O impacto de Evan Mobley e a boa fase do Cavaliers

Ótimo desempenho do novato está diretamento ligado ao sucesso do Cavs no início de temporada

Evan Mobley Cavaliers Fonte: Mark Blinch / AFP

Evan Mobley impactou o Cleveland Cavaliers desde o primeiro dia. Não é exagero afirmar que o ótimo desempenho do novato de 20 anos está diretamente ligado ao sucesso do Cavs neste início de temporada. Com sete vitórias em 11 jogos, a equipe de Ohio ocupa a surpreendente sexta colocação na Conferência Leste. O time vem de uma sequência de quatro triunfos seguidos, incluindo uma exibição de gala contra o New York Knicks, no Madison Square Garden, no último domingo (7).

Desde a (segunda) saída de LeBron James, e o desmonte daquele time vice-campeão em 2018, o Cavs passou por maus bocados. Foram três treinadores – Tyronn Lue, Larry Drew e John Beilein – até a efetivação de JB Bickerstaff, em março do ano passado. Em quadra, o time de Cleveland fez a segunda pior campanha da liga nas temporadas 2018/19 e 2019/20. Na última temporada, o Cavs terminou com o quarto pior recorde.

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O processo de reconstrução prometia ser longo e espinhoso. No entanto, graças aos último quatro recrutamentos com escolhas no topo, a equipe de Ohio formou uma base jovem que, agora, empolga os seus torcedores.

A montagem do time via Draft

A base do time de 2021/22 veio através dos recrutamentos. Cedi Osman foi a pick 31 e chegou via troca com o Minnesota Timberwolves, na noite do Draft de 2015. Collin Sexton foi a oitava escolha em 2018. Já Darius Garland foi a quinta escolha e Dylan Windler a pick 26. Ambos da classe de 2019. Por fim, Isaac Okoro foi a quinta escolha de 2020, e Mobley a terceira deste ano. Sexton, Garland, Windler, Okoro e Mobley foram escolhas feitas pelo jovem gerente-geral Koby Altman (39 anos). Da equipe finalista de 2018 restaram apenas o veterano Kevin Love e Osman.

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Altman tornou-se GM do Cavs em 2017, após a saída de David Griffin. Quando ele assumiu o cargo, o time era um contender. Porém, na temporada seguinte, a equipe foi desmontada e entrou em reconstrução. Nesse período, Altman enfrentou a pressão do dono da franquia, Dan Gilbert, que ficou mal acostumado com a Era LeBron e queria ver o time novamente nos playoffs. Entretanto, os resultados de uma reformulação de elenco não aparecem do dia para a noite. Altman manteve-se calmo e fez mudanças gradativas para encorpar o time.

As peças que encorparam a equipe

Em janeiro deste ano, o Cavs adquiriu o pivô Jarrett Allen, na super troca que levou o astro James Harden para o Brooklyn Nets. Na negociação, o time de Ohio cedeu o armador Dante Exum e uma pick de primeira rodada para o Houston Rockets, e uma escolha de segunda rodada de draft para o Nets. Resumindo: o pivô veio praticamente “de graça”. Allen agradou tanto que recebeu uma extensão contratual de US$100 milhões para permanecer em Cleveland pelos próximos cinco anos.

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Na última offseason, o Cavs trouxe o armador Ricky Rubio, em uma negociação com o Timberwolves, que também envolveu o ala Taurean Prince e uma pick de segunda rodada. O espanhol seria uma espécie de mentor do jovem Garland, uma figura veterana com influência positiva no vestiário. Até o momento, Rubio tem sido muito importante com sua capacidade de conectar bons passes para os companheiros e, uma surpreendente consistência dos arremessos do perímetro. Nesse domingo (7), o espanhol de 31 anos deu um show contra o Knicks e fez o seu melhor jogo em 11 temporadas na NBA.

Outro que chegou no meio do ano foi Lauri Markkanen, que era agente livre e veio através de uma sign-and-trade. A expectativa era a de que o finlandês viesse do banco para integrar a rotação de garrafão do Cavs. Markkanen estagnou no Bulls, tanto que o time de Chicago não teve interesse na sua renovação contratual. Em Cleveland, ele virou titular e está sendo muito útil, como veremos adiante.

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Surpresa no time titular

O Cavs iniciou a temporada com Garland, Sexton, Markkanen, Mobley e Allen entre os titulares. Para a surpresa geral, o finlandês ganhou a vaga de Okoro, deixando a formação inicial da equipe com três bigs, ou seja, Bickerstaff foi na contramão da NBA atual, que privilegia formações mais baixas. O treinador queria aproveitar a capacidade de Markkanen em pontuar do perímetro. Além disso, com a mobilidade e versatilidade defensiva de Mobley, o time não teria problemas de encaixe em quadra.

Já Okoro reforçaria a segunda unidade com sua capacidade defensiva acima da média. Por outro lado, Osman e Windler seriam os gatilhos do perímetro vindos do banco de reservas. Fechando a segunda unidade, Rubio e Love dariam um toque de experiência ao jovem time.

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Garland e Sexton seguem formando o backcourt titular do Cavs. A torcida da equipe tem grande expectativa sobre a evolução do armador de 21 anos. Até o momento, Garland mostrou melhoria na criação de jogadas para os companheiros (7.6 assistências, e três partidas com dez ou mais passes decisivos) e tem sido letal nas bolas de três pontos (aproveitamento de 44%, segundo cestinha do time).

