Com Joe Mazzulla, Celtics dificilmente será campeão da NBA

Time de Massachusetts sofre quando a bola do perímetro não cai

Mazzulla Celtics campeão NBA Fonte: Ronald Cortes / AFP

É verdade que o Boston Celtics tem a melhor campanha da NBA, mas com Joe Mazzulla as chances de ser campeão são baixas. Bem baixas. O treinador, que está em seu segundo ano com a equipe de Massachusetts oficialmente no cargo, não consegue propor um jogo diferente do que faz. Ou seja, é só bola de três.

Não que seja algo que o Celtics mescle com infiltrações ou contra-ataques. Nada disso. O time é refém de um único estilo de jogo e a culpa é toda do técnico. Mazzulla não sabe alternar, não consegue fazer com que seus jogadores busquem o contato. Apesar de ter o oitavo melhor aproveitamento da NBA no lance livre, o Celtics é apenas o 19° que mais tenta arremessos da linha. Enquanto isso, é o que mais arrisca de três (43 por jogo), com o 11° melhor índice da liga.

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Apesar de o Celtics eventualmente enfrentar times mais fracos na NBA, com vulnerabilidades escancaradas, Mazzulla não sabe tirar proveito disso. E é algo muito comum. Se existe uma regularidade no time de Boston é o fato de, aparentemente, o treinador não ler os scouts.

Mas o que são os scouts?

São dados que todos os times possuem. É algo como de onde um jogador tem melhor aproveitamento, em que setor o time adversário costuma levar mais pontos, coisas simples para qualquer treinador e seu staff. No entanto, Mazzulla parece não saber como funciona a NBA. Vence por conta do ótimo elenco que tem, mas sofre em jogos que não deveria sofrer.

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Para isso, tenho dois exemplos recentes.

Leia mais sobre o Celtics

Primeiro, na vitória sobre o Detroit Pistons, no dia 28 de dezembro.

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Para quem não se lembra, o Pistons vinha de longa sequência de derrotas, enquanto o Celtics atropelava a NBA com 24 vitórias em 30 jogos. Então, naquele jogo, Boston não contou com Jaylen Brown. Mas o resto dos titulares estavam todos lá: Jayson Tatum, Kristaps Porzingis, Jrue Holiday e Derrick White, além de Al Horford no quinteto inicial.

Naquela partida, o Celtics abusou das tentativas e falhas nos arremessos de três. O Pistons, por outro lado, detonava o time de melhor campanha da liga. Após o intervalo, Boston tinha apenas 22 pontos no garrafão. Detroit, naquele momento, era um dos times que mais permitiam pontos na área pintada (54). Além disso, a equipe de Michigan era a que mais cometiam faltas e levavam seus oponentes para a linha do lance livre.

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Coisa básica, certo?

O Pistons abriu 21 pontos no primeiro tempo. Era só Mazzulla ler as informações que venceria o jogo, como qualquer outro da NBA. Mas não. Quando as equipes foram para o intervalo, era o momento de algo mudar.

E mudou.

O Celtics voltou batendo para dentro do garrafão, buscando contato e, em pouco tempo, encostou no placar. Boston virou e venceu, mas precisava passar pela prorrogação em casa contra o Pistons?

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Tudo se repetiu contra o Pacers

Joe Mazzulla tem com o Boston Celtics um dos melhores elencos da NBA, o que o credencia a ser campeão em 2023/24. No entanto, seus erros ou sua falta de visão se repetem. E foi assim contra o Indiana Pacers, na noite de sábado.

E o Pacers é um time que joga em transição, muito rápido e eficiente, especialmente por conta do armador Tyrese Haliburton. Existem arremessadores para todos os lados na equipe. No entanto, a defesa é fraca. Fraquíssima.

Mas quando Bruce Brown não joga, como diante do Celtics, aí é que tudo fica mais fácil para o oponente.

