Quem levará o troféu de jogador mais valioso da temporada? É para tentar acompanhar essa corrida, que mobiliza tantos jogadores e analistas, que o Jumper Brasil apresenta o “Na Trilha do MVP”: a nossa série de artigos em que convidamos integrantes do site e convidados especiais para analisarmos o estado da disputa. Hoje, na primeira edição da temporada, a nossa resposta para a pergunta inicial seria eleger Joel Embiid como MVP, que comanda o Sixers à melhor campanha da liga.
E como funciona essa votação? Nós pedimos para cada um dos eleitores da semana elegerem o seu TOP 10 na corrida para o prêmio e pontuamos de forma proporcionalmente inversa à posição em que os atletas foram citados – o primeiro ganha dez pontos e por aí em diante até o décimo colocado, que ganha um ponto.
Os votantes dessa semana são quatro membros do Jumper – os editores Gustavo Lima, Gustavo Freitas e Ricardo Stabolito Jr., além do redator Antonio Gomes – e o convidado especial Luís Araújo, gestor do blog Triple-Double.
Para Joel Embiid ser escolhido MVP da temporada, ele precisará superar dois desafios. O primeiro, óbvio, é transformar o rendimento – individual e coletivo – das duas semanas inaugurais em algo duradouro. O segundo é derrubar uma escrita recente da NBA. Você sabe quando foi a última vez que um pivô de ofício ganhou a honraria individual mais importante da liga?
Faz tempo, cara: foi Shaquille O’Neal, em 2000.
Um jogador de ofício de garrafão, por sinal, já não ganha o prêmio desde 2007, quando Dirk Nowitzki foi o vencedor. Apenas quatro dos 20 troféus de MVP mais recentes foram para as mãos dos atletas de garrafão, com três recipientes diferentes (Dirk, Tim Duncan e Kevin Garnett). Esse número é baixo. Historicamente baixo. Para ter uma ideia disso, você só precisa comparar com períodos anteriores da história da NBA:
Período | MVPs para jogadores de garrafão | MVPs para pivôs de ofício |
2001-2020 | 4 | 0 |
1981-2000 | 8 | 5 |
1961-1980 | 19 | 18 |
Por mais que as noções de “jogadores de garrafão” e “pivôs de ofício” estejam caindo em desuso, deu para entender a mensagem, né? Embiid não enfrenta só uma lista de excepcionais jogadores para conquistar o prêmio de MVP pela primeira vez. Ele lutará contra um tabu que, na verdade, acompanha as mudanças radicais pelas quais o jogo passou nos últimos anos – e, em uma visão mais abrangente, em sete décadas de história da NBA.
Vamos, então, à primeira edição da temporada 2020-21 do “Na Trilha do MVP” do Jumper Brasil:
10. Brandon Ingram (New Orleans Pelicans)
REC | PTS | REB | ASS | R.B. | BLQ | TOs | FG% | 3P% | LL% |
4-4 | 24.9 | 7.0 | 5.5 | 0.6 | 0.8 | 2.5 | 46.3 | 37.0 | 84.6 |
Votação: 11 pontos
O Pelicans deveria ser o show de Zion Williamson, mas, aparentemente, será um dueto: Ingram vem se confirmando como a grande referência do time, após ter sido escolhido jogador de maior evolução na NBA na última temporada. E adivinhe só: como qualquer atleta de 23 anos, ele segue evoluindo. Suas médias de pontos, rebotes e assistências estão em alta comparadas à campanha passada, enquanto seus desperdícios de posse caíram. Nenhum outro all-star de 2020 registra um avanço estatístico parecido.
9. Jaylen Brown (Boston Celtics)
REC | PTS | REB | ASS | R.B. | BLQ | TOs | FG% | 3P% | LL% |
6-3 | 26.2 | 5.4 | 3.3 | 1.7 | 0.8 | 2.7 | 54.7 | 41.2 | 73.0 |
Votação: 11 pontos
A reação natural ao pensarmos em um jogador do Celtics na corrida para MVP é Jayson Tatum vir a mente, né? Não dessa vez. Brown tem sido espetacularmente eficiente no início da temporada, compartilhando o protagonismo do time com seu colega. Entre as suas grandes atuações, o jovem ala-armador quebrou o recorde da carreira ao marcar 42 pontos na vitória diante do Grizzlies. Desde 2000, só outros três atletas da franquia atingiram tal marca antes dos 25 anos de idade: Tatum, Paul Pierce e Antoine Walker.
