Como Victor Wembanyama e Chet Holmgren mudam a NBA?

O que podemos tirar da primeira experiência dos jovens astros na NBA?

Victor Wembanyama Chet Holmgren Fonte: Logan Riely / AFP

Superestimar a pré-temporada da NBA costuma ser um erro, mas acho que precisamos falar sobre Victor Wembanyama e Chet Holmgren. Afinal, os calouros prodígios entregaram um grande espetáculo no duelo entre Oklahoma City Thunder e San Antonio Spurs, na noite da última segunda-feira (9). E o que podemos tirar do grande confronto?

Portanto, quero ressaltar que pretendo ir muito além dos números, mesmo que eles sejam excelentes. O jovem do Thunder atuou por 16 minutos, marcando 21 pontos, nove rebotes e um toco. Acertou sete de dez arremessos e converteu suas duas tentativas de três pontos. No fim, saiu com a vitória por 122 a 121.

O francês do Spurs esteve em quadra por 19 minutos. Anotou 20 pontos, cinco rebotes, dois roubos de bola e um toco. Converteu oito de 13 arremessos, enquanto acertou duas de cinco bolas do perímetro.

Publicidade

Mas o foco aqui é em desempenho, como aliás, deve ser nos amistosos preparatórios. Aqui estão três pontos sobre cada um deles e o porquê de estarmos tão empolgados com o futuro da NBA.

Francês já é gênio na defesa

Victor Wembanyama já é um dos melhores defensores da liga, no segundo em que pisou em uma quadra nos EUA. Isso pode parecer exagerado ou até precoce, mas garanto que não é. Além do tamanho descomunal, afinal, já chega como jogador mais alto do torneio como calouro, a envergadura do camisa 1 é enlouquecedora.

Publicidade

Porém, não é só isso que o torna um desafio nesse lado da quadra. A mobilidade em um corpo tão alto é apenas bizarra. Um lance com o muito bom Jalen Williams ontem explica muito bem o que estou dizendo aqui. Observem.

O ala do Thunder faz um grande trabalho nesse lance. O drible é milimétrico, quase que perfeito. Ou melhor, até é perfeito. Porém, contra os comuns. O crossover do jovem cria uma grande separação com Wembanyama. Caminho fácil para a cesta. Repare no tamanho do deslocamento quando o drible é completado.

Publicidade

No entanto, a mudança de direção da primeira escolha do Draft de 2023 é quase perfeita. Batido, ele dá um passo para o lado, vira o corpo, sobe e bloqueia um dos jogadores mais rápidos da liga enquanto ataca a cesta. Anulando a desvantagem como se fosse nada. Ou melhor, como se, no fim, ela sequer tivesse existido.

Como driblar alguém tão alto, com tanto alcance e tão grande? Esse tipo de recuperação o fará ser o líder da liga em tocos por muitos anos.

Liberdade é a chave

Um dos grandes questionamentos sobre o Spurs de 2023/24 é o porquê de Wembanyama não atuar como pivô. É verdade que Keldon Johnson e Jeremy Sochan não jogaram ontem, mas a ideia, segundo os rumores, é essa mesma. O francês jogará na posição quatro, ao lado de Zach Collins.

Publicidade

As explicações são várias. Apesar de ter ganhado quase nove quilos enquanto faz a transição física para o jogo de imposição da NBA, ele ainda é muito magro. Evitar lesões que abreviaram a carreira de outros gigantes, como por exemplo, Yao Ming, faz todo o sentido. Tirá-lo dos confrontos lá embaixo da cesta, ao menos no primeiro momento, é a resposta óbvia.

