A noite de ontem terminou com uma notícia bombástica: o New York Knicks adquiriu, via troca, o pivô Karl-Anthony Towns. Logo de saída, é fácil afirmar que a equipe deu um all in.
Ao final da temporada passada, quando o Knicks foi eliminado na semifinal da conferência para o Indiana Pacers, o prognóstico de que a franquia estava no caminho certo era evidente. Precisava de mais uma ou duas peças para se tornar, de forma definitiva, um candidato real para a temporada 2024/2025.
Nesse caminho, a offseason trouxe movimentos gigantescos que mostram que o Knicks quer vencer agora. O primeiro movimento foi a troca por Mikal Bridges. O ala, anteriormente no Brooklyn Nets, foi em negociação por cinco escolhas de primeira rodada, além do contrato de Bojan Bogdanovic.
A troca por Mikal, ainda que mais cara que o normal, já representava uma melhora significativa no time. O ala é um ótimo defensor e uma opção ofensiva consolidada. A versatilidade defensiva foi o diferencial. Nesse ponto, entenda-se que o Knicks busca um time que combata as principais características do Boston Celtics, melhor time da conferência (e da liga). Com OG Anunoby e Mikal Bridges nas alas, o time possui um nível defensivo capaz de desacelerar Jaylen Brown e Jayson Tatum, principais jogadores dos celtas.
Troca por Towns não surpreende
Ainda que a troca tenha sido inesperada, pelos poucos rumores recentes, ela não surpreende em nada. Desde a chegada de Leon Rose no Knicks, em 2020, a sombra de Karl-Anthony Towns sempre pairou no Madison Square Garden.
A explicação para isso é simples, Rose já foi agente de Towns e sempre nutriu boa relação com o pivô. Não só isso, Tom Thibodeau já foi seu treinador no Timberolves. Towns teve ótimo desempenho na passagem de Thibodeau em Minnesota, mesmo com os estilos dos dois sendo completamente contrastantes.
Mais que isso, o Knicks busca, há bastante tempo, a figura de uma estrela no mercado da NBA. Ainda que Towns não tenha se tornado a superestrela que se esperava ao chegar na liga, é fato que ele possui o tamanho de estrela dentro da NBA. Enquanto isso, a evidência se prova nas várias idas ao All-Star Game e nos bons números apresentados na carreira.
O encaixe ofensivo
Dito isto, vamos entender o impacto que essa troca pode ter dentro de quadra. Ofensivamente falando, estamos diante do melhor encaixe possível para Jalen Brunson, melhor jogador da equipe. Na temporada passada, principalmente após a lesão de Julius Randle, o ataque do Knicks ficou extremamente previsível, muito pela falta de criação ofensiva dos outros atletas e pela ausência de pivôs que pudessem espaçar a quadra.
Diferentemente da temporada anterior, a bola não precisará ficar todo tempo na mão de Brunson. Ou seja, com o Knicks possuindo mais opções ofensivas, deixando de lado a estagnação que foi mostrou nos playoffs. O próprio Mikal Bridges, citado acima, é uma boa opção ofensiva, impedindo que o jogo fique completamente centrado em Brunson e Towns.
Ainda que o Knicks tenha perdido Julius Randle, agora estamos falando de um time titular em que todos possuem a capacidade de arremessar do perímetro. Apesar de ter diversos defeitos defensivos e de ser soft, Towns é um talento ofensivo muito acima da média. Na última temporada, o pivô teve médias de 20.1 pontos por jogo, com 50% de aproveitamento nos arremessos, enquanto acertou 42% na bola de três.
No cenário atual do Knicks, Karl-Anthony Towns chega para ser a segunda opção do ataque do time, com liberdade para criar seu próprio arremesso e atacar a cesta. Diferente dos últimos momentos em Minnesota, a tendência é vermos Towns jogando a maior parte do tempo como pivô.