8. Nikola Vucevic (Orlando Magic)
REC | PTS | REB | ASS | R.B. | BLQ | TOs | FG% | 3P% | LL% |
6-2 | 21.0 | 10.5 | 3.5 | 1.0 | 0.6 | 1.1 | 50.8 | 44.2 | 71.4 |
Votação: 18 pontos
Vucevic tem sido o motor por trás do funcionamento minimamente decente do ataque do Magic – um dos mais engessados da liga – por anos. Então, o que existe de diferente ou especial nesse início de temporada? Desperdícios de bola em taxa historicamente baixa. Ele vem distribuindo três assistência por turnover e é um dos cinco jogadores da liga no momento a usar mais de 20 posses de sua equipe por 40 minutos e registrar uma taxa de erros de ataque abaixo dos 5%, com Kawhi Leonard, C.J. McCollum, Lou Williams e Michael Porter Jr.
7. Stephen Curry (Golden State Warriors)
REC | PTS | REB | ASS | R.B. | BLQ | TOs | FG% | 3P% | LL% |
4-4 | 29.6 | 5.1 | 6.3 | 1.0 | 0.3 | 3.1 | 44.6 | 35.6 | 95.0 |
Votação: 19 pontos
Um início apagado de temporada do Warriors e Curry foi o bastante para que torcedores e analistas questionassem o seu legado. Damian Lillard, inclusive, disse que ele parecia “mortal”. E a resposta do armador, enfática, veio: ele quebrou o recorde da carreira ao anotar 62 pontos contra o Blazers e, menos de 48 horas depois, flertou com um triplo-duplo de 30 pontos na vitória sobre o Kings. Essas duas atuações também não definem o legado do craque, mas, na dúvida, fica a dica: melhor não mexer com esse assunto.
6. Giannis Antetokounmpo (Milwaukee Bucks)
REC | PTS | REB | ASS | R.B. | BLQ | TOs | FG% | 3P% | LL% |
5-3 | 26.1 | 10.9 | 5.4 | 1.4 | 0.9 | 3.5 | 52.1 | 25.0 | 61.6 |
Votação: 20 pontos
O Bucks pode não ter iniciado a campanha dominando oponentes, mas Antetokounmpo já está no ritmo de MVP que conhecemos nos dois últimos dois anos. O problema é que, como Embiid, o ala grego precisará contrariar um tabu da história recente da NBA para levar a honraria: em sete décadas, só três atletas foram premiados três vezes seguidas e o lendário Larry Bird foi o último, ainda na década de 1980. Seis jogadores tiveram a chance de fazê-lo desde então e não conseguiram – incluindo LeBron James e Michael Jordan.
5. Paul George (Los Angeles Clippers)
REC | PTS | REB | ASS | R.B. | BLQ | TOs | FG% | 3P% | LL% |
6-3 | 24.6 | 6.5 | 4.8 | 1.6 | 0.5 | 4.3 | 48.9 | 47.8 | 94.6 |
Votação: 21 pontos
Era compreensível que, depois do que vimos na “bolha”, George começasse a temporada como um homem em uma missão. E o que soa ter se mantido da campanha passada é sua excelência como arremessador de longa distância, com eficiência que sugerem um especialista no quesito. O astro acertou 41.2% dos 7.9 chutes de três pontos tentados por partida em 2019-20. Nos oito primeiros jogos realizados na atual temporada, ele registra (impressionantes) quase 48% de aproveitamento em suas 8.4 tentativas.
4. Domantas Sabonis (Indiana Pacers)
REC | PTS | REB | ASS | R.B. | BLQ | TOs | FG% | 3P% | LL% |
6-2 | 20.8 | 11.4 | 6.4 | 0.8 | 0.6 | 3.8 | 57.7 | 52.9 | 67.4 |
Votação: 29 pontos
Sabonis iniciou a temporada jogando o melhor basquete da carreira, ganhou o prêmio de melhor jogador da semana pela primeira vez e comanda um Pacers com ritmo ofensivo bem mais fluido. E, entre tantos benefícios, o novo estilo de jogo acentua sua habilidade como facilitador: ele distribui quase 80 passes por partida na temporada, segunda maior marca da liga. São só dois passes a menos em média do que Nikola Jokic, que co-lidera a NBA em assistências e é o provável melhor pivô passador da história do esporte.
