Revisão da temporada – Utah Jazz

Retorno aos playoffs após quatro temporadas deixa impressão de que reconstrução está no rumo certo

Fonte: Retorno aos playoffs após quatro temporadas deixa impressão de que reconstrução está no rumo certo

Utah Jazz (51-31)

Temporada regular: 5ª colocação da conferência Oeste
Playoffs: eliminado nas semifinais de conferência, pelo Golden State Warriors
MVP da campanha: Gordon Hayward

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Pontos positivos

– O Jazz tem uma identidade extremamente consolidada: tudo começa pela defesa. Os comandados de Quin Snyder registraram o terceiro melhor índice de eficiência defensiva da liga (102.7 pontos por 100 posses de bola).

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– Gordon Hayward finalmente foi notado e atingiu o reconhecimento que merecia há algum tempo. Com a maior média de pontos (21.9) e rebotes (5.4) da carreira, ele foi eleito para seu primeiro Jogo das Estrelas em 2017.

– A franquia retornou aos playoffs após quatro temporadas vencendo 51 jogos em condições bem adversas: o time disputou 33 partidas da campanha sem contar com, pelo menos, três jogadores de sua rotação.

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– Outro atleta alçado ao estrelato pelo grande ano do Jazz foi Rudy Gobert. Embora não tenha sido lembrado para o Jogo das Estrelas, o pivô francês conseguiu uma vaga na seleção de defesa e o segundo quinteto ideal da temporada.

– Outro sinal da identidade da equipe é o controle de um (vagaroso) ritmo de jogo. Foi um dos cinco times a figurar entre os dez primeiros em mais pontos anotados (1.27) e menos pontos cedidos (1.18) por posse de bola na última temporada.

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Pontos negativos

– Ano após ano, o Jazz tem sua campanha abalada por lesões. O elenco somou 169 partidas perdidas por lesões na temporada passada – o que, certamente, deixou o desempenho da equipe ainda aquém do seu potencial.

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– A falta de um armador mais clássico segue a comprometer a qualidade de posse ofensiva do time, que figurou entre os dez piores em taxa de assistências (16.3%) e posses terminadas em desperdícios (13.2%) na última campanha.

– O grande desempenho da temporada não foi tão bom assim quando fechamos a análise apenas contra os classificados aos playoffs no Oeste: foram só 10 vitórias em 26 partidas disputadas.

– A marca da implacável defesa da equipe não está em forçar erros dos oponentes: na verdade, Utah teve o menor índice de turnovers forçados da liga (11.5). O fato de ter o ritmo mais lento de jogo da NBA, certamente, não ajuda.

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– Olhando para a frente, é impossível não notar que a saída de Hayward – principal pontuador e talento fundamental do Jazz – é um golpe em uma das reconstruções de elenco mais bem conduzidas da NBA em tempos recentes.

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Análise

A reconstrução do Jazz começou a dar resultados contundentes na temporada que passou. Depois de quatro temporadas, a franquia finalmente voltou aos playoffs e foi além: conseguiu derrubar um favorito Los Angeles Clippers na primeira rodada, alcançando as semifinais da conferência Oeste pela primeira vez nesta década. Foi a mostra de que um dos processos de reformulação mais cuidadosamente geridos da NBA está – sem a necessidade de tank exagerado – no caminho certo.

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O essencial no sucesso do time está em, mais do que acumular bons talentos, ter desenvolvido uma identidade. O Jazz conquistou 51 vitórias e foi aos playoffs por ter aperfeiçoado seus jovens jogadores e o estilo de jogo que já amadurecia nos últimos anos. Na contramão da liga, os comandados de Quin Snyder anotaram a terceira melhor eficiência defensiva enquanto, mesmo sendo um time de muitos jovens, atuavam no menor ritmo da NBA (93.6 posses por jogo).

