O fenômeno da polarização Russell Westbrook

De superestimado à subestimado, Westbrook vive do oito ao 80 na liga

polarização Russell Westbrook Fonte: Noah Graham/ AFP

Poucas vezes na história da NBA um jogador conseguiu atrair, com tanta regularidade, um misto de sentimentos em sua volta. Estamos falando de um fenômeno de polarização: Russell Westbrook. O armador, outrora MVP da liga, vive o pior momento da carreira, fruto de uma troca que culminou num fracasso retumbante do Los Angeles Lakers na temporada 2021-22.

O fracasso previsível

Contudo, engana-se quem pensa que o fracasso do Lakers tenha sido uma surpresa. Desde o momento da troca, as incertezas sobre o fit de Westbrook com o elenco da franquia eram cristalinas. Estamos falando de um armador que precisa da bola em suas mãos, Brodie é incapaz de jogar sem a bola, além de ser um arremessador extremamente ineficiente e um defensor abaixo da crítica, muito pela falta de atenção e comprometimento com o lado defensivo.

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Se o fit era reconhecidamente complicado, porque o Lakers ainda trocou? A offseason passada da franquia foi super movimentada, após a queda nos playoffs da temporada 2020-21, o Lakers buscava uma terceira estrela para complementar LeBron e Anthony Davis. Os rumores apontavam pela chegada de DeMar DeRozan, que, apesar de não espaçar a quadra, é um dos melhores arremessadores de meia-distância da liga, além dele, o armador Kyle Lowry não foi parar em Los Angeles pela recusa da franquia em envolver Talen Horton-Tucker na troca.

É justo dizer que Lowry não é uma estrela e, no seu melhor, não chega perto do melhor nível que vimos de Russell Westbrook. Mas o basquete, assim como qualquer esporte coletivo, não se limita a somente juntar os melhores e esperar com que a magia aconteça. Lowry é um armador muito inteligente, um bom shooter, bom defensor e que, principalmente, é plenamente capaz de jogar offball. É importantíssimo dizer que LeBron James é um jogador que precisa da bola nas mãos, então qualquer jogador que fosse ao Lakers deveria complementá-lo, o que veríamos com Lowry de maneira perfeita, mas não com Westbrook.

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Apoio de LeBron?

Contudo, Westbrook tinha o apoio de LeBron James ao seu favor. Os reports da época apontavam que o Lakers estava acertando com DeMar DeRozan, algo confirmado pelo próprio atleta, mas a pressão de LeBron no front office fez com que a franquia preferisse a troca por Westbrook.

Após a troca, o decorrer da temporada somente confirmou tudo aquilo que a maioria dos analistas previam: um encaixe horrível, a queda no rendimento de Russell Westbrook e, por consequência, uma temporada sofrível do Los Angeles Lakers. A campanha de 33 vitórias e 49 derrotas foi incapaz de alcançar, inclusive, o play-in. Tudo isso com um elenco estrelado, composto pelos já citados LeBron, Westbrook e Davis, além dos consagrados Dwight Howard e Carmelo Anthony.

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Westbrook precisa ser trocado

É comum vermos em todos os debates de basquete que o Lakers precisa trocar Russell Westbrook. E isso é verdade, mas mais importante ainda é o seguinte fato: Russ, pelo bem de sua carreira, precisa de novos ares. Que o armador virou motivo de chacota nos últimos tempos, isso não é surpresa para ninguém, mas as críticas estão passando dos limites.

Quem vos escreve passa longe de ser um fã de Westbrook, mas é necessário pôr respeito em seu nome. Estamos falando de um futuro hall da fama da NBA, algo que pouquíssimos jogadores alcançam. A carreira do armador é impressionante, mesmo que não tenha vencido nenhum título. Russell Westbrook é o maior jogador da história do Oklahoma City Thunder. Lá, ele é dono de números expressivos na história da liga. No entanto, ele já acumula (três temporadas com média de triplo-duplo), nove vezes All-NBA, duas vezes cestinha da temporada. Enfim, são inúmeros pontos para louvarmos na carreira do jogador.

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Westbrook não vai mudar…

A péssima passagem pelo Los Angeles Lakers deve ser noticiada, de fato, mas não pode apagar a belíssima carreira do jogador. Ainda que ele deva ser culpado pelo seu rendimento na franquia, a culpa maior deve ser de quem chancelou a negociação. Mesmo sabendo de todas as dificuldades de encaixe que geraria, alguém aprovou. É impossível imaginar que um jogador indo para a sua 14ª temporada na liga vá mudar seu estilo de jogo, ainda mais quando estamos falando de um superstar.

Ainda, o tempo em Los Angeles fez chegar ao ápice da polarização que Russell Westbrook sempre gerou. Seu estilo atlético, intenso e que, por muitas vezes, gerava decisões erradas, era o prato cheio para uma montanha-russa de sentimentos em torno dele. Ao mesmo tempo que Westbrook era uma máquina de highlights, ele sempre sofreu críticas pelo seu QI de basquete (que muitos julgam ser baixíssimo).

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Em Los Angeles, esse cenário teve dois acréscimos: o segundo maior mercado da liga e jogar ao lado de LeBron James. Já não bastando a repercussão midiática ocorrida em LA, ter o King ao lado não traz somente coisas positivas. Devido ao tamanho de LeBron na história da NBA, tudo que o cerca toma proporções maiores, ou seja: jogue bem ao lado dele e tome um tamanho muitas vezes superestimado (alô, Kyrie Irving!) ou jogue mal e se torne desprezível. Mas..

Qual é o próximo passo?

Nem tão ao céu, nem tão ao inferno. A idade chega para todos e Westbrook não foge à regra. O armador passa longe de seu auge e já está na curva descendente da carreira. Mas engana-se quem pensa que ele não tenha mais espaço na NBA. Estamos falando de um jogador que na pior temporada da sua carreira entregou sólidas médias de 18 pontos, sete rebotes e sete assistências.

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O encaixe de Westbrook é complicado, como já falamos acima. Porém, o armador ainda pode entregar um basquete de qualidade em um contexto que o favoreça, e, fora das quadras, Russell traz holofotes e atenção como poucos jogadores da atualidade. Para mercados menores, Westbrook é sinônimo de um engajamento alto, público maior nas arenas e, obviamente, competitividade dentro de quadra.

Os rumores recentes conectam o armador à uma troca para o Indiana Pacers, em retorno de Buddy Hield e Myles Turner para os Lakers. Em uma temporada de tank por Wembanyama, além de ter o ótimo e promissor  Tyrese Haliburton na armação, a tendência seria vermos Westbrook acertando uma rescisão e entrando na agência livre. E, livre no mercado, o armador certamente será procurado por contenders. Conhecido por recuperar diversos jogadores, não me surpreenderia se visse Russell Westbrook terminando a temporada no Miami Heat. Enfim, cenas dos próximos capítulos.

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Por Julio Luizelli

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