LeBron James ou Stephen Curry? Quem é o jogador mais influente da NBA moderna?

Qual dos dois super astros tem mais impressões na forma como o jogo atual é disputado?

LeBron James Stephen Curry Fonte: Adam Pantozzi / AFP

De rivais ferrenhos em várias finais de NBA até a amizade dos últimos anos. As histórias de LeBron James e Stephen Curry estão ligadas. Os astros, que nasceram no mesmo hospital, protagonizaram uma das grandes discussões das redes sociais nos últimos dias: afinal, quem influenciou mais o jogo moderno da NBA? O super arremessador ou o jogador que pode fazer todas as funções numa quadra de basquete?

É sobre isso que se trata esse artigo do Jumper Brasil. É bom citar, antes de começarmos, que esse texto não pretende discutir quem é o maior ou melhor jogador entre eles. Afinal, há um senso comum que, em geral, leva a LeBron. Mas vamos tratar da revolução de Curry e do Golden State Warriors e o motivo do astro do Los Angeles Lakers também ter o dedo na história de um jogo que é cada vez mais multifacetado.

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Sem mais delongas, vamos conversar um pouco sobre isso.

Curry é a cara da mudança já pré-existente

Uma coisa não se pode negar. O DNA do camisa 30 é mais claramente perceptível nas entrelinhas de cada partida da NBA atual do que o de LeBron James. Existem vários pequenos motivos para o que aconteceu depois da ascensão do jogador e do Warriors. Mas uma coisa salta aos olhos: eles mostraram a todos os envolvidos que era possível vencer um título baseando-se em bolas de três.

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Também é verdade que há muito mais do que isso na jornada do astro. Afinal, vamos pensar aqui: quantos armadores comandaram dinastias ou até ganharam títulos como jogador principal em todos os tempos? Além de Magic Johnson, que reaparecerá nesse texto em breve, temos Curry e Isiah Thomas. É muito difícil vencer e ser a cara de algo tão grande na NBA, sendo tão pequeno, por mais que a era dos armadores nos diga o contrário.

A era dos armadores, aliás, não está moldada necessariamente em taças. A posição mais rica do jogo atual também está ressaltada pela variação e mudança de múltiplos estilos de arquétipos que os jogadores mais baixos passaram a ter. Mas isso é algo sobre o qual também falaremos mais pra frente.

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O ponto aqui é: a mudança de estilo de jogo da NBA começou um pouco antes de Stephen Curry. Mas foi ele quem a consolidou em termos tão extremos como vemos hoje.

Os passos para o sucesso

A liga viveu seu ponto mais baixo em termos ofensivos no fim dos anos 1990 e começo dos anos 2000. É, aliás, como a NBA e o esporte em geral funcionam: respostas para grandes times e eras que impõem suas regras sobre os outros. O ritmo de jogo dos anos 1980, por exemplo, era altíssimo, muito moldado no Los Angeles Lakers e seu jogo de contra-ataques: o Showtime. Com Magic Johnson, então, sendo a mente pensante.

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A realidade, no entanto, é muito diferente no começo dos anos 2000, com críticas ao estilo de jogo e com a liga precisando, até mesmo, mudar regras para tornar o esporte mais atrativo. Uma competição que o outro personagem desse artigo chegou a vivenciar.

Mas, pequenos resistentes foram os precursores do começo da mudança. O Phoenix Suns de Steve Nash e Mike D’Antoni, com seu jogo de ritmo alto e pick-and-rolls a todo momento, é um dos mais famosos. Eras de grandes campanhas que, entretanto, não acabaram em um título.

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Existiram times que duraram menos, como o Boston Celtics do começo dos anos 2000, que tinha um volume de bolas de três incomum para a época, acima de tudo. Mesmo em uma Conferência Leste um pouco mais “acessível”, Paul Pierce e o esquecido Antoine Walker também não chegaram sequer em uma final de NBA.

O triunfo começa no Texas

O San Antonio Spurs, de Gregg Popovich, é a dinastia anterior ao Warriors na NBA. Um sucesso duradouro de grande administração e desenvolvimento de jogadores pouco badalados e grandes egos.

