Detroit Pistons (37-45)
Temporada regular: décimo lugar da conferência Leste
Playoffs: não se classificou
MVP da campanha: Andre Drummond (13.6 pontos, 13.8 rebotes, 1.5 roubada, 1.1 bloqueio)
Pontos positivos
– Pegar rebotes nunca chegou a ser um problema para o Detroit Pistons. A equipe, quarta melhor de 2016-17 no quesito, foi ainda a que menos sofreu com o rebote ofensivo em toda a NBA, com somente oito por partida. Andre Drummond, para variar, ficou no Top 3 da liga pelo quarto ano seguido.
– Conhecido como um journeyman, aquele que roda por vários times (nove antes do Pistons), o armador Ish Smith ganhou a titularidade durante a temporada, superando Reggie Jackson e, em 32 jogos no quinteto inicial, obteve respeitáveis 12.3 pontos e 6.3 assistências. Em abril, com mais tempo de quadra, seus números pularam para 16.6 pontos e 7.4 passes decisivos.
– Aron Baynes foi bem, apesar do pouco tempo de quadra. Além de ser um bom defensor, Baynes serviu durante muito tempo como o alívio do Pistons quando os adversários passavam a cometer faltas em Drummond para que ele fosse ao lance livre. Nesse ponto, Baynes, que foi para o Boston Celtics nesta offseason, acertou 84% de suas tentativas.
– O Pistons até não teve altos índices de assistências na última temporada, mas ao menos, soube cuidar da bola. A equipe foi a terceira que menos cometeu erros de ataque.
Pontos negativos
– O Detroit Pistons se esqueceu como defende. Ao menos, como é reconhecido pela liga. Nas últimas décadas, a equipe sempre esteve entre as mais eficientes no assunto, mas em 2016-17, perdeu o impacto daquele lado da quadra. Ser o 25° em roubadas e o 29° em bloqueios, é decepcionante. Foi o nono pior em porcentagem de cestas de três sofridas, o que explica a preocupação da diretoria nos reforços.
– Andre Drummond segue sem conseguir ser efetivo nos lances livres. Mas pior que isso (38.6% de aproveitamento em 2016-17!), o pivô estava desmotivado e parece ter perdido o foco, tanto que foi criticado em diversas oportunidades pelo técnico Stan Van Gundy durante o ano. Defensivamente, foi uma lástima perto do potencial que se via há alguns anos. Estacionou. Nos três jogos em que obteve ao menos 20 pontos e 20 rebotes, o Pistons perdeu dois.
– A inconstância no quinteto titular fez com que Van Gundy mudasse peças em demasia. Para se ter uma ideia, apenas Marcus Morris e Drummond foram titulares em todas as partidas que atuaram. Não havia confiança que Tobias Harris conseguisse ser bom o suficiente para ajudar Drummond no ataque. De todas as posses de bola que recebeu no post em 2016-17, apenas 9% terminaram em cesta. Ou seja, Drummond ficou ilhado a maioria do tempo, o que explica, em partes, sua queda em pontuação de 16.2 pontos para 13.2.
– Reggie Jackson teve uma temporada que pode ser classificada como muito abaixo do esperado. Sabe passar, arremessar de longa distância, mas é terrível na defesa. Inconstante como todo o time, o atleta perdeu espaço para Ish Smith e desapareceu da rotação, por opção de Van Gundy.
Análise
A campanha do Detroit Pistons foi repleta de altos e baixos. O Pistons chegou a estar, durante o mês de dezembro, entre os classificados para os playoffs, com 14 vitórias e 13 derrotas. No entanto, a equipe perdeu sete dos próximos oito jogos, sendo cinco deles dentro de casa. Quando o time esboçou reação, já era tarde.
Problemas dentro e fora das quadras tiraram da equipe não só a chance de seguir em frente, mas também a motivação. Quando seus dois de seus principais jogadores (Andre Drummond e Reggie Jackson) são criticados a temporada inteira pelo técnico, é porque tem algo muito errado no grupo.
Faltou de tudo: protagonismo, ataque, defesa, padrão de jogo, e qualidade, enfim.
Foi um ano para se esquecer, no pior sentido possível.
A equipe deixou ainda seu ginásio, The Palace of Auburn Hills, onde atuou por quase 30 anos. Vai jogar no Little Caesars Arena, com capacidade para 21 mil espectadores.
O futuro
O Detroit Pistons terá baixas consideráveis em seu elenco, especialmente entre os titulares. Marcus Morris e Kentavious Caldwell-Pope foram embora. O primeiro, envolvido na troca que levou Avery Bradley ao time de Michigan, chega com status de ótimo defensor de perímetro. Já Caldwell-Pope, foi para o Los Angeles Lakers. E o técnico Stan Van Gundy, até então seu entusiasta e que lutava por sua renovação, não fez o menor esforço quando Bradley chegou. Caldwell-Pope tornou-se descartável, no fim das contas.
A ideia do treinador é envolver o jovem Stanley Johnson no ataque. Sem Morris, Johnson deverá ganhar a titularidade. Talento, parece ter. O problema é que, depois de duas temporadas na NBA, o atleta ainda não vingou. Aliás, andou para trás. Caiu de 8.1 pontos e 4.2 rebotes em seu ano de estreia, amargou 4.4 pontos e 2.5 rebotes em 2016-17, jogando apenas cinco minutos a menos. Ou seja, existe uma preocupação ali. Se não funcionar rapidamente, pode ser negociado.
E falando em negociação, ficou clara a intensão de Van Gundy em relação a Reggie Jackson. Sem conseguir ser protagonista, Jackson perdeu espaço e foi encostado no fundo do banco, dando a titularidade ao surpreendente Ish Smith. Tudo bem. Até eu entendo que Smith não é o cara para comandar o ataque do Pistons, mas melhor que Jackson, com menos tempo de quadra, ele foi. É o principal candidato a sair até fevereiro.
Quem chegou foi um velho conhecido, o ala-pivô Anthony Tolliver. Dá a entender que Tolliver será mais o reserva de Andre Drummond do que de Tobias Harris, pois o time ainda conta com Jon Leuer, que teve uma temporada razoável vindo do banco. Ainda assim, Boban Marjanovic deverá ganhar mais tempo em 2017-18.
O time mudou aqui e ali, mas segue sem um cestinha, um cara para carregar o time nas costas na pontuação, aquele que vai definir um jogo no fim. Não tem ninguém ali com essas características. Luke Kennard, calouro vindo de Duke, mostrou um ótimo arremesso de longa distância em seu segundo ano no basquete universitário e, de repente, ele pode vir a ser isso no futuro. Promissor, ele é.
A expectativa pode não ser das melhores. De fato, a offseason não foi lá essas coisas para a equipe. Tem um pivô que precisa de motivação, um ala que não sabe se é ala ou ala-pivô, um armador perdido e um ala-armador provado dos dois lados da quadra. Mas é pouco para pensar em ir muito longe.
No mais, o Pistons tem uma nuvem carregada pairando em cima de seu técnico. A pressão para obter uma classificação aos playoffs vai existir, até porque a conferência Leste possui uma nota de corte menor em relação ao Oeste, e quem jogar um mínimo, consegue ir aos mata-matas. Sabendo que o Atlanta Hawks e o Chicago Bulls, times que se classificaram no último ano, vão para a reconstrução, não chega a ser absurdo pensar no Pistons em oitavo.