Chicago Bulls (42-40)
Temporada regular: 9º lugar da conferência Leste
Playoffs: não se classificou
MVP da campanha: Jimmy Butler (20.9 pontos, 5.3 rebotes, 4.8 assistências, 1.6 roubada)
Pontos positivos
– Foi a temporada de afirmação de Jimmy Butler. O ala-armador assumiu as principais funções no time de Illinois e, não por menos, seguiu sendo consistente dos dois lados da quadra, retornou ao Jogo das Estrelas e ganhou uma vaga no elenco que ganhou a medalha de ouro nas Olimpíadas do Rio de Janeiro.
– Seja lá o que acontecesse, o Chicago Bulls podia confiar em Pau Gasol no garrafão. Com Taj Gibson, Nikola Mirotic ou Joakim Noah ao seu lado, o espanhol sempre garantiu a parte dele, mesmo sem precisar jogar tantos minutos (31.8 por noite).
– As evoluções de Doug McDermott e Mirotic foram vistas em 2015-16. O ala-armador foi extremamente eficiente nos arremessos de três e ganhou espaço na rotação com o técnico Fred Hoiberg. Saltou de meros nove minutos em sua primeira temporada para 23 no ano passado. Já o naturalizado espanhol, foi eficiente no ataque, também com os chutes de longa distância. Mas MiroMagia (obrigado pelo apelido tosco, Cearah) era a bola de confiança fora do garrafão. Isso vai aumentar na próxima temporada.
– O Bulls de Hoiberg mostrou alguma evolução durante a temporada. Não em termos de vitórias e derrotas, pois o time perdeu mais do que ganhou na reta final, especialmente por conta das inúmeras lesões de seus principais atletas. Mas principalmente, na forma de pensar o jogo e sair em transição. Esse tipo de mentalidade é que o treinador quer em seus jogadores.
Pontos negativos
– Embora os pontos positivos não sejam tão positivos assim, os negativos é que deixam o torcedor do Bulls um pouco mais preocupado. Ficou de fora dos playoffs pela primeira vez desde 2007-08, ainda que tenha terminado com saldo positivo (42 vitórias em 82 partidas).
– O Bulls não teve o elenco que Hoiberg queria. Nem tinha muito o que fazer, mas o estilo de jogo corrido não foi realizado de forma eficaz. Eram jogadores formados para Tom Thibodeau, que primava por defesa e por um ataque mais comedido, de mais eficiência do que volume.
– Contusões não são exatamente as desculpas para nenhum time na NBA. Toda equipe perde jogadores ao longo da temporada, mas quando falamos dos principais jogadores perdendo jogos por lesões, aí não tem mesmo o que fazer. É torcer para dar certo, no máximo. Como o elenco não era profundo e dependia muito de Gasol, Butler e Derrick Rose, a situação ficava feia quando um deles não entrava em quadra. Isso sem contar com Noah, Mirotic e Mike Dunleavy. Esses seis perderam juntos, 161 partidas. É muita coisa, se pensarmos que a base da equipe era essa.
– Os problemas nos vestiários eram claros, especialmente entre os principais jogadores. Rose e Butler não se bicavam (apesar de que depois, um afagou o outro), Gasol se sentiu desrespeitado, Noah, idem. Faltou experiência a Hoiberg para lidar com situações adversas, tanto que o time naufragou depois da parada para o Jogo das Estrelas e viu outras equipes passando na tabela, sem forças para reagir.
Análise
O bom de tudo é que passou. A temporada 2015-16 serviu como aprendizado para Hoiberg e seus comandados. A diretoria não quis negociar para melhorar o elenco e ainda perdeu uma das referências no vestiário, o armador Kirk Hinrich. O veterano foi trocado para o Atlanta Hawks por Justin Holiday e uma escolha de segunda rodada de 2018. Não que Hinrich conseguisse fazer alguma diferença em quadra, pois, aos 35 anos, servia mesmo como influência para os mais jovens.
