Draft Talk – Marcus Smart

Analistas do site e convidados traçam um panorama sobre o armador da Universidade Oklahoma State

Fonte: Analistas do site e convidados traçam um panorama sobre o armador da Universidade Oklahoma State

“Draft Talk” é uma coluna quinzenal em que integrantes do site e convidados discutem com maior aprofundamento um dos prospectos do próximo recrutamento. Ricardo Stabolito Jr. e Zeca Oliveira (blog Go-To Guy Brasil) fazem uma conversa por e-mail no decorrer da semana anterior à postagem, enquanto Gustavo Lima, Kaio Kleinhans e um convidado participam de um mini “Jumper Brasil Discute” especial sobre o jogador. Zeca, Ricardo e Gustavo ainda atualizam seus TOPs 10 do recrutamento.

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A estreia do “Draft Talk” vai abordar o armador Marcus Smart, da Universidade de Oklahoma State. Mas, antes da conversa feita durante a semana entre Ricardo Stabolito Jr. e Zeca Oliveira, segue uma pequena ficha técnica do atleta – que tem tudo para ser uma das dez primeiras escolhas do próximo draft:

Marcus Smart 2Marcus Smart
Posição:
Armador
Idade: 20 anos
Time: Oklahoma State
Altura: 1.93m (6’4’’)
Médias na atual temporada: 32.5 minutos, 17.8 pontos, 5.7 rebotes, 4.7 assistências, 2.8 roubos de bola e 2.5 erros de ataque

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Ricardo – Oi, Zeca. Tudo bem? Antes de qualquer coisa, obrigado por participar desta coluna comigo. Você já deve saber pelos podcasts que sou um cara bem simples de agradar em discussões: é só falar pouco e concordar com tudo que eu disser. Este é o segredo do sucesso aqui no Jumper.

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Zeca – Tudo certo, Ricardo. Obrigado pelo convite. Pra quem não sabe, minha sensação nos podcasts é a mesma de um cara que tenta discutir política com o ditador norte-coreano em uma TV local onde ele pode censurar qualquer coisa. Mas pelo menos por aqui você não vai conseguir interromper o meu pensamento, o que eu já considero um grande avanço.

Ricardo – Ditador norte-coreano e hater do LeBron competem pelo maior elogio que já recebi na minha vida. Mas, só para mostrar que eu não sou tão autoritário assim, você foi quem deu a ideia do primeiro jogador que vamos comentar aqui: Marcus Smart. Empurrar um torcedor e ser suspenso por três jogos não é o motivo mais nobre para ser escolhido como primeiro “alvo” nosso, mas nós dois concordamos que isso não deve e nem deveria prejudicar a projeção dele para o draft, certo? Eu faria isso uma vez por mês se jogasse tão à sério com 20 anos de idade.

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Zeca – A princípio, eu não vejo isso como problema pensando em draft. Ele pegou suspensão, aceitou isso muito bem e encarou as consequências com maturidade. É claro que ficamos com um pé atrás porque Smart não pode nem pensar em repetir um ato desse tipo, mas não chega nem perto de perder em projeção se compararmos, digamos, com um cara de 20 anos que diz ter 19, por exemplo.

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Ouvi até uns boatos de que o pessoal mais “nerd” deu a entender que empurrões em torcedores chatos quando seu time está perdendo sugerem que você vai brigar três vezes mais por 50-50 balls do que a média na NBA. Parece legítimo pra você?

Mock Draft - Ricardo Stabolito 1.0Ricardo – Não vou dizer legítimo. Eu só te digo isso: já vi estatísticas piores. E não gostei da alfinetada no Shabazz. Qualquer um que leve mulheres para seu quarto antes de fazer uma partida como profissional me representa. Mas esse episódio do empurrão só reafirma duas coisas sobre Smart. A primeira é que o garoto acabou de completar 20 anos. Tudo que você faz com essa idade é um aprendizado e prefiro que o jogador tenha seus tropeços agora do que aos 25 anos, depois de assinar um contrato de cinco temporadas ou coisa do tipo.

