Esta é a quarta edição da série de postagens que o Jumper Brasil vai apresentar semanalmente sobre os coadjuvantes de times que foram campeões ao longo da história. Hoje, vamos falar do primeiro e único título do Dallas Mavericks, em 2011.
Dallas Mavericks
Títulos: 1
Participações em playoffs: 21
Melhores jogadores da franquia: Mark Aguirre, Rolando Blackman, Jay Vincent, Derek Harper, Jason Kidd, Michael Finley e Dirk Nowitzki
O passado…
O Dallas Mavericks é um time consideravelmente jovem – surgiu relutantemente na expansão da NBA em 1980. Ainda assim, já no início de sua vida na liga contou com talentos como Rolando Blackman e Mark Aguirre, que transformaram a equipe do Texas em figurantes assíduos da pós-temporada em sua década de estreia, mas paravam em adversários mais preparados à época, como o Los Angeles Lakers de Magic Johnson. A ascensão do Mavs coincidiu com o declínio do Dallas Cowboys na NFL, substituindo-o como o motivo de alegria ao povo de Dallas.
A virada da década, entretanto, não foi nada animadora. A primeira parte dos anos 90 viu as estrelas deixarem a franquia e jogadores com problemas de lesões e até banimento. Nos anos que restavam no milênio, o Mavericks se dedicaram a reconstrução do time para o futuro, apostando em nomes como Jason Kidd, Steve Nash e o principal, Dirk Nowitzki, em 1994, 96 e 98, respectivamente.
O ano 2000 foi o ponto de partida para o ótimo momento que a franquia iria viver. Liderados por Michael Finley e a crescente produção de Dirk, o time de Dallas voltaria a figurar os playoffs e brigar por título. É na segunda metade da década, no entanto, que a equipe atingiria seu auge histórico, com a primeira participação nas finais da NBA em 2006, seu primeiro MVP em 2007, o retorno de Jason Kidd em 2008 e sagrando-se como favorito ao título no restante desses anos.
E o ápice em 2011
Há a ideia de que as duas finais da franquia tiveram papéis “invertidos”. Em 2006, eram tidos como favoritos contra o Miami Heat de um jovem Dwyane Wade e um Shaquille O’Neal já em declínio. Em 2011, entretanto, os Mavs não eram cotados como os melhores na disputa contra o big-three de LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh.
Além de ter um time com jogadores mais velhos e menos atléticos que os de Miami, a chegada do time de Dallas às finais não foi a mais tranquila. Foi uma temporada que viu Nowitzki sofrer com lesões no joelho, devastadoras para muitos jogadores ao longo da história, como para o próprio companheiro Caron Butler, que perdeu grande parte do calendário e sequer jogou nos playoffs.
Mesmo na pré-temporada, com a perspectiva de contar com outra estrela como Amar’e Stoudemire ou os próprios LeBron e Wade, Mark Cuban se viu obrigado a reunir peças de menor calibre – sendo Tyson Chandler a mais crucial. A pós-temporada também não foi a mais bem vista pelos analistas, que esperavam que o Portland Trail Blazers, sexto colocado no Oeste, varresse os Mavs na primeira rodada, além de contar com confrontos duros contra os Los Angeles Lakers recém-campeões de Kobe Bryant e o Oklahoma City Thunder de Kevin Durant, Russell Westbrook e James Harden até o título da conferência.
Passados todos esses desafios, as finais foram eletrizantes e a experiência contou. Muito dependentes de seu MVP, o Dallas Mavericks se reergueram com grandes atuações de Jason Kidd e, principalmente, Jason Terry, um dos grandes jogadores vindos do banco da liga. No fim das contas, a série foi fechada no sexto jogo, após estar empatada em 2-2, e Dirk, que teve médias de 26 pontos por jogo, foi o MVP das finais.
Vale lembrar que, além de Rick Carlisle, o treinador principal da equipe e uma das grandes mentes da NBA, a comissão técnica do Mavs contou com assistentes que, anos depois, iriam se tornar técnicos de sucesso por si mesmos. São exemplos Dwane Casey, com o Toronto Raptors, e Terry Stotts, com o Portland Trail Blazers.
Principal jogador: Dirk Nowitzki – 23 pontos, 7 rebotes e 2.6 assistências por jogo, além de 51.7% nos arremessos de quadra, 39.3% dos três e 89.2% de lance livre.
Técnico: Rick Carlisle
Os coadjuvantes
Jason Kidd
Soa estranho colocar um dos maiores armadores da história da liga como coadjuvante, mas Jason Kidd já estava nos últimos suspiros da carreira. Aos 37 anos, jogaria mais duas temporadas antes de se aposentar, mas nada disso o impediu de ser um dos principais pilares do time de Dallas. Um dos melhores floor-generals da NBA, Kidd organizava tanto o ataque (8.2 assistências por jogo) quanto a defesa dos Mavericks (1.7 roubo por jogo). Mesmo com porcentagens não tão boas durante a carreira, a esse ponto o veterano já tinha um arremesso de longa distância desenvolvido e importante para o estilo vitorioso do time de Rick Calisle.
