Visita ao Departamento Médico #3 – Especial Rose

Em edição extraordinária, Kaio Kleinhans explica a nova lesão sofrida por Derrick Rose e os desafios que o armador enfrentará em mais uma recuperação

Fonte: Em edição extraordinária, Kaio Kleinhans explica a nova lesão sofrida por Derrick Rose e os desafios que o armador enfrentará em mais uma recuperação

Nesta quarta edição, que sai extraordinariamente na terça, vamos analisar a nova lesão sofrida por Derrick Rose e o que pode significar para a continuidade de sua carreira. Para quem não sabe, o armador do Chicago Bulls rompeu o menisco do joelho direito na última sexta-feira e passou por cirurgia ontem para repará-lo. Ele está oficialmente fora da temporada. Vamos lá:

O menisco

Meniscos são ligamentos conhecidos como cartilagens pela estrutura do seu tecido fibrocartilaginoso, com formato de meia lua e se encontram no interior da articulação do joelho. Existem dois meniscos em cada joelho: o medial (interno) e o lateral (externo).

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menisco[1]

O que faz?

Em primeiro lugar, o menisco ajuda na estabilização da articulação do joelho, melhorando o encaixe das estruturas e evitando sobrecarga no complexo ligamentar (cruzados e colaterais).

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Como função mais importante, o menisco é o responsável por absorver todo o impacto que é exercido sobre o joelho, desde a simplicidade de sustentar o peso do corpo em uma caminhada a mais complexa e pesada atividade de esforço proveniente da prática de esportes, como saltos e quedas.

A última função do menisco é nutrir e lubrificar a articulação pela produção do líquido sinovial. Ele é o responsável pela popular frase “tirar água do joelho”, pois quando, por algum problema, há um excesso deste líquido, ele deve ser retirado com uma agulha.

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Como se lesiona?

Geralmente, as lesões ocorrem na prática de esportes e é decorrer de um movimento de rotação do corpo sobre o joelho, estando o indivíduo com a articulação do joelho “dobrada” ou semi-agachado. A instabilidade na articulação é um fator de grande importância para a prevalência de contusões. Tal condição instável pode ser predisposta por fraqueza da musculatura.

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As lesões podem