Falando em jovens, isso foi uma coisa que deu certo no Bulls. Mirotic, McDermott, Bobby Portis e o surpreendente Cristiano Felício, ganharam espaço com o treinador e produziram de forma satisfatória. Claro que no fim da fase regular, era mais uma questão de sobrevivência na temporada, aliada a testes para o futuro. A base é boa e pode render frutos.
O fato de Hoiberg não poder contar com jogadores que pudessem executar seu estilo de jogo, pesou. E muito. Não tinha quem conseguisse trabalhar em transição com eficiência. Rose estava cada vez mais acanhado, pois não conseguia infiltrar com a mesma facilidade de seus anos de glória. Arriscava os arremessos, mas sem precisão. Ele mesmo chegou a dizer que se sentia um pouco preso. Para um bom entendedor, ele estava com medo de ir para cima e se machucar novamente, tanto que qualquer queda era motivo de preocupação da comissão técnica.
Mas o problema não parou por aí. Sem Noah por boa parte da temporada, Hoiberg começou a forçar a barra com Taj Gibson como pivô substituto. Sim, ele era ala-pivô titular, mas era obrigado a jogar muitos minutos como a única referência no garrafão. O treinador utilizava formações mais baixas, com Mirotic de ala-pivô e às vezes, com até três armadores (Rose, Moore e Brooks). Isso aconteceu principalmente quando Butler estava contundido.
Gasol mostrou-se desinteressado na reta final e afirmou que não pretendia permanecer para a próxima temporada. Se um jogador desse calibre demonstra esse tipo de comportamento em um elenco que ainda chorava por seu antigo treinador, aí é que o vestiário virava terra de ninguém.
O grande ponto positivo foi ver Butler assumindo a bronca. Ele pegou a bola e tentou ser o organizador de jogadas. Depois que voltou de contusão, em março, foram 18 jogos, com médias de 16.7 pontos, 5.5 rebotes e 6.1 assistências. Mas deu sinal de desespero, forçou jogadas e converteu somente 23.2% dos arremessos de longa distância no período.
Futuro
Eu acompanho NBA há mais de 25 anos e, não me lembro de uma vez em que a diretoria do Bulls fizesse um esforço mínimo para trazer reforços de peso. Para a minha surpresa, isso aconteceu agora. Tudo bem que para isso, a base dos últimos anos tenha ido para o espaço, mas as saídas de Noah, Rose e Gasol, especificamente, não serão tão sentidas. Chegaram Rajon Rondo, Robin Lopez e o astro Dwyane Wade.
Entendo perfeitamente que Rondo e Wade já passaram do melhor ponto de suas carreiras. Talvez mais pelo segundo, já que o armador liderou a NBA na temporada passada em assistências no Sacramento Kings e recuperou o seu moral. Wade chega não para ser lembrado por ter atuado no Bulls em seu estágio final de carreira, mas quer fazer parte de algo especial.
Existe uma preocupação por conta do espaçamento da quadra. Rondo, Wade e Butler jamais foram especialistas em arremessos de longa distância, e o jogo corrido precisa muito dessa parte. No entanto, Mirotic e McDermott estarão mais tempo em quadra por conta disso. Mas é bom lembrar que Rondo teve o melhor aproveitamento de três na carreira em 2015-16, enquanto Wade também surpreendeu, mas nos playoffs, com mais de 50% de acertos. Bem que Pat Riley avisou. As presenças de Isaiah Canaan e do calouro Denzel Valentine, também serão notadas. São ótimos no quesito.
Vejo com bons olhos (talvez mais do que o torcedor do Bulls) esse elenco, essa formação. Para funcionar, precisa de tempo. Chegaram peças muito importantes no grupo, que vão fazer o time mudar de patamar. A cara está ficando cada vez mais próxima do que Hoiberg quer. Faltam alguns detalhes, mas o time tem tudo para evoluir e voltar aos playoffs.