Fonte: Jed Jacobsohn / AFPEstou simplesmente encantado com o Oklahoma City Thunder, a grande surpresa da atual temporada da NBA. Ainda em processo de reconstrução, e recheado de jovens, o time subiu de patamar antes do esperado. Vice-líder da Conferência Oeste, o Thunder se tornou uma das potências da liga. Além disso, é candidato ao título de 2023/24.
Recentemente, o Thunder bateu Minnesota Timberwolves (líder do Oeste), Denver Nuggets (atual campeão) e Boston Celtics (líder do Leste). Portanto, o time se saiu muito bem contra adversários qualificados. Desse modo, Oklahoma City solidifica sua campanha rumo aos playoffs. Acima de tudo, o Thunder mostra que é um time confiável.
Hoje, o Oklahoma City Thunder tem a terceira melhor defesa e o quinto melhor ataque da NBA. Em média, a equipe marca 119,2 pontos e sofre 110,7 a cada 100 posses de bola. Ou seja, é um time equilibrado. Além disso, tem o melhor aproveitamento nas bolas de três (39,7%). E consegue esse rendimento jogando com o sétimo pace (número de posses de bola) mais alto da liga. Então, isso é algo impressionante.
Pouco antes do início da campanha, fiz a previsão da temporada da franquia. E qual era a ideia central do texto? A de que havia chegado a hora do Oklahoma City Thunder dar o próximo passo na NBA. Com um núcleo jovem talentoso, o objetivo da equipe seria o de voltar aos playoffs após quatro temporadas. Mas, como estamos vendo, o time está se saindo melhor que a encomenda.
Inicialmente, vamos destacar dois personagens importantes da franquia: o gerente-geral Sam Presti e o técnico Mark Daigneault. Ambos merecem aplausos pela equipe que está dando o que falar nesta temporada. Além disso, vamos falar dos jogadores, os verdadeiros donos do espetáculo.
Sam Presti
Há 17 anos na franquia, o GM se tornou um dos melhores dirigentes da NBA. Aos 29 anos, Presti assumiu o cargo após uma experência de sete temporadas no front office do San Antonio Spurs. Ou seja, ele é um prodígio. E mais uma cria de Gregg Popovich.
Aliás, quando Presti chegou, a franquia ainda era o Seattle SuperSonics. Na época, o GM fez recrutamentos históricos. Kevin Durant (2007), Russell Westbrook e Serge Ibaka (2008) e James Harden (2009). Portanto, ele formou, via Draft, a base do time que viria a ser vice-campeão da NBA, já como Thunder, em 2012.
Posteriormente, Presti soube a hora de partir para a reconstrução. As trocas mais simbólicas foram a de Westbrook para o Houston Rockets e a de Paul George para o Los Angeles Clippers. Ambas em 2019. Com paciência, fez diversas movimentações pensando no futuro da equipe. Desse modo, acumulou incríveis 37 escolhas de Draft até 2030. São 15 de primeira rodada e outras 22 de segunda. Nada mal, hein?
E o olho clínico de Presti nos recrutamentos não parou por aí. Selecionou Josh Giddey (2021), Chet Holmgren e Jalen Williams (2022). Além disso, viu potencial no não draftado Lu Dort, em 2019. Para fechar, trouxe o segundanista Shai Gilgeous-Alexander na troca por George. Hoje, todos são titulares e peças importantes no time.
Mark Daigneault
Já o treinador de 38 anos é uma grata surpresa na liga. O Thunder, aliás, é a primeira equipe que Daigneault comanda na NBA. Anteriormente, ele só havia dirigido o afiliado de Oklahoma City na G League (Liga de Desenvolvimento) e sido assistente no próprio Thunder. Em 2020, Presti apostou nele justamente pela experiência com jovens.
E os frutos estão sendo colhidos nesta temporada. Daigneault não tem astros consagrados à sua disposição, mas montou um time sólido nos dois lados da quadra. E mostrou que consegue desenvolver talentos. Por isso, ele é forte candidato ao prêmio de técnico do ano (seria o meu voto). A confiança do Thunder nele é tanta que uma extensão contratual de múltiplos anos foi pactuada no começo da atual campanha.
Shai Gilgeous-Alexander e Chet Holmgren
Alguns jogadores impactam o time nos dois lados da quadra. Os destaques são Shai Gilgeous-Alexander e Chet Holmgren. O armador é forte candidato ao MVP, enquanto o novato vai brigar até o fim com o badalado Victor Wembanyama pelo prêmio de novato do ano.
Aos 25 anos, Gilgeous-Alexander se tornou um dos melhores jogadores da NBA. Agressivo (lidera a liga em drives), ele é um armador que sabe criar para os companheiros e tem uma habilidade especial para colocar a bola na cesta. O canadense, aliás, vem mostrando uma evolução considerável no arremesso de meia distância. Desse modo, é o terceiro cestinha de 2023/24, com média de 31,4 pontos. Está atrás apenas de Joel Embiid e Luka Doncic.