Mas outro ponto é: temos uma dupla versátil. Collins teve 37,4% de aproveitamento nas bolas de três no último ano. No ataque pode espaçar, e na defesa pode ser melhor protegido na proteção de aro pelas leituras e tamanho do francês. Olhem este lance:

Publicidade

Victor Wembanyama não está marcando Chet Holmgren, ou qualquer outro pivô. E sim, Josh Giddey. Ele está no perímetro, observando e utiliza sua velocidade lateral para esticar e influenciar a infiltração do calouro Cason Wallace. Roubo de bola em uma demonstração perfeita do quão influente ele pode ser na defesa, sendo livre para operar como quiser.

Publicidade

E gerando a outra palavra chave do seu último tópico: transição.

Leia mais!

Uma máquina em quadra aberta

Se eu já disse que ele é um dos melhores defensores da NBA como novato, eu também te digo que existem questionamentos sobre sua eficiência no ataque. Afinal, ele não foi tão bom assim espaçando no basquete europeu. Defesas em meia quadra tendem a dificultar seu jogo, o que é uma grande crítica à falta de espaçamento de San Antonio em 2023/24.

Publicidade

O contraponto, porém, é: como na posse acima, ele pode influenciar ataques adversários, forçar erros e, a partir daí, transitar em quadra aberta como um gigante de 2,24m. Ele é imparável nesse sentido e pode usar suas valias na defesa para impulsionar seu jogo ofensivo. E isso também se aplica ao esquema. Com outro pivô, ele não precisa brigar em todas as posses pelos rebotes e tem liberdade para correr a quadra. Isso é pensado, observe.

Victor Wembanyama já tenta correr para o outro lado da quadra assim que a enterrada de Chet Holmgren não funciona. O Thunder pega o rebote ofensivo, ele dá um passo para trás e atrasa a corrida. Mas quando a jogada volta a não resultar, ele dispara. Um passe rápido de Tre Jones e ele está livre para uma enterrada. E ainda tem tempo de tirar Lu Dort, que tenta se recuperar.

Publicidade

Processos que são treinados, pensados. Lembre-se que existe um gênio comandando cada passo do gigante. Gregg Popovich, senhoras e senhores.

Holmgren cobre lacunas…

O Thunder foi o time mais divertido de se assistir no fim da temporada 2022/23. Um time sem pivôs, sem tamanho, mas com muita variedade de ritmo. Um ataque incrível, fluído, bem treinado por Mark Daigneault. No entanto, existiam algumas falhas que, no fim, não permitiram que o time chegasse aos playoffs.

Publicidade

A falta de uma opção mais alta para a função prejudicava a equipe nos rebotes. Foi o segundo que mais cedeu rebotes ofensivos no último ano e a que mais cedeu rebotes totais. A proteção de aro também era uma questão. O Thunder nem era um dos que mais sofria no quesito em números redondos, mas ainda assim era um dos 13 times que mais cediam aproveitamento de dois pontos na liga.

A fragilidade nos setores os tornava a 19ª equipe que mais sofria pontos na campanha passada. O ritmo alto que o time praticava, porém, o tornava mediano, com a 14ª eficiência defensiva da NBA. Se a defesa não foi tão abordada em um primeiro jogo dos ataques, Holmgren impactou imediatamente nos rebotes em seu primeiro jogo.

Publicidade

Coletou sete só nos primeiros oito minutos de jogo. Ficou a um último rebote de fechar um duplo-duplo de 20-10 em apenas 16 minutos. Ou seja, impacta imediatamente no lugar em que a equipe mais sofreu em 2022/23. Sem falar em sua bizarra capacidade de bloquear arremessos e proteger o garrafão.

… e também reforça pontos fortes

Deixei o vídeo para o segundo tópico porque, afinal, não vou te mostrar todos os rebotes coletados por ele. Mas tem uma característica marcante em pelo menos metade deles, e que vai ajudar muito Oklahoma ao longo da campanha.

Publicidade

Publicidade

É difícil contestar um rebote contra alguém de 2,16m. Mas dar trabalho é importante. Aqui, Chet Holmgren coleta o erro no arremesso dos texanos, sem qualquer dificuldade imposta por Zach Collins ou até por Victor Wembanyama. Um ótimo trabalho de box out da equipe do Thunder. Ele não precisa passar a bola. Seu repertório técnico é o mais assustador na perspectiva do que será Oklahoma nos próximos anos.