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Você pode estranhar, em um primeiro momento, essa analogia. Afinal, eles nunca gostaram da bola tripla. É um recurso muito mais utilizado como um acessório, um algo a mais, uma última instância, do que uma regra. Quando a NBA mudou, e o Spurs começou a ficar para trás, sobretudo após perder Kawhi Leonard, eles ainda foram um dos times que mais lutou contra a bola de três. Volumes baixos, e um jogo baseado em DeMar DeRozan, LaMarcus Aldridge e Dejounte Murray: uma identidade que não mais se comprovou.

Mas, o que eles fazem aqui, então? Um termo que, para mim, explica muito mais o que foi o auge do Warriors e de Curry do que simplesmente as bolas de três: fluidez ofensiva e movimentação fora da bola.

San Antonio não chutava do perímetro. Mas sempre se baseou em movimentação incessante, com vários bons manipuladores de bola, construtores e facilitadores. Todos podem jogar. Todos se mexem. Assim, a jogada certa é feita quase sempre.

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Todos conceitos que moldaram a dinastia Warriors, e as várias vitórias de Stephen Curry sobre LeBron James, o maior de sua geração, nas finais da NBA.

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Estilo próprio, passado a diante

Curry e o Warriors revolucionaram todo o estilo ofensivo. De repente, jogar rápido, com várias bolas de três e com um armador que dançava e sorria em quadra, virou sinônimo de vitórias. E não só isso: sinônimo de dominância. É verdade. As finais de 2016 premiaram o outro enorme personagem desse artigo. Mas, em dois anos, o Warriors venceu 140 de 164 partidas na temporada regular. E ficou a um jogo de um tetracampeonato seguido na NBA.

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Isso levou a outras revoluções ainda mais radicais. Mas, em geral, de um mesmo estilo. A revolução estatística do Houston Rockets de James Harden, que eliminou os arremessos de meia distância em grande escala da liga, por exemplo.

Todos os times chutam de três. Chutam muito de três. Chutam mais de três do que de dois, aliás. O líder da NBA em 2023/24 é um exemplo claro. E isso dá certo. Isso porque é mais eficiente. De forma comprovada. O jogo, então, se tornou a face e feição do maior arremessador de todos os tempos. O estilo Warriors, que ganhou um título de forma totalmente diferente em 2022, reverbera até hoje e continuará assim.

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E sabe por que deu tão certo? Porque até mesmo os seus maiores adversários se renderam. Ou melhor, ajudaram nisso. Falamos de Houston, não? Então, vamos conversar sobre o impacto de um jogador como LeBron James em tudo isso e porque Stephen Curry e toda a revolução se alimentou disso.

O jogador perfeito

É claro que o título acima é uma figura de linguagem, uma hipérbole, para ser mais exato: uma frase ou palavra que exagere ao passar sua ideia. Mas o conceito real de LeBron James e toda a sua grandeza na NBA é esse mesmo.

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O que você pode dizer do atleta que mais fez pontos em todos os tempos e que tem como melhor qualidade o passe? Estamos falando de alguém que cresceu em um corpo e com a versatilidade de um ala, mas com cérebro e estilo de jogo de um armador. Tudo isso, aliado a um físico que assombra até os especialistas mais ferrenhos. Alguém, portanto, mais forte do que muitos pivôs.

Por isso, me soa até meio cômico quando escuto que um jogador como esse não influenciou um esporte como o basquete.

Mas vamos começar com um ponto: LeBron não é o único a conseguir algo do tipo. Afinal, lembra que mencionei mais cedo que falaríamos de Magic Johnson nesse texto? Pois é, aqui estamos.

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James será sempre comparado a Michael Jordan, até que algum terceiro elemento possa se juntar a eles em algum ponto da história. Mas, é justo dizer, em estilo de jogo, o craque é muito mais Magic do que Jordan.

Jogo sem posição

Magic Johnson teve uma carreira curta e, sobretudo, marcante. Campeão da NBA como calouro, ele tem uma de suas histórias mais deliciosas justamente vindo na decisão contra o Philadelphia 76ers em 1980. A lesão de Kareem Abdul-Jabbar antes do Jogo 6 decisivo levou o Lakers a utilizar o seu armador na posição extrema oposta: um pivô.