3. Nikola Jokic (Denver Nuggets)
REC | PTS | REB | ASS | R.B. | BLQ | TOs | FG% | 3P% | LL% |
3-4 | 24.1 | 11.7 | 11.9 | 1.4 | 0.6 | 5.1 | 61.4 | 47.1 | 82.2 |
Votação: 30 pontos
Nós nunca vimos um pivô jogar como Jokic – e, aparentemente, Michael Malone decidiu levar isso a outro nível nessa temporada. Ele já disse que quer ver o sérvio dar mais de dez assistências por jogo e distribuir três passes decisivos para cada erro de ataque. “O treinador Malone está me colocando nos pontos certos da quadra e só tento encontrar o jogador livre. Amo quando todos os atletas estão envolvidos no ataque, pois isso é duro de marcar. Essa é a forma como compreendo basquete”, afirmou o astro.
https://www.youtube.com/watch?v=S6i8ytVx918
2. LeBron James (Los Angeles Lakers)
REC | PTS | REB | ASS | R.B. | BLQ | TOs | FG% | 3P% | LL% |
6-2 | 23.9 | 8.8 | 7.4 | 1.1 | 0.4 | 3.6 | 47.7 | 37.5 | 75.6 |
Votação: 35 pontos
São 36 anos de idade, dezoito temporadas de carreira e quase 1.300 partidas na NBA. E ainda parece estranhamente natural ter LeBron aqui. O astro do Lakers é um exemplo de longevidade, talvez, como nunca vimos antes – e vai deixando feitos históricos pelo caminho. Só nos últimos dias, ele tornou-se o terceiro jogador com mais triplos-duplos pela equipe angelina (22) e o primeiro atleta a completar 1.000 jogos consecutivos na liga anotando mínimo de 10 pontos.
“Eu tenho que fazer o que for necessário para ajudar o meu time a vencer. Realmente não me importa se será pontuar, pegar rebotes, defender, distribuir assistências, fazer as pequenas coisas ou simplesmente estar à disposição de meus companheiros, fora e dentro de quadra. Agradeço muito a todos em torno de mim, jogadores e técnicos, por permitirem que seja quem sou e use a minha influência pelo bem das equipes em que atuei”, refletiu o veterano, em busca do quinto prêmio de MVP da carreira.
1. Joel Embiid (Philadelphia 76ers)
REC | PTS | REB | ASS | R.B. | BLQ | TOs | FG% | 3P% | LL% |
7-1 | 25.3 | 11.7 | 3.3 | 1.3 | 1.9 | 2.9 | 52.8 | 40.9 | 83.6 |
Votação: 49 pontos
Ser o melhor jogador da equipe de melhor recorde da liga costuma ser o caminho mais curto para o prêmio de MVP da temporada. Mas isso é pouco para definir o impacto de Embiid: ele é a força dominante que lidera o Sixers. A equipe anota mais de 20 pontos por 100 posses de bola a mais do que os oponentes enquanto o pivô está em quadra – maior índice do elenco. A defesa de Philadelphia, que já é a mais eficiente da liga hoje, consegue sofrer quase cinco pontos a menos por 100 posses na presença do astro.
“Para competir por prêmios, você precisa estar em uma equipe vencedora. Tudo em que estou focado hoje é vencer. O nosso maior objetivo é o título, obviamente. Eu sou pago para tomar as rédeas de jogos e resolvê-los. Sou pago para dominar partidas. Esse é o meu trabalho. Isso é o que faço. Dou crédito aos meus companheiros por tudo que nós fazemos ao longo da noite, vou lá e termino o serviço”, afirmou o craque, encarando as grandes atuações como só mais um dia normal em sua carreira.
Outros jogadores citados na votação: Trae Young (Hawks, dez pontos), Kevin Durant (Nets, nove pontos), Kyrie Irving (Nets, quatro pontos), Jayson Tatum (Celtics, quatro pontos), James Harden (Rockets, três pontos) e Julius Randle (Knicks, dois pontos).
Legendas:
REC – recorde da equipe na temporada
PTS – pontos por partida
REB – rebotes por partida
ASS – assistências por partida
R.B. – roubos de bola por partida
BLQ – bloqueios por partida
TOs – desperdício de bola por partida
FG% – aproveitamento de arremessos de quadra
3P% – aproveitamento de arremessos de três pontos
LL% – aproveitamento de lances livres
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