Meia pedra, meio tijolo

Gustavo Freitas comenta opção do pivô DeAndre Jordan de deixar Clippers e assinar com Mavs

Fonte: Gustavo Freitas comenta opção do pivô DeAndre Jordan de deixar Clippers e assinar com Mavs

DeAndre Jordan pode ter perdido uma de suas melhores oportunidades de vencer um campeonato da NBA ao assinar um contrato de quatro anos com o Dallas Mavericks. Pode e talvez não o consiga até o fim de sua carreira. Claro que eu estou exagerando, mas é algo para se pensar. Jordan deixou uma bela oferta de lado e fechou com um time incompleto e em fase de reestruturação.

Por mais que Wesley Matthews tenha acertado e o time conte com o promissor Chandler Parsons, Dirk Nowitzki está muito mais próximo de encerrar sua carreira do que ser o protagonista da franquia. Ele sabe disso, Mark Cuban idem. Quem é que vai armar isso?

É o tal do cobertor curto. 

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Saiu Tyson Chandler e a reposição veio com Jordan. Monta Ellis foi embora e chegou Matthews. Até aí, é melhora no elenco. Chandler ainda pode contribuir, mas Jordan está em plena forma física e técnica. No caso de Matthews, a diferença é gritante quando falamos sobre os dois lados da quadra. Ellis é um cestinha, precisa muito da bola para fazer seu jogo funcionar, enquanto o ex-jogador do Portland Trail Blazers é aquele sujeito parado na linha dos três, mas que, se necessário, parte para a infiltração sem medo de pivô.

Exceto se Devin Harris estiver em seu melhor nível, a situação do Dallas é, de certa forma, preocupante. Parsons sabe conduzir a bola. É um point-forward. Porém, isso não é o bastante. A não ser que você esteja com o triângulo ofensivo, o armador é importantíssimo em quase todas as ocasiões de ataque. J.J. Barea deve reassinar, enquanto Raymond Felton ainda faz parte do grupo. E o time não tem espaço para contratar um jogador de peso da posição na agência livre. Algo promissor disso?

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Talvez, sem Ellis, esta seria a situação perfeita para Rajon Rondo e o Mavs. Entretanto, tudo deu errado desde a sua chegada ao Texas. O armador não disputou quatro Jogos das Estrelas só porque é jogador de grupo e toca o pandeiro no ônibus. Pelo contrário, vários relatos indicam que ele é desagregador e encrenqueiro. Não sei se é, mas esse teria sido um dos motivos por ele não ter dado certo com o técnico Rick Carlisle. Rondo queria mais a bola, mas o sistema e Ellis não permitiam. Agora poderia ser diferente, com toda fase de preparação e tudo mais. Mas é passado. Ele acertou com o Sacramento Kings por um ano e a bola vai rodar mais. A tendência é essa, pelo menos.

Espera-se que Parsons, Matthews e até Nowitzki contribuam com o armador nos passes para o interior. Jordan precisa receber o maior número de oportunidades no ataque, pois do contrário o jogo fica previsível. O pivô pode fazer pick, pegar rebote ofensivo, mas pontuar mesmo será difícil se não tiver a bola nas mãos.

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E este foi um dos motivos de sua saída do Clippers. Ele queria mais chances no ataque, mas a insatisfação parece ter sido enorme o suficiente para deixar US$ 28 milhões para trás. É óbvio que estou especulando. Não sei se houve uma briga com Chris Paul, mas o fato de apenas os dirigentes do time californiano e o técnico Doc Rivers terem conversado com Jordan nos últimos dias pode ter alguma conexão com o armador. Não foi nenhum jogador lá para tentar convencê-lo a ficar. No mínimo, estranho.

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E o Clippers, hein?

Trocou Spencer Hawes e Matt Barnes para melhorar a defesa de seu perímetro e ainda ter algo para contribuir no ataque. Hawes praticamente não jogou nos playoffs e tem talento de sobra para estar em quadra. A confiança no retorno de Jordan era tão grande que o time nem se preocupou em manter Hawes. Ganhou Lance Stephenson, reforçou o banco, mas e aí? Adivinha quem chegou de novo?

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O cobertor curto.

Só por Jordan ter deixado o Clippers assim, os problemas vieram em uma sequência de filme de terror.

O time tem uma folha salarial comprometida. Jordan, por mais que assinasse o contrato máximo, não traria grandes problemas para a franquia. No máximo, pagaria uma multa por estar acima. Resumindo, o Clippers só pode pagar uma mid-level a um pivô. Nada além. Esqueça Roy Hibbert, Enes Kanter ou qualquer pivô de segundo escalão. Eles vão querer receber bem mais que isso. Vai sobrar jogadores do nível de Kosta Koufos e, mesmo assim, após uma troca.

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Koufos pode ir para o Clippers, calar minha boca e ser eleito o jogador que mais evoluiu ou ainda o melhor defensor da NBA. Mas o nível cai drasticamente na teoria. Claro que, na prática, precisamos ver como esse time vai se encaixar.

Estou esperando uma negociação de Jamal Crawford. Ele pode ser a chave para a equipe conseguir seu pivô. Crawford tem um expirante de US$ 5.6 milhões, é um cestinha e é atrativo para quase qualquer equipe. Tornou-se dispensável pela chegada de Stephenson. Quem tem um salário que pode bater? Olha a ironia do destino: Hawes.

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Spencer Hawes

Existem outras opções, como Zaza Pachulia, J.J. Hickson, Chris Andersen, e… Chris Kaman. A cara de felicidade dele quando foi trocado para o New Orleans Pelicans demonstra o quanto ele não quer voltar para o time que o negociou. Pode tentar trazer Bismack Biyombo da agência livre.

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Possibilidades não faltam. O cobertor é curto e nenhum dos times está totalmente pronto para vencer. Tudo bem. Talvez nenhum time está, na realidade. Muita gente ainda vai assinar, devem acontecer trocas e tudo mais. Mas as perspectivas dos dois elencos deram a entender que não vão conseguir muito mais. Ou vão e eu só estou com pressa. 

Quer saber, com sinceridade? Mavs e Clippers deveriam ter mais que eu. 

Hoje estão meia pedra, meio tijolo — expressão que aprendi com o meu avô para dizer mais ou menos.

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