Com Jokic, a NBA vai errar o MVP mais uma vez

Liga deverá anunciar premiação do melhor jogador da temporada nos próximos dias

Jokic NBA errar MVP Fonte: MATTHEW STOCKMAN/AFP

Ninguém sabe ao certo quando, mas a NBA vai anunciar o MVP nos próximos dias e, assim como em 2016-17, vai errar de novo ao entregar a Nikola Jokic. O pivô do Denver Nuggets, deverá ser eleito pela segunda vez consecutiva, mas terá o gosto amargo de uma eliminação precoce. Nada contra o jogador, que fez uma temporada impecável, mas não dá para ganhar o prêmio sendo sexto colocado em sua conferência.

Claro que Jokic teve uma campanha de MVP, mas é necessário separar as coisas. Não é só sobre números, mas sobre onde o time ficou na classificação. Ele deu um duro danado para levar o Nuggets ao sexto lugar e isso deve ser muito valorizado. Só que não ao ponto de ele ser o eleito.

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Sem Jamal Murray e Michael Porter, potencialmente segunda e terceira opções ofensivas da equipe, tudo ficou a cargo de Jokic. Ele ficou encarregado de ser o Noé (maldade minha, admito, mas vou explicar) e deu no que deu. Uma honrosa sexta posição e um Golden State Warriors embalado na primeira rodada. Dêem a ele uma merecida posição no primeiro time ideal da NBA e pronto. No entanto, a NBA vai errar e dar a Jokic o MVP.

Se ele será o eleito, é bom a NBA anunciar logo para não entregar o prêmio com o Nuggets fora da temporada.

Noé?

Garrett Elwood/AFP – Nikola Jokic e seus colegas de time

Bem, sim e não. Sim, porque o elenco não conta com jogadores com ambição de pontuar. Talvez, a gente exclua o calouro Bones Hyland disso. Entretanto, o resto do grupo não tem aquele apetite que precisa em momentos decisivos. E, quando tenta fazer diferente do que está acostumado, as coisas não vão ser resolvidas com naturalidade. Não estou cravando que é um elenco nível G-League, todavia.

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Não falo só de Will Barton não ser ímpeto para ser o tal segundo cestinha ou Aaron Gordon nunca ter atingido um nível de ala-pivô que pontue. Eles se moldaram assim em suas carreiras. Enquanto Barton tornou-se um jogador para complementar um quinteto titular (não se destacando, exatamente, em nenhum dos dois lados da quadra), Gordon é um excepcional defensor. Mas fica nisso. Não é um elenco profundo. É cheio de caras para a composição.

O grupo do Nuggets não chega a ser terrível, mas sem Murray e Porter, é mediano para ruim. É um Jeff Green em fim de carreira, DeMarcus Cousins que não voltou a ser nem perto do mesmo após as leões e Monte Morris, que Mike Malone não consegue extrair nada além.

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De novo, Hyland é o único que destoa (para o bem), mas é pouco.

Existe um abismo, no entanto, enquanto Nikola Jokic está em quadra ou não. Portanto, essa dependência também é responsável por ele ser o primeiro jogador a atingir dois mil pontos, mil rebotes e 500 assistências em uma temporada da NBA.

Sim, em todos os tempos.

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Lesões tiraram chances de outros astros

Em um determinado momento na temporada, Stephen Curry era, de longe, o favorito a ficar com o MVP. Depois, o Golden State Warriors caiu de produção com a lesão de Draymond Green e Curry foi junto. Posteriormente, por um curto período, era Kevin Durant. O jogador do Brooklyn Nets foi outro que se machucou e a equipe teve de disputar o play-in. Então, DeMar DeRozan chegou a se infiltrar entre os favoritos, assim como Ja Morant e LeBron James (quando o Lakers era o segundo do Oeste, no início de novembro).

Alguns jogadores cresceram de produção, assim como seus times, na reta final. Devin Booker, Luka Doncic e Jayson Tatum se encaixam no perfil, embora o Phoenix Suns tenha ficado no topo quase o tempo todo.

Mas o fato é que o prêmio de MVP não teve um dono em 2021-22, daquele que seria injusto Fulano não vencer. Foi uma temporada atípica. Sabia-se que Nikola Jokic estava fazendo um absurdo no Denver Nuggets, mas havia o temor de a equipe ficar abaixo da quarta posição. Então, era Joel Embiid a bola da vez. Ou não, pois James Harden chegou e esperava-se que a dupla conseguisse deixar o Philadelphia 76ers no topo do Leste e não foi o que ocorreu. Por fim, que tal Giannis Antetokounmpo? Mas com o Milwaukee Bucks tendo apenas três vitórias a mais que o Nuggets, por que não entregar logo para Jokic? Não dá…

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A NBA vai errar no prêmio de MVP a Jokic

Vamos entender uma coisa: quem faz a corrida para o MVP, que se torna praticamente um guia para os votantes é apenas um jornalista: Michael C. Wright. O que ele escreve lá no site da NBA toda semana vira um mantra. Não que ele esteja completamente ou minimamente errado, não é isso. Mas é a opinião de uma pessoa que faz as listas.

