Com 25% da temporada disputada, já dá para ter uma ideia de que equipes estão no caminho certo e quais não guardam muitas alegrias para seus torcedores. E, quando o time não vai bem, você já sabe quem vai levar a culpa: os treinadores. Os rumores de demissão já começaram. Em vista disso, convidamos quatro integrantes do Jumper Brasil para assumir o papel de executivos e analisar o trabalho de cinco dos técnicos mais pressionados da liga. Você demitiria esses treinadores?
1. Você demitiria Alvin Gentry do comando do Phoenix Suns?
Zeca Oliveira: Não. Gentry vem de um bom trabalho na última temporada, mesmo sem um elenco muito talentoso. Nesta temporada, o time passou por várias mudanças e perdeu sua maior estrela dos últimos dez anos. Um quarto de campanha, ao meu ver, é muito pouco para enxergar a influência do trabalho do treinador na equipe. Eu daria mais tempo.
Gustavo Lima: Sim. O Suns está reconstruindo o elenco e nada mais coerente do que mudar a comissão técnica. Gentry está no comando há quatro anos e, na minha opinião, seu ciclo já chegou ao fim. Ele não é o cara ideal para a situação. A franquia precisa de um treinador de ideias novas, que adote outro estilo de jogo, que dê mais espaço para os jovens (leia-se Kendall Marshall e Markieff Morris), que pense em melhorar a defesa. O contrato dele acaba em julho. Para que esperar mais? Se eu fosse o dono do Suns, iria correndo atrás de Nate McMillan.
Gustavo Freitas: Sim. Não é por nada não, mas quando um técnico utiliza quatro quintetos titulares diferentes nas últimas quatro partidas é porque tem algo muito errado. Ainda que o Suns não tenha um grupo forte o bastante para brigar por algo, Gentry parece estar perdido e esse é um sinal claro de quem está tentando qualquer coisa para salvar o seu emprego.
Ricardo Stabolito Jr.: Sim. Não o acho terrível, mas a saída de Steve Nash marcou o fim de um ciclo no Phoenix Suns. E, entendo eu, este ciclo incluía Gentry. A franquia precisa de um treinador de características diferentes para o momento de recomeço que deveria assumir estar vivendo.
2. Você demitiria Randy Wittman do comando do Washington Wizards?
Zeca Oliveira: Não. Acho que Wittman é um grande assistente, mas talvez não um grande treinador. No entanto, ele acabou de ganhar um contrato novo e, desde então, não teve o elenco completo em suas mãos. Por mais que a campanha seja lamentável, eu esperaria até a volta de John Wall.
Gustavo Lima: Sim. Wittman nunca mostrou resultados na NBA. Tudo bem que o Wizards sem John Wall e com Nenê “baleado” perde muita qualidade, mas seu trabalho é questionável. Cada jogo é um quinteto diferente, uma rotação diferente. De longe, a sensação é de que os atletas estão sem confiança. A franquia precisa de um comandante mais calejado, que dê confiança aos jovens e não fique mudando o time a toda hora.
Gustavo Freitas: Não. Penso que o Wizards teve muito azar de perder seu melhor jogador (John Wall) por contusão antes do início da temporada. Quando Wall estiver saudável, a situação tende a melhorar. Creio que a diretoria esteja esperando por isso antes de tomar alguma decisão.
Ricardo Stabolito Jr.: Sim. O Wizards não deveria ter efetivado Wittman e o fez apenas para economizar uns trocados. Ele é um auxiliar respeitado, mas acumula resultados pífios como técnico principal. Por mais que não tenha os dois melhores jogadores do grupo em condições ideais, o treinador não possui o menor controle sobre o elenco e muda de time como alguém muda de roupas. A campanha é o menor dos problemas.
3. Você demitiria Dwane Casey do comando do Toronto Raptors?
Zeca Oliveira: Sim. Acho que o Raptors tem muito mais talento do que mostra em quadra. Talvez, a contusão de Landry Fields tenha atrapalhado o ataque de meia quadra do time, mas, ainda assim, acredito que seria uma boa hora para uma mudança de treinador.