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A segunda coisa é que trata-se de um competidor implacável, que vai deixar tudo o que tem em quadra. Ele não vai “viajar” durante o jogo, desaparecer. Passou dos limites uma vez, aprendeu a lição, mas mostrou mais uma vez o nível de intensidade que quero do cara do minha equipe. Ele odeia perder e este é o tipo de personalidade que os times estão buscando, sabe, Zeca?

Zeca – Claro. É mais raro do que parece encontrar atletas que combinam talento e comprometimento como no caso dele. E tudo me leva a crer que esse episódio não vai lhe atrapalhar mais do que o fato de ele não ter desenvolvido um arremesso de três sólido ou mesmo de ainda estar possivelmente preso entre duas posições. Sobre esse tipo de problema, o que você me diz, Ricardo?

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Ricardo – Agora, você atacou o ponto. É a questão técnica que está derrubando Smart e ainda pode derrubá-lo. Isso pesa mais do que empurrar a torcida inteira do Flamengo. A impressão que eu tenho é que ele segue exatamente o mesmo jogador da última temporada – só que um ano mais velho e sem o fator surpresa – em todos os aspectos. Quando decidiu ficar em Oklahoma State, o cara criou uma expectativa gigante em torno de si mesmo. Ter continuado lá parecia legal na época – aposto que ele virou o astro do campus, foi em todas as festas e “pegou” quem quis -, mas, do ponto de vista técnico, valeu a pena?

Zeca – Não valeu e eu acho que não era o objetivo dele de qualquer forma. Ele gosta da vida universitária, tinha vontade de sair de Oklahoma State deixando um legado maior e não se sentiu pronto pra dar o próximo passo. Mas ficou claro pra mim que, do ponto de vista técnico, ele não evoluiu o que a maioria esperava, nem mesmo o tempo que passou com a seleção sub-19 surtiu tanto efeito assim. Não vou dizer que não acho bom saber que ainda existem atletas que têm poder sobre seus empresários e não o contrário, mas, da nossa ótica (limitada) da situação, não tem como falar que essa decisão foi acertada.

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Ricardo – Tem muitos jogadores talentosos que sentem-se obrigados a entrar no draft pela projeção, pressão da família ou influência de empresários mesmo. Neste sentido, a decisão mostra um pouco mais da sua personalidade de Smart. Ele tem iniciativa, vontade, liderança dentro e fora de quadra. É um líder. Na pior das hipóteses, acho que será um bom defensor e presença bastante positiva em um elenco (respeitoso, inteligente, exemplo de dedicação, bem competitivo nos treinos). Mas, como até já disse no podcast #8, seu jogo ofensivo me preocupa. O que você projeta que ele pode fazer no ataque entre os profissionais, Zeca?

Mock Draft - Zeca Oliveira 1.0Zeca – A impressão de que Smart está sendo muito mais cobiçado pelas qualidades intangíveis fica ainda mais claras quando você pensa nisso. Eu acho que o jogo ofensivo dele não é muito bem definido, mas acredito que ele será um daqueles que vai jogar no erro do adversário, com um skill set mais clássico – que vai incluir um certo jogo de costas pra cesta e também espere muitos lances livres (especialmente quando adquirir um melhor controle do corpo após o drible). Ele não é nenhum maestro em pick and rolls ainda e talvez essa venha a ser a adaptação mais importante entrando na NBA, podendo até mesmo ditar o sucesso de sua carreira ou até sua posição ideal na liga. Falando nisso, eu gostaria muito de saber de você, Ricardo, acha que ele a princípio vai funcionar mais como um cara da posição um ou dois?

