O que o Knicks precisa para voltar a ser protagonista?

O leitor Julio Luizelli analisa a temporada do Knicks e aponta caminhos para a franquia

Knicks protagonista Fonte: Jesse D. Garrabrant / AFP

Chegou ao fim mais uma temporada regular da NBA e, para variar, o New York Knicks, longe dos seus dias de protagonista, não chegou aos playoffs. O quarto lugar na temporada anterior, mesmo com a eliminação na primeira rodada para o Atlanta Hawks, gerou uma expectativa muito grande no maior mercado da liga. No entanto, aquele rendimento surpreendente do Knicks não se repetiu e a franquia voltou a ficar de fora da pós-temporada.

Aliás, isso é algo frequente nos últimos anos para a franquia novaiorquina. Afinal, nas últimas dez temporadas, o Knicks só participou dos playoffs em duas oportunidades. A estatística fica ainda pior quando analisamos o atual século: a equipe só foi aos playoffs sete vezes e passou da primeira rodada apenas duas vezes. Então, a última “era de protagonista” do Knicks foi no início da década passada.

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Após a chegada de Carmelo Anthony, a franquia emplacou três participações seguidas nos playoffs, culminando na campanha de 54 vitórias, na temporada 2012-2013. Porém, o time foi eliminado na semifinal da Conferência Leste para o Indiana Pacers. A propósito, convém mencionar que o Knicks nunca foi capaz de cercar o protagonista do time – Carmelo – com as peças necessárias para brigar por coisas maiores,  ou seja, desperdiçou os últimos anos de auge do astro. Todavia, isso é papo para outra hora…

O que fazer na próxima temporada?

A campanha de 37 vitórias e 45 derrotas define, com perfeição, o que o time do Knicks é: mediano. Nem tão ruim para brigar por uma escolha no topo do Draft e nem tão bom para brigar por vaga direta aos playoffs, ou seja, a franquia está no limbo. Aliás, a campanha poderia ser melhor se a equipe não tivesse perdido o veterano Derrick Rose por tantos jogos (jogou apenas 25 partidas nesta temporada), mas nada que mude tanto o nível do time.

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O trabalho do técnico Tom Thibodeau é bom, apesar dos seus problemas ofensivos, e a dificuldade padrão de colocar os mais jovens em quadra. Assim, a campanha do Knicks foi condizente com o que o treinador tem de material humano nas mãos, enquanto a temporada anterior foi um ponto fora da curva. No entanto, é preciso ser dito que a quarta posição em 2020/21 não foi sorte. Mas diversos jogadores que ali estavam tiveram um rendimento acima daquilo que já haviam apresentado na carreira.

Nesta temporada, por exemplo, os problemas defensivos originados após as chegadas de Kemba Walker e Evan Fournier dificultaram o trabalho de Thibodeau. Como todos bem sabem, o técnico sempre prezou pelo alto nível da defesa de suas equipes. Aliás, essa foi a marca registrada do time de 2020/21, que terminou a temporada com a quarta melhor eficiência defensiva da NBA.

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Donovan Mitchell

Apesar de todos os problemas, comparado aos últimos anos, esse é o melhor cenário que o Knicks já teve para dar o próximo passo: a franquia conta com muitas picks (duas este ano, seis em 2023 e quatro em 2024) e tem bons jovens no seu elenco. Chegou a hora de usar as suas moedas de troca na busca por alguém capaz de ser a “cara da franquia”.

As notícias vindas de Salt Lake City, nos últimos meses, dão conta que o Jazz parece viver aquele famoso fim de ciclo, inclusive com problemas de relacionamento entre os principais jogadores da franquia, Donovan Mitchell e Rudy Gobert.

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Embora Mitchell nunca tenha declarado, publicamente, sua vontade de sair, diversos insiders da NBA alegam que a estrela do Jazz gostaria de jogar em mercados maiores. Antes de mais nada, ele nasceu em Nova Iorque. Então, esta seria uma oportunidade de ouro para o Knicks.

Assim, um pacote centrado em RJ Barrett e Immanuel Quickley, além de picks, poderia balançar a direção do Jazz? Teoricamente, a franquia de Utah teria boas peças para o começo de uma reformulação de elenco, enquanto o Knicks receberia a estrela que não possui desde a saída de Carmelo Anthony, e, dessa forma, poderia voltar a ser protagonista na NBA.

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RJ Barrett

Caso o time novaiorquino não consiga atrair nenhuma estrela, seja via troca ou agência livre, é necessário formar o time em volta de RJ Barrett. O canadense de 21 anos viveu uma temporada de altos e baixos, mas sofre com a ineficiência. Barrett teve 20 pontos de média, mas com 40% de aproveitamento nos arremessos de quadra, uma marca bem abaixo daquilo que se espera de um jogador com grande volume.

E essa foi uma tônica da temporada do ala-armador. Após a parada para o All-Star Game, o jovem teve 25 pontos de média até o fim da fase regular. Porém, com os mesmos 40% de aproveitamento. Ou seja, um volume ainda maior, mas ainda assim ineficiente. Esse aumento de volume se deu porque Barrett passou a ter mais a bola nas mãos.

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Embora a ineficiência seja um problema grave na breve carreira do ala-armador, ele já mostrou ser um bom jogador e com potencial de melhora. Além disso, a imprensa que cobre o Knicks já relatou que o canadense tem um perfil trabalhador, um ótimo sinal para a franquia. Como protagonista, Barrett pode aumentar o seu valor na NBA, tanto para uma extensão contratual com o Knicks, quanto para alguma troca por algum astro.

