O técnico do Boston Celtics, Joe Mazzulla, polemizou nessa terça-feira (29) ao se dizer favorável ao retorno das brigas na NBA. Conhecido por declarações “fora da caixinha”, o atual campeão da liga foi ao programa Zolak and Bertrand, da rádio 98.5 The Sports Hub, advogar pela volta da pancadaria no basquete. Usando a NHL (Liga Nacional de Hóquei) como referência, o treinador considera a briga um entretenimento para o público. Isso era comum na NBA até meados da década de 2000, mas praticamente se extinguiu nos últimos anos.
“A maior coisa que a NBA tirou das pessoas, do ponto de vista do entretenimento, é que você não pode mais brigar em quadra. Então, eu queria que as brigas voltassem. O que é mais divertido do que uma luta? Aliás, na NBA não existe nem falta pesada mais. No beisebol, deixam até os jogadores saírem do banco de reservas para brigar. Eles têm tacos, que são armas. Já na NBA, a única coisa que a gente tem é uma bola de basquete. No hóquei, são tacos e discos. Enfim, a gente não tem direito nem a uma trocação”, afirmou Mazzulla.
Além das brigas, o técnico do Celtics defendeu a criação de uma Power Play na NBA. Essa é uma regra de assinatura da NHL, na qual uma equipe é penalizada com a redução temporária do número de jogadores no rinque de patinação. As brigas são tão inusitadas que se tornaram uma atração a parte no hóquei no gelo.
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“O basquete é um dos únicos esportes sem uma power play… Digamos que você receba uma falta técnica. Você tem direito a um arremesso, mas não é realmente recompensado por isso. Afinal, se você errar o lance livre, não recebe a recompensa pela falta. Assim, deveria haver uma power play em uma falta técnica. Tipo, você deveria jogar cinco contra quatro por cinco segundos, ou três passes”, finalizou.
A NBA ficou mais rígida sobre regras de contato ao longo dos últimos anos, e as brigas pratiamente desapareceram, para tristeza do técnico do Celtics. Por isso, a maior confusão generalizada da história da liga foi há quase 20 anos.
Malice at The Palace
No dia 19 de novembro de 2004, o Detroit Pistons recebeu o Indiana Pacers, no Palace of Auburn Hills. Antes do jogo, Ben Wallace (Pistons) e Ron Artest/Metta World Peace (Pacers) trocaram farpas via imprensa. Os dois se odiavam, pois competiam pelo prêmio de melhor defensor da NBA.
Faltava pouco menos de um minuto para o fim, e a diferença estava na casa dos 15 pontos para o Pacers. Artest, então, cometeu uma falta um pouco mais dura em Wallace. Não seria motivo para uma briga, exceto pelo histórico e temperamento dos dois.
Wallace empurrou Artest, que não revidou. Iniciou-se um jogo de empurrões aqui e ali, mas Wallace seguia extremamente irritado. Artest deitou-se na mesa de arbitragem, imaginando que aquilo seria resolvido com uma troca de expulsões. Ou seja, desdenhou da situação. Porém, não foi bem assim que aconteceu.
Um torcedor atirou um copo com bebida em cima de World Peace. O ex-jogador ficou furioso e partiu para as arquibancadas. Acabou descontando no fã errado. Seu companheiro de equipe, Stephen Jackson, viu aquilo e também subiu para ajudar. Vários jogadores fizeram o mesmo, mas para acalmar os ânimos. Pouco adiantou, pois aquilo inflamou a torcida do Pistons.
Então, um outro torcedor desceu até a quadra, confrontou World Peace, que desferiu um soco nele. O jogador foi contido e levado aos vestiários. No túnel de entrada para lá, porém, fãs do Pistons passaram a jogar bebidas, comidas e garrafas de plástico nos atletas do Pacers. Um deles, aliás, arrancou uma poltrona e jogou em direção ao ala-pivô Jermaine O’Neal.
Suspensões
No dia seguinte, o então comissário da NBA, David Stern, anunciou que Ron Artest/Metta World Peace Stephen Jackson, Jermaine O’Neal e Ben Wallace estavam suspensos por tempo indeterminado. Posteriormente, a liga determinou as suspensões de nove jogadores envolvidos na briga.
- Ron Artest/Metta World Peace (Pacers): fora do restante da temporada, perda salarial de US$4,9 milhões
- Stephen Jackson (Pacers): 30 jogos, perda salarial de US$1,7 milhão
- Jermaine O’Neal (Pacers): 25 jogos (depois reduzida para 15), perda salarial de US$1,1 milhão
- Ben Wallace (Pistons): seis jogos, perda salarial de US$400 mil
- Anthony Johnson (Pacers): cinco jogos, perda salarial de US$122 mil
- Reggie Miller (Pacers): um jogo, perda salarial de US$61 mil
- Chauncey Billups (Pistons): um jogo, perda salarial de US$60 mil
- Derrick Coleman (Pistons): um jogo, perda salarial de US$50 mil
- Elden Campbell (Pistons): um jogo, perda salarial de US$48,8 mil
A Associação de Jogadores da NBA (NBPA) entrou com um recurso para diminuir as penas de Artest, Jackson e O’Neal. Apenas o último recebeu redução. A NBPA indicou que Stern havia agido de forma excessiva e autoritária. Afinal, foi ele quem determinou as punições.
Brigas na NHL
Uma cena recorrente na NHL é quando um atleta chama outro para a briga. Eles não são separados por ninguém e o árbitro só acompanha. Assim, com o crescimento do hóquei no gelo, a liga criou uma regra específica para as brigas. Portanto, é uma espécie de ‘profissionalização’ das lutas na NHL.
A regra de número 46 não menciona diretamente os embates, mas dá margem para os juízes colocarem limites. Desse modo, as brigas seguem algumas normas. Por exemplo, a luta é sempre de um contra um. Ou seja, sem a interferência de mais ninguém.
Além disso são permitidas serem acertadas apenas as partes mais altas do adversários. Então, nada de golpe baixo. Também não se pode usar o taco, e a briga precisa ser interrompida tão logo um dos atletas caia no chão. O árbitro também pode dar um basta quando achar que os jogadores estão passando dos limites.
Entretanto, os brigões não saem impunes. Afinal, quem se envolve em uma briga sempre recebe uma exclusão temporária (de cinco minutos) no jogo.
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