A última vez que o Chicago Bulls conquistou um título da NBA foi há 25 anos. Michael Jordan comandava aquela equipe ao seu sexto campeonato na história da liga, mas não seria tão fácil. Aliás, o Bulls era sempre o principal candidato, só que restava combinar com o resto, né? Especialmente, o Utah Jazz, de Karl Malone, John Stockton e Jeff Hornacek.
Chegaram
Até então, o Chicago Bulls contabilizava cinco troféus, mas buscava mais um título da NBA para completar sua saga. No entanto, os bastidores apontavam desgaste entre jogadores e direção. A série The Last Dance mostrou bem como foi. Mas aqui, vamos explorar mais o jogo em si, como foi e o que aconteceu depois.
Segue o fio.
Mentira, aqui não é o Twitter. Ou X (que loucura), como queira.
Para chegar às finais, o Bulls precisou superar adversidades e times incrivelmente bons, como o Indiana Pacers. Aliás, aquela equipe do Pacers era tão forte, que era uma das únicas que poderiam, eventualmente, tirar o título de Chicago. Meu xará, Gustavo Lima, retrata bem como foi.
Enquanto a direção apontava para uma reformulação de elenco, sendo campeão ou não, o técnico Phil Jackson tentava convencer Jerry Krause do contrário. Como você sabe, não foi assim que aconteceu.
Scottie Pippen, Dennis Rodman, Luc Longley, Steve Kerr, Jude Buechler e Scott Burrell eram agentes livres. Jordan, também, mas seu caso era específico. Ele assinava por ano. Então, para manter o grupo, é importante ressaltar que a NBA estava indo para o locaute. Não seria uma tarefa tão fácil, de qualquer forma.
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Imagine a diretoria tendo de lidar com sete jogadores sem contrato, sendo quatro deles titulares. Depois, imagine Jerry Reinsdorf, dono da equipe até hoje, com sua fama de não gostar de pagar taxas. Com a chance de um locaute, que veio, ele jamais arriscaria sua fortuna.
Então, as chances de o Chicago Bulls brigar por um sétimo título na NBA passavam, também, por uma enorme greve que ameaçava a temporada 1998/99 de não acontecer. Eventualmente, tudo deu certo, mas aquela campanha teve apenas 50 jogos.
A final
Enquanto o Bulls chegava pela terceira vez consecutiva, o Jazz estava em sua segunda. As equipes se enfrentaram na decisão anterior, com Chicago vencendo em seis jogos. Os elencos, inclusive, eram basicamente os mesmos. Os dois apostaram nos mesmos grupos que tinham e, assim, voltaram às finais.
Então, logo no primeiro jogo, em Salt Lake City, Utah venceu por 88 a 85, após prorrogação. O tempo regulamentar terminou 79 a 79, quando John Stockton teve a chance de garantir a vitória. No entanto, ele falhou no arremesso. Já no tempo extra, Pippen tentou empatar. Em vão.
Só que o Bulls ganhou a segunda partida por 93 a 88, forçando Jerry Sloan, técnico do Jazz, a fazer ajustes. Afinal, os próximos três embates aconteceriam em Chicago e as chances de a equipe de Illinois não deixar a série voltar para Salt Lake City eram enormes.
Naquela época, a final da NBA era no sistema 2-3-2. Ou seja, o dono do mando de quadra recebia os dois primeiros jogos, atuaria fora de casa nos próximos três e, depois, teria os últimos dois em seus domínios.
E na terceira partida, o Chicago Bulls deu uma “sapatada” no Utah Jazz: 96 a 54.
Scottie Pippen e as dores nas costas
Vencendo por 2 a 1, com dois jogos a fazer em casa, o Bulls tinha vários pontos a seu favor e precisava terminar tudo da forma mais rápida possível. Scottie Pippen já não suportava mais as dores nas costas. Então, no quarto embate, Chicago venceu por 86 a 82. Pippen, ali, tirou forças sabe-se lá de onde para anotar 28 pontos.
Veio o quinto jogo e a chance de o Chicago Bulls conquistar, em casa, o seu sexto título na NBA. No entanto, Pippen já não conseguia mais produzir. As dores eram tão fortes que ele passava dias sem conseguir andar direito. O Utah Jazz venceu por 83 a 81, mesmo com Toni Kukoc assumindo quase todas as suas funções ofensivas. Michael Jordan teve a chance da vitória, mas errou o arremesso no último segundo.
O jogo 6 aconteceria em Salt Lake City, com mando do Jazz, no domingo, 14 de junho de 1998.
No sábado, Pippen passou o dia todo em tratamento e era dúvida. Os médicos disseram que, ali, poderia ser o fim de sua carreira. Então, ele poderia tentar mais um jogo, mas não mais do que aquilo.
