A temporada do New York Knicks

Cercada de grandes expectativas, a franquia nunca entregou o esperado

New York Knicks temporada Fonte: Reprodução / X

Repetindo o algoz, o New York Knicks voltou a ser eliminado pelo Indiana Pacers, dando fim a temporada 2024/25. Ainda que frustrante, o resultado não surpreendeu. Após as trocas realizadas na offseason passada, a franquia passou a ser encarada como uma das favoritas para o título. No entanto, o time não engrenou em nenhum momento da temporada regular e, mesmo com a ótima campanha nos playoffs, esbarrou em suas próprias limitações.

Dito isso, passaremos a analisar a temporada do New York Knicks, a qual resultou no melhor resultado da franquia desde 2000.

As trocas por Mikal Bridges e Karl-Anthony Towns

Logo de início, o Knicks passou um recado muito claro para a liga: a franquia entendia que a janela de títulos estava aberta. Os movimentos agressivos no mercado de trocas, nos quais a franquia abriu mão de assets importantes, formaram um time titular fortíssimo. Porém, nem tudo são flores.

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Por Mikal Bridges, o Knicks entregou cinco escolhas de primeira rodada, além do contrato de Bojan Bogdanovic. Então, para ter o pivô Karl-Anthony Towns, foi enviada uma escolha de primeira rodada, Donte DiVincenzo e Julius Randle, além de contratos menores. Ainda que o Knicks tenha recebido um bom ala e uma estrela da liga, as trocas fragilizaram o banco e inviabilizaram a folha salarial da franquia, impedindo a chegada de nomes confiáveis para fortalecer a rotação.

Com as dificuldades citadas, o Knicks enfrentou a temporada inteira com um dos piores bancos da liga. A dificuldade foi ainda maior na fase regular, já que o principal nome do banco, Mitchell Robinson, estreou somente em fevereiro e, ao todo, perdeu 65 jogos da campanha. Nomes como Cameron Payne e Precious Achiuwa, ainda que experientes, pouco ajudaram, até perdendo espaço nos playoffs.

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Desempenho irregular

Com as trocas apontadas acima, o New York Knicks começou a temporada cambaleando. Karl-Anthony Towns, por exemplo, chegou no início do training camp. Ou seja, era previsível um início mais difícil do que o normal, visto que as mudanças foram drásticas, quando comparadas ao time que terminou a temporada anterior. Nos primeiros 20 jogos, o Knicks teve 12 vitórias.

Com o decorrer do tempo, a evolução ocorreu. Os talentos individuais de Jalen Brunson, dono de mais uma grande temporada, e Towns garantiram vitórias para o time. Mikal Bridges, ainda que não tenha feito um ano ruim, não fez valer todo o investimento feito.

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A temporada regular já deixou indícios do que poderia ocorrer nos playoffs. Karl-Anthony Towns piorou, consideravelmente, a defesa nova-iorquina, fazendo com que o Knicks tivesse grandes dificuldades contra os melhores times da liga. Foi assim que o time perdeu os nove jogos contra Boston Celtics, Oklahoma City Thunder e Cleveland Cavaliers. Por óbvio, a culpa não é só de Towns.

O banco fraco, já citado, tornava o time pouco profundo, um contraste ao que vem dando certo na NBA ultimamente, como os finalistas Thunder e Pacers. Ainda no ponto defensivo, a culpa não é somente do pivô. Brunson, ainda que seja o melhor jogador do time, é um defensor fraco e, somado com Towns, sobrecarrega os demais colegas. Não surpreende que os melhores momentos dos dois astros, nos playoffs, fossem enquanto o outro estava no banco.

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Por outro lado, o ataque também teve muitos problemas, ainda que mascarado pelo talento individual dos atletas. A saída de Donte DiVincenzo representou a perda do principal gatilho do Knicks no perímetro, algo que não foi reposto no mercado de trocas e na agência livre. Se na temporada 2023/24 o New York Knicks foi o 10º time com mais acertos de três, em 2024/25 foi o 24º. Ou seja, tem uma grande mudança aí.

