Os erros históricos do New York Knicks – Parte 3

Renan Ronchi segue comentando os equívocos cometidos pela franquia de Nova Iorque

Fonte: Renan Ronchi segue comentando os equívocos cometidos pela franquia de Nova Iorque

O Jumper Brasil segue citando todos os erros que levaram o New York Knicks a um hiato de mais de 40 anos sem um anel de campeão. No primeiro texto, falamos sobre como a franquia perdeu a oportunidade de contar com Julius Erving, ícone da NBA antes de Magic Johnson e Larry Bird aparecerem, em seu elenco e estender sua supremacia nos anos 70/80. Já no segundo texto, mostramos como a equipe pode ter errado no desenvolvimento e montagem do time em torno de Patrick Ewing nos anos 90, o que custou ao pivô jamaicano o fardo de ser o único grande pivô da história da liga que nunca faturou um anel de campeão em seu auge técnico.

Em 1999, o grupo Cablevision, dono de todas as franquias de esporte de New York, colocou James Dolan no comando dos times nova-iorquinos. O novo ‘dono’, somado à troca do já veterano Patrick Ewing, em 2000, indicava que um rebuilding estaria à caminho do time.

Na tentativa de manter a equipe vice-campeã da NBA em 1998/99, Dolan e seu General Manager, Scott Layden, resolveram ‘pular’ o draft seguinte. Os executivos draftaram um jogador que sabiam que não viria à NBA, com o objetivo de salvar espaço em seu cap. Draftaram o pivô francês Frederic Weis. Sim, você conhece ele. Você já viu o video de Vince Carter pulando por cima dele nas olimpíadas trocentas vezes. Estavam presentes nesse draft Ron Artest, Andrei Kirilenko e Manu Ginobili, apenas a título de comparação. Dois anos depois, deram à Allan Houston, assumindo que seria o novo franchise player da equipe, um contrato de 100 milhões de dólares por seis anos.

Publicidade

Cem milhões de dólares. Seis anos. Para ALLAN HOUSTON. Não me entenda mal, Houston era ótimo. Mas não valia um terço desse contrato. O ala tinha um bom arremesso e sabia pontuar, mas defendia mal, seu passe era bem razoável e nunca se destacou no final dos grandes jogos, quando o time depende de seu ‘franchise’. Esse acordo foi tão ruim que a NBA criou a cláusula de anistia por causa dele. No ano seguinte, mais um erro cruel: trocou o jovem pivô Marcus Camby e o recém draftado Nenê Hilário por Antonio McDyess, um jogador explosivo recém saído de uma lesão seríssima. Enquanto Camby e Nenê viviam bons momentos no Nuggets (embora fossem as únicas coisas boas daquele time pré-Carmelo), McDyess se machucou na pré-temporada e perdeu a sua primeira temporada inteira pelo Knicks.

Publicidade

Temendo que as coisas fugissem de controle, Dolan demitiu Layden e contratou para colocar o time de volta nos eixos o ex-armador Isiah Thomas.

Parece cômico ler isso hoje, mas Isiah era uma boa aposta. O ex-bad boy havia trabalhado por quatro anos no Toronto Raptors. Saiu de lá por conta de uma briga com o dono da franquia, mas nesse meio tempo o time draftou Damon Stoudamire, Marcus Camby e Tracy McGrady, todos escolhidos diretamente por ele. Quem sabe não daria certo?

Publicidade

Não deu. Seu primeiro grande movimento foi enviar o baleado McDyess e duas escolhas de draft para o Phoenix Suns em troca do all star Stephon Marbury. A troca foi anunciada durante o All Star Game de 2004 e levou a torcida do Knicks à loucura. Tecnicamente, ‘Starbury’ era um grande jogador. Lógico que foi um fracasso completo. Marbury, além de seus tradicionais problemas com drogas, era péssimo de grupo, descompromissado, não rendeu o que se esperava dentro de quadra e nunca levou a franquia a lugar algum.

Esse acabaria sendo o menor dos erros de Isiah. Em 2005, ele apostou em Maurice Taylor e Malik Rose, dando contratos aos dois que garantiram complicações no CAP até 2009. No mesmo ano contratou Larry Brown. O treinador recebeu um contrato de 50 milhões de dólares por cinco anos para comandar o navio. Mas o estranho time de Marbury, Taylor e Rose (obviamente) teve uma campanha terrível e não chegou aos playoffs. Descontente com os rumos do time, Brown brigou com Isiah e com os executivos da franquia e saiu logo depois de sua primeira temporada com o time. No ‘buyout’ de seu contrato, recebeu US$ 18 milhões – além dos US$ 10 milhões de salário do primeiro ano. Nada mal para o treinador.

Publicidade

Com um alívio no CAP para o ano seguinte, Thomas fez um contrato de 29 milhões de dólares com Jerome James. O pivô teve médias de 4.9 pontos e 3.5 rebotes em seus cinco primeiros anos na liga. Mas nos playoffs de 2005, o jogador se destacou pelo Supersonics, com 17.2 pontos e 9.4 rebotes por partida. Foi o suficiente para vir ao Knicks.

Precisando de mais pontuação, Isiah trouxe mais um jogador ao seu roster. Tratava-se de Eddy Curry, pivô que fez um sign-and-trade com o Chicago Bulls em troca de duas escolhas de primeiro round da franquia de New York. Curry recebeu 60 milhões de dólares para ser simplesmente um dos piores pivôs da história de New York. Além de não pontuar o que se esperava, sua defesa e rebote eram piores que as escolhas de seu General Manager. A cereja do bolo viria depois: as duas escolhas de draft cedidas ao Bulls viriam a ser LaMarcus Aldridge (que o time de Chicago resolveu trocar por Tyrus Thomas, em um justo fair play com o Knicks) e Joakim Noah.

Publicidade

Até mesmo quando acertava, Isiah Thomas errava. No segundo round do draft de 2004, o GM draftou Trevor Ariza. O ala claramente demonstrava potencial para ser a ‘steal’ do draft daquele ano, mas o Knicks o enviou para Orlando em troca de um decadente Steve Francis. Desnecessário comentar o quão importante Ariza é nos times que joga.

Isiah teve tempo de mais um erro antes de (finalmente!) ser mandado embora do Knicks. No draft de 2009, pulou o excelente prospect Brandon Jennings para draftar o pivô Jordan Hill. Mas vindo de Isiah, esse erro chega a ser um acerto, não é verdade?

Publicidade

(continua no próximo artigo)

Últimas Notícias

Comentários