Ala-pivô do Wolves vem tendo uma temporada espetacular
Que o ala-pivô Kevin Love, do Minnesota Timberwolves, vem tendo uma temporada fantástica, todo mundo já sabe. Agora, ele merece ser considerado para o prêmio de MVP? Vou tentar explicar neste artigo que Love não está devendo nada, nesta temporada, aos grandes astros da NBA que concorrem à honraria.
Pelo que leio e escuto, o jogador do Wolves é praticamente carta fora do baralho da disputa. O pensamento dominante é de que Kevin Durant, do Oklahoma City Thunder, e LeBron James, do Miami Heat, são os postulantes ao prêmio. Obviamente não sou louco de afirmar que esses dois atletas não são merecedores da honraria, mas Love, por tudo o que vem fazendo, merece ser citado (não que merece ganhar) nessa discussão. Vamos a um comparativo dos números do trio que considero favorito para a disputa do prêmio de jogador mais valioso da temporada.
Kevin Durant: 27.8 pontos, 8.1 rebotes, 3.5 assistências, 1.5 roubada de bola, 1.1 toco, 50.2% nos arremessos de quadra
LeBron James: 26.7 pontos, 8.3 rebotes, 6.6 assistências, 2.0 roubada de bola, 0.8 toco, 53.4% nos arremessos de quadra
Kevin Love: 26.6 pontos, 13.9 rebotes, 1.9 assistência, 45.4 % nos arremessos de quadra
Love, de apenas 23 anos, também já alcançou algumas marcas históricas. Em quatro anos de NBA, ele atingiu pela sétima vez a marca de pelo menos 30 pontos e 20 rebotes em um único jogo. Só nesta temporada foram três vezes. O número é igual ao total alcançado por todos os outros jogadores da história do Wolves combinados. O ala-pivô Kevin Garnett, considerado o melhor jogador da história da franquia, teve cinco jogos “30-20”. Em menos de quatro temporadas na Liga, Love já tem mais jogos “30-20” do que David Robinson (5), Karl Malone (5), Larry Bird (5), Tim Duncan (6) e Dwight Howard (6) tiveram em toda a sua carreira na Liga. E mais: Love também alcançou 44 duplos-duplos em 48 jogos disputados nesta temporada, e já igualou Garnett ao marcar 40 ou mais pontos em quatro partidas (três delas neste mês de março) pelo Wolves. Não dá para desprezar isso…
Claro que os números devem ser levados em conta quando se discute o MVP. Mas outros fatores também são lembrados, e utilizados pela NBA, na hora de escolher o vencedor, como o impacto que o jogador traz à equipe e a campanha dessa equipe na temporada. O Thunder, de Durant, tem a melhor campanha da conferência Oeste. O Heat, de LeBron, tem a segunda melhor do Leste. Ah, não vou falar do armador Derrick Rose, ganhador do MVP da última temporada (“pior” MVP dos últimos tempos?), mas que vem desfalcando o Chicago Bulls em boa parte desta temporada. O time de Chicago é tão bom que nem vem sentindo a falta dele, tanto que faz a melhor campanha da NBA (pelo segundo ano seguido).
O caso de Kevin Love é diferente. O time de Minnesota faz apenas a décima primeira campanha da conferência Oeste, com 25 vitórias e 27 derrotas, mas está na briga por uma vaga nos playoffs. O oitavo colocado, Houston Rockets, tem 27 vitórias e 24 derrotas. Mas é preciso destacar que o Wolves melhorou muito com relação à última temporada, quando teve a pior campanha da NBA (17 vitórias e 65 derrotas). As chegadas do armador Ricky Rubio e do técnico Rick Adelman, e o crescimento de produção do pivô montenegrino Nikola Pekovic, também contribuíram para a melhora de desempenho da equipe. Quando Rubio se machucou gravemente, no dia 9 de março (ele volta apenas na próxima temporada), muita gente achou que o time de Minneapolis estava fora da briga por uma vaga na pós-temporada. Ledo engano. Graças às atuações fantásticas de Love, o Wolves ainda está vivo na disputa.
Recentemente, Love disse que a equipe precisa chegar à pós-temporada para que o nome dele seja considerado para o prêmio de MVP. Ele está certo. Até hoje, apenas um jogador que ficou de fora dos playoffs ganhou o prêmio de jogador mais valioso. Em 1976, o lendário pivô Kareem Abdul-Jabbar, em sua primeira temporada vestindo a camisa do Los Angeles Lakers, recebeu a honraria. De 1983 para cá, todos os MVPs atuaram em um time que conquistou, no mínimo, 50 vitórias em uma temporada (de 82 jogos). A exceção foi Karl Malone (Utah Jazz), em 1999, ano do penúltimo locaute, em que a temporada regular foi mais curta, com 50 jogos.
Segundo maior reboteiro da Liga (atrás apenas de Dwight Howard), Love é uma máquina ofensiva. Ele faz cesta de tudo quanto é lugar, embaixo da cesta, finalizando pick and roll, em arremessos de média e longa distância… Só neste mês de março, ele já converteu 46 bolas de três pontos, em 16 jogos disputados. Há quem o considere um jogador subestimado por não atuar em um grande centro e por não ser marqueteiro ou “queridinho” da NBA.
A defesa não é o forte de Love, ele não é atlético, mas e daí? Não estamos falando que ele é o melhor jogador da posição na Liga. Dirk Nowitzki, Kevin Garnett, Pau Gasol e LaMarcus Aldridge, por exemplo, são mais completos que ele, na minha opinião. A questão é que a temporada de Love tem sido espetacular e que ele está fazendo toda a diferença nessa campanha do time de Minnesota. Ele assumiu de vez o papel de “patrão” do Wolves, de All-Star (já disputou o Jogo das Estrelas em 2011 e 2012). Vem levando o time nas costas e pode ser o responsável por uma classificação heróica para os playoffs. De quebra, seu nome pode aparecer na corrida para o MVP. Então, a motivação dele é dobrada.
Love tem tudo para marcar o seu nome na história do Wolves. Em janeiro deste ano, ele acertou uma extensão contratual de quatro anos com a franquia. Se continuar atuando como nesta temporada, o jogador ainda vai quebrar muito recorde (de duplo-duplo, de jogos “30-20”) na NBA. E quem sabe, com um time melhor nas próximas temporadas (e o Wolves tem uma base boa), ele abocanhe um prêmio de MVP. Para esta temporada, tudo leva a crer que a honraria ficará com Kevin Durant ou LeBron James, por um critério que sempre rende polêmica (campanha do time na temporada). O terceiro lugar do prêmio, para mim, é de Kevin Love. Muita gente vai citar Kobe Bryant e Dwight Howard…
Ah, e antes que eu me esqueça, se o poder de escolher o MVP fosse conferido a mim, daria o prêmio para Durant. LeBron em segundo. Mas isso é assunto para outro artigo…
E você, caro leitor, o que acha? É exagero falar que Kevin Love merece ser considerado na corrida para o MVP da temporada?