Sacramento Kings
Campanha na temporada passada: 33-49, 10º colocado da conferência Oeste
Playoffs: não classificou
Técnico: Dave Joerger (primeira temporada)
Gerente-geral: Vlade Divac (segunda temporada)
Destaques: DeMarcus Cousins e Rudy Gay
Time-base: Darren Collison – Arron Afflalo – Rudy Gay – DeMarcus Cousins – Willie Cauley-Stein
Elenco
7- Darren Collison, armador
10- Ty Lawson, armador
20- Jordan Farmar, armador
9- Isaiah Cousins, armador
40- Arron Afflalo, ala-armador
23- Ben McLemore, ala-armador
17- Garrett Temple, ala-armador
5- Malaichi Richardson, ala-armador
8- Rudy Gay, ala
18- Omri Casspi, ala
22- Matt Barnes, ala
43- Anthony Tolliver, ala-pivô
3- Skal Labissiere, ala-pivô
15- DeMarcus Cousins, pivô
00- Willie Cauley-Stein, pivô
41- Kosta Koufos, pivô
13- Georgios Papagiannis, pivô
Quem chegou: Ty Lawson, Jordan Farmar, Isaiah Cousins, Arron Afflalo, Garrett Temple, Malaichi Richardson, Matt Barnes, Anthony Tolliver, Skal Labissiere e Georgios Papagiannis
Quem saiu: Rajon Rondo, Marco Belinelli, Seth Curry, Quincy Acy, Caron Butler e James Anderson
Revisão
O Sacramento Kings teve uma última temporada conturbada, para variar. A equipe viveu uma crise interna motivada pela péssima relação entre o técnico George Karl e o craque DeMarcus Cousins, agravada pela indecisão da sempre confusa direção da franquia. A situação, obviamente, não ajudou o rendimento do time em quadra: mesmo em uma conferência Oeste “acessível”, a equipe não conseguiu novamente ficar entre os oito melhores e completou uma década longe dos playoffs.
Não é difícil compreender o insucesso do Kings dentro das quatro linhas no primeiro semestre, a partir dos números. A equipe teve o ritmo mais acelerado da liga e seu ataque cresceu em produção, muito ajudado pela chegada de um distribuidor como Rajon Rondo à armação, mas a defesa continuou incapaz de impedir os adversários de pontuarem. O time teve o oitavo pior índice de eficiência defensiva, tomando mais de 106 pontos a cada 100 posses de bola. A ofensiva, por mais frenética que fosse, não compensava o fraquíssimo desempenho no outro lado da quadra.
A lacuna deixada pela saída já esperada de Karl foi substituída por Dave Joerger, o que faz sentido: o treinador do Memphis Grizzlies até a campanha passada é um nome que pode trazer o senso de defesa, entrega e disposição que a equipe tanto carece, ainda sabendo aproveitar as exageradas opções de garrafão que o elenco oferece. Ele também tem um perfil mais próximo de Mike Malone, cuja demissão continua a ser um dos grandes erros da franquia em tempos recentes.
Mas até que ponto Joerger pode mudar a mentalidade de um elenco com evidentes limitações técnicas que não possui esse perfil de “luta”, em uma bagunçadíssima organização em termos de comando e comandando um astro conhecido por um “triturador” de treinadores?
Perímetro
O perímetro do Kings começa com instabilidade. Rudy Gay é o titular absoluto da ala, mas já disse que não deve permanecer em Sacramento após a temporada e, ao que tudo indica, pode ser trocado em breve. Qualquer time mais organizado, provavelmente, já o teria negociado. Os dirigentes de Sacramento estão dispostos a levarem esse problema – como se já não tivessem muitos – para a temporada.
Gay forma o perímetro titular com Darren Collison e Arron Afflalo. A reposição de Rondo com Collison já recoloca o Kings em um velho problema: a falta de alguém que crie oportunidades para outros na equipe. Trata-se de um jogador elétrico, de agressividade, mas não é o cara que vai gerar cestas fáceis para os companheiros. A tendência é que o time não tenha dificuldades em manter o ritmo acelerado de antes com o novo titular, mas sua falta de orientação para o passe pode tornar o ataque de Sacramento mais travado por si só. Não ajuda que, no banco, o elenco só tenha o problemático Ty Lawson e o limitado Jordan Farmar como alternativas. Lawson até poderia ser a solução em termos de criação para outros há umas três temporadas, mas seu basquete desmoronou recentemente.
Ao menos, o Kings parece ter conseguido exatamente o que um médico receitaria para seu time em Afflalo: um veterano exemplar, competente arremessador de longa distância e defensor de perímetro. Ele pode já não ser o mesmo de anos anteriores, mas seu perfil preenche o que a franquia precisa dentro e fora de quadra. O jovem Ben McLemore tende a ser seu reserva imediato, oferecendo o arremesso de longa distância combinado com potencial e juventude. Garrett Temple também traz capacidade de arremesso – até mais consistente do que McLemore –, mas é bem mais unidimensional, um especialista. Assim, fica meio difícil encontrar espaço para Malaichi Richardson, escolha de primeira rodada no draft deste ano, nessa rotação.
