As seleções do Jogo das Estrelas deste ano estão definidas: os 24 jogadores que participarão da partida festiva já foram escolhidos pelo público e os 30 treinadores da liga. A NBA já conhece seus all stars. Nada vai ser alterado, a não ser que lesões aconteçam. Mas, se não podemos mudá-las, o que podemos dizer dessas listas? E sobre o sistema de votação, o jogo em si? É isso que vamos ver.
Nesta semana, o Jumper Brasil convidou seus integrantes e dois convidados (Luís Araújo, do blog Triple-Double, e Vitor Camargo, do blog Two-Minute Warning) para discutir tudo o que envolve o Jogo das Estrelas e sua edição de 2016, que acontecerá em Toronto entre 12 e 14 de fevereiro. Vamos lá…
1. Para começar, você assiste ao Jogo das Estrelas?
Ricardo Stabolito Jr.: Não. Eu perdi a empolgação de ficar criticando convocação de titulares e reservas nos últimos anos porque, sinceramente, o jogo não poderia importar menos para mim. É o dia para assistir a um filme, sair, fazer o que for. E deixar os caras se divertirem com eles mesmos.
Gustavo Lima: Assisto a algumas partes. Não aguento até o fim. Na verdade, os eventos que chamam mais minha atenção no fim de semana são os concursos de enterradas e arremessos de três pontos. Mas, neste ano, me esforçarei para ver boa parte da partida de domingo pela despedida de Kobe Bryant. Será um evento especial.
Gustavo Freitas: Sim. Sou old school, então assisto tudo. Eu não ligo se o Jogo já não tem caras como Jordan, Shaq, Duncan ou Nowitzki. É ruim sem eles, mas tudo continua – e tem que continuar. Assisto à apresentação dos times como se estivesse vendo pela primeira vez, acompanho os concursos com a mesma empolgação de sempre. É um show, afinal.
Vitor Camargo: Assistir é uma palavra forte. Digamos que, se eu estiver em casa e ligar a TV, deixo passando de fundo. Pessoalmente, não me atrai muito. Não é o tipo de coisa que saio do meu caminho para acompanhar.
Luís Araújo: Sim. Já me empolguei muito mais quando mais jovem, claro. Adorei os que vi nos anos 1990. Mas, talvez, seja muito mais por ser mais novo naquela época do que por achar que as coisas pioraram depois. Hoje, não tenho o mesmo entusiasmo. Ver é melhor do que não ver, porém. E podemos dar a sorte do jogo estar parelho no início do último quarto.
2. Quem foi o reserva escolhido pelos técnicos que mais te surpreendeu?
Ricardo Stabolito Jr.: LaMarcus Aldridge. Ele não teve um começo de temporada exatamente bom e penou para encontrar seu ritmo no Spurs. O ala-pivô é um all star, mas por esse ano? Não vou dizer que não merece, mas o Oeste parecia ter alguns melhores candidatos para ficarem com a vaga.
Gustavo Lima: LaMarcus Aldridge. Ele não repete o desempenho brilhante de suas últimas temporadas no Blazers e, se fosse apenas por merecimento, o mais justo seria que seu ex-companheiro, Damian Lillard, fosse selecionado no lugar.
Gustavo Freitas: LaMarcus Aldridge, sem dúvidas. Ele é ótimo e merece estar lá. Mudou de time e não é mais primeira opção ofensiva, mas, ainda assim, é ótimo vê-lo jogar. Só que, para mim, existem jogadores que mereciam ainda mais.
Vitor Camargo: Isaiah Thomas. Não é que o “baixinho” não tenha merecido – ele mereceu e muito –, mas foi uma escolha em cima de jogadores mais famosos, como Pau Gasol e Kevin Love. Uma grata surpresa.
Luís Araújo: Isaiah Thomas, talvez. Não por não merecer, mas por imaginar que Kemba Walker acabaria sendo levado. Foi o único palpite que errei na lista que fiz antes do anúncio. No entanto, acredito que todo mundo imaginava que ele estivesse na briga e muito bem cotado.
3. Para você, quem é a ausência mais chocante na seleção do Leste?
Ricardo Stabolito Jr.: Entre os atletas, nenhuma. Os sete reservas não foram só os caras que eu levaria, mas também os sete que a maioria dos analistas previam serem os selecionados. Levaria Kemba Walker em uma hipotética oitava vaga.
Gustavo Lima: Pau Gasol. Eu não diria que foi chocante, mas achei que o espanhol fosse ser escolhido no lugar de Chris Bosh. São dois jogadores que se equivalem, no entanto. O dólar não vai cair por causa da ausência do veterano do Bulls.