Entenda-se que as trocas foram, de fato, por ótimos jogadores. Mas, na NBA atual, é quase impossível ganhar sem ter a bola de três confiável e um banco profundo. É uma tendência que se repetiu nos últimos dois anos na liga.

Contudo, mesmo com todos problemas, o Knicks ficou com a terceira melhor campanha da conferência, atingindo 51 vitórias na campanha, melhor número desde 2012/13 e o segundo melhor no século.

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Ótima campanha nos playoffs

Sejamos diretos, a campanha do Knicks surpreendeu até os mais fervorosos torcedores da franquia. Na primeira rodada, a vitória contra o Detroit Pistons era previsível, ainda que Cade Cunningham tenha dificultado bastante a vida do Knicks. A parte física da série lembrou a NBA antiga, com defesas fortes. Jalen Brunson foi clutch mais uma vez, com bons jogos de Karl-Anthony Towns, sobretudo nos jogos em Detroit.

Pois bem, chegamos, talvez, na série mais surpreendente da atual pós-temporada. Quando o Knicks trocou por OG Anunoby e, posteriormente, por Mikal Bridges, se imaginava que a franquia buscava um antídoto para Jayson Tatum e Jaylen Brown, já que o Boston Celtics era, ali, o melhor time da liga com sobras.

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A campanha negativa contra os celtas na fase regular, além das dificuldades de encaixe do Knicks, fizeram com que o Boston Celtics entrasse na série com amplo favoritismo, evidenciado na votação do próprio Jumper no prognóstico. E, não me entenda mal, não existia a chance de apontar o Knicks como favorito.

Sorte contra Celtics?

No entanto, a resiliência do time, bem como o rendimento absurdo de Jalen Brunson, deram em um resultado histórico. Há quem diga que o Knicks só passou por ter ali um time “baleado”. Mas, essa narrativa deve ser afastada. Com exceção de Kristaps Porzingis, jogador com vários problemas, o Celtics entrou na série com todos jogadores disponíveis.

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No momento da grave lesão de Jayson Tatum, o Knicks encaminhava um 3 a 1 na série, com total mérito. Essa série mostrou tudo que se esperava desse time desde o momento de sua montagem e que não havia aparecido na fase regular. Mikal Bridges, por exemplo, foi quem teve as jogadas defensivas cruciais no clutch time nas duas vitórias em Boston e, como esperado, em jogadas com Brown e Tatum.

Nesse sentido, menção específica para um dos jogadores mais impactantes do Knicks nos playoffs e que, para o senso comum, ficou marcado pelos lances livres perdidos. Mitchell Robinson foi vital para elevar o nível da defesa do Knicks, bancando Towns em momentos importantes, além de gerar várias posses extras no ataque. Afinal, ele foi, com sobras, o maior reboteiro ofensivo da pós-temporada. O pivô teve o segundo melhor número de chances extras desde 1974, atrás somente de Ben Wallace em 2003.

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Choque de realidade contra Indiana Pacers

Na final do Leste, o Knicks enfrentou seu principal algoz e, mais uma vez, não venceu. Analisando os times titulares, creio que seja incontroverso que o Knicks tem mais qualidade que o Pacers. No entanto, há de se entender a tendência e os caminhos que a NBA está seguindo. Não basta ter o melhor jogador em quadra (Jalen Brunson) e/ou um time titular fortíssimo, tem de ter muito mais profundidade.

E, como dito acima, essa foi a grande lacuna deixada pelos movimentos feitos por Leon Rose, algo que, obviamente, poderá ser resolvido para a próxima campanha. Enquanto o Knicks trazia do banco dois jogadores confiáveis (Mitchell Robinson, que virou titular no decorrer da série, e Miles McBride), o Pacers tinha uma rotação com dez jogadores, todos úteis.