Estou questionando não é a opinião dele. É o ponto de partida, o que representa um MVP, o que o time fez durante a temporada. É isso. Cá entre nós, o Denver Nuggets não fez nada de grandioso. Um sexto lugar e uma possível eliminação no próximo domingo à tarde.

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Há alguns anos, começou um discurso de que, se retirasse aquele determinado jogador do time, onde chegaria no fim da temporada, seria algo muito importante a ser medido. Não gosto disso e acho que não é por aí. O MVP é dado, historicamente, ao jogador que conseguiu levar o time ao topo. Essa matéria do Bleacher Report, antiga, mas didática, mostra isso.

Se você retirar Jokic do Nuggets você tem um time brigando pela primeira escolha do draft. Mas e se retirasse o mesmo Jokic no ano passado, não seria assim. Ao mesmo ritmo, Giannis Antetokounmpo no Milwaukee Bucks nos anos anteriores, LeBron James do Miami Heat, Michael Jordan do Chicago Bulls em sua primeira parada. O time de Illinois foi aos playoffs e parou na semifinal de conferência. Ainda assim, foi competitivo.

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Possivelmente, com Jamal Murray e Michael Porter saudáveis, o teto do Nuggets seria uma semifinal do Oeste. Ih, olha lá. Exatamente como foi nos últimos dois anos…

Já errou em 2016-17

Vamos lá. Se você gosta de premiar narrativas bonitinhas, então vai discordar de todo o texto. O papo não é por aí. Estamos falando de altíssima performance. É do cara da escola de samba que fica pistola quando recebe um 9.9. Ele sabe que fez tudo certo e sua agremiação foi perfeita ou beirou perfeição.

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Russell Westbrook foi o MVP pelo fato de ter alcançado uma temporada com média de triplos-duplos. Então, deveria ser em todas as outras campanhas que ele conseguiu, certo?

O Oklahoma City Thunder não foi só o sexto colocado do Oeste naquele ano. Ficou 20 vitórias abaixo do líder Golden State Warriors, oito atrás do terceiro colocado, o Houston Rockets.

Opa, perai. Mas não era a correção pelo fato de Oscar Robetson não ter sido o MVP quando conseguiu o mesmo que Westbrook?

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Não bate, entende? Como citei o artigo do Bleacher Report, é o sucesso do time que dá ao jogador o MVP. Eu cresci ouvindo isso: “O MVP vai para o jogador mais valioso dos melhores times da temporada”. Querem mudar a coisa, querem dar o prêmio para narrativas.

Mas a NBA errar no MVP a Jokic não é novidade. Nuggets de 2021-22 e Thunder de 2016-17 são alguns exemplos, mas em 1976 ela deu o prêmio a Kareem Abdul-Jabbar em um Los Angeles Lakers que sequer foi aos playoffs.

Então, quem é o MVP?

Não é MVP race que chama? Portanto, trata-se de uma corrida. E longa, pois são 82 jogos na temporada. Alguns largaram bem, mas ficaram pelo caminho. Outros, levaram seus times ao topo no fim das contas. O jogador precisa estar em um time vencedor, que fez a diferença, que ficou no topo e não viu sua posição ameaçada ou quando ficou em segundo ou terceiro da conferência, mas que ele tenha sido a causa.

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Honestamente, eu pedi em artigos, durante toda a temporada, para que vários jogadores pudessem ser considerados. Claro que eu não faço a menor diferença na decisão, até pelo fato de eu não votar na NBA, mas existem critérios. O sucesso do time tem uma correlação com o sucesso do jogador que vai receber o prêmio. Sexto lugar não é sucesso. É premiar o cara por competir ou, ainda, escapar do play-in com duas vitórias de diferença sobre o Minnesota Timberwolves. Aí o papo é outro. Tragam uma medalha de honra ao mérito.

Critérios, amigos. Critérios. É para quem fez a diferença e, no fim da campanha, tem, pelo menos, mando de quadra nos playoffs. É o mínimo.

Então, pode escolher aí quem possui números similares a de um MVP: Devin Booker com um Phoenix Suns batendo recorde da franquia em vitórias, Jayson Tatum por um segundo lugar no Leste do Boston Celtics, após figurar em 11° no dia 16 de janeiro. Até Joel Embiid ou Giannis Antetokounmpo com suas equipes em terceiro e quarto lugar na conferência, respectivamente, poderiam ser. Mas, por Jokic, a NBA vai errar no MVP. E o caminho pode não ter mais volta e se tornar tendência depois disso.

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Reconheço a espetacular campanha dele. Adoro ver o cara jogando. É um gênio. Mas MVP para um sexto lugar?.

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