Lakers e Knicks mudam no mercado da NBA

Franquias consertam seus erros na offseason com menos megalomania e mais trabalho

Lakers Knicks NBA Mercado Fonte: Nathaniel S. Butler / AFP

Não há como negar. O trabalho feito por Los Angeles Lakers e New York Knicks no mercado da NBA foi bem feito em 2023. Não que eles estejam à frente dos rivais, ou tenham se colocado como principais favoritos ao título. Mas, vale a discussão. Como os dois maiores mercados da liga reagiram e saíram de um fundo buraco com movimentos tão ruins feitos em outros momentos recentes. É a reflexão que proponho hoje.

Trago isso porque existe uma polêmica muito grande em torno do que fizeram. Afinal, foi tão bom assim? Ou só estamos reparando por ser… Los Angeles e New York? É óbvio que eles despertam atenção. No entanto, é justo citar que isso também acontece nos erros e fracassos. Eles só se levantaram porque são grandes mercados e tudo, então, se torna mais fácil. Ou, existe muita competência no que foi feito?

Assim, vamos viajar por tudo o que essas equipes fizeram nos últimos anos, do fundo do poço ao momento atual.

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Agência livre de 2019 foi desastre em Nova York

Sim, vale ressaltar que o Knicks teve movimentos desastrosos no mercado da NBA antes disso. O século 21 da franquia é, de fato, difícil. Após as finais de 1999 e o fim da carreira de Patrick Ewing, a equipe venceu apenas quatro séries de playoffs.

A tentativa de guinada veio com Carmelo Anthony. Porém, até mesmo o tempo em que o negócio foi feito, acabou prejudicando a montagem de uma equipe que rapidamente se viu em reconstrução. Kristaps Porzingis surgiu como esperança. Anthony, por fim, foi trocado após 2016/17. O letão? Muitas lesões.

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Então, a decisão surgiu. Trocar Porzingis para o Dallas Mavericks, abrir espaço no teto salarial e ver a magia de New York atrair os grandes agentes livres.

Tudo estava dando errado, e a equipe dobrou a aposta. Troque o futuro duvidoso por um projeto megalomaníaco. Afinal somos um grande mercado. Os alvos? Kevin Durant, Kyrie Irving e Zion Williamson no Draft. Isso após fazer a pior campanha da temporada.

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O New Orleans Pelicans que tinha a sétima maior probabilidade do recrutamento, mas subiu na loteria e ganhou a primeira escolha. New York, que tinha uma das três maiores, ficou em terceiro. Os astros, por outro lado, para a cidade. Mas para o rival Brooklyn Nets. O fundo do poço parecia ter chegado de vez.

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Abrace a mediocridade para consertar as coisas

Sonhar com Durant, Irving e Williamson e acordar com RJ Barrett. Foram 109 vitórias nos últimos quatro anos. Senso de estabilidade zero. Bagunça administrativa. Atratividade inexistente. Foi assim, então, que a franquia começou a se consertar. Afinal, de que adianta a um super mercado se você mal existe como time ou até mesmo empresa.

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Leon Rose se torna o presidente de operações e o foco é em arrumar a casa. As contratações para 2019/20 não montaram um grande time. Mas foi com contratos expirantes para jogadores que queriam ganhar folego na liga que tudo começou a se ajeitar. Marcus Morris, Bobby Portis, Reggie Bullock e o mais importante, Julius Randle, chegaram naquele ano.

A equipe venceu só 21 jogos em uma temporada incompleta. Mas voltou a ser sólida. Ou, ao menos, um pouco mais competitiva. Era o bastante naquele momento. No ano seguinte, chega o melhor treinador da franquia em anos, com uma mentalidade que faz muito sentido para times em terras arrasadas: Tom Thibodeau. Com foco na defesa, comprometimento e a se dedicar ao máximo do primeiro ao 82° jogo são suas éticas de trabalho.

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Retorno aos playoffs

O veterano treinador foi o grande reforço. Mas na agência livre, a equipe manteve o seu padrão nas adições. Chegaram Alec Burks e Nerlens Noel, em suma. Por fim, duas trocas bem perspicazes também ajudaram. Em negócio triplo que levou Ricky Rubio ao Minnesota Timberwolves, a equipe obteve os direitos sobre a escolha que viria a ser, Immanuel Quickley. Já dentro da temporada, uma troca com o Detroit Pistons por Derrick Rose.