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Os problemas defensivos
Mas, nem tudo são flores. Ofensivamente, não tenho dúvidas que o time montado por Leon Rose vai funcionar muito bem. Contudo, há um claro decréscimo defensivo com a entrada de Towns no time titular. Ele já demonstrou, em sua carreira, que sofre nos embates físicos contra bons pivôs.
Diversas vezes tem seu tempo de jogo limitado pelo excesso de faltas, algo que voltou a ocorrer na última pós-temporada. Nesse ponto, importante mencionar que um dos principais rivais do New York Knicks na conferência é o 76ers de Joel Embiid. O outrora MVP costuma levar a melhor nos duelos contra KAT, tendo, inclusive, um jogo de 51 pontos contra Towns.
Assim, não se surpreenda se Tom Thibodeau optar por terminar vários jogos com Towns de ala-pivô e Mitchell Robinson, conhecido por seu ótimo nível defensivo, como pivô. Robinson, assim como Gobert nos tempos de Timberwolves, é capaz de oferecer uma defesa mais física e mascarar as deficiências defensivas de Karl-Anthony Towns.
O enfraquecimento do elenco
Que o time titular ficou mais forte, creio que isso seja uma certeza de todos. A formação do Knicks com Jalen Brunson, Josh Hart, Mikal Bridges, OG Anunoby e Karl-Anthony Towns é extremamente versátil defensivamente e conta com um arsenal ofensivo de muita qualidade.
No entanto, as perdas de Julius Randle e, sobretudo, de Donte DiVincenzo, enfraquecem a rotação do Knicks. Se a troca fosse somente entre Randle e Towns, não haveria esse problema. Ocorre que DiVincenzo, dono de uma ótima temporada em 23-24, seria o sexto homem e peça fundamental na rotação, muito por sua ótima capacidade de arremesso.
Alie-se isso a lesão (mais uma) de Mitchell Robinson, que o fará perder o início de temporada, devendo voltar somente em janeiro de 2025. Por isso, a lesão de Robinson e a saída de Isaiah Hartenstein na free agency foram motivos determinantes para a pressa na troca por Towns.
Contudo, com tantas saídas, o banco deverá ter, no início da temporada, Miles McBride, Precious Achiuwa, Tyler Kolek e Keita Bates-Diop. Ou seja, há uma clara discrepância entre o time titular e o banco. Embora McBride e Achiuwa tenham tido bons momentos na temporada passada, Bates-Diop, em um mundo ideal, não teria minutos na rotação, enquanto Kolek, ainda que seja muito promissor, nunca jogou na liga.
All in para ser campeão
Mesmo com o enfraquecimento do elenco, o Knicks possui um dos melhores times da liga e, com o prosseguimento do ótimo trabalho de Tom Thibodeau, tende a ser um dos favoritos para ser campeão. O time titular, como exposto acima, foi feito para bater de frente com o Boston Celtics, já projetando uma possível final de Conferência entre os dois.
Por óbvio, o elenco ainda não está fechado. É possível imaginar o Knicks buscando um ala-pivô na agência livre e, possivelmente, atacando o mercado de jogadores dispensados no decorrer da temporada.
A tendência, hoje, é de um time que, com toda tranquilidade, conseguirá o mando de quadra na temporada regular. Se contar com a sorte e evitar novas lesões, algo que assombrou a franquia nos últimos playoffs, é possível vermos o Knicks chegando, depois de muito tempo, em uma final de NBA.
O fato é que Leon Rose entendeu que o núcleo protagonizado por Jalen Brunson é capaz de alçar a franquia a voos maiores e quebrar um jejum que perdura desde 1973. Com as trocas, o cap space do Knicks para os próximos anos ficou extremamente engessado, ou seja, é um movimento para vencer agora.
Se dará certo, veremos. Mesmo com todos contrapontos, é um movimento ousado e capaz de colocar o Knicks na disputa pelo título da NBA no curto prazo. Do ponto de vista do torcedor, talvez seja a melhor oportunidade da franquia desde a era de Patrick Ewing. Torçamos que, dessa vez, o final seja diferente.
Por Julio Luizelli
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