E o Charlotte Hornets, que dispensou Caleb Martin para ficar com o irmão gêmeo dele?

Ala se tornou titular e um dos principais destaques do Miami Heat na final da Conferência Leste

Charlotte Hornets Caleb Martin Fonte: Nathaniel S. Butler / AFP

Neste exato momento, a diretoria do Charlotte Hornets olha para Michael Jordan e percebe que dispensou Caleb Martin ao invés do irmão gêmeo, Cody. Que o Miami Heat é um time resiliente, todo mundo sabe. Que a equipe chega em decisões, também. Mas não basta ter apenas um grande técnico. Tem que ter uma direção que entende o que faz. O Heat é o conjunto de tudo isso. O texto de hoje não é exclusivamente sobre Martin ou seu irmão tecnicamente menos explorado, mas sobre o que uma franquia vencedora faz.

Em 2022/23, Miami atinge sua sexta final de NBA desde 2011. Sabe quem chegou tantas vezes assim no mesmo período? Só o Golden State Warriors. Então, quando a gente fala de planejamento, preparação, os dois são os melhores exemplos disso.

É verdade que, pelo elenco atual, se você olhar antes de um início de temporada, jamais crava que vai vencer o Leste. Tem Jimmy Butler, Bam Adebayo, mas falta peça para chegar lá, certo? Bem, o Heat provou o contrário.

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De novo e de novo.

Apesar de não ter um grupo com grandes nomes, superou cada adversidade como se fosse apenas parte do trabalho. Mas é assim que o time se motiva. Com Erik Spoelstra dizendo que vai conseguir e, no fim, realmente consegue. Com Butler fazendo cara de deboche após as derrotas para o Boston Celtics. Até soa soberbo, mas faz parte do script.

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Lembra muito o que o Detroit Pistons de 2003/04 fez. Não era favorito, então conquistou na marra, batendo cada um de seus oponentes com autoridade.

Mas tudo isso passa, antes, pelo que o senhor Pat Riley faz. Ao lado de Spoelstra, ele é o responsável por montar um quinteto inicial com o ex-jogador do Charlotte Hornets, Caleb Martin, além de Max Strus, Gabe Vincent e, ainda ser competitivo.

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A gente já viu esse filme antes. Pode até não ser campeão, mas já venceu.

Riley foi técnico do Los Angeles Lakers e do New York Knicks antes de chegar ao Heat, em 1995/96. Até então, a jovem equipe (fundada em 1988), tinha duas classificações aos playoffs, sempre caindo na primeira rodada. Ele assumiu o comando e Miami foi aos mata-matas por seis anos consecutivos.

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Tudo bem, não ganhou. Até fez uma final de Conferência, mas contra o Chicago Bulls de Michael Jordan, Scottie Pippen e Dennis Rodman. Depois, montou um elenco forte, via trocas e Draft, com Dwyane Wade e Shaquille O’Neal. Mas sua ideia era ser apenas um dirigente, como é hoje.

Só que Stan Van Gundy, apesar de levar o Heat às finais do Leste em 2004/05, começou a temporada seguinte com uma campanha muito irregular. Após 11 vitórias em 21 jogos, Riley reassumiu como técnico. O resultado?

Foi campeão pela quinta vez na carreira.

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Depois, voltou a trabalhar na direção. Mas para fazer isso, ele selecionou Spoelstra para comandar o time em quadra. Só que ninguém, fora do Heat, sabia quem ele era.

Erik Spoelstra

Após quatro anos jogando no basquete universitário em Portland, o então armador foi atuar na Alemanha, pelo TuS Herten. No entanto, Spoelstra, aos 23 anos, já entendia tanto da parte tática que ficou lá por duas temporadas acumulando as funções de jogador e assistente técnico.

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Então, em 1995, aos 25 anos, o Heat o convidou para ser coordenador de vídeo. Mas Riley, que acabara de chegar em Miami, não conseguiu levar a pessoa que queria, por questões contratuais. Ele teve de “engolir” Spoelstra.

No entanto, o trabalho que o atual treinador mostrou logo de cara convenceu o cinco vezes campeão da NBA. Com seu aval, Randy Pfund, então GM do Heat, promoveu Spoelstra como assistente direto de Riley, em 1997.

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Mesmo sem querer atravessar o trabalho dos colegas, seu estilo chamava a atenção da diretoria. Assim, ele foi ganhando espaço até se tornar o primeiro auxiliar de Stan Van Gundy. Quando Riley entendeu que Spoelstra estava pronto, não teve dúvidas e o convidou, em 2008, para substituí-lo em sua segunda passagem como técnico da equipe.