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A derrota na primeira rodada para o Hawks, foi frustrante. Entretanto, as pessoas lembraram o quão barulhento pode ser o Madison Square Garden em um jogo. Todos entenderam a fome dos torcedores e da franquia saudosos dos velhos grandes dias. Isso foi quase tão importante quanto a série em si.

É verdade que 2021/22 voltou a ser decepcionante. Isso porque o Knicks não se classificou para o play-in. Entre alguns movimentos maiores que fracassaram como Kemba Walker e Evan Fournier, mais algumas trocas inteligentes aconteceram nesse meio tempo.

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Em negócio com o Los Angeles Clippers, New York trocou Keon Johnson por Quentin Grimes. Ainda assim, veio uma escolha de segunda rodada junto. Outro jovem com menor protagonismo também chegou na noite do Draft: Miles McBride.

Atrativo e melhor campanha em dez anos

Mas a atratividade pode ser o mais importante para esse tipo de mercado. E ela voltou voltou. Após o fracasso, Jalen Brunson saiu de um Dallas Mavericks finalista de conferência para um Knicks que nem tinha ido aos playoffs. New York fez vários movimentos para obter o espaço suficiente. Pagaram mais dinheiro e deram seu segundo grande golpe. O armador se tornou o cara da franquia.

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Esse e outros movimentos menores que deram muito certo. Isaiah Hartenstein veio em contratação pouco falada, e foi ótimo vindo do banco. Nem o mais otimista poderia imaginar que a troca por Josh Hart daria tão certo. A remontada de história estava feita.

A vitória sobre Cleveland, e o sangue que Miami precisou suar para superá-los, dizem muito sobre como tudo deu certo. Sem loucura, sem megalomania. Mudanças administrativas, uma filosofia de trabalho certa e concreta. Os resultados refletem a maior organização.

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E afinal, quais os frutos?

Knicks e Lakers sempre vão estar nos principais boatos e rumores do mercado da NBA. No entanto, daqui pra frente pode ser diferente em New York. Além de pura alavancagem, hoje eles parecem um time próximo de grandes conquistas. A equipe por exemplo, se interessou por James Harden nesse ano. E com a insegurança do Clippers, poderiam levar se forçassem um pacote maior.

Mas, o entendimento é mais amplo. Não basta uma estrela. Precisa ser, acima de tudo, o astro certo, na hora certa. Em uma liga onde os detalhes importam como nunca, e os grandes nomes tem linhas de pensamento mutáveis a cada temporada, faz sentido acreditar que um grande nome acabe no Knicks em breve.

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Quem vai ser? Por quem vai ser? Honestamente, é difícil dizer. Entretanto, é inegável. A posição da equipe hoje é das melhores na NBA. E isso se reflete na contratação quase que única de Donte DiVincenzo para 2023/24. Afinal, para que pressa? Joel Embiid pode se irritar mais a qualquer momento. Giannis Antetokounmpo também. Pra quem esperou tanto tempo, a paciência de New York é invejável.

Ou seja, não se surpreenda quando isso acontecer. Ah, e também não faça narrativas sobre isso ser porque o mercado é gigante. Trabalharam bem, foram reféns de seus próprios erros, mas a atual administração e a ideologia de ideias de mercado merecem a atual posição privilegiada. Não diga que eu não avisei.

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LeBron James foi um milagre em meio a mar de erros em Los Angeles

Os últimos anos de Kobe Bryant e as decisões que buscaram estender suas chances por um sexto título levaram o Lakers a uma reconstrução. Não que tenha sido culpa do astro ou algo assim. Entenda. Isso é super normal em qualquer franquia e geralmente dita reconstruções e eras de vitórias. Mas, assim como o Knicks, o Lakers também não se aproveitou muito bem de seu enorme mercado da NBA. Sobretudo, na última década.

E olha que a reconstrução gerou grandes nomes da liga, que as vezes são lembrados de seu tempo em Los Angeles com alguma foto que pergunta o que poderia ter sido se o investimento da franquia fosse neles. Caras como por exemplo, Brandon Ingram, o próprio Julius Randle, Lonzo Ball, D’Angelo Russell (que voltou), Kyle Kuzma e outros.

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Entretanto, quase todos esses nomes alcançaram sua alvorada fora de Los Angeles. Não é coincidência. Entre falta de consciência do momento e uma megalomania que queria pular 15 mil etapas do processo, vários movimentos questionáveis foram feitos. Ainda assim, em meio a esse turbilhão de coisas que não funcionaram. Em meio ao maior jejum de classificação à pós-temporada do time em todos os tempos, surgiu o “salvador”.