O jogo decisivo
A partida começou e todo o elenco do Bulls sabia que Michael Jordan teria de “tirar um coelho da cartola”. Não havia a chance de Pippen contribuir, mas ele estaria em quadra.
O Jazz estava jogando com uma formação baixa, forçando Phil Jackson a fazer o mesmo. Então, Dennis Rodman virou o pivô na maior parte do tempo. Por outro lado, o negócio de Chicago era dar a bola nas mãos de Jordan.
Logo no primeiro lance, Pippen enterrou, deixando o Bulls na frente por 2 a 0. O problema foi que, quando ele voltou ao chão, a lesão nas costas apenas piorou. Mas os visitantes estavam em um ritmo muito melhor, liderando por 17 a 8 após sete minutos de jogo. Só que o Jazz reagiu e terminou o primeiro quarto na frente por 25 a 22.
Enquanto isso, Pippen, ao melhor modo Anthony Davis, ia e voltava dos vestiários para receber injeções. Uma atrás da outra.
Mesmo sem abrir grande vantagem, o Jazz liderava, ao fim do terceiro quarto, por 66 a 61.
Michael Jeffrey Jordan
Então, Jordan foi “tirar alguns coelhos da cartola”. No plural.
Apenas no último período, ele anotou 16 pontos. Mas os seus últimos dois minutos com a camisa do Bulls foram memoráveis.
Primeiro, ele converteu dois lances livres para diminuir a diferença para dois pontos. Depois, ele repetiu a dose e empatou em 83. No entanto, Stockton fez de três, restando 41 segundos. Mas Jordan sabia que não poderia deixar para o sétimo jogo. Em situação adversa, ele partiu para a cesta e cortou para um.
Faltavam 37 segundos.
Malone recebeu o passe perto do garrafão, enquanto Rodman o marcava. Jordan veio por trás, roubou a bola e foi para o ataque, com 18 segundos para acabar. Então, ele fez o arremesso controverso até hoje (dizem que o camisa 23 empurrou o seu marcador, Byron Scott). Sloan pediu tempo, Stockton arremessou sob pressão, errou e ali estava o sexto título do Chicago Bulls na NBA.
Curiosidades e números
- Jordan anotou oito pontos nos últimos 67 segundos do jogo 6
- Dois técnicos da atualidade faziam parte dos elencos de Bulls e Jazz, respectivamente: Steve Kerr (Golden State Warriors) e Jacque Vaughn (Brooklyn Nets)
- Apesar de ser um dos cestinhas do Bulls, Pippen, por conta de dores nas costas, fez apenas oito pontos no jogo decisivo
- Jerry Sloan, técnico do Jazz, tentou um ajuste após perder o segundo jogo das finais. Ele colocou Greg Ostertag como titular, mas o Bulls venceu por 42 pontos. Depois, o pivô somou apenas seis minutos nas duas partidas seguintes. Por fim, no último embate, Ostertag não pisou em quadra
- Byron Russell, que depois atuou ao lado de Jordan no Washington Wizards, o desafiou para um jogo um contra um, mas o astro jamais respondeu
Nos anos seguintes…
Com a decisão imposta pela diretoria, o Bulls se desfez. Jordan se aposentou, Pippen foi para o Houston Rockets em troca, Rodman foi embora, enquanto Luc Longley assinou com o Phoenix Suns. Isso, apenas depois de a NBA voltou aos trabalhos após o locaute.
Enquanto isso, o Jazz tentava, em vão, conquistar seu título.
Jordan parou por três três temporadas, retornou de aposentadoria após deixar a presidência do Washington Wizards e foi jogar por lá. Ninguém esperava por aquilo, mas ele foi mesmo assim. Não venceu. Sequer foi aos playoffs. Por fim, adquiriu o Charlotte Hornets, também sem sucesso e, agora, está vendendo sua parte na franquia. Um desastre fora das quadras.
Pippen finalmente ganhou dinheiro (recebeu US$22.2 milhões em 11 anos no Bulls, US$87.6 milhões nos próximos sete). Passou pelo Houston Rockets e Portland Trail Blazers antes de encerrar a carreira em 2005, pelo mesmo Bulls.
Rodman tentou atuar pelo Los Angeles Lakers e Dallas Mavericks, mas sem sucesso. Parou de jogar antes do que imaginava.
Phil Jackson ainda foi campeão mais cinco vezes, todas pelo Los Angeles Lakers. Aliás, ele levou Tex Winter para lá. Winter era o assistente, criador do triângulo ofensivo, mas chegou ao Bulls bem antes de Jackson, como a primeira contratação de Krause como GM.
Chicago até chegou aos playoffs em algumas ocasiões, especialmente sob o comando de Tom Thibodeau. No entanto, apenas uma vez com chances reais de título, com Derrick Rose. Foi no ano de seu MVP, mas uma grave lesão no ano seguinte acabou com a possibilidade.
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