Revisão da temporada – Boston Celtics

Equipe obteve a melhor campanha na conferência Leste, com 53 vitórias

Fonte: Equipe obteve a melhor campanha na conferência Leste, com 53 vitórias

Boston Celtics (53-29) – primeiro colocado na conferência Leste

Playoffs: vice-campeão da conferência Leste

MVP do time na temporada: Isaiah Thomas – 28.9 pontos, 2.7 rebotes, 5.9 assistências e 0.9 roubos de bola, de média por partida.

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Pontos positivos da última temporada

– Brad Stevens. Figura central do processo de reconstrução da franquia, este foi o quarto ano do treinador à frente do Boston Celtics. Nesta temporada, Stevens trouxe ainda mais estabilidade e confiança para o trabalho que vem sendo desenvolvido. Apesar de dirigir o time do Leste no all star game, a sua ausência na lista final de candidatos a técnico do ano é, no mínimo, discutível. O treinador provou que consegue trazer competitividade através de um coletivo forte.

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– Isaiah Thomas. Quem vê o status atual do então armador do Celtics, não consegue mais imaginar que ele chegou ao time como “apenas” um sexto homem. Thomas conseguiu superar seus feitos (já formidáveis) da temporada anterior e angariou as melhores médias da carreira em 2016-17, bem como foi escolhido para o all star game pelo segundo ano consecutivo. Certamente o que o jogador mais baixo da NBA fez foi incrível, mas a verdade é que o que ele representou para o torcedor do Celtics foi além do seu desempenho dentro de quadra. O armador trouxe à torcida de Boston esperança, coragem e força de superação nesse processo de reconstrução. O destaque fica por conta da disputa dos playoffs, onde mesmo após a trágica notícia do falecimento de sua irmã mais nova, liderou a equipe até as finais da conferência Leste.

– Al Horford. Com vasta experiência em playoffs, o Celtics venceu forte concorrência para fechar com o jogador dominicano. Horford teve uma temporada de adaptação e registrou seus piores números pessoais desde 2012. Entretanto, as estatísticas evoluíram no fundamento de passes decisivos. O pivô teve média de 5.0 assistências por partida, melhor marca da carreira, o que evidencia a sua importância coletiva dentro do sistema de jogo de Brad Stevens.

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– Jogo Coletivo. O conjunto fez a diferença para o time de Boston, que obteve a terceira melhor média de assistências da liga. O trabalho de movimentação da equipe para deixar o companheiro em uma condição favorável para o arremesso é impecável. Trata-se de um time que sabe o que precisa ser feito e sabe como se organizar em quadra para buscar resultados.

Pontos Negativos

– Eficiência defensiva. É difícil entender como o time de melhor campanha da conferência Leste, e que conta com excelentes marcadores no elenco, consegue ter um destaque negativo no quesito defensivo. Pois é verdade. A equipe que tinha a quarta melhor defesa do campeonato em 2015-16, passou a ser a 18ª em 2016-17.

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– Garrafão. Tal como na temporada passada, a ausência de um rim protector foi o principal problema, já que no ataque, as peças do elenco conseguiam contribuir de forma eficaz. Além disso, o Boston Celtics teve a quarta pior média de rebotes por partida dentre todas as equipes da liga. O principal reboteiro do time foi Al Horford, com apenas 6,8 rebotes apanhados por noite. A falta de um especialista defensivo na área pintada é um problema a ser resolvido.

– Lesões. Mais uma vez o Celtics sofreu com lesões de algumas peças chaves do seu elenco. O melhor jogador defensivo do time, o ala-armador Avery Bradley, perdeu aproximadamente um terço dos jogos da equipe durante a temporada regular. Já nos playoffs, uma lesão no quadril de Isaiah Thomas praticamente definiu a eliminação para o Cleveland Cavaliers nas finais de conferência.

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Análise

Aguardando o momento ideal para investir no mercado de forma mais incisiva, o Celtics não conseguiu formar time tão talentoso quanto os de Cleveland Cavaliers e Golden State Warriors. Por outro lado, o técnico Brad Stevens provou que estratégia e disciplina tática abrem portas para vencer qualquer adversário.

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Desde a chegada do treinador, a franquia de Massachusetts foi a que mais evoluiu na NBA. No prazo de (apenas) três temporadas de trabalho, a equipe conquistou uma classificação improvável para os playoffs no primeiro ano e no segundo e melhor campanha de sua conferência no terceiro. Isso tudo com o mesmo time base e a mesma filosofia de trabalho.

Realmente, o time de Stevens jogou de maneira equilibrada e estável durante a temporada regular e, com méritos, ficou em primeiro no Leste. Porém, apesar de tantos pontos favoráveis, o nível da equipe foi insuficiente para ser um sério candidato ao título da liga. Isaiah Thomas teve um aproveitamento ofensivo espetacular, mas faltou um segundo talento individual, aquele nome de impacto com poder de mudar a figura de um jogo. Os times com pretensões de vencer campeonatos têm pelo menos dois desses jogadores “diferentes”.