LeBron James, porque quis, simples assim. O Lakers, por um período, representou a antítese de tudo o que acabamos de falar sobre o Knicks no mercado da NBA. Afinal, não é o único caminho como a própria franquia provaria mais tarde, mas é mais fácil usar o seu mercado e atrair um grande nome para o 17 vezes campeão no maior estado dos EUA, do que para a imensa maioria dos outros times.

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Ruptura de projeto

E eis a realidade. O Lakers até tentou ser paciente. O time em que LeBron chegou, afinal, era cheio de garotos. Ingram, Lonzo, Josh Hart, Kuzma. Todos estavam lá. O discurso inicial era o certo, talvez. Desenvolver os jovens com o melhor jogador da geração e apostar no auge mais longínquo da história do esporte enquanto os garotos o descansam e se desenvolvem.

Mas uma outra coisa muito importante sobre a NBA e os esportes de alto nível em geral? A ganância. Junte a franquia mais glamourosa da história do jogo, com alguém que vê seu tempo acabando para se provar o maior jogador de todos os tempos na busca incessante para superar um fantasma de Chicago. Uma ruptura inevitável com um projeto de longo prazo.

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A equipe começou bem, chegou a estar em terceiro no começo do ano. No entanto, bastou uma lesão de LeBron para que os jovens, que não estavam acostumados com aquele nível de jogo, se perdessem. Assim, um outro fantasma surgiu: Anthony Davis. Os boatos de que o Lakers prepararia um enorme pacote pelo pivô destruíram o clima da equipe na campanha de 2018/19. De acordo com os próprios envolvidos.

A troca aconteceu após um fim de ano que aumentou o jejum da equipe para seis anos longe dos playoffs. A primeira vez do próprio LeBron desde seus primeiros anos em Cleveland. E não seria a última.

Título veio, falta de continuidade também

A troca por Anthony Davis deu certo. O título fala mais alto do que qualquer coisa que possa se jogar contra isso. Mas, quem disse que o complexo de Deus de Los Angeles foi embora? As críticas a nomes como Danny Green, levaram a equipe à mudanças após o título. Nomes vitais como Green, Dwight Howard, Rajon Rondo e Avery Bradley deixaram a equipe.

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Quem chegou? Os badalados sexto homens do último ano, Dennis Schroder e Montrezl Harrell. Além deles, o veterano Marc Gasol, após perder Serge Ibaka para o Clippers. Andre Drummond foi uma tentativa no meio do ano. No entanto, a sensação de mudança já era muito forte para uma equipe que havia acabado de ganhar um título. Não que alterações pontuais não possam acontecer, mas foram muitas.

Ainda assim, a equipe vai bem de forma geral. O rendimento cai após as intermináveis lesões de James e Davis. Mesmo com isso, a equipe manteve sua identidade defensiva, e caiu em uma série que lideravam até nova lesão do pivô. Vamos tentar de novo, certo? Errado. Tragam Russell Westbrook para a equação.

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E aí foi a pá de cal. O armador é um dos grandes dos nossos tempos, para mim pessoalmente, o mais humano de todos os astros. Entretanto, não havia o mínimo encaixe ao lado de LeBron e Davis.

E o principal: o movimento fez a equipe obter três salários máximos e perder o importante Kentavious Caldwell-Pope na defesa. E o mais importante, o espaço salarial. A ânsia em encontrar arremessadores para suprir as deficiências dos astros, ignorou a mentalidade defensiva do time. Além do encaixe problemático, o time perdeu sua identidade. Nem preciso lembrar do desastre que foi 2021/22, né?

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Saindo do buraco meteoricamente

Rob Pelinka mandou muito mal nessas escolhas. E logo se viu em um beco sem saída. Errou com Westbrook. Errou com o entorno. Preferiu renovar com Talen Horton-Tucker do que Alex Caruso. As escolhas de Draft estavam comprometidas pela super troca por Anthony Davis. Seu melhor pacote era o conhecido, Kendrick Nunn, Horton-Tucker, Westbrook e duas picks de primeira rodada em 2026 e 2028. Então, o que fazer se isso é motivo de riso dos outros executivos?