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Ricardo – Essa é a pergunta de US$1 milhão para mim. Desde o ano passado, se você ainda se lembra, eu estou na fila dos que veem Smart meio “preso” entre duas posições. Acho que ele será armador simplesmente porque é nesta posição que joga hoje. Mas o cara me passa duas impressões ruins neste aspecto. A primeira é que ele joga com a bola nas mãos mais porque precisa do que porque pode (o que chamo carinhosamente de “síndrome de Tyreke”, algo que você conhece bem). A segunda é que, por mais que a postura e intangíveis sejam ótimos, sua tomada de decisão em quadra é ruim. E armador é uma posição de tomada de decisões. Aposto com você, por exemplo, que o arremesso dele pareceria muito melhor se trocasse alguns dos seus chutes contestados e desequilibrados por passes para atletas em melhores condições (muitas vezes, qualquer um dos outros quatro do seu time).

Eu não sei se você vai entender o que quero dizer, mas, para alguém que precisa fazer uma equipe funcionar, acho que o jogo é muito “eu” para pouco “nós”, Zeca.

Zeca – Eu acho que o fato de nunca ter jogado na posição um até chegar em Oklahoma State pesa muito pra que isso ocorra com Smart. Você até percebe que ele faz um grande esforço pra ser o armador, envolver os companheiros e tal, mas não parece tão natural quanto um Tyler Ennis, por exemplo. De qualquer forma, vai ser muito difícil tirá-lo da armação pelo que você falou. Eu diria que é um daqueles casos em que a equipe que recrutar é quem vai ter que se adaptar e não o contrário, justamente por essa questão – a qual, por sinal, também lembra o caso de Tyreke.

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Ricardo – Eu não sabia que Smart só se tornou armador na universidade – e, como você disse, é bem perceptível. Não é natural mesmo. Ele tem muito mais semelhanças com alguém como Tyreke, Russell Westbrook ou até James Harden do que Chris Paul ou John Wall, por exemplo. Isso não é ruim, mas também não é simples porque cai na questão do encaixe, bem citada por você. Se nada mudar, precisa cair no time certo.

Na verdade, se você pensar bem, ele é bem como Russell Westbrook mesmo: a necessidade da bola nas mãos, o arremesso inconsistente, as más decisões. Intangíveis melhores e mais “pronto”, mas sem a condição atlética e talento de elite. Isso, sim, é ruim.

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Zeca – Outra curiosidade é que ele jogou ao lado de Phil Forte, ala-armador de Oklahoma State, desde criança e o fato de poder continuar jogando ao lado do companheiro de infância pesou na escolha de ir pra OSU. Eu não sei se você sabia dessa também. Sobre seu corpo, embora sejam jogadores diferentes, eu gosto da comparação com o de Raymond Felton: além da força física muito acima da média pra posição, ambos falham em ter outro atributo físico de elite.

Mock Draft - Gustavo Lima 1.0Ricardo – Cara, eu estou aprendendo mais do que deveria aqui. Já deveria saber metade das coisas que você está contando, mas enfim… Fisicamente, Smart parece o Felton mesmo. O Felton parrudo, supostamente acima do peso, não o gordo. Isso é importante porque confere aquilo que você disse lá atrás: jogo próximo da cesta e lances livres. Se ele conseguir infiltrar e/ou estabelecer espaço, vai pontuar porque pode explorar a vantagem física, “cavar” contato e tem força para finalizar no garrafão. Eu sei que estou parecendo pessimista pra caramba aqui, bem mais do que esperava, mas vou dar uma levantada no astral: se alguém com a condição físico-atlética do Felton pode ser titular na NBA, é bem provável que Smart encontre o caminho. Estou sendo bem simplista, mas é isso, Zeca?

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Zeca – Se der pra colocar de uma forma tão simples, eu diria que sim, sem dúvidas. Até porque, dentre outras coisas, Smart tem muito mais potencial no lado defensivo da quadra do que Felton.

Ricardo – Isso nem se discute, nem se discute. Você deve estar perdendo a paciência, porque essa última resposta foi bem curta. Então, eu acho que é isso. A gente nunca vai falar de tudo aqui, é impossível, mas teremos muito tempo (e mais conteúdo) para conversar sobre Smart no processo pré-draft. E outros prospectos vão receber o mesmo tratamento nosso até o fim da temporada da NBA. Minha impressão é que ficou bom, Zeca: eu falei muito, você concordou bastante. Eu alfinetei o Tyreke, você alfinetou o Shabazz. É mais ou menos isso que tinha em mente. Muito obrigado mesmo e voltarei a encher seu saco em uma semana.