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Ele, que era muito mais alto e forte do que todos os armadores da época, teve um desempenho fantástico. Com 42 pontos e 15 rebotes, o MVP das Finais daquele ano ganhou seu primeiro campeonato aos 20 anos. Protagonista e único. Adjetivos comuns para ele. Até que sua carreira fosse abruptamente encerrada por um diagnóstico de HIV em 1992.

No entanto, aquilo foi uma raridade, Um artifício de emergência em meio à lesão de um dos melhores jogadores da história da liga. Apesar do ritmo ofensivo insano e da potência dos ataques, a liga ainda era muito mais “quadrada”. E nem podia deixar de ser. Com pouco mais de 40 anos de disputa e também superando alguma impopularidade dos anos 1970.

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O que foi incrível e, até hoje é uma das mais épicas histórias da NBA, foi banalizado. Assim como Stephen Curry normalizou as bolas de três, LeBron James banalizou o jogo sem posição.

Pouco falado, mas real

Em discussões mais avançadas, isso já é normal. E, analisando friamente, também. As posições clássicas da NBA não existem mais. Ou melhor, até existem. Mas, são muito mais uma questão de conceitos para explicar melhor o jogo para leigos do que qualquer outra coisa. A realidade é que cada posição tem três ou quatro gamas diferentes em si. O jogo virou totalmente sem posição.

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O expoente disso? LeBron James. A função de um ala puro nunca foi exercida pelo camisa 23 em sua carreira. Ele sempre jogou como um armador, se pensarmos bem. É verdade, com um senso coletivo, muito maior do que caras mais polarizadores como foi James Harden no Houston Rockets ou é Luka Doncic no Dallas Mavericks. Entretanto, o esloveno nunca abriu mão de ter a bola nas mãos e comandar as ações ofensivas.

A liga atual está cheia disso. Stephen Curry é um produto dessa mudança que foi consolidada com LeBron James. O camisa 30 jamais foi um armador puro, ao estilo Jason Kidd, John Stockton ou algo do tipo. O MVP da NBA e, para muitos, melhor jogador do mundo, é um pivô totalmente não convencional. Nikola Jokic é um outro símbolo da mudança do jogo e da revolução da posição de pivô. Algo, que podemos discutir outro dia.

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Mas, o que você deve ter na cabeça é: as posições clássicas são ultrapassadas. O jogo evoluiu. Então, isso está em todos os lugares. LeBron não foi o primeiro ou precursor, assim como Curry não é o precursor de como o ataque atual funciona hoje em dia. Mas ele é, talvez, o primeiro e único que possa estar em todas as posições e funções dentro de uma partida de basquete. E isso alimentou a todos.

O amigo em comum

Ok, te falei sobre como os dois maiores jogadores dos tempos atuais mudaram a construção do esporte nos últimos anos. Mas, como isso se agregou mutuamente para que ambos tenham tido grande sucesso ao mesmo tempo?

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Draymond Green é um personagem central aqui. Em quantas eras você acha que o controverso e incrível defensor poderia jogar de pivô na NBA? Em nenhuma delas. Mas atualmente, e até nos anos de glória nos saudosos “quintetos da morte”, ele era esse cara para o Warriors.

E mais do que isso, ele foi o mais próximo que Golden State teve de um armador. Óbvio, Curry também pode levar a bola e teve médias de assistências altas ao longo da carreira; isso não está sendo descredibilizado aqui. Mas a versão mais eficiente? Foram as jogadas de dupla dos dois, e sobretudo, o camisa 30 correndo de um lado para o outro sem parar, atravessando bloqueios, criando linhas de passe e desequilíbrios defensivos.

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Facilitou a vida do hoje amigo de LeBron, criava visuais ótimos para os companheiros e, além disso, deixava a vida de seu defensor individual um verdadeiro inferno.

Defender Golden State sempre foi um problema. Mas não só pelo talento. A real é que o jogo sem regras e sem posição, onde quase todos podem chutar, criar, movimentar e tomar ótimas decisões, exigia que as defesas levassem anos para resolver uma equação das mais árduas de todos os tempos.

