Fonte: Reprodução / XSerá até um pouco estranho quando a temporada começar e vermos que Klay Thompson realmente está no Dallas Mavericks. Mesmo que, para muitos, o momento já não seja o melhor, o ala-armador era aquele tipo de jogador que você pensaria em ver no mesmo time até o fim da carreira. Os rumores, enfim, acertaram, e ele deixou a equipe onde foi tetracampeão para reforçar o finalista da NBA em 2024.
Mas o incrível arremessador vai funcionar ao lado de Luka Doncic e Kyrie Irving? Vamos analisar alguns pontos, como fizemos há alguns dias com a troca de Mikal Bridges para o New York Knicks.
Detalhes da troca
Mavericks recebeu: Klay Thompson, escolha de segunda rodada do Draft em 2025 do Hornets.
Warriors recebeu: Kyle Anderson e Buddy Hield
Hornets recebeu: Josh Green, Reggie Jackson (já dispensado), duas escolhas de segunda rodada do Draft (2029 e 2030) do Nuggets.
Timberwolves recebeu: Duas escolhas de segunda rodada do Draft (2025 e 2031) do Warriors.
76ers recebeu: Escolha de segunda rodada do Draft em 2031 do Mavericks.
Nuggets recebeu: Considerações em dinheiro do Hornets.
Sim, a troca de Klay Thompson para o Dallas Mavericks se tornou a maior da história da NBA. Nunca um acordo envolveu tantos times como esse. Foram seis ao todo. As assinaturas de Kyle Anderson e Buddy Hield com o Warriors se tornaram sign-and-trade.
Para resumir a parte do Mavs, a franquia recebeu Thompson e uma pick de segunda rodada no próximo Draft. Enquanto isso, cedeu Josh Green e uma escolha de segunda rodada de 2031 para o Philadelphia 76ers, que só se envolveu no acordo por enviar Hield a Golden State.
Em termos de valor, é muito difícil questionar a operação para Dallas. Green era uma parte importante da rotação, teve bons momentos nos playoffs, e, nas melhores noites, era um bom defensor e atirador de três. Mas, dá pra dizer que a chegada de Quentin Grimes em outra troca compensou a perda do jogador, não?
Além disso, a chegada de Thompson também é uma sign-and-trade. A equipe se utilizou de uma vantagem muito clara em relação a outras cidades dos EUA: os baixos impostos. O Mavericks o contratou por US$50 milhões por três anos, enquanto o Los Angeles Lakers chegou a oferecer US$80 milhões por quatro anos. Valor anual mais alto, contrato mais longo e mais rentável. Ainda assim, o tetracampeão preferiu o Mavericks.
Questão subestimada
Após o desastre em 2022/23, Nico Harrison tem feito um bom trabalho como GM em Dallas. Um fator que mostra isso é a escolha de Draft que conseguiu no acordo.
Com o novo CBA, a contratação de agentes livres para times caros como o Mavericks é um problema. Lembre-se do Denver Nuggets que, nos últimos dois anos, perdeu Bruce Brown e Kentavious Caldwell-Pope não poder pagar o mesmo que os rivais.
Não que vá fazer uma diferença colossal, mas caso o Hornets não faça uma temporada incrível, a escolha de segunda rodada da equipe no ano que vem pode ser em uma posição interessante. As equipes favoritas ao título tem focado em obter muitas escolhas de segunda rodada. Isso porque elas representam versatilidade para negociar.
Veja os últimos trabalhos de Boston Celtics, New York Knicks e do próprio Nuggets nos últimos anos e você entenderá a questão.
O ponto é: além de obter o melhor jogador de uma troca gigantesca e muito difícil de se operar, o Mavericks ainda encontrou bom valor nos pequenos detalhes do acordo.
Na rotação
A princípio, Thompson deve ocupar a vaga de titular que foi deixada por Derrick Jones Jr, que se tornou jogador do Los Angeles Clippers na agência livre. Então, o time deve se manter com Luka Doncic, Kyrie Irving e PJ Washington entre os titulares. Aliás, também é esperado que Dereck Lively II possa jogar como titular ao invés de Daniel Gafford.
Na segunda unidade, Dallas tem opções múltiplas. Além de Gafford, é provável que Naji Marshall, Dante Exum e Quentin Grimes também tenham minutos. Além disso, Maxi Kleber, Spencer Dinwiddie e Jaden Hardy também são opções para o técnico Jason Kidd.
Na defesa
Acho que é aqui que muitas coisas vão se determinar sobre o quanto Klay Thompson dará certo no Dallas Mavericks. Muitas pessoas se apegaram a alguns jogos em que ele não acertou bolas de três. Como, por exemplo, o último desempenho da carreira pelo Warriors no play-in contra o Sacramento Kings. Mas, acredito que a atenção esteja no lugar errado.