Gustavo Freitas: O técnico Dwane Casey. Se no Oeste quem comandará é Gregg Popovich por Steve Kerr ter ficado afastado por grande parte da temporada, então deveriam dar a oportunidade ao treinador do Raptors. Sem David Blatt, acho que seria a escolha lógica. Além disso, o evento é em Toronto. Quer mais apelo do que isso?
Vitor Camargo: Ninguém, honestamente. Tudo foi exatamente como teria votado, sem tirar nem por. Não que não tenham outros jogadores que pudessem entrar ou merecessem uma vaga – Pau Gasol, Kemba Walker, Al Horford, Kevin Love –, mas, para mim, os 12 selecionados foram os que mais mereceriam mesmo.
Luís Araújo: Ninguém. Acho que os sete convocados estão de bom tamanho. Pau Gasol e Kemba Walker poderiam ter ido, até mesmo Reggie Jackson, mas não dá para dizer que os escolhidos na votação dos técnicos tenham causado um choque.
4. E quem é a ausência mais chocante na equipe do Oeste?
Ricardo Stabolito Jr.: Dirk Nowitzki. Os treinadores costumam votar em quem respeitam e, até por acreditar que merecia neste ano, achava que o alemão era uma escolha certa no Oeste. Isso sem contar que o Mavericks, sexto do Oeste, ficou sem representantes no jogo. Outro que recebe meu apoio é Damian Lillard.
Gustavo Lima: Damian Lillard. Faz sua melhor temporada na NBA e lidera um limitado time do Blazers a uma improvável classificação aos playoffs sendo um dos cestinhas da liga. Sinceramente, ainda não entendi sua ausência na lista.
Gustavo Freitas: Damian Lillard, sem pensar muito. O que ele está fazendo no Blazers nesta temporada é ser um all star. Deveria ter sido convocado. Não sei no lugar de quem exatamente, mas teria uma vaga certa no meu time.
Vitor Camargo: Damian Lillard, que tem sido fantástico mantendo um Blazers que perdeu quatro titulares na briga por playoffs. Suas declarações ao não ser escolhido no ano passado talvez tenham pesado contra, mas ele merecia estar em Toronto. Outros que mereciam vaga: DeAndre Jordan, Tim Duncan, Dirk Nowitzki e Gordon Hayward.
Luís Araújo: Também acho que foi uma boa convocação dos treinadores. Apesar disso, entendo que alguns nomes que ficaram de fora causem um choque maior: Dirk Nowitzki poderia estar lá, Gordon Hayward também, Damian Lillard nem se fala. Mas gostei dos sete que vão, até porque foram os mesmos que escolhi na lista antes do anúncio.
5. Você é a favor do fim da definição dos titulares pelo voto popular?
Ricardo Stabolito Jr.: Não. O Jogo das Estrelas é muito mais para o público e os próprios jogadores do que para mim, comentaristas ou técnicos – que, por sinal, também podem fazer péssimas convocações. Os fãs atuantes, mesmo que alguns sejam os tais “modinhas” e afins, merecem ver seus ídolos em quadra. E eu mereço meu filme, meu jantar fora.
Gustavo Lima: Não. O Jogo das Estrelas não é uma competição. É entretenimento, uma festa do basquete. Apesar de algumas votações absurdas, acho que é justo que as pessoas tenham o poder de escolher quem querem assistir no evento.
Gustavo Freitas: Não. É uma festa, um evento de jogadores que, às vezes, são selecionados mais com o nome do que com números. Isso já aconteceu outras vezes e o jogo seguiu. Mudaria apenas o seu formato de votação para o antigo, com dois armadores, dois alas e um pivô entre os titulares.
Vitor Camargo: Sim. Eu até entendo o argumento de que é uma festa e tal, mas, enquanto a NBA tratar o evento como algo sério, o voto deveria ser mais sério. Hoje, leis salariais da liga dependem de seleções para o Jogo das Estrelas e isso acaba pesando na avaliação dos jogadores. Então, a NBA deveria adotar outro sistema enquanto levar o All Star Game tão à sério.
Luís Araújo: Não. Nem acho que vá acontecer mudanças radicais, pois, para a NBA, é importante continuar dando voz aos fãs ao redor do mundo. Pode ser que mude algo no sistema de votação. Não dá para um jogador que mal entrou em quadra ser eleito, mas duvido muito que acabem com o voto popular. Eu até acho isso horrível porque transforma tudo em um concurso de popularidade, mas essa interação com os fãs é importante para a liga.