lado a outro dos EUA. Numa era de viagens ágeis e rápida comunicação, a mudança faz todo o sentido. No entanto, ela deve esperar algum tempo antes de ser proposta, pois não é o objetivo da liga gerar uma mudança estrutural deste porte no começo de uma nova gestão.

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Mídias sociais, redes de televisão e atuação internacional. Estes foram, nos últimos anos, os departamentos da NBA que responderam diretamente a Silver – como “segundo em comando” da liga. Não é por acaso que, agora, que ele é o homem escolhido para lidar com uma situação em que tais áreas terão prioridade de pauta. São, ao mesmo tempo, as mais urgentes e carentes por novas políticas. E o novo dirigente-mor tem as virtudes e qualidades corretas para implementá-las.

Será interessante ver como Silver se porta diante destes desafios originados pela NBA global e soberana que temos hoje. São desafios diferentes da “Era Stern”, mas que possuem especial significância para o futuro da liga que o antigo comissário deixa.

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