Jason Terry
Um dos muitos exemplos de jogadores explosivos vindos do banco, Jason Terry executava essa função como poucos. Mesmo começando apenas 10 dos 82 jogos na temporada regular, o ala-armador só pontuou menos que Nowitzki, com 15.8 pontos por jogo – nos playoffs, esse número subiu para 17.5. O Sexto Homem do Ano de 2009 também só deu menos assistências que seu xará acima, com 4.1 por jogo, além de ser mais um dos ótimos arremessadores do time, com 36.2% nos chutes de longa distância.
Shawn Marion
All-Star em quatro oportunidades no início dos anos 2000 com o Phoenix Suns de Mike D’Antoni, Shawn Marion era um ala explosivo e pontuador. Em seu tempo em Dallas, entretanto, o ímpeto já não era o mesmo, mas ainda assim contribuía dos dois lados da quadra. Foram 12.5 pontos e 6.9 rebotes por jogo na temporada regular e mesmo que seus números de roubos de bola e tocos não estivessem nas alturas como em 2003, por exemplo, Marion era certeza de um defensor físico, que podia marcar mais de uma posição e que ajudava muito na rotação defensiva do time como um todo.
Tyson Chandler
Para quem sonhava com Amar’e Stoudemire e acordou com Tyson Chandler, o torcedor de Dallas podia até ficar decepcionado no começo. Ainda assim, é possível dizer que sem o pivô, o Mavericks talvez nunca tivessem um título. Um dos melhores defensores da liga, que figuraria o segundo time de defesa ao fim da temporada, Chandler foi o grande pilar do time nesse quesito. Mais do que apenas dar tocos, o posicionamento e simplesmente a sua presença no garrafão para alterar arremessos intimidava infiltrações e chutes de curta distância. Sem falar em uma de suas maiores qualidades, os rebotes, principalmente os ofensivos – nos playoffs, coletava 3.8 destes por jogo.
J.J. Barea
O único restante do título em um uniforme do Mavs, JJ Barea não tinha muitos minutos, mas aproveitava quando a oportunidade surgia. Contribuiu com 9.5 pontos e 3.9 assistências por jogo em apenas 20 minutos na temporada regular – número que não aumentou nos playoffs. O porto-riquenho era o responsável pela condução das jogadas quando Jason Kidd descansava, e também podia ajudar com a bola de três, com 35% de aproveitamento.
Peja Stojakovic
Integrante do incrível Sacramento Kings do início do milênio, o croata foi um dos melhores arremessadores da história. Em uma época em que isso não era comum, Peja Stojakovic tentava 6.8 bolas de três por jogo com assustadores 44% de conversão em seu auge. Em sua última temporada, o ex-All-Star passou por New Orleans Hornets e Toronto Raptors até aterrissar em Dallas. Em uniforme do Mavs, manteve médias menos chocantes – o que um dia já foram 24.2 pontos, agora eram 8.6. Mas seu aproveitamento continuava ótimo: 40% dos três e 93.8% da linha de lance livre.
Caron Butler
O ala viveu seu melhor momento no Washington Wizards no fim dos anos 2000, quando foi All-Star em duas oportunidades. Caron Butler era um ótimo pontuador e foi ao Mavs em 2010 como um jogador versátil, que defendia bem e com um arremesso de longa distância melhorado em relação a outros anos na carreira. Na temporada do título, entretanto, jogou apenas 29 jogos por conta de uma lesão no joelho e não conseguiu voltar 100% a tempo de pisar em quadra nas finais. Ainda assim, Butler teve médias de 15 pontos e 4.1 rebotes por jogo, além de incríveis 43% dos três.
Brendan Haywood
O pivô de 2,13m era o reserva de Tyson Chandler e seu papel era parecido com o do companheiro – proteger o aro e pegar rebotes. Brendan Haywood nunca foi um dos melhores jogadores em quadra, mas experienciou temporadas na titularidade com o Washington Wizards, junto com Butler, na segunda metade da década anterior. Teve boas médias de tocos nos poucos minutos que teve em quadra durante a carreira, chegando a terminar o ano de 2010 com 2.1 por partida.
DeShawn Stevenson
Junto com os dois acima, DeShawn Stevenson esteve no pacote que foi ao Mavericks em troca de, principalmente, Drew Gooden e Josh Howard. O ala foi quem substituiu Butler após sua lesão, o que resultou em 54 partidas como titular na temporada. Era um cestinha de muitos altos e baixos, mas que, para sorte de Mark Cuban e companhia, estava em um bom ano, ao menos estatisticamente. O ótimo número de 37.8% dos três importava mais que os rasos 5.3 pontos por jogo que teve durante o ano.
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