Enfim, RJ Barrett jamais será “o cara” de um contender, mas o potencial de ser um coadjuvante de luxo está ali. Basta achar um ótimo complemento, seja em Nova Iorque, Utah ou qualquer outro lugar da NBA.

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Mitchell Robinson

Por outro lado, o Knicks ainda tem algumas pendências a serem tratadas, como a renovação de Mitchell Robinson. O pivô fez a melhor temporada da carreira e deve pedir um contrato longo.

Ainda que Robinson tenha claras limitações em seu jogo, ele é um bom defensor, um protetor de aro de elite e um dos melhores reboteiros ofensivos da NBA (somente Steven Adams teve média superior na temporada).

Enfim, a agência livre deste ano não apresenta grandes opções para a posição de pivô. Então, com um contrato justo, o Knicks deve optar por trazer Robinson de volta.

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A queda de Julius Randle

O fim da temporada 2020-2021 deixou Julius Randle com um ótimo cartaz na liga. Ele foi All-Star, eleito para o segundo time ideal da NBA e ganhou o prêmio de jogador que mais evoluiu (MIP). Além disso, ele levou o Knicks aos playoffs, algo que não ocorria desde 2013. Contudo, o rendimento do ala-pivô na pós-temporada foi um indício de que ele não pode ser um franchise player. Randle foi facilmente anulado pelo Atlanta Hawks, terminando a série com 18 pontos de média e um baixíssimo aproveitamento nos arremessos de quadra (30%).

Ainda que o nível de jogo visto na pós-temporada tenha assustado, esperava-se que Randle, como peça central do time, mantivesse o nível apresentado ou algo perto disso. Porém, o rendimento caiu bastante, apesar de não estar tão explícito nas suas médias. No entanto, algumas delas mostram a queda do ala-pivô. A eficiência ofensiva de Randle baixou de 110.9 para 102.4, por exemplo.

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Ademais, o aproveitamento nos arremessos de quadra caiu de 45% para 41%. Nas bolas de três foi ainda pior. Com o mesmo volume da temporada anterior, o seu aproveitamento baixou vertiginosamente de 41% para 31%. Além disso, a intensidade defensiva que Randle mostrou na temporada anterior se esvaiu. Em 2021/22, ele voltou ter os mesmos problemas defensivos que o acompanharam durante a carreira.

Mas engana-se quem pensa que os problemas ficaram restritos à quadra. Randle foi alvo de diversas polêmicas durante a temporada. Seu relacionamento com a torcida do Knicks, uma das mais ativas da NBA, é péssimo. O atleta, inclusive, foi flagrado fazendo gestos para os torcedores no Madison Square Garden, em mais de uma oportunidade. Em suma, os dias do ala-pivô no Knicks parecem contados.

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Tchau, Randle!

Enfim, chegamos à principal conclusão: a saída de Randle é a melhor coisa que pode acontecer para ele e para o Knicks. O casamento vai de mal a pior, e a retomada da confiança junto à franquia e à torcida parece algo distante.

Além disso, o jogador de 27 anos ainda possui mercado na NBA, apesar do seu contrato ser relativamente alto (US$117 milhões em salários nas próximas quatro temporadas). Os rumores de saída já começaram, o que é ótimo para a franquia. Uma troca envolvendo Randle significaria uma limpeza na folha salarial visando às próximas temporadas e, de quebra, daria um protagonismo maior ao principal ativo da franquia hoje (RJ Barrett).

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Apesar dos problemas, Randle ainda pode ser muito útil em outros times. É um jogador que garante, com regularidade, 20 pontos e dez rebotes de média. Ademais, o ala-pivô é um bom passador e criador de jogadas para os companheiros.

Outro fator que incentiva a eventual saída de Randle é o crescimento de Obi Toppin na parte final da temporada. Quanto mais minutos teve, maior foi a contribuição do ala-pivô de 24 anos. Desde o momento em que foi selecionado no Draft (2020), Toppin sempre sofreu com a baixa minutagem, graças em boa parte pela ótima fase de Randle, que vivia o melhor momento da carreira.

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A NBA precisa que o Knicks volte a ser protagonista

Então, a offseason do Knicks tem tudo para ser movimentada. A expectativa é que a franquia faça vários movimentos. Tenho a impressão de que nenhum jogador do elenco está a salvo de ser trocado (nem mesmo Barrett). O acúmulo de trocas que geraram escolhas de Draft, nos últimos anos, mostra que a franquia pode, a qualquer momento, buscar negociações por alguma estrela insatisfeita em outro time.

O fato é que a NBA precisa que o Knicks volte a ser protagonista. Afinal, é a franquia mais valiosa da liga, no maior mercado da NBA. Mesmo assim, os anos de péssima administração de James Dolan afastaram o Knicks dos holofotes, ao contrário do que ocorreu nos anos 90. Apesar de não ter sido campeão, o Knicks foi aos playoffs em todas as temporadas da referida década, sendo eliminado na primeira rodada somente em uma oportunidade. Infelizmente, perdeu as duas finais que disputou, para Houston Rockets (1994) e San Antonio Spurs (1999). Então, nada que apague a grandeza de Patrick Ewing, John Starks e companhia.

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Por fim, resta esperar os futuros movimentos da franquia novaiorquina. Mas que, diferente dos últimos anos, o Knicks consiga montar um time competitivo o bastante para retornar às noites de protagonista no Madison Square Garden.

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