A grande queda de desempenho de Thompson foi na defesa. A versatilidade de Klay para defender alas e armadores foi uma característica subestimada dos “quintetos da morte” da dinastia Warriors. Após a lesão, isso diminuiu bastante e ficou ainda mais claro durante 2023/24.
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Em vários momentos, ele foi colocado contra jogadores de menor mobilidade ou funções com a bola. A defesa de um contra um, e toda aquela versatilidade que ajudava em múltiplos cenários, já não é mais uma realidade absoluta.
E a grande questão é: ele está ocupando a vaga de titular de quem era o melhor defensor do time. É óbvio que o veterano é um jogador melhor do que Derrick Jones Jr, mas a característica defensiva e física do jogador do Clippers não é o forte do Thompson atual.
Do mesmo modo, o encaixe de Klay Thompson no Dallas Mavericks vai exigir ainda mais de Kyrie Irving e Luka Doncic na defesa. Sendo sincero, ambos fizeram um bom trabalho quando foram colocados em situações de um contra um. A grande questão é que o Boston Celtics os envolveu em constantes trocas nas finais. Da mesma forma, os atacou com confrontos favoráveis e isso permitiu que eles fossem mais expostos.
Se Thompson voltar a ser um defensor mais útil em 2024/25, sinto que o upgrade ofensivo pode compensar algumas perdas desse lado. Mas, se nada funcionar nesse sentido, Dallas pode ter que apostar em opções que fazem mais sentido no quinteto titular. Assim, Naji Marshall pode ganhar ainda mais minutos.
No ataque
A temporada de Thompson no ano passado não foi a melhor no aspecto ofensivo. Apesar do respeito que ele ainda atrai dos rivais como arremessador, Golden State sentiu falta de outro pontuador de alto volume em muitos momentos de 2023/24. Ou seja, alguém que abrisse espaço para Stephen Curry. Então, o ídolo do Warriors teve sua menor marca de pontos em uma temporada desde 2012/13.
Tudo isso é verdade. Mas, mesmo assim, ele ainda teve 38.7% de aproveitamento nas bolas de três com mais de nove tentativas por jogo. Não é um número sobrenatural, como muitas vezes seus arremessos pareceram ao longo da carreira. Mas ainda é muito bom. Especialmente em um time que precisava muito que ele pontuasse de alguma forma.
O ataque do Dallas Mavericks tem mais poder de fogo e menos necessidade da produção de Klay Thompson do que o Warriors do ano passado. Essa é a chave.
É uma questão de papel. No Texas, sua movimentação fora da bola (que é de elite) será apenas mais uma ótima arma em um ataque que já possui muitas outras armas. A equipe tem dois dos melhores cestinhas de um contra um na NBA. Depois das trocas na trade deadline, também ganhou jogadores atléticos que cortam para a cesta e uma dupla de pivôs que faz mais enterradas do que qualquer outra graças ao pick-and-roll com os armadores.
O Mavericks fez muito de seu sucesso nos playoffs graças às bolas de três. Sobretudo com os espaços que os coadjuvantes ganhavam com Luka e Kyrie. Mas não havia um especialista. Agora tem. E alguém que não só se aproveita do espaço, mas que também sabe gerá-lo.
Conclusão
A chegada de Klay Thompson ao Dallas Mavericks não é inquestionável. Aliás, existem dúvidas reais. Quando falamos de nome e de opções ofensivas, é muito legal pensar no que Jason Kidd pode fazer com ele.
Penso em tudo que deu errado contra o Celtics. E o multicampeão é o tipo de jogador que ajudaria muito naquele contexto. Ter um arremessador como ele, não importa a fase, ajuda muito. A bola de três é a grande ponto da NBA atual e Thompson, que já não é o mesmo de antes, ainda é um especialista no quesito.
Entretanto, a mudança de característica é realmente importante aqui. Se Thompson for o mesmo jogador que foi no Warriors do ano passado, eu acho que o melhor cenário no Mavericks seria um papel de sexto homem. Inclusive, ele jogou melhor em muitas situações saindo do banco do que começando em Golden State na última campanha.
Agora, se conseguir ser uma presença física maior e oferecer versatilidade nas opções de defesa, com todo o pacote que adiciona no ataque, a história é outra.
Não acho que existe uma melhora clara como é o caso do Oklahoma City Thunder. Mas é aquele cenário de uma alta aposta e alta recompensa. Ainda é necessário entender o quanto isso vai funcionar na prática em termos de defesa. Por outro lado, se funcionar, o Mavericks será um time ainda melhor em 2024/25. E com o detalhe de ter uma temporada completa para jogar com um ótimo elenco. Em meio ano, durante 2023/24, conseguiu chegar às finais.
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