Gay, por sua vez, é o criador de arremessos para si mesmo que vem melhorando discretamente como passador ao longo dos anos. Sua última temporada não foi interessante porque Rondo dominou as ações com a bola, mas é possível que o vejamos novamente mais envolvido e produtivo neste ano – se a motivação de deixar Sacramento não interferir. Ele é alguém que precisa de liberdade para ter a bola nas mãos por algum tempo e, com Collison na armação, isso pode ser mais viável agora. Omri Casspi e, mais provavelmente, Matt Barnes são seus reservas imediatos, oferecendo melhor arremesso e esforço defensivo para mudar o jogo. Apostar em formações mais baixas, com Afflalo na três e um dos alas como ala-pivô (os três podem exercer a função), também será alternativa para Joerger.
https://www.youtube.com/watch?v=VBkh8qaiOLg
Garrafão
Em uma liga que aposta cada vez mais em formações mais baixas, o Kings é um reduto de segurança para pivôs. A equipe é dona da provável mais congestionada rotação de jogadores da posição na NBA, a ponto de ter dois “cincos” de ofício no quinteto titular (o astro DeMarcus Cousins e Willie Cauley-Stein). Sem dúvidas, é um time que nada contra a maré das tendências da liga.
Cousins é titular absoluto e o melhor jogador do time. Apesar dos seus problemas de comportamento, ele é um verdadeiro diferencial na liga por ser um dos grandes talentos atuais. Pode atacar a cesta, possui ótimo arsenal próximo do aro, potencial para ser um bom protetor de aro, movimenta-se com facilidade e desenvolveu um arremesso com alcance além da linha de três pontos. Eis um atleta é simplesmente incrível (e suas médias evidenciam isso a cada temporada), mas não se trata de uma personalidade para liderar um grupo ou um jogador que consiga colocar todas as suas qualidades em quadra de uma vez. Quando está bem no ataque, desleixa na defesa. Quando pega um rebote, quer sair com a bola. E por aí vai.
Em Cauley-Stein, o Kings acredita ter seu encaixe mais natural para Cousins. Sim, são dois pivôs, mas o jovem tem a mobilidade para trocar marcações e defender o perímetro enquanto também oferece proteção de aro para “compensar” eventuais erros do craque da equipe. Ele não exige a bola nas mãos para ser produtivo e, na configuração atual do elenco e do time titular de Sacramento, isso é importante. Para começar jogos ao lado do grande astro da companhia, Cauley-Stein soa como o complemento mais perto – ou o único perto – do ideal.
Se quiser apostar em formações mais baixas, Joerger tem três opções interessantes em Anthony Tolliver, Matt Barnes e Omri Casspi. O primeiro é um ala-pivô reserva arremessador provado, que tem bem sucedidas discretas passagens por diversas times, atuando em uma faixa de 20 minutos por jogo com bastante competência. Barnes e Casspi são, na essência, duas alternativas parecidas: alas que, na atual conjunção da liga, encontraram seus lugares como alas-pivôs baixos. O primeiro, mais experiente, chegou agora e já é conhecido de Joerger jogando no grit and grind do Grizzlies. O segundo está há anos em Sacramento fazendo essa função com relativa eficiência, embora técnicos tenham a tendência de esquecê-lo.
Kosta Koufos é uma opção muito sólida para a reserva de Cousins: um veterano que pode fazer um pouco de tudo, pivô versátil que preenche as lacunas de uma equipe. Ataca e defende com eficiência, não faz mais do que sabe e poderia ser titular em alguns times antes de aceitar proposta do Kings. Já o grego Georgios Papagiannis, surpreendente 13ª escolha do draft deste ano, não deve ter tempo de quadra de imediato e pode ter sido trazido tão cedo para a NBA apenas para que a franquia possa acompanhar e ditar seu desenvolvimento.
Análise Geral
É difícil confiar no Kings por uma série de motivos. A volatilidade de Cousins, as indecisões internas e a falta de sucesso recentes sempre advogam contra. Nós aprendemos a esperar o pior possível de Sacramento – e, geralmente, o time retribui a desconfiança em quadra. Combine isso a iniciar mais um ano sem o armador provado que sempre sentiram falta – Rondo nunca foi o jogador dos sonhos, mas preenchia uma necessidade como o criador de arremessos que o elenco sempre carecer –, o desequilíbrio na montagem do elenco e as óbvias limitações técnicas e você possui um cenário que sugere mais um fracasso.
Dá para entender que o Kings olhe para Joerger e o espírito do Memphis Grizzlies da última temporada e veja o que quer ser, mas, com os ingredientes que possui, fica complicado vislumbrar o que possam chegar a esse estágio – nem se fale de um ano para o outro. A impressão que dá é que Sacramento segue a apostar em uma receita que, comprovadamente, já deu errado simplesmente para passar a ideia de que estão tentando chegar aos playoffs. Pode dar certo? Talvez, pois a oitava vaga do Oeste, cada vez mais, é uma competição de baixo nível. Mas isso apenas basta?
Com a inauguração de um novo e moderno ginásio, o Kings tenta manter e atrair público com um time que insinua poder brigar por uma das últimas vagas do Oeste. Mas, com todos os seus conhecidos problemas, o histórico diz que a maior chance é termos as coisas “desandando” em algum momento, ao mesmo tempo que equipes mais jovens (Timberwolves, Nuggets) crescem de produção e exibem potencial para serem mais e mais coesas com o andamento da campanha.
A verdade é que, no fim das contas, o Kings continua a ser aquela bomba relógio que só aguardamos para ver explodir. E o jejum sem playoffs tem tudo para seguir.
Previsão: 13º lugar na conferência Oeste.