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Zeca – Eu acho que isso aqui ficou muito bom, e daqui a um ano, quando você estiver concluindo o Ranking dos Novatos de 2015, vai ser possível comparar a primeira temporada de Smart com o que a gente achava que ele seria e provavelmente vamos estar envergonhados de muitas das coisas que projetamos. Não há nada mais amador do que criar provas contra si mesmo, mas está lançado o desafio! Abraço pra você, Ricardo, e até a próxima.

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Mini Jumper Brasil Discute – Marcus Smart

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Nosso convidado especial da semana é Vitor Camargo, do blog Two Minute Warning. Então, lá vamos nós:

1. De acordo com Chad Ford, da ESPN, Marcus Smart é um prospecto que polariza olheiros: há quem realmente goste dele, há quem não coloque nenhuma fé. Você está mais de que lado?

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Gustavo Lima: Eu gosto dele. Smart é um combo guard muito forte, ótimo nas infiltrações, com boa visão de quadra e excelente defensor. Só o arremesso que ainda precisa de mais trabalho. Se fosse GM de alguma equipe, ficaria de olho nele com muita atenção.

Kaio Kleinhans: Eu acho um bom jogador, mas não iria muito além. Não consigo ver um astro em potencial em Smart. Talvez, ele consiga ser referência de um time mais fraco conseguindo bons números, mas não é um atleta que leve seu time muito longe competitivamente.

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Vitor Camargo: Tenho minhas ressalvas quando a Smart, mas, entre os dois, definitivamente estou do lado dos que gostam. Ele não é o prospecto que parecia no início do ano, mas adoro sua defesa e versatilidade. Acho que vai ser um monstro infiltrando no garrafão com o maior espaçamento da NBA e, sem dúvidas, trata-se de um dos melhores talentos da classe.

 

2. Se você fosse um recrutador, o episódio do empurrão no torcedor adversário prejudicaria a forma como vê e/ou a projeta Smart para o próximo draft?

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Gustavo Lima: Não. Smart tem apenas 20 anos. Não dá para crucificar o cara porque perdeu a cabeça uma vez em sua carreira universitária. Ele já deu mostras de ser um grande líder em quadra, que chama a responsabilidade nos jogos. Seu talento tem que falar mais alto.

Kaio Kleinhans: Sim. Na verdade, por mim, não seria um problema porque dizem que sofreu ofensas racistas e fica difícil segurar a reação no calor do jogo. Mas, como olheiro, se tivesse interesse nele, eu tentaria analisar melhor seu psicológico em entrevistas para ter uma melhor noção de sua personalidade e agressividade.

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Vitor Camargo: Não. Nem um pouco. É lógico que não foi a situação ideal, mas não esqueça que Smart só tem 20 anos. Se fosse um comportamento recorrente seria outra coisa, mas não é o caso. Todo mundo perde o controle de vez em quadra – em especial, jovem assim.

 

3. Verdadeiro ou falso: é mais fácil que Smart acabe sendo selecionado fora do TOP 10 do que entre as cinco primeiras escolhas?

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Gustavo Lima: Falso. Smart não fica fora dos dez primeiros de forma alguma. Até pouco tempo, ele era considerado uma escolha TOP 5 (com Wiggins, Parker, Embiid e Randle). Hoje, disputa a quinta posição com o australiano Dante Exum.

Kaio Kleinhans: Falso. Acredito que Smart já se estabeleceu entre as escolhas quatro e oito. Nono ou décimo seria seu absoluto pior cenário mesmo.

Vitor Camargo: Falso. Tenho Smart como sexto melhor prospecto deste draft – considerando que Embiid e Parker estão dentro. Além disso, um dos cinco a sua frente é Dante Exum, que é a maior incógnita do recrutamento e dirigentes podem achar que não viram o suficiente dele. Acho que as chances de um desses cenários acontecer são maiores do que acharem cinco caras melhores do que ele.

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