Jumper Brasil Discute – Aquecimento para o Draft 2020
Todos os olhos da NBA estarão voltados para o Draft nesta quarta-feira (18).
Para a nossa alegria, a ESPN vai transmitir novamente o evento para o Brasil. Mas nem por isso, deixaremos de convidar a todos a acompanharem conosco o recrutamento, em nossa já tradicional Live do Draft (a partir das 19h19) que atravessa a noite, com equipe completa a postos para deixá-lo (a) atualizado (a) sobre os mais novos jogadores da liga. Olho na telinha da ESPN e ouvido colado no Jumper Brasil!
Enquanto o Draft não chega, aqui está um pontapé inicial nas discussões que vamos ter durante esta quarta-feira. Para tentar identificar quem são os prospectos superestimados e subestimados, steals em potencial, apostas seguras e riscos, convidamos:
– Gustavo Lima e Ricardo Stabolito Jr.: editores do Jumper Brasil e especialistas com uma década de experiência na cobertura de drafts da NBA
– Gabriel Andrade: colunista de scouting do Jumper Brasil
– Vinicius Costa: responsável pelo perfil Tankometro no Twitter
1. Quem você considera a escolha mais segura deste draft?
Gustavo Lima: Onyeka Okongwu. É um pivô que tem todas as ferramentas para se dar muito bem na NBA atual, cujo jogo está cada vez mais rápido. Big man com força física, mobilidade, agilidade lateral acima da média e versatilidade defensiva (potencial defensor de elite no nível profissional)? É o que 30 em cada 30 franquias da liga procuram.
Ricardo Stabolito Jr.: Tyrese Haliburton. É um jogador alto para a posição, com um jogo bastante completo e ainda possui excelentes métricas avançadas, o que faz com que seja um “queridinho” da comunidade estatística. Com tudo o que faz competentemente, é difícil imaginar que nada acabe “funcionando”.
Gabriel Andrade: Creio não haver muitas escolhas muito seguras neste draft, mas há alguns jogadores em que existe uma previsibilidade maior no que devem entregar. Nesse caso, seria Ty Haliburton. Gosto bastante dele por cometer poucos erros, ser um ótimo defensor e um passador acima da média, além de ter um ótimo encaixe em diversas equipes. Menções honrosas para Onyeka Okongwu e Obi Toppin.
Vinicius Costa: Onyeka Okongwu tem capacidade atlética, força física, mobilidade lateral, instinto/inteligência de basquete e polidez defensiva suficientes para cravar que será um defensor de elite na NBA. Isso deve garanti-lo por muitos anos na Liga, mesmo que ele não venha a desenvolver um chute regular de média e longa distâncias.
2. Qual prospecto que, provavelmente será selecionado na loteria, você não escolheria de jeito nenhum?
Gustavo Lima: Precious Achiuwa. É um big man que chama a atenção mais pela energia em quadra, pelos atributos físico-atléticos, do que pelo QI de basquete, pelos fundamentos (a falta de polidez do prospecto nos dois lados da quadra é notória). É aquele famoso caso em que a transpiração supera a inspiração.
Ricardo Stabolito Jr.: Patrick Williams. A hype cresceu demais para o meu gosto. Acho que sua versatilidade defensiva tende a ser exposta no espaçamento da NBA por não ser um jogador dos mais ágeis e seu potencial ofensivo é feito muito mais de flashes do que habilidades consolidadas.
Gabriel Andrade: É uma classe em que é possível fugir de vários nomes da loteria, mas talvez o que mais evitaria seria Obi Toppin. Não por sua produtividade e qualidade no ataque, mas não tenho muita segurança de que seu nível defensivo e seu estágio de evolução daqui para frente ajude a compensar o seu valor.
Vinicius Costa: Precious Achiuwa não é um prospecto desinteressante, mas creio que sua escolha na loteria seja a materialização da supervalorização dos seus atributos atléticos, dado que ele não tem polidez defensiva e, principalmente, ofensiva, para ser uma escolha alta.
3. Qual jogador que, provavelmente não será selecionado na loteria, você escolheria caso estivesse no TOP 14 deste recrutamento?
Gustavo Lima: Tyrese Maxey. Produto do excelente programa de Kentucky, o combo guard é muito competitivo em quadra, efetivo com e sem a bola, um defensor versátil e sólido, além de ser capaz de criar para si e para os companheiros. Considero Maxey uma óbvia escolha de loteria. Menção honrosa para Saddiq Bey, um dos prospectos com mais fundamentos e entendimento do jogo da classe deste ano.
Ricardo Stabolito Jr.: Tyrese Maxey. Sua competitividade e instintos nos dois lados da quadra me agradam e é um melhor arremessador do que pareceu na NCAA. Além disso, os recentes prospectos de Kentucky têm sido mais bem sucedidos na NBA do que sua projeção no draft sugeria (Jamal Murray, Shai Gilgeous-Alexander, Keldon Johnson).
Gabriel Andrade: Com tantas incertezas e variância sobre quem sairá no TOP 14, bem possível que minha escolha possa sair por lá (ou quase no 30). Dito isso, teria um alvo carinhoso em Saddiq Bey, por ter versatilidade para atuar nos dois lados quadra e ser um destino bom para quem tiver um time mais pronto. Outro potencial seria Jalen Smith.