Sem grandes movimentos para o começo de 2022/23, os nomes escolhidos foram Lonnie Walker, Patrick Beverley, Dennis Schroder e Thomas Bryant. Melhorou, mas não o suficiente. Assim como no caso do Knicks, paciência e criatividade foram as chaves para um front-office que precisava corrigir os erros no mercado da NBA pelo Lakers. E nada melhor do que também esperar um pouco de desespero alheio, além do seu.

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O Minnesota Timberwolves dobrou sua aposta com Rudy Gobert. Mas a relação entre ele e D’Angelo Russell sequer existiu. Brigas, alegações e polêmicas. O investimento fez o lado do francês prevalecer. Conseguir a química de Mike Conley era fundamental. Para o Utah Jazz, fazia sentido receber escolhas a longo prazo como as do Lakers.

Então, Los Angeles facilitou o negócio. E, além disso, saiu com a troca que salvou sua temporada e seu futuro. Ao menos, no curto prazo. O Jazz absorveu o contrato máximo de Westbrook e ganhou duas escolhas por isso. Russell, que não fazia sentido em uma franquia em reconstrução, sobrou para a equipe. Jarred Vanderbilt e Malik Beasley foram o brinde. Uma correção de rota, portanto, quase que perfeita.

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E afinal, quais os frutos?

Nem mesmo o mais otimista torcedor poderia imaginar que a equipe construída no meio da temporada se desenvolvesse tão rapidamente. De 13° no Oeste, às finais de conferência caindo para o campeão Denver Nuggets. E o mais importante, por fim, foi o que fizeram nesta agência livre. Não pelos nomes em si. Você pode até achar nada de mais os reforços. Mas eles ignoraram qualquer possibilidade megalomaníaca de tentar algo estrelas como Kyrie Irving ou Trae Young.

O foco? Continuidade. A base que salvou o futuro da equipe merece uma nova chance por um ano completo. Sem a necessidade de jogar “finais” desde a temporada regular. E aí é o grande ponto que, tanto Lakers quanto Knicks, merecem os elogios que receberam pelo mercado que fizeram na NBA. Gabe Vincent, Taurean Prince, talvez até Christian Wood. Nenhum deles muda um time de patamar.

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Entretanto, dentro do que já existe como concepção de time em Los Angeles, fazem muito sentido. A franquia não poderia estragar tudo o que foi construído em troca de uma tentativa. E não que isso certamente fosse um projeto fadado ao fracasso. Poderia dar certo com um outro astro. Os esportes não são ciência exata e LeBron estar lá hoje é a maior prova disso.

Mas a reflexão final que fica é: não é coincidência que o grande jogador da geração, formando uma das melhores duplas da NBA por cinco longos anos, tenha vencido um título, e mal tenha conseguido disputar outro novamente.

Até porque, esse será o sexto ano de LeBron na equipe. Ou seja, mais tempo do que do que ficou no Miami Heat e mais do que ficou em sua segunda passagem por Cleveland. E é apenas a primeira vez que ele terá o mesmo time por duas temporadas. É simbólico. E, em meio a tantos erros, merece elogios.

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Conclusão

Falar sobre o mercado da NBA e times tão privilegiados por seus grandes centros como Knicks e Lakers, é sempre uma tarefa difícil. Mas as críticas precisam ser embasadas em estudos, conhecimento de causa, contextos. Estar em um mercado grande faz diferença? Sim. Pergunte ao Indiana Pacers, que este ano fez sua maior contratação de agência livre em uma década, devido ao novo CBA (acordo de trabalho).

Ou pergunte ao Utah Jazz, que precisou dar um contrato máximo a Rudy Gobert, apenas porque é o preço que se precisa pagar para manter seus jogadores. A renovação de contrato de Jaylen Brown em um time gigante como o Boston Celtics, mas inserido em um mercado menos atrativo, é completamente simbólica sobre o que quero dizer.

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Por fim, a liga não é matemática. Não é planilha. Estar inserido em um grande contexto ajuda, mas não é tudo. Afinal, o Knicks venceu dois títulos na história. Mas lá nos anos 70.

O Lakers? Divide o protagonismo histórico contra um time que deveria ser muito menor, que não tem o mesmo glamour, que não tem as mesmas vantagens, mas que é uma pedra no sapato absolutamente memorável. A rivalidade de antagonistas com o Celtics, é símbolo do que quero dizer.

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Pergunte ao Chicago Bulls, e sua falta de sucesso incontável desde Michael Jordan. No fim, existem grandes e péssimos trabalhos em quase todos os lugares. Enxergar as diferenças e as particularidades de todos eles que é interessante.

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