A esta altura, ninguém mais acredita em um retorno de Kobe Bryant ainda na atual temporada. Mesmo que volte às quadras a tempo, o astro do Los Angeles Lakers pouco jogará e vai readquirir ritmo para a próxima campanha, quando a franquia promete ter um elenco mais competitivo.
Kobe é um mito, o provável jogador mais laureado em atividade, e vai entrar nos dois anos finais de uma carreira gloriosa com uma generosa renovação de contrato pactuada. No entanto, com tudo que nos mostrou em quase duas décadas de carreira, sabemos que ele não se contenta com pouco. Sua personalidade e estilo de jogo não permitem que atue de maneira mais comedida.
Este é o grande ponto de interrogação que paira sob a cabeça de Kobe e do Lakers. Será que o ídolo vai conseguir atuar no limite de sua condição ou o corpo não aguentará? Na última temporada de Phil Jackson, em 2011, ele jogou com várias lesões (principalmente, com problemas nos joelhos) e vimos performances muito aquém do esperado da sua parte – que culminaram com a eliminação precoce do então campeão na segunda rodada dos playoffs.
É com este histórico que tanto jogador, quanto franquia devem tomar cuidado. Kobe precisa voltar ainda mais cerebral do que antes, jogar no limite do que seu corpo permite e não do que se acostumou. Ele partirá de uma condição física bem diferente daquela ostentada em seu auge e deve ter consciência de que isso vai afetar seu jogo de maneira determinante – e que seu papel na quadra também deverá, necessariamente, ser diminuído.
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O astro rompeu o tendão de Aquiles e sua recuperação foi bem rápida. No entanto, logo depois, fraturou o joelho e não tem jogado desde então. Não há como estabelecer relação entre uma lesão e outra, mas a medicina esportiva já demonstrou de diversas maneiras que a falta de ritmo de jogo e a intensidade exagerada no retorno propiciam novas lesões – e que estas, por sua vez, geram outras ao não serem tratadas adequadamente pelo fenômeno da compensação. Trocando em miúdos: para compensar uma área lesionada, o corpo sobrecarrega outro músculo, osso, articulação ou ligamento, gerando nova contusão em outra parte do corpo.
A saída seria, portanto, assistirmos Kobe “pegando leve” em quadra, pelo menos até readquirir o ritmo de jogo implacável que marcou sua carreira.
Nebuloso, incerto, né? Ao mesmo tempo em que Bryant é um competidor inigualável e que jamais aceitaria jogar de maneira mais relaxada, também é um dos mais inteligentes atletas da história do basquete. Em sua mente, em algum nível, ele tem a certeza de que precisa atuar de maneira mais comedida se quiser participar de maneira efetiva das atividades da equipe nos dois últimos anos da carreira. Mas será que o ego, as ambições, a consciência, vão deixar?
Vai ser muito interessante acompanharmos quem vence este debate no subconsciente de Kobe Bryant. De um lado, o implacável pontuador das performances heroicas, mesmo sob lesão. De outro, o jogador mais cerebral e estrategista das últimas duas décadas de NBA. A nós, cabe torcer para que as duas facetas consigam chegar a um meio termo que nos permita admirar os dois últimos anos de sua carreira da mesma forma que o resto de sua atuação na liga: com admiração, de queixo caído.