Vinicius Costa: Aleksej Pokusevski entra no Draft como um potencial “unicórnio”: jogador de 2,13m com habilidades de armador e arremesso (em desenvolvimento) de três pontos. Contudo, seu corpo franzino e baixa acessibilidade aos scouts/franquias o tornam uma grande incógnita. Tenho visto muito poucos rumores sobre ele na Loteria, mas acho que merece a aposta.
4. Quais prospectos você considera como steals em potencial que, atualmente, estão projetados para serem escolhidos na segunda metade ou no final da primeira rodada?
Gustavo Lima: Malachi Flynn e Desmond Bane. Nenhum deles deverá se tornar uma estrela, mas ambos estão prontos para contribuir de imediato e atuar por vários anos na NBA. Flynn é um armador produtivo com e sem a bola nas mãos, possui um elevado QI de basquete (nos dois lados da quadra), opera com maestria no pick-and-roll, sabe manipular as defesas adversárias e mostra versatilidade como arremessador. Já Bane é um ala que tem os atributos necessários – força física, arremesso consistente do perímetro e elevado QI de basquete nos dois lados da quadra – para se tornar um sólido role player na liga.
Ricardo Stabolito Jr.: Cole Anthony. Eu gosto da imensa maioria das potenciais escolhas de segunda metade de primeira rodada, mas o filho do ex-armador Greg Anthony possui mais upside do que costuma-se encontrar nessa faixa. É difícil encontrar um armador que seja uma ameaça já tão sólida em três níveis no ataque (arremesso, infiltração, passe) potencialmente fora do TOP 20.
Gabriel Andrade: entre os steals, gosto de Theo Maledon e Malachi Flynn. O francês pelo potencial defensivo e a capacidade de fazer diversos papéis dentro da armação, e Flynn pela capacidade técnica de criação de jogadas. Pensando em upside, Josh Green é um grande valor possível também, dotado de explosão, potencial defensivo e flashes de criação secundária.
Vinicius Costa: Desmond Bane e Cole Anthony podem ser steals, por motivos diferentes: o primeiro por ser subestimado e o segundo superestimado num certo momento. Bane é um dos melhores arremessadores do Draft, subestimado pela idade (mais velho que a média), baixo atleticismo e altura. Já Anthony era cotado como escolha Top 5 antes do College, mas um sistema de jogo inadequado na mais fraca UNC dos últimos anos afetou seus números, derrubando sua eficiência. Ele pode ser minimamente um bom scorer no time certo.
5. Existe algum atleta que deverá ser escolhido apenas na segunda rodada e você consideraria seriamente selecionar entre os 30 primeiros?
Gustavo Lima: Xavier Tillman. Melhor pivô passador da classe deste ano, ele é dotado de muita força física, não foge do contato e tem um controle corporal elogiável. Além disso, Tillman tem um elevado QI de basquete nos dois lados da quadra, exibe leitura avançada das rotações defensivas, não força arremessos nem passes, e sabe atuar em um papel limitado.
Ricardo Stabolito Jr.: Armadores em geral. Eu acho que há vários atletas da posição, de características diferentes, que estarão disponíveis na segunda rodada e podem ser melhores do que projetamos: Devon Dotson, Immanuel Quickley, Malachi Flynn, Nico Mannion, Tre Jones, Payton Pritchard, Ty-Shon Alexander.
Gabriel Andrade: Desmond Bane, por oferecer um bom pacote como 3-and-D, tanto por ter o arremesso, a capacidade atlética e nenhuma fraqueza muito exposta que vá comprometer seu desempenho, coisa rara nesta classe.
Vinicius Costa: Killian Tillie é um jogador muito interessante. Pivô inteligente, de bom passe e arremesso sólido do perímetro, com mais de 40% de aproveitamento do chute de três pontos em suas quatro temporadas no College. O seu histórico de contusões assusta, derruba sua projeção, e ameaça, inclusive, sua escolha no Draft. Diante de um relatório médico que transmitisse tranquilidade, eu o escolheria como Top 20.
6. Por fim, com a primeira escolha do draft de 2020, você selecionaria…
Gustavo Lima: Anthony Edwards. Maior talento disponível e dono de atributos físico-atléticos de elite, ele tem muita margem para crescimento e seria um bom encaixe com D’Angelo Russell e Karl-Anthony Towns, em um sistema de jogo com cinco jogadores abertos e um pace alto como é o do Timberwolves.
Ricardo Stabolito Jr.: Anthony Edwards. Vejo com muito equilíbrio esse trio Edwards/Ball/Wiseman. No caso, o ala-armador é quem parece ser o único encaixe em longo prazo para Minnesota. Trocar a escolha também seria uma possibilidade que consideraria.
Gabriel Andrade: eu trocaria a escolha! Mas falando sério, é um cenário muito difícil para ter muita certeza, porém tenho tendido para LaMelo Ball. Pelo puro potencial criativo para alguém de seu corpo que ele possui. De toda forma, escutaria qualquer oferta com muito carinho!
Vinicius Costa: Levando em consideração o balanço entre melhor talento e encaixe, escolheria Anthony Edwards. Acredito que ele tenha um teto tão alto quanto LaMelo Ball, mas possui um encaixe muito mais ajustado em Minnesota, junto a D’Angelo Russell e Karl-Anthony Towns.
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