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Então, o Celtics aproveitou disso para pontuar muito fora do garrafão. Foram cinco cestas de três no primeiro quarto, suficiente para abrir 29 a 15. No segundo período, outras quatro e a diferença seguia em dígitos duplos. Após o intervalo, Boston seguiu insistindo no artifício, mas a bola parou de cair. Como resultado, o Pacers encostou e cortou a diferença para um. Por fim, explorando o garrafão, a equipe de Massachusetts voltou a abrir diferença e garantiu a vitória.

Detalhes: o Celtics não teve nenhum lance livre em todo o primeiro tempo, enquanto tinha apenas 18 pontos no garrafão. E o Pacers é o pior da NBA em pontos cedidos dentro da área pintada, com 61.7 por jogo. Mais que isso, Indiana é o segundo que mais permite tentativas de lances livres, com 27.5.

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Apenas no segundo tempo, depois de ver que o jogo estava em perigo, o Celtics passou a atacar o garrafão. Boston terminou com 19 tentativas do lance livre (todos após o intervalo) e 54 pontos no garrafão.

De novo, venceu por conta do talento que tem, mas Mazzulla não tira o melhor proveito do que tem no Celtics.

Joe Mazzulla é um problema

Para ser campeão da NBA, é preciso que o Boston Celtics tenha mais do que Joe Mazzulla oferece. Ele insiste em não jogar com dois caras grandes, mas não é de agora. Na última temporada, por exemplo, ele teve chances de utilizar Robert Williams e Al Horford, o que fazia mais sentido e tinha melhor aproveitamento de vitórias nos últimos dois anos. Mas ele queria uma formação baixa para seguir explorando o arremesso de três.

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E ele “morre abraçado” com tais convicções.

Foi assim que o time caiu diante do Miami Heat nos playoffs de 2022/23. Ele até fez ajustes (o que pode se considerar um milagre ou algo assim) entre alguns jogos, mas seus jogadores tinham a mesma preocupação que receberam nos treinamentos: arremessar de três.

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Quando a bola não cai, é realmente difícil o Celtics vencer um jogo na NBA. Apenas em uma das sete derrotas da equipe na temporada, o time acertou 37% ou mais. Nos outros seis, Boston teve um aproveitamento total de 29.5% (78 acertos em 264 tentativas).

Então, nas vitórias, o aproveitamento sobe para 39% em 38.3 tentativas por jogo. E quando a situação está ruim e o time está perdendo, o número de tentativas sobe para 44. Ou seja, sob pressão os jogadores continuam arremessando ainda mais, mesmo que a bola não esteja caindo.

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Onde está Mazzulla quando o Celtics precisa? Na hora de tentar algo diferente do “disco furado” (expressão para quem nasceu até o início dos anos 90, por não sair do lugar), ele insiste na mesma estratégia. E não adianta nada.

Nos playoffs…

De novo, a pressão. Quando um time está jogando na temporada regular, o nível de pressão é infinitamente menor do que nos playoffs. Então, é natural que o aproveitamento caia de uma fase para a outra. Em 2022/23, por exemplo, o Celtics acertou 37.7% nos 82 jogos qualificatórios. Depois, nos mata-matas, caiu para 36.4%.

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Mais uma vez, natural.

Mas veja como foi afunilando.

Contra o Atlanta Hawks, o time acertou 40.6%. Na semifinal de Conferência, diante do Philadelphia 76ers, 38.6%. Então, na decisão do Leste, quando o adversário era o Miami Heat, que muitas vezes joga em defesa zona, forçando ainda mais o arremesso de três, o aproveitamento despencou para 30.3%.

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Eca!

Entende? O time não buscou outras alternativas, ficou assistindo o Heat acertar de três e caiu ali.

É como no futebol americano. Você não usa apenas o passe ou só o jogo corrido. Você varia, forçando o seu oponente ao erro, a tentar adivinhar ao invés de saber exatamente como será. E é o que Boston faz desde que Mazzulla assumiu o time.

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Se o Celtics quiser ser campeão da NBA, Joe Mazzulla precisa entender que é possível vencer jogos sem arremessar 40 bolas de três por jogo. Mas enquanto está ganhando e liderando o Leste, não aposte tanto nisso.

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