Artigo: Os Sete Segundos de D’Antoni

O que você se lembra da temporada de 2004-05 da NBA? Talvez só o terceiro título do San Antonio Spurs, frente ao então campeão Detroit Pistons, com direito ao terceiro prêmio de MVP das finais para Tim Duncan. Ou então, como a estreia de Dwight Howard – direto do High School – e do Charlotte Bobcats […]

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Nash e D’Antoni: símbolos daquele Phoenix

O que você se lembra da temporada de 2004-05 da NBA? Talvez só o terceiro título do San Antonio Spurs, frente ao então campeão Detroit Pistons, com direito ao terceiro prêmio de MVP das finais para Tim Duncan. Ou então, como a estreia de Dwight Howard – direto do High School – e do Charlotte Bobcats na liga, o fim da dupla Shaq e Kobe em Los Angeles, a aposentadoria de Reggie Miller? Entretanto, o que pode ser lembrado é a consagração de Mike D’Antoni e seu estilo de jogo “Seven Seconds or Less” (Sete Segundos ou Menos) à frente do Phoenix Suns. Como resultado disso, o time do Arizona fez a melhor campanha da liga na temporada (62-20), e Steve Nash, pilar do time, ganhou o seu primeiro prêmio de MVP.

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Depois de ser pentacampeão da liga italiana como treinador, e de uma breve passagem pelo Portland Trail Blazers, D’Antoni chegou ao Suns como assistente em 2002 e foi promovido a treinador da equipe durante a temporada de 2003. Durante a off-season de 2004, o Suns fez duas contratações chaves no mercado de agentes livres: o ala Quentin Richardson, ex-Los Angeles Clippers, e o armador Steve Nash, que saia do Dallas Mavericks porque o dono do time, Mark Cuban, temia que ele estivesse muito velho (à época, 30 anos). Esses dois jogadores formariam o quinteto inicial do time, juntamente com o armador Joe Johnson, o ala Shawn Marion e o pivô Amare Stoudemire.

Assim, o Phoenix contava com dois especialistas nos chutes de longa distância (Johnson e Richardson), um exímio defensor em quase todas as posições (Marion), um pivô atlético e com recursos para jogar longe do garrafão (Stoudemire) e um playmaker no auge da forma física e técnica (Nash). No banco, Leandro Barbosa e sua melhor arma na época, a velocidade, o experiente Jim Jackson e o pivô reboteiro Steven Hunter. Essa foi a base do Run and Gun do Suns de 04-05, que não defendia nada – a pior defesa da liga com 103.3 pontos por partida (um Marion só não faz verão) – mas que em compensação era mortal no jogo de transição e nos tiros de três pontos – média de 110.4 pontos, a melhor da temporada.

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Veja abaixo a apresentação dos titulares e alguns lances da equipe na temporada:

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Pra quem não sabe, o Run and Gun é um estilo de jogo em que o time movimenta a bola no ataque o mais rápido possível e arremessa na primeira chance possível, normalmente uma bola de três. No caso do Suns, além dos chutes do perímetro, o que geralmente acontecia era Nash dar uma assistência sensacional para alguém enterrar e entrar no Top 10 de jogadas. Esse estilo de jogo havia sido muito utilizado pelo treinador Paul Westhead, que à frente do Denver Nuggets em 1990-91 estabeleceu o recorde da NBA em pontos durante um único tempo de jogo, 107. O adversário? O Phoenix Suns.

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Na temporada regular a equipe liderou a liga, finalizando com um recorde de 62 vitórias e apenas 20 derrotas, igualando a melhor campanha do time (na temporada 92-93, liderado por Charles Barkley, que foi vice-campeão da NBA na ocasião, perdendo para o Chicago Bulls de Michael Jordan). A maior série de vitórias ocorreu entre os dias 5 e 26 de dezembro, quando a equipe venceu 11 jogos, e a maior quantidade de derrotas foi entre 12 e 21 de janeiro, perdendo seis em sequência.

As boas atuações da equipe também se refletiram no All-Star Game da temporada. Nash, Marion e Stoudemire foram selecionados como reservas do Oeste e Quentin Richardson foi o vencedor do Three-Point Shootout. Steve Nash também venceu o Skills Challenge e Marion, juntamente com a atleta da WNBA, Diana Taurasi, e o ex-jogador Dan Majerle, foi campeão do Shooting Stars Competition com o time de Phoenix.  Amare Stoudemire foi o vice-campeão do Slam Dunk Contest, contando com  ajuda de Nash – que “jogou futebol” em um nível aceitável.