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Mas mais que isso, o estilo de jogo do Pacers, pautado numa intensidade extrema, foi o suficiente para sufocar o time do Knicks, que já vinha de uma longa série de jogos com uma rotação bem curta. Mikal Bridges e Josh Hart, por exemplo, foram os jogadores com mais minutagem em toda fase regular da NBA, exigindo que Tom Thibodeau usasse em quadra jogadores como Landry Shamet e Delon Wright, esquecidos no banco nas outras séries.

Falhas…

Além das falhas citadas, o colapso no primeiro jogo da série, na opinião deste que vos escreve, foi o principal ponto na queda do Knicks. As mudanças feitas por Thibs ao longo da série, tentando diminuir o tempo de quadra de Towns e Brunson simultaneamente, tiveram resultado positivo, mas o 2 a 0 nos dois primeiros jogos foi irreversível.

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No duelo entre os técnicos, Rick Carlisle trouxe melhores ajustes, conseguindo limitar, dentro do possível, os principais astros do Knicks. Ao procurar expor Brunson e Towns na defesa, o Pacers conseguiu, em vários momentos, sobrecarregá-los com faltas, obrigando Thibs a deixar suas estrelas no banco por um tempo maior que o previsto.

Karl-Anthony Towns

Logo após a eliminação para o Indiana Pacers, os bastidores começaram a ferver. Em matéria do The Athletic, foi apontado que os jogadores e membros da comissão estavam frustrados com os hábitos defensivos de Towns. Em síntese, o sentimento era de que o pivô não entendia o grau de importância em defender, com falhas repetidas nas jogadas defensivas.

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Não é segredo que Towns é um talento no ataque, comprovado em vários momentos dos playoffs da NBA. No entanto, as falhas na defesa limitam o seu tempo de quadra (seja pelos erros ou pelo excesso de faltas), tornando KAT um jogador pouco confiável. Foi comum ver, em quase todos os jogos da temporada, os jogadores do Knicks reclamando com o pivô após pontos sofridos.

O fato é que a qualidade de Towns no ataque não sustenta o péssimo nível defensivo, sobretudo no contexto do New York Knicks na atual temporada da NBA. A missão de formar um time que mascare as limitações na defesa de Towns e Brunson é complicadíssima e, existindo uma possibilidade de troca de pivô, o Knicks deve pensar muito sobre isso.

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E a próxima temporada?

Com todas as dificuldades encontradas, estamos falando de uma grande temporada da franquia, principalmente em resultados. Para um time feito nesta campanha, esperar um título de imediato seria, dado o histórico da própria liga, utópico.

É normal que as coisas melhorem em um segundo ano, com a evolução e maturação dos jogadores. O primeiro passo é, com urgência, melhorar o elenco. O Knicks precisa de arremessadores confiáveis, além de um armador para o banco. Chris Paul, livre no mercado, seria o nome ideal para comandar os minutos de descanso de Jalen Brunson.

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Rumores

Se os rumores de saída de Giannis Antetokounmpo forem confirmados, espera-se um Knicks agressivo na tentativa de troca, já com insiders da liga apontando que a franquia tem interesse no ala-pivô. Ainda que seja difícil, a troca de Luka Doncic comprovou que não podemos duvidar de mais nada na NBA.

Quanto a Tom Thibodeau, é necessário falar que não há a necessidade de demissão, com muitas das críticas sendo exageradas. É claro que há um problema na dosagem de minutos dos atletas e algumas leituras equivocadas nos jogos. No entanto, estamos falando de um dos dez melhores treinadores da liga, dono de um grande trabalho desde que chegou ao Knicks, com resultados expressivos, principalmente quando analisamos o histórico da franquia neste século.

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Por fim, a franquia precisa formar um time que complemente seu principal jogador. Brunson já é um dos maiores nomes da história do Knicks, é o jogador mais decisivo da liga e mostrou que é capaz de levar a franquia aos palcos principais. O caminho do sucesso passa pelas mãos do armador.

Mais uma vez, o Knicks está no caminho certo, com a evolução sendo vista ano após a ano. Que a próxima temporada, com as correções necessárias, termine com o título que a franquia não vê desde 1973.

Por Julio Luizelli

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