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Na outra parte da quadra, a ausência de um nome sólido no garrafão, para proteger o aro e pegar rebotes, enfraqueceu o desempenho defensivo do time. Al Horford se encaixou muito bem no sistema de jogo ofensivo, mas não preencheu o buraco que havia na área pintada. Não porque não sabe marcar, mas porque não tem essa característica. O mesmo raciocínio se aplica ao canadense Kevin Olynyk, que produziu muito mais de um dos lados da quadra. Já o expirante Amir Johnson, simplesmente não vingou em Boston, tal como Tyler Zeller.

De maneira geral, a temporada foi importante para que o Celtics se tornasse oficialmente parte da elite da NBA. Saber que possui um técnico e elenco capazes de vencer qualquer adversário, deixa o torcedor muito otimista, principalmente se considerarmos os ativos que a franquia possui para trazer reforços que farão diferença no futuro.

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Futuro

O Celtics foi um dos times que mais movimentou o mercado em 2017. O general manager da franquia, Danny Ainge, que está fazendo um trabalho exemplar no processo de reconstrução da equipe, foi mais audacioso nesta offseason do que vinha sendo nos últimos anos.

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A primeira decisão tomada pela administração foi a troca da primeira escolha do draft com o Philadelphia 76ers, descendo dois degraus no recrutamento, pois já havia um consenso sobre o jogador a ser escolhido: o ala Jayson Tatum, que inevitavelmente estaria disponível para seleção no terceiro round. Além disso, o Celtics recebeu a escolha de primeira rodada do Sixers de 2018. A estratégia foi, no mínimo, coerente, considerando que o time não precisa de armadores e as duas primeiras escolhas deste ano tinham como uma prioridade Markelle Fultz e Lonzo Ball.

Necessitando de nomes de peso para fortalecer o time, o Celtics firmou contrato máximo com o ala Gordon Hayward, um jogador que sabe ficar com a bola nas mãos e pode pontuar com facilidade, características complementares para o sistema utilizado pelo técnico Brad Stevens. Para melhor comportar o salário do agente livre do Utah Jazz, a franquia abriu mão de Kevin Olynyk (dispensado) e do melhor defensor do time, Avery Bradley (trocado para o Pistons por Marcus Morris). Apesar da grande evolução de Hayward nos últimos anos, fica a sensação de que Ainge poderia conseguir um jogador teoricamente superior. Paul George e Jimmy Butler, que eram alvos do Celtics, foram negociados por menos do que efetivamente valem.

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O clímax da offseason ficou por conta da histórica transferência do astro Kyrie Irving para Boston, que em contrapartida perdeu o pivô Ante Zizic, o especialista em defesa Jae Crowder, o destaque do time Isaiah Thomas, a escolha de primeira rodada do Brooklyn Nets de 2018, além de uma escolha de segunda rodada do draft 2020. Alguns questionamentos surgiram sobre as vantagens e desvantagens dessa troca para a franquia de Massachusetts e para tentar chegar a uma resposta, o negócio precisa ser analisado sob vários aspectos.

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Do ponto de vista financeiro, a franquia se livrou de duas renovações de contrato que podem pesar no futuro; são os casos de Isaiah Thomas e Jae Crowder. A engenharia financeira para manter Kyrie Irving daqui dois anos parece ser menos complexa. Por outro lado, o envolvimento da escolha do Brooklyn Nets do próximo draft foi o que supervalorizou o investimento feito por Danny Ainge, tornando o negócio muito caro de fato. O que ameniza o “prejuízo” é que a franquia possui a escolha de primeira rodada do Sixers de 2018, ou seja, mantém um ativo interessante no recrutamento.

Outro assunto que gerou polêmica foi a questão física de Isaiah Thomas, que serviu até de justificativa para a realização da troca com o Cavs. Muitos se esquecem que Kyrie Irving não tem uma carreira plenamente saudável (coleciona 14 lesões em quatro anos), embora venha de uma temporada de 72 jogos disputados.

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A equipe que jogará em 2017-18 é altamente qualificada. Al Horford e Gordon Hayward têm tudo para ser o complemento ideal para o jogo de Kyrie Irving, pois são bons passadores e possuem técnica diferenciada. Fechando o quinteto inicial, Marcus Morris será o jogador versátil que pode fazer mais de uma função dentro de quadra e, no perímetro, a solução deve ser caseira: Marcus Smart ou Jaylen Brown. Todavia, o torcedor precisa ter paciência no início. Todo time que passa por uma grande reformulação requer tempo para adaptação.

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