Então, ele vai ao ataque, enquanto é marcado à distância por Zach Collins. Quando ele resolve enfim passar a bola, já faz o bloqueio imediato contra Wembanyama, que perde contato com Jalen Williams. A cobertura de Collins não é justa, já que o próprio pivô é uma ótima opção de passe livre embaixo da cesta. Colapso defensivo, dois pontos e a falta para Oklahoma.

Publicidade

É justamente esse tipo de flexibilidade, onde todos podem comandar uma ação ofensiva, onde todos são importantes dentro de um sistema coletivo, que faz o Thunder ser uma experiência tão divertida. Então, não é apenas sobre cobrir lacunas. Chet reforça o que este time já faz muito bem.

Pontua de todos os jeitos

Ontem especificamente, Holmgren mostrou o quão pode ser uma arma em diferentes setores da quadra. Repare neste vídeo com seus melhores momentos no jogo.

Na primeira bola, recebe com espaço para atacar a cesta contra um adversário mais baixo. Tre Jones nem tempo de pensar que pode atrapalhar os pontos fáceis do calouro de Oklahoma City.

Publicidade

A próxima cesta é muito interessante pensando no ataque de meia-quadra da equipe. Uma quadra completamente espaçada, enquanto Giddey tenta construir algo de costas para a cesta. Holmgren já está indo em direção à zona morta, e recebe liberdade para o arremesso. Converte a bola completamente livre, o que será vital para um Thunder que, apesar do bom ataque, foi apenas o 17º em aproveitamento de três pontos em 2022/23.

Tem jogada de dois pontos e a falta de costas para a cesta. Tem jogada onde ele carrega a bola de costa a costa e se impõe na bandeja. Rebote ofensivo que vira ponto. Bola de três sem hesitação. A variedade nas formas de pontuar, enquanto teve 70% de aproveitamento nos arremessos de quadra, prova que Holmgren é mais um jovem brilhante que pode impactar todas as situações a favor do Thunder. E tem quem critique Sam Presti…

Publicidade

Mudam o cenário

Veja o tanto de conteúdo que ambos geraram em menos de 20 minutos de quadra na NBA, mesmo que seja na pré-temporada. Chet Holmgren e Victor Wembanyama são sinônimos de uma revolução cada vez mais selvagem da posição de pivô. Obviamente, pode não funcionar, mas a perspectiva é muito interessante.

Afinal, são dois caras super altos, magros, sem aquele físico padrão que se exige de um jogador da posição. Mas que, a curto e longo prazo, podem fazer tudo em uma quadra de basquete. Diziam que a função estava em extinção, mas a real é que está em evolução.

Publicidade

Nikola Jokic é o melhor jogador do planeta, enquanto é um pivô armador, algo impensável para os conservadores do jogo. Bam Adebayo pode defender todas as posições. Anthony Davis, que tanto foge desse estigma, também. Joel Embiid e seu jogo de recursos ofensivos infinitos. A era dos homens grandes e versáteis é o que pode mandar na liga por muito tempo. O título do Nuggets foi um grande aviso. E o surgimento desses dois garotos pode ser a consolidação. Estamos de olho.

Assine o canal Jumper Brasil no Youtube

Todas as informações da NBA estão no canal Jumper Brasil. Análises, estatísticas e dicas. Inscreva-se, mas dê o seu like e ative as notificações para não perder nada do nosso conteúdo.

Publicidade

E quer saber tudo o que acontece na melhor liga de basquete do mundo? Portanto, ative as notificações no canto direito de sua tela e não perca nada.

Então, siga o Jumper Brasil em suas redes sociais e discuta com a gente o que de melhor acontece na NBA

Últimas Notícias

Comentários