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Golden State, Stephen Curry, Draymond Green, LeBron James. Eles são a face do jogo sem posição.

A velha artimanha

E veja só a ironia. A jogada coletiva mais eficiente da vida de LeBron na NBA é justamente o fato de ele ser o melhor jogador do mundo em criar bolas de três livres para seus companheiros.

James sempre foi um exímio passador. É um dos seus grandes atributos. Mas, ele também era um tanque de guerra e um jogador de absorção corporal superinteligente. Suas infiltrações eram imparáveis e sempre geraram uma gravidade única para sua equipe, seja o Cleveland Cavaliers, Miami Heat ou agora no Los Angeles Lakers. Todas elas beberam da mesma fonte: coloque arremessadores ao redor do camisa 23 e chegue ao paraíso.

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A gravidade das infiltrações de James levou à consagração de vários coadjuvantes. É uma regra de todos os seus títulos, os arremessadores são vitais. Ou seja, uma regra que a NBA também passou a ter nos últimos anos.

Nomes como Ray Allen, Shane Battier, Mario Chalmers, Mike Miller, JR Smith, Channing Frye, Richard Jefferson, Kentavious Caldwell-Pope, Danny Green. Todos eles foram vitais para que os anéis de LeBron.

Como eu disse, não é tão claro como Curry, mas assim como LeBron foi alimentado, ele também alimenta a liga em termos de influência.

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LeBron escolheu Curry

A discussão começou após uma fala do ídolo do Boston Celtics, já mencionado nesse artigo, Paul Pierce. Para ele, Curry não era só mais influente do James. O armador também está acima de Michael Jordan, Kobe Bryant e outros grandes nomes. Pierce o intitulou, portanto, de o atleta mais influente da história da NBA.

E LeBron James concordou, em seu novo podcast com JJ Redick, já que ele cita Stephen Curry no topo dos jogadores que mais moldaram a forma como o jogo acontece.

“Mesmo antes de jogar, eu já era um fã de basquete. E assim posso dizer que desde que acompanho, em termos de influência, quase ninguém está acima de Steph. Acho que Jordan é inquestionável nisso. Mas fora ele, só vejo Curry e Allen Iverson como nomes possíveis. Cada um em seu âmbito, eles moldaram o que é a liga hoje”, cravou o astro.

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Conclusão

Se o próprio astro do Lakers falou, é difícil discordar. Stephen Curry e seu sucesso, de forma única, moldaram toda a liga e as regras de como o basquete deveria ser praticado no mais alto nível.

Entretanto, os objetivos desse artigo eram, acima de tudo, sobre explicar melhor quais são as revoluções reais e seu contexto.

Não é certo dizer que Curry ou o Warriors destruíram a NBA. Ou que as bolas de três que eles inventaram e moldaram deixaram o jogo chato. A evolução já estava acontecendo. Ele ganhou e a elevou a décima potência. E, honestamente? De um plano de jogo e de uma liga muito mais rica em artifícios ofensivos, de um sistema de jogo revolucionário que não tem nada de chato.

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Não é certo dizer que LeBron é um jogador enorme que não revolucionou ou mudou a NBA. É verdade, seu conceito aqui é mais amplo e discutível, mas seu jogo também ajudou a desenvolver, responder e modificar o cenário de uma liga onde ele já era eficiente no jogo pouco inspirado ofensivamente do começo dos anos 2000. Ele estava lá, já era muito bom, e ficou ainda melhor com a mudança e até com a idade.

Por fim? Não estamos falando apenas de uma rivalidade ou coisas que se anulam. São rivais que representam completude. Quem quer que você ache que tenha sido o rosto da mudança, não importa. Mas cada um deu sua contribuição a sua maneira, de maneira inegável.

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Eles são o mais próximo que vimos de Magic Johnson e Larry Bird, desde que os dois se aposentaram. Dois astros que juntos, moldaram uma era e modificaram as estruturas do esporte e do jogo em si.

Vida longa aos dois maiores nomes da geração.

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