Essa forte identidade ajudou a equipe a atravessar alguns dos piores momentos da campanha sem grandes abalos. Utah nunca perdeu mais do que três partidas em sequência em 2017, por exemplo, mesmo precisando conviver com um “inimigo” constante: as lesões. Como já citado, o elenco somou 169 partidas perdidas por problemas físicos na última temporada – e quase 100 delas foram acumuladas pelos cinco titulares do início da campanha.

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E essa forma de jogar também foi levada para os playoffs, mesmo que o elenco não tivesse experiência na etapa de mata-mata. Na série vitoriosa contra o Los Angeles Clippers, por exemplo, o time cedeu mais de 100 pontos em apenas uma das sete partidas. O desempenho não se repetiu contra o poderoso ataque do Golden State Warriors, que anotou 111 pontos em média nos quatro embates das semifinais do Oeste. Mas, sendo sincero, quem foi capaz de parar os campeões (quase invictos) na pós-temporada?

Desempenhos individuais precisam ser exaltados. Gordon Hayward finalmente foi eleito para seu primeiro Jogo das Estrelas. Rudy Gobert esteve entre os grandes candidatos ao prêmio de defensor do ano. George Hill e Rodney Hood fizeram as melhores campanhas da carreira. Mas, acima de tudo, foi uma grande temporada para o Jazz. Essa parece estar se consolidando como uma reconstrução diferente dos padrões da NBA: baseada em estilo de jogo, acima de jovens talentos.

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Futuro

Não adianta tentar minimizar: a saída de Hayward – e, em menor grau, George Hill – é um duro golpe no processo de reconstrução do Jazz. A questão vai muito além de uma ausência específica: reside nas movimentações e mudanças paralelas que ocasionou. A perda de um jogador tão versátil, entre os melhores passadores e arremessadores de sua posição, cria mais lacunas do que uma única posição pode sugerir. A chegada de, ao menos, três novos atletas à rotação (com dois possíveis titulares) também quebra a continuidade que a franquia tinha como ponto forte.

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Mas, dentro do possível, o Jazz fez um bom trabalho de reposição e compreensão de que ajustes na forma de jogar estão por vir. A contratação de Ricky Rubio, por exemplo, não só supre a ausência de um armador, mas também da capacidade de “armação extra” que Hayward oferecia. Era preciso alguém que pudesse ter a bola nas mãos e administrar o ritmo do jogo após a saída do astro. O espanhol parece ser capaz de fazê-lo sem abrir total mão do aspecto defensivo – projeta formar dupla defensiva interessante no pick-and-roll com Gobert.

A capacidade de passar a bola com inteligência fora da posição de armador tenta ser reposta com Jonas Jerebko, enquanto a estatura e capacidade defensiva no perímetro é suprida pelas chegadas de Thabo Sefolosha e do calouro Donovan Mitchell. Todos parecem, cada um ao seu jeito, serem substitutos para virtudes para o que Hayward oferecia. Isso não é uma solução – solução seria juntá-los, todos, em um único atleta –, mas passa a ser o mais próximo de uma que Utah teria no momento.

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Há uma preocupação legítima com o que esse time pode entregar no lado ofensivo da quadra. A criação do Jazz no ataque, hoje, parece ir até onde Rubio e o veterano Joe Johnson (saindo do banco) conseguir levá-los. Depender mais de Gobert é uma via de duas mãos: pode escancarar seu potencial e/ou expor suas limitações em mesmo grau. É questionável se jogadores como Rodney Hood e Joe Ingles têm, realmente, tanto ainda a oferecer quanto a franquia aposta.

Mas, como dito anteriormente, a reconstrução do Jazz não é tão dependente de jovens talentos ou potenciais individuais quanto outras. A mentalidade defensiva continua e os reforços trazidos parecem, em maior ou menor grau, não deixarem essa “bola cair”. Enquanto os comandados de Quin Snyder marcarem em alto nível e mantiverem o ritmo lento, a equipe será comprovadamente competitiva – e, até pelo que as várias lesões e desfalques já mostraram, não importa lá muito quem esteja em quadra.

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