Gustavo Lima: Não. Casey é bom treinador e já provou isso. O Raptors precisa de uma coisa para deslanchar: trocar Andrea Bargnani, que só pensa em pontuar. Não defende, não pega rebote, não demonstra raça em quadra. A base da equipe é jovem e talentosa – Kyle Lowry (saudável), DeMar DeRozan, Terrence Ross, Ed Davis, Jonas Valanciunas. Casey é o nome certo para comandá-los.
Gustavo Freitas: Não. O time não é bom o suficiente e, principalmente, precisa se livrar logo de Andrea Bargnani. O italiano está segurando o desenvolvimento de alguns jovens (como Ed Davis) e tomando o tempo de outros jogadores que poderiam contribuir mais defensivamente. Não que o ala-pivô seja ruim – especialmente no ataque –, mas acho que ele é a peça que está sobrando no elenco.
Ricardo Stabolito Jr.: Não. Casey fez um grande trabalho na última temporada e não tenho dúvidas de que seja um dos bons “novos” treinadores da NBA. O elenco do Raptors mudou muito nesta temporada e, para piorar, foi dizimado por lesões importantes nestas semanas iniciais. O desempenho de Casey no primeiro semestre vale o benefício da dúvida. E, completo, o Toronto é muito melhor do que a campanha que acumula até agora.
4. Você demitiria Keith Smart do comando do Sacramento Kings?
Zeca Oliveira: Não. Confesso que sempre achei Smart um treinador muito limitado, mas nessa temporada o Kings tem se mostrando mais organizado. A defesa melhorou, o ataque mostrou uma evolução no conjunto e acho que, por enquanto, isso basta para dar um pouco mais de crédito para o técnico.
Gustavo Lima: Sim. Não adianta insistir em um treinador que não está dando resultados. O Kings não tem disciplina tática, mas um bando de jogadores egoístas. Armadores que não armam, time com preguiça na defesa, muito “fominha” em quadra. A sensação que tenho é que o Kings é muito avacalhado. Isso é falta de comando.
Gustavo Freitas: Não. Outro técnico que não demitiria porque o time precisa fazer trocas para melhorar. Mercado, todo mundo sabe que caras como Tyreke Evans possuem. O problema maior é o fato do Kings não contar com sequer um armador confiável. O pivô DeMarcus Cousins precisa ser municiado por um armador que saiba construir jogadas e, assim, evitar arremessos forçados o tempo todo.
Ricardo Stabolito Jr.: Acho que não. Continuo achando Smart fraquíssimo, mas o obstáculo do Kings está no elenco e direção. Ele é o menor dos problemas. Troquem alguns jogadores desse grupo descompromissado e, ao menos, deem uma chance para Smart mostrar alguma coisa.
5. Você demitiria Lawrence Frank do comando do Detroit Pistons?
Zeca Oliveira: Sim. Não acho que Frank seja o ideal para treinar uma equipe jovem como o Pistons. Um ataque muito burocrático quando alguns jogadores precisam de um pouco mais de liberdade. Olhando assim, acho que ele não consegue extrair todo o potencial dos atletas que tem.
Gustavo Lima: Não. O trabalho de Frank em um time que está reconstruindo seu elenco desde a temporada passada não é ruim. Até que esperava que o Pistons fizesse uma campanha pior do que a atual. Frank vem demonstrando que sabe trabalhar com jovens. Portanto, daria mais tempo de trabalho a ele.
Gustavo Freitas: Não mesmo. Se demitir Frank, o Pistons vai buscar quem no mercado? O time é bastante jovem e o treinador é, no mínimo, razoável para conduzir o elenco. Detroit conta com nove jogadores com 25 anos ou menos e os dois principais, Greg Monroe e Brandon Knight, não passam dos 22. Eles vivem um processo que pode demorar mais umas duas temporadas.
Ricardo Stabolito Jr.: Não. Tenho minhas reservas com Frank, mas seu trabalho na segunda metade da última temporada foi inquestionável. Depois de um começo muito ruim, eu acredito que o Pistons já parece mais acertado nas últimas rodadas. Detroit não é melhor do que sua atual campanha e demitir Frank seria mexer em algo que, se não está dando tão certo assim, também não deu errado. Simplesmente não vale a pena.