“O que o mercado ainda oferece” é uma pequena série anual que sempre faço após o primeiro mês de agência livre garimpando quem são as melhores opções que permanecem disponíveis para contratação. Aqueles que conhecem o Jumper Brasil há mais de um ano sabem do que se trata.
Neste ano, porém, há uma mudança essencial: a organização deixa de ser por cinco posições clássicas para apenas três – guards, alas e pivôs. Basicamente, isso está sendo feito porque o jogo mudou e muitos jogadores já não se encaixam mais no sistema tradicional. É complicado definir: são híbridos, versáteis.
Para começar, lógico, vamos falar dos guards. Como todos devem saber, grosso modo, são os armadores e os alas-armadores. É evidente que existem boas opções além dos dez citados aqui e a ordem em que estão relacionados, rankeamento, vai variar de pessoa para pessoa. Mas é isso aí, vamos lá!
1. Eric Bledsoe (Phoenix Suns, restrito)
Muitos podem ter superestimado Bledsoe e estão cobrando demais. Tirando a pausa por conta da artroscopia no joelho, o armador fez uma ótima temporada e não sei se poderia ter feito muito mais em apenas um ano no novo time. Ele é uma presença eletrizante, agredindo nos dois lados da quadra, quando está nos seus melhores dias. O arremesso vem ganhando consistência. Seu estilo não é dos mais cerebrais e carece de maturidade, porém. Ele ataca, ataca e ataca…
Situação: ele está nas mãos do Suns, pois nenhum dos interessados tem condições de dar o contrato máximo que exige. Sua melhor opção ainda são os US$48 milhões de Phoenix.
2. Ramon Sessions (Charlotte Hornets, irrestrito)
Sessions é um jogador muito eficiente atacando a cesta e esteve entre os cinco melhores da última temporada em pontos por 48 minutos a partir de drives (10.5). Quase 2.5 assistências por erro de ataque é outro número animador. É verdade que seu impacto em outras áreas do jogo beira o nulo e o arremesso sempre foi ruim, mas encontrar alguém com um atributo de elite a esta altura já está de bom tamanho.
Situação: a agência livre começou com muitos rumores, mas o mercado rapidamente esfriou para o armador. Por salário mínimo, não há dúvidas que seja boa contratação.
3. Ray Allen (Miami Heat, irrestrito)
Os arremessos já não estão caindo como antes para Allen, que acertou “só” 37.5% das bolas de três pontos tentadas na última temporada. Isso importa um pouco menos do que deveria porque ele é um profissional acima de tudo, muito rodado e inteligente em quadra. Mostrou ainda ter a vitalidade para bater a bola e atacar defensores mais afobados, closeouts.
Situação: pensa seriamente em aposentadoria. Caso decida continuar, muitas equipes vão estar bastante interessadas.
4. Chris Douglas-Roberts (Charlotte Hornets, irrestrito)
Discreto como sempre, Douglas-Roberts talvez tenha feito sua melhor temporada na NBA pelo Bobcats. Sua capacidade de atuar com a bola nas mãos e usual versatilidade defensiva foram potencializadas na última temporada por quase 39% de acerto nos arremessos de três pontos. O arremesso afiado era o que faltava para tornar-se um coadjuvante muito sólido.
Situação: a offseason deste ano é mais uma prova de sua carreira discreta. Não se lê ou ouve rigorosamente nada sobre seu futuro. Um mistério.
5. Jordan Crawford (Golden State Warriors, irrestrito)
Crawford é mais um dos jogadores da lista que se destacam atacando a cesta e mostraram eficiência em situações de drive. Aproveitou ao máximo a oportunidade de atuar com a bola nas mãos em Boston, sem Rajon Rondo, na última temporada. Decepcionou bastante pelo Warriors, logo em seguida. Já não engana mais: joga basquete aos seus termos.
Situação: tudo muito quieto. No início de julho, rumores davam conta que Bulls, Mavericks, Lakers, Knicks e Nets estavam de olho em seus serviços.
6. Bo McCalebb (Fenerbahçe, irrestrito)
Um dos maiores astros do basquete europeu, McCalebb vem de temporada um pouco abaixo do esperado e fala tão sério quanto nunca em dar o tão sonhado “salto” para os EUA. Ele tem o talento necessário e, muito provavelmente, os recursos para pontuar em qualquer nível de competição mundial. Não há ninguém montando times em torno dele na NBA, porém.
Situação: estaria em conversas com várias franquias da NBA desde o início da offseason, mas nenhuma pista sobre quem são os tais interessados.
7. Chauncey Billups (Detroit Pistons, irrestrito)
É provável que Billups ainda tenha condições de contribuir em bom nível: pode defender várias posições, organizar a equipe e arremessar de longa distância. Isso sem contar a inquestionável experiência. O problema nunca foi técnico. O que coloca um ponto de interrogação no veterano é o fato de ter atuado em apenas 84 de 312 partidas possíveis nas últimas quatro temporadas.
Situação: quando todos imaginavam que estava pronto para se aposentar, ele realizou um treino fechado para o Cavaliers e pode estender a carreira.
8. E’Twaun Moore (Orlando Magic, irrestrito)
Moore fez um bom trabalho como um reserva participativo do Magic na última temporada. Está preso entre as posições um e dois, mas melhorou seu arremesso e atenção defensiva. Ainda é muito inconstante – chegou a sair da rotação –, mas causou estrago quando acordou com o pé direito e “pega” confiança. Protótipo de quarta ou quinta opção de guard em um bom elenco.
Situação: estava quase acertado com o basquete italiano, mas voltou atrás porque dois times da NBA teriam mostrado interesse tardiamente. A preferência é continuar nos EUA.
9. Leandrinho Barbosa (Phoenix Suns, irrestrito)
Pesou o ufanismo aqui? Talvez. Ainda que não tenha feito nada demais na última temporada, Leandrinho provou que ainda tem espaço na NBA. Fez alguns bons jogos e garantiu vaga na equipe após dois contratos de dez dias. Lesões atrapalharam bastante e seu jogo não mudou muito com o tempo, mas ele é provado e sabe como as coisas funcionam. Acertar mais de 28% para três pontos ajudaria.
Situação: aposta em uma boa participação na Copa do Mundo antes de negociar seu futuro na NBA.
10. Seth Curry (D-League, irrestrito)
Curry teve uma excelente temporada na D-League e foi eleito para o terceiro quinteto ideal do ano. Houve guards melhores do que ele na própria Liga de Desenvolvimento, mas o irmão de Stephen Curry é mais jovem e talentoso do que muitos dos seus competidores. Além disso, o garoto possui uma habilidade que se traduziria imediatamente na NBA: a pontaria de longa distância, especialidade da família. É melhor do que os 38% que acertou em 2013-14.
Situação: se não aparecer nada garantido na NBA, ele tem interesse forte na Europa. Bayern de Munique e Baskonia (Espanha) manifestaram a vontade de contratá-lo.
Quase entraram:
Toney Douglas: bom defensor, mas quase nulo no ataque.
DeAndre Liggins: ótima temporada na D-League. Falta arremesso.
Acie Law: um fiasco na NBA que vem de bons anos na Europa.
Kevin Murphy: um dos cestinhas da D-League na última temporada.
Toure’ Murry: Toney Douglas mais talentoso? Muitos times interessados.