Apesar de ser muito diferente de outros assistentes, por falar baixo, ser extremanente educado, ele tinha o máximo respeito de Dwyane Wade. Dizem que foi Spoelstra quem deu um jeito no arremesso do astro, logo após as Olimpíadas de 2004.

Quatro finais e dois títulos

Veio a offseason de 2010 e LeBron James, com o The Decision, levou seus talentos para South Beach. O mesmo aconteceu com Chris Bosh, mas sem tanta badalação. Na apresentação, James afirmou que o Heat não venceria um, mas dois, três, quatro, cinco, seis títulos. Aquilo fez o mundo do basquete pirar.

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Será que aquilo era possível?

Riley acreditou que sim.

Em quatro anos, Miami venceu duas vezes e LeBron voltou para o Cleveland Cavaliers. Em seguida, Bosh teve problemas de saúde e encerrou a carreira. Enquanto isso, Wade dava sinais de que estava perto do fim.

Mas, mesmo com tudo aquilo, Spoelstra não tinha reconhecimento algum. Ninguém se importava, já que ele não era um cara que gostava de aparecer. Entretanto, Riley o bancou.

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Chegada de Jimmy Butler

Vamos combinar uma coisa, né? Jimmy Butler não está na primeira prateleira dos grandes astros da NBA.

Será?

Embora fosse apenas a terceira estrela do Philadelphia 76ers de 2019, o Heat fechou com ele para ser a primeira em Miami. Logo de cara, comandou o time às finais, na “bolha”, jogando como se estivesse no topo da liga.

E muita gente se perguntava como Butler era tão bom nos playoffs, mas não tinha as mesmas performances na temporada regular. Aí é que está a resposta. Ele não liga para prêmios individuais. Ele é a cara do Heat, que joga sem querer ser popular, sem querer participar do All-Star Game.

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Na atual temporada, por exemplo, ele teve média de 21.7 pontos, com 30.3% de aproveitamento no perímetro até a parada para o Jogo das Estrelas. Subiu para 25.6 pontos e 48.1% nos 20 jogos seguintes. Agora, nos playoffs, são 28.5 pontos, 7.0 rebotes, 5.7 assistências, 2.1 roubos de bola e respeitáveis 35.6% de três, ainda mais para quem não é especialista.

Joga e faz jogar.

Underdog

Mesmo perdendo Tyler Herro e Victor Oladipo na primeira rodada, Miami sempre deu um jeito de vencer. Até as duas derrotas para o Boston Celtics, na final do Leste, o Heat não tinha nenhuma derrota em casa nos playoffs deste ano.

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De novo, olha o time titular. São três caras que não foram escolhidos no Draft: Gabe Vincent, Max Strus e, claro, aquele que o Charlotte Hornets dispensou para ficar com o irmão gêmeo, Caleb Martin.

Mais uma vez, Miami não é o favorito. Afinal, o Denver Nuggets está descansando há vários dias e o Heat acabou de chegar ao Colorado. Lembra quando a equipe marcou o voo para Denver antes de disputar o sétimo jogo contra o Boston Celtics?

Parece soberba, mas é só confiança mesmo.

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Confiança em um trabalho que vem sendo feito há quase três décadas, que começou com Pat Riley e um coordenador de vídeo. Um trabalho de “garimpar” talentos brutos e fazer virar um time de verdade.

Draft?

Todos acima não foram escolhidos no Draft, e tiveram contratos two-way ou de dez dias. Nove jogadores “operários”. Isso, sem contar com Oladipo, um renegado na NBA por tantas lesões graves. Butler, por exemplo, foi escolha 30 em 2011. Kyle Lowry, foi a vigésima quarta em 2006.

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Não existe uma fórmula mágica. Kevin Love (pick 5), Cody Zeller (4), Oladipo (2), pouco jogam. Tyler Herro (13) e Bam Adebayo (14) são dois dos principais jogadores.

É sobre obter o melhor do que cada jogador pode oferecer no momento.

Riley e Spoelstra conseguiram fazer do Heat um finalista da NBA em 2023. Mas não é só isso.

Agora, quer ver uma coisa?

Charlotte Hornets e Miami Heat entraram na liga ao mesmo tempo. Enquanto o primeiro foi aos playoffs em dez oportunidades e jamais superou uma semifinal de Conferência (quatro vezes), o Heat foi 24 vezes, já possui três títulos e está na sétima final de NBA.

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Sabe quantas equipes foram aos mata-matas mais do que Miami nos últimos 35 anos (quando foi fundado)?

San Antonio Spurs, 29 vezes, Los Angeles Lakers, 26, Boston Celtics, 25. Nem o Chicago Bulls (21), que foi campeão seis vezes desde então, supera Miami. Golden State Warriors, por exemplo, teve 14.

Então, quando falar sobre time grande na NBA, nunca se esqueça do Heat.

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