No último domingo, dia 22 de janeiro, o Los Angeles Lakers atingiu um novo ponto baixo em sua história. O time comandado pelo técnico Luke Walton foi derrotado pelo Dallas Mavericks por uma diferença de 49 pontos, a pior na história da franquia. E quem aplicou essa surra foi um dos times com pior campanha na atual temporada.
Para piorar, essa derrota veio justamente no aniversário de 11 anos da histórica performance de Kobe Bryant, alcançada em 22 de janeiro de 2006. Naquela ocasião, Bryant anotou 81 pontos, contra apenas 78 marcados pelo time inteiro do Lakers na mesma data em 2017.
Desde que a equipe começou o seu processo de reconstrução, em 2013, a cada marca negativa que a franquia alcança, acreditamos que finalmente chegaram ao fundo do poço. Mesmo assim, o Lakers consegue nos mostrar que estávamos errados e um novo capítulo vergonhoso é escrito.
Jerry Buss, o antigo proprietário e responsável pelos grandes times do Lakers nos anos 80 e 2000, faleceu em 2013. Seus seis filhos herdaram o comando da franquia, mas Jeanie e Jim são os que possuem posição de destaque. Jeanie herdou a posição do pai como representante da franquia perante à liga e às outras equipes, além de cuidar de assuntos administrativos e financeiros no geral. Jim Buss, por sua vez, se tornou responsável pelas operações relacionadas ao basquete, respondendo pela montagem do time ao lado do GM Mitch Kupchak.
Muito antes do falecimento de Jerry Buss, quem acompanhava o Lakers já temia o dia em que Jim assumisse o comando. Ele sempre quis essa posição, mas também sempre tomou decisões questionáveis, e continua tomando. Desde a montagem do “super time” que não deu certo em 2013, com Kobe Bryant, Pau Gasol, Steve Nash e Dwight Howard, o Lakers não conseguiu mais montar um elenco competitivo. Depois de vários anos, campanhas ruins, e algumas escolhas de loteria no Draft, era para a franquia ter um núcleo jovem capaz de crescer junto e formar uma base para o futuro.
No entanto, o que o Lakers tem hoje é muito pouco.
D’Angelo Russell é um armador que sabe pontuar bem e aparece bem no final das partidas, mas que num time campeão tem potencial para ser no máximo um bom reserva.
Julius Randle é um atleta com baixo de QI de basquete, arremesso de média e longa distância inexistente, algo inconcebível para os atuais padrões da posição de ala-pivô. Luke Walton tentou envolvê-lo na armação de jogadas, especialmente puxando o contra-ataque, a exemplo do que faz Draymond Green no Golden State Warriors, time do qual Walton era assistente. Não deu certo.
Jordan Clarkson mostrou algum potencial inesperado no primeiro ano da carreira, mas rapidamente atingiu o teto. É um jogador já com 24 anos e apenas mais um armador dedicado, com boa impulsão e velocidade. Larry Nance Jr. é um jogador similar. Um ala-pivô esforçado e explosivo, com potencial para ser queridinho da torcida onde quer que vá, mas extremamente comum e com arsenal técnico limitado. A NBA está cheia de jogadores como esses dois e eles possuem muito pouco valor de mercado.
Os calouros Brandon Ingram e Ivica Zubac têm demonstrado bom potencial, mas é muito difícil fazer uma avaliação real, pois ambos ainda são muito novos, de apenas 19 anos, e não estão jogando no melhor ambiente possível para desenvolver seus talentos. Ingram, especialmente, parece ser um jogador diferente. É um atleta muito inteligente, capaz de ser um dos principais armadores de seu time, mesmo com 2,06 metros de altura e jogando na posição de ala. Também tem excelente físico para se tornar um grande defensor. No entanto, ainda é muito novo para dar qualquer contribuição significativa, e precisa urgentemente ganhar peso e jogar com mais intensidade.
De resto, o elenco tem ainda veteranos que não jogariam por mais que o contrato mínimo em outras equipes, como Luol Deng, Timofey Mozgov, Jose Calderon, Marcelinho Huertas, Nick Young e Metta World Peace, sendo que este último já deveria estar aposentado há alguns anos. Louis Williams é um jogador útil, bom pontuador do banco, mas também é um atleta comum ao redor da liga. Thomas Robinson e Tarik Black são atletas que possivelmente estarão fora da NBA em pouquíssimo tempo.
Com isso, o Lakers montou um misto de jogadores jovens com potencial superestimado e veteranos recebendo muito mais do que deveriam. Para ajudar, a escolha da franquia no Draft de 2017 deve ser entregue ao Philadelphia 76ers, que a adquiriu junto ao Phoenix Suns por conta da troca que enviou Steve Nash ao Lakers, em 2012. A escolha só não será perdida se o Lakers ficar no Top 3 da loteria, o que vai fazer com que o futuro de uma franquia com história de tantas conquistas esteja escorado no acaso do sorteio. Para piorar, o Draft de 2017 promete ser o melhor dos últimos tempos.
Em 2014, quando as coisas já não iam bem, Jim Buss disse que entregaria o cargo, caso o Lakers não estivesse em posição de competir por um título em três ou quatro anos. O executivo tentou contemporizar e relativizar a declaração recentemente, mas sua irmã Jeanie já dá sinais que poderia forçar com que ele cumprisse a promessa, caso as coisas não melhorem. E a situação só tem piorado. Recentemente, Jeanie se encontrou com Magic Johnson, um dos maiores atletas da história da franquia e que durante muito tempo foi dono de uma parte minoritária do Lakers. Oficialmente, ela estava apenas discutindo a situação com Johnson, mas as especulações davam conta que ela estava se aconselhando sobre uma mudança de comando na franquia.
Se isso vai acontecer ou não, ainda não está claro. Mas não há mais dúvidas de que isso deva acontecer. O Lakers precisa urgentemente tomar um novo rumo. Já são quatro anos de reconstrução e a franquia não começou a melhorar, e nem tem essa perspectiva. Muitas pessoas argumentavam que a aposentadoria de Kobe Bryant aceleraria esse processo, pois ter o atleta no elenco absorvendo tanto salário e espaço na liderança do time prejudicava as chances do Lakers de contratar outros atletas. Mas a grande verdade é que, com o elenco que aí está, nenhum agente livre de peso sequer consideraria assinar com o Lakers neste momento. Com esse fator, e as péssimas decisões da dupla Buss/Kupchak, é hora de tentar algo novo.