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Confira os melhores momentos do All-Star Weekend abaixo:

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Playoffs

Nos playoffs, o Suns enfrentou o Memphis Grizzlies de Pau Gasol, Mike Miller e Shane Battier (os dois últimos, campeões com o Miami Heat em 2012) na primeira rodada. E foi uma festa: varreu o time de Memphis, marcando mais de 100 pontos em todos os jogos da série. Nas semifinais da Conferência Oeste, o adversário foi o Dallas Mavericks, liderados por Dirk Nowitzki, que foi derrotado por 4-2, com o jogo 6 indo para a única prorrogação disputada pelos Suns nos playoffs. Um Steve Nash inspiradíssimo, como se quisesse provar alguma coisa ao seu antigo time, que o dispensara, acabou a série com médias de 30.3 pontos, 12 assistências, 6.5 rebotes e 55% de aproveitamento nos arremessos de quadra.

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Nas finais da Conferência Oeste, porém, as deficiências defensivas do time de D’Antoni foram expostas frente ao San Antonio Spurs (Tim Duncan foi espetacular com 27.4 pontos e 13.8 rebotes de média), e os comandados de Mike Popovich forçaram o Suns a jogar na meia-quadra, anulando os famosos “Sete Segundos ou Menos”. O resultado disso foi o fim da linha para o Phoenix na temporada, derrotado por 4-1 na série, e o início de uma das grandes rivalidades da década passada (Spurs-Suns, a outra foi Suns-Lakers).

As finais de conferência tiveram números bem interessantes para o Suns:

  1. Amare Stoudemire foi dominante no garrafão, com médias de 37 pontos. Mas os rebotes deixaram a desejar, com apenas 9.8;
  2. Steve Nash deu apenas três assistências no jogo 3. Bem abaixo de sua média;
  3. Shawn Marion fez 7.8 pontos por partida, média pífia;
  4. Quentin Richardson não marcou nenhum ponto no jogo 5;
  5. Dominação total do San Antonio Spurs.

Consequências

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Stoudemire, Nash, Marion e Barbosa estiveram presentes na melhor fase do Suns de D’Antoni

Mesmo com a saída de Quentin Richardson e Joe Johnson ao fim da temporada, o Run and Gun ainda teve sucesso por mais dois anos. O Phoenix chegou às finais do Oeste em 2006 – após ser o último time a reverter uma desvantagem de 3-1, na primeira rodada, contra o Los Angeles Lakers – quando perdeu para o Dallas Mavericks (com Steve Nash sendo eleito MVP pela segunda vez). Em 2007, a equipe mais uma vez liderou a NBA (61-21), Leandro Barbosa foi eleito o sexto-homem da temporada, mas o fim da linha foi nas semifinais, quando caíram novamente frente ao Spurs, em uma série que teve erros de arbitragem (e com direito a uma suspensão contestadíssima de Amare Stoudemire e Boris Diaw no jogo 4).

Nash atuou no último quarto do jogo 4 da série contra o Spurs enxergando com apenas um olho

O marco do fim desse sistema foi a troca que trouxe Shaquille O’Neal (com Shawn Marion indo para o Miami Heat) para Phoenix, em 2008, o que “pregou” o time no chão. Uma sobrevida aconteceu quando O’Neal foi trocado em 2010; o Suns finalmente derrotou o Spurs em uma série de playoffs (haviam sido quatro eliminações em sete anos) e avançou para as finais do Oeste, perdendo para o futuro campeão Los Angeles Lakers por 4-2 – graças a uma bola milagrosa de três pontos de Ron Artest no jogo 5.

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Ao sair de Phoenix, em 2008, Mike D’Antoni tentou implementar seu sistema “Seven Seconds or Less” no New York Knicks, mas a única coisa interessante que aconteceu na Big Apple foi a explosão de Jeremy Lin na liga, já em 2012, fazendo o papel de Steve Nash como playmaker e atacando a cesta como o canadense jamais fez. Porém, os resultados não apareceram, e ele foi demitido durante a temporada passada.

Curiosidade

No draft de 2004, o Suns tinha a 7ª escolha geral, e selecionou o ala sudanês Luol Deng, mas ele foi trocado na mesma noite com o Chicago Bulls, por uma escolha de primeira rodada em 2005 (que foi usada para escolher Nate Robinson). É certo que Deng ainda era um calouro que precisava desenvolver seu jogo, mas seria demais especular que a sua defesa, seu ponto forte, pode ter sido o que faltou para que o Suns chegasse às finais em 2005?

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Mais lances do Phoenix na temporada de 2004-05:

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