Além disso, possui energia de sobra para se destacar na defesa. Afinal, o canadense lidera a NBA em roubos de bola (2,6). Assim, o armador tem tudo para ser eleito para o time ideal de defesa. Shai, portanto, é um jogador quase completo. Só falta a consistência nas bolas de três…
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Holmgren, por sua vez, se tornou essencial no Thunder. Logo em sua temporada de estreia, o pivô de 21 anos apresenta um desempenho notável. Em 32 jogos, angariou médias de 17,6 pontos, 7,6 rebotes, 2,7 assistências e 2,7 tocos. Desse modo é o terceiro cestinha da equipe, e o líder em rebotes e tocos. Além disso, ele se destaca nos aproveitamentos: 54,3% nos arremessos de quadra e 40,7% nas bolas de três.
Em suma, Chet protege o aro, arremessa de fora com bom aproveitamento, facilita o jogo, pega rebotes. O calouro, sobretudo, cobre cada lacuna que Oklahoma teve nas últimas temporadas. Holmgren, portanto, foi uma escolha certeira da franquia no recrutamento de 2022.
Elenco de apoio
O sucesso do Oklahoma City Thunder nesta temporada da NBA não passa apenas por Shai e Chet. Afinal, o elenco de apoio da equipe está fazendo muito bem o seu papel. O segundanista Jalen Williams, por exemplo, é o segundo cestinha do time (18 pontos). Além da agressividade no ataque à cesta, ele é capaz de criar para os companheiros (3,9 assistências) e tem um arremesso confiável (52,8% nos arremessos de quadra e 43,5% nas bolas de três).
Já Lu Dort é o especialista defensivo do Thunder. O canadense marca múltiplas posições e ainda se tornou um arremessador confiável do perímetro (41,8% de aproveitamento).
Josh Giddey, por sua vez, não tem os mesmos números das duas primeiras temporadas na NBA. Provavelmente, essa queda de rendimento está relacionada à polêmica extra-quadra envolvendo o australiano. O jogador de 21 anos foi acusado de manter um relacionamento com uma menor de idade. Mesmo assim, ele é o segundo em rebotes (5,9) e assistências (4,4). No entanto, ele melhorou a eficiência nas bolas de três (subiu de 32,5% para 37,5%).
No banco de reservas, o Thunder tem três jogadores que acertam mais de 42% dos arremessos do perímetro. Isaiah Joe é o sniper do time (quase 80% de suas tentativas de arremesso são bolas de três). Cason Wallace é um novato que mostra muita personalidade. Defende bem e tem um arremesso consistente. Por fim, Kenrich Williams é o mais “veterano” (29 anos). Ele marca múltiplas posições e mata bola do perímetro.
O jovem Jaylin Williams é o pivô reserva, mas tem pouco tempo de quadra (menos de 12 minutos). Ainda inexperiente, ele é usado essencialmente quando o Thunder enfrenta times com jogadores “mais pesados” no garrafão.
Futuro do Oklahoma City Thunder na NBA
O Oklahoma City Thunder virou contender antes do tempo na NBA. Como o processo de reformulação está adiantado, a direção da franquia terá que tomar decisões importantes em breve. Por exemplo, usar a quantidade absurda de ativos, sobretudo de Draft, para qualificar o elenco. O Thunder possui a nona menor folha salarial da liga. Em suma, a franquia precisa dar o próximo passo para entrar forte na briga pelo título.
Hoje, o Thunder tem um contrato que poderá ser usado nesta trade deadline: o expirante de US$17 milhões de Davis Bertans. Aliás, o ala letão pouco atua e possui o segundo maior salário da equipe em 2023/24. Por isso, é uma atrativa moeda de troca. Outro que poderia ser incluído em troca (mas não agora) é Giddey. O australiano está em baixa e tem contrato até o final da próxima temporada.
Não espero que Oklahoma tente adicionar um All-Star à equipe nesta campanha. O mais provável é o time de Oklahoma City trazer um pivô de ofício, que faça o “trabalho sujo” no garrafão. Seja para jogar quando Holmgren estiver no banco ou dividir a quadra com o novato. Algumas opções seriam Wendell Carter (Orlando Magic), Clint Capela (Atlanta Hawks) e Isaiah Stewart (Detroit Pistons).
O fato é o que o Thunder vai precisar de um big mais forte fisicamente nos playoffs. Especialmente em duelos contra Nuggets (Nikola Jokic), Timberwolves (Karl-Anthony Towns e Rudy Gobert), Los Angeles Lakers (Anthony Davis) e Sacramento Kings (Domantas Sabonis). Hoje, a equipe é a terceira que pega menos rebotes.
Enfim, Sam Presti tem a faca e o queijo na mão para tornar o Oklahoma City Thunder ainda mais forte na NBA. Resta saber quando ele irá apertar o gatilho. Nesta temporada ou na próxima.
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