Sexton, por sua vez, segue como o principal pontuador da equipe (16.0 pontos). Contudo, essa é a pior média dele em quatro anos em Cleveland. Ele vem arremessando menos e pior. Talvez a falta de acordo com a franquia quanto à extensão contratual esteja influenciando nisso. Todavia, prefiro acreditar que, agora, o time tem peças mais confiáveis e não precisa ficar dependente da pontuação de Sexton. Em último ano de contrato, não me espantaria se o jogador fosse negociado na próxima trade deadline.

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O efeito Mobley e as “Torres Gêmeas” do Cavs

O novato talvez seja o grande responsável pela boa fase da equipe de Ohio. Com apenas 11 jogos, Evan Mobley tornou-se fundamental para a defesa do Cavaliers. Sua versatilidade como defensor individual faz dele um game changer. Com isso, o time não se preocupa com as trocas e minimiza a efetividade dos corta-luzes adversários. Além isso, Mobley tem grandes instintos e noção de espaço na defesa coletiva. Ele usa o atleticismo para recuperar seu matchup inicial e/ou impactar a proteção do aro na defesa de ajuda.

Líder em tocos do time, Mobley mostra em quadra o que não aparece no boxscore: a contestação dos arremessos adversários. O detalhe é que o Cavs tem os dois líderes nesse quesito: Mobley (159) e Allen (118). A ação defensiva pode não resultar em toco, mas pelo menos dificulta a vida dos arremessadores. Em 2020/21, o time de Cleveland tinha a sexta pior eficiência defensiva (114.4 pontos). Hoje, o Cavs tem a 13ª melhor (107.1 pontos).

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Além disso, a dupla está mostrando eficiência no outro lado da quadra. Eles lideram a liga em enterradas e combinam para 32.1 pontos. O Cavs é o quarto time que mais pontua perto da cesta (49.6). Mobley tem 52% de aproveitamento nos arremessos, enquanto Allen está com quase 69%, uma marca incrível. Não por acaso, já foram apelidados pelos fãs da equipe como as “Torres Gêmeas do Cavs”.

Com apenas 20 anos, Mobley joga como um veterano, já que possui elevado QI de basquete. Além do impacto defensivo, ele mostra flashes de evolução no arremesso de média distância e é um grande passador (terceiro do time em assistências, atrás somente de Garland e Rubio). Isso não me surpreende, pois Mobley era o meu prospecto favorito no Draft 2021.

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Alternância de protagonistas

Outra explicação para a boa campanha do Cavs é que o time está mais coletivo, não depende apenas de um jogador para vencer. Em uma partida, Garland é o destaque. Na outra, Rubio. Sexton se sobressai em outra. Mobley e Allen são protagonistas em quase todos os jogos. Osman e, pasmem, Love, contribuem bastante para a segunda unidade. Markkanen também é importante para o time.

Para se ter uma ideia, seis jogadores da equipe de Cleveland estão com médias de dois dígitos em pontos. Love e Osman estão perto de entrar nesse grupo. Garland e Rubio fazem o ataque do Cavs funcionar em quadra. O time é o quinto da liga em número de assistências, bem como a dupla combina para 14.4 passes decisivos por jogo. E o time ainda tem Mobley, um passador especial para alguém do seu tamanho.

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Assim como ocorreu na última temporada, o Cavs joga em um ritmo mais cadenciado (sexto menor pace da NBA). Esse jogo de meia-quadra tornou se uma marca da equipe de Bickerstaff. As chegadas de Rubio e Mobley contribuíram para uma melhor movimentação de bola. Sempre pensando em achar o melhor companheiro colocado para arremessar. Não por acaso, o Cavs é o nono melhor em aproveitamento nos arremessos de quadra (46.2%) e o 13º nas bolas de três (34.7%).

Outro detalhe: mesmo com os desfalques de Okoro, Love e Markkanen, o Cavs engatou essa sequência de quatro vitórias. Isso mostra que o jogo coletivo está se sobressaindo. Mérito para os atletas, para Bickerstaff e para Altman, que fez um bom trabalho de montagem do time para esta temporada.

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Cavs vai conseguir sustentar a boa campanha?

A temporada regular da NBA é longa, com cada time fazendo 82 jogos. Até agora, o Cavs disputou somente 11. O ótimo início da equipe empolga a torcida e quem gosta de assistir a um bom jogo de basquete.

Com um elenco extremamente jovem (a média de idade do quinteto titular é de apenas 22 anos), o time de Ohio vai, seguramente, passar por altos e baixos nos próximos meses. E tem mais: a concorrência pesada.

Em 2021/22, a Conferência Leste está mais forte. Além do Cavs, percebemos evolução em outros quatro times: Charlotte Hornets, Chicago Bulls, Toronto Raptors e Washington Wizards. Isso sem contar os contenders do Leste – Milwaukee Bucks, Brooklyn Nets, Miami Heat e Philadelphia 76ers -, e as equipes que muitos analistas apostam que vão chegar aos playoffs – Atlanta Hawks, Boston Celtics e New York Knicks. E ainda tem o Indiana Pacers, que vai, aos poucos, recuperando os seus jogadores machucados e mostrando um bom nível de atuações.

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Como puderam perceber, 13 equipes com condições de fazerem uma boa campanha no Leste foram citadas acima. Os torcedores de Orlando Magic e Detroit Pistons que me desculpem, mas esses times serão os “sacos de pancada” na conferência.

Mesmo que não consiga alcançar os playoffs, o Cavaliers mostrou que, com Evan Mobley e companhia, um passo significativo no processo de reconstrução deverá ser dado nesta temporada. Fãs do Cavs: os dias de glória vão retornar, em breve, à cidade de Cleveland. Portanto, empolgue-se, vibre bastante com o time de 2021/22! A base jovem é muito boa e a franquia tem tudo para ser competitiva antes do que muitos imaginam.

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