Claro que o ruído hoje é muito menor, mas houve uma época em que LeBron James poderia ser o GOAT (melhor jogador de todos os tempos, em inglês) da NBA e bater Michael Jordan. A comparação chegou a ganhar muito mais força depois de 2016, quando o astro venceu o seu terceiro título da liga. No entanto, a Netflix iniciou a derrubada da narrativa sem querer.
LeBron James já falou, em entrevistas, que após bater o Golden State Warriors após virar um placar de 3 a 1 nas finais de 2015/16, ele se sentiu imbatível, o GOAT. Até porque James conduziu o Cleveland Cavaliers em uma decisão que era quase perdida ao primeiro título na história da franquia. E foi incrível mesmo.
Durante mais de uma década, LeBron foi o melhor jogador da NBA. Talvez, por ter uma carreira com números tão similares ao longo dela, não venceu mais do que quatro prêmios de MVP. Ele “normalizou” aquilo, então a liga passou a criar argumentos para que outros entrassem na briga. Em qualquer que fosse o time, ele estava lá fazendo coisas absurdas em quadra.
Mas em 2020, todo aquele papo sobre LeBron James ser o GOAT da NBA perdeu muita força. Ele já havia deixado o Cavaliers pela segunda vez e estava no Los Angeles Lakers. Só que a Netflix foi lá e lançou um documentário (The Last Dance) sobre Michael Jordan e todos os argumentos foram embora.
Afinal, ser campeão da NBA por seis vezes sem perder nenhuma decisão, não era algo que LeBron poderia alcançar. E nem é só por isso.
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Quem viu Michael Jordan pela primeira vez no documentário, não teve como não se encantar. Não era só pelo que acontecia em quadra, mas em seu entorno. Havia uma aura, algo sem muita explicação lógica que LeBron James jamais chegou a ter na conversa sobre GOAT da NBA.
Jordan era temido de verdade. Os jogadores adversários odiavam enfrentar o cara, pois sabiam que ali era mais do que vencer. Era como se pudessem provar para o resto da NBA que eles eram da mais pura elite do basquete. Esse tipo de coisa até aconteceu com LeBron James em um curto período, mas não transforou em títulos.
“LeBronto”, em alusão ao número de vezes em que LeBron James eliminou o Toronto Raptors é um dos exemplos. Mas, de novo, ele só vencia a decisão do Leste. Até a sua ida para o Lakers, James tinha nove finais da NBA e três títulos.
Entre 2011 e 2018, LeBron foi campeão do Leste da NBA todos os anos. Para ter uma noção do quanto isso é bizarro, desde então, ninguém venceu dois anos consecutivos. O Miami Heat e o Boston Celtics ganharam o Leste duas vezes cada, mas com intervalos. E isso aconteceu a partir do momento em que James foi para o Lakers, no Oeste.
Sim, tudo isso é incrível. Mas mesmo nos tempos em que ele dominava a conferência, ele foi campeão só três vezes. Antes, em 2007, na segunda aparição nos playoffs, o Cavs perdeu para o San Antonio Spurs.
GOAT da NBA?
Se ao fim de 2016 LeBron James era um real candidato a ser o GOAT da NBA, perder os próximos dois títulos para o Warriors de Stephen Curry e Kevin Durant não o ajudou em nada. Após a terceira derrota para o então time de Oakland, ele foi para o Lakers.
Mas o Lakers não era bom o bastante em 2018/19. Era um time cheio de jovens talentosos, só que ainda muito longe de obter algo dali. E uma lesão em dezembro de 2018, na Rodada de Natal, atrapalhou todos os planos de ir aos playoffs. Então, na agência livre seguinte, veio a troca por Anthony Davis. A temporada parou em março e só voltou na “bolha” da Disney, em agosto.
Ali, LeBron James vencia o seu quarto título da NBA e parecia que ainda aspirava ao posto de melhor de todos os tempos. Apesar de o que documentário mostrou, ainda havia um resto de esperança. Mínimo, mas existia.
Desde então, o Lakers só passou da primeira rodada dos playoffs uma única vez. Isso derrubou por completo a chance. Não existe mais o papo de GOAT para LeBron.
Mas por que a Netflix foi tão decisiva assim?
É como no futebol. Por décadas, Pelé foi o GOAT, mas o tempo passa e na NBA não foi diferente. Enquanto Pelé foi virando apenas uma vaga lembrança, o futebol mudou e trouxe outros grandes ídolos. Pergunte a alguém que vê o esporte há menos tempo e vai ouvir Messi e Cristiano Ronaldo na maioria das vezes.
Foi o que aconteceu com Michael Jordan. A série na Netflix mudou a ideia de quem já pensava em deixar Jordan em segundo.
Vou dar um exemplo pessoal.
Quando comecei a acompanhar NBA, o GOAT era Kareem Abdul-Jabbar, com Magic Johnson em segundo. No fim dos anos 80, Magic passou KAJ para muitos por conta de suas performances com o Lakers. Para outros, Johnson ainda fica atrás.
Enquanto isso, Bill Russell era o terceiro, com Wilt Chamberlain em quarto. Era exatamente isso nos fim daquela década. Só que Jordan chegou e bateu um por um em rankings como o GOAT da NBA. Não havia mais competição. E quando ele volta às quadras, de novo, a aura, mostrou os motivos disso. Venceu mais três títulos consecutivos e parou outra vez.
O tempo fez os votantes esquecerem de como Abdul-Jabbar era perfeito no garrafão, de como Russell defendia ou como Chamberlain dominava a NBA. Foi a era dos pivôs, né? Mas o basquete mudou. A NBA deixou de ser dos caras grandes por outros que faziam de tudo, como Jordan e, anos depois, LeBron.
Sem a série, a disputa ainda estaria viva.
Comparações
Na disputa pelo GOAT, enquanto Michael Jordan foi um fenômeno na NBA nos dois lados da quadra, LeBron James tem um jogo mais coletivo e cerebral. São de posições diferentes, características pouco semelhantes e com um basquete que mudou.
Os arremessos de média que Jordan fazia, hoje fazem parte de uma arte quase perdida, uma “muleta”. Mas nas finais da NBA, Shai Gilgeous-Alexander e Jalen Williams foram como um afago aos saudosistas. Eles exploraram todos os oponentes e ficaram com o título da liga usando o mid range.
A era dos superpivôs passou, dando origem aos alas e alas-armadores, que virou o período dos armadores cestinhas. Tudo foi se transformando ao longo dos tempos. A NBA de Jordan não passa nem perto da que LeBron vive. E vice-versa.
Hoje, LeBron James ainda tenta igualar Michael Jordan em títulos. Mas mesmo que o faça, já era. O GOAT da NBA não será “dado” a alguém que vence como segunda opção. Afinal, se ficar no Lakers, ganhar duas vezes, ele será o número dois do time, atrás de Luka Doncic.
São tantos “e se” que não tem mais como.
É difícil saber quando vai acabar, mas foi uma jornada inacreditável até aqui. São 22 temporadas e mais uma, pelo menos. Ninguém viu um jogador fazer o que LeBron faz na NBA com sua idade, perto dos 41 anos.
LeBron James, até hoje, foi o único que chegou perto, flertou com o GOAT da NBA, mas não deu. O segundo lugar é o primeiro entre os mortais, se servir de consolo.
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