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Tudo bem, eu me rendo. Faltando uma semana para o fim da temporada regular, vou admitir o que já é óbvio: não descartem o San Antonio Spurs. O atual campeão da NBA resolveu botar fogo em uma campanha que caminhava para times e finais (para mim, pelo menos) sem muitas surpresas, capitaneando um emocionante embate pela decisão do chaveamento dos playoffs da conferência Oeste.
Até algumas semanas atrás, o Memphis Grizzlies parecia seguro como dono do segundo melhor recorde. Hoje, não é mais assim. A única certeza é o Golden State Warriors em primeiro. A coisa ficou tão imprevisível que a equipe de Marc Gasol pode agora terminar até como sexto. Criou-se uma disputa jogo a jogo entre eles, Houston Rockets, Los Angeles Clippers, Portland Trail Blazers e Spurs pela vantagem de mando de quadra no mata-mata. E, no concorrido Oeste, atuar mais em casa pode ser crucial. Os atuais campeões, melhor do que ninguém, sabem disso.
Previ que o Spurs levaria o título antes mesmo do início dos playoffs em anos anteriores. Foram temporadas em que o time destoava – e muito – dos rivais. Foi assim em 2014, por exemplo. Ao longo das quase duas décadas de “Era Duncan”, os texanos pareceram imbatíveis em certos momentos. E realmente eram. Não parecia o caso agora: o elenco (que já é envelhecido) começou a campanha mal e soava desgastado por dois anos consecutivos em que batalhou para chegar até a decisão.
O aparecimento de novas forças na conferência e o aparente cansaço do Spurs fez com que eu e muitos analistas achássemos que não havia fôlego para mais um título, o que seria perfeitamente normal perante as circunstâncias. Acontece que Gregg Popovich e os veteranos campeões tinham outros planos. A equipe vem melhorando e alcançando seu ápice na campanha, pouco a pouco, desde o Jogo das Estrelas.
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A evolução é notável e perceptível, por exemplo, nos power rankings da ESPN. Na oitava semana, no final de dezembro, a equipe era apenas a 10ª colocada: com 17 vitórias e 11 derrotas. Começou a subir a partir daí e chegou à 2ª colocação na semana 23. Agora, são 51 vitórias e 26 derrotas. Do Jogo das Estrelas até aqui, os números mostram a subida de produção de maneira inquestionável. Foram 18 vitórias em 25 jogos (72%) no momento em que escrevo. Tivesse tido tal aproveitamento durante a temporada inteira, os campeões chegariam agora com cerca de 60 vitórias – um recorde muito próximo de Golden State Warriors e Atlanta Hawks, líderes da liga.
O Spurs só tem desempenho ofensivo e retrospecto inferior do que o Warriors, desde fevereiro. No entanto, esse time apresenta uma ameaça real aos líderes absolutos do Oeste nos playoffs, pois os texanos foram os únicos a derrotar os californianos em duas oportunidades nesta temporada. A última vitória veio no domingo de páscoa: um avassalador desempenho que deixou Tim Duncan e companhia sempre muito a frente do placar, às vezes por quase trinta pontos de vantagem. Aquela foi a primeira derrota de Golden State em quase um mês.
Isso significa que o Warriors deixa de ser o favorito ao título? Não. A equipe de Oakland continua quebrando recordes e, apesar dos números ofensivos chamarem mais atenção, é na defesa que tem seu baluarte: manteve seus adversários abaixo de 100 pontos em 40 jogos – e venceu todos. Além do mais, os comandados de Steve Kerr poderiam já estar mais desfocados que o Spurs no último confronto, pensando nos playoffs, então a partida não pode valer como análise de confronto direto entre eles.
É inegável, porém, que o Oeste tornou-se perigosamente mais acirrado perto do fim da temporada regular por conta do ressurgente San Antonio Spurs. Eles trazem uma nova dimensão à briga por posição e aos playoffs do Oeste. Do segundo ao sexto colocado, nós teremos jogos emocionantes e decisivos nos próximos dias. Um saudável suspense ao término da temporada. Mando de quadra vale muito no lado mais equilibrado da NBA e os campeões sabem disso melhor que ninguém. O Spurs vai ser campeão? Ainda acho pouco provável, mas não descarto mais a capacidade deles baterem equipes que brilharam mais durante a temporada regular. O mata-mata promete ser ainda melhor do que no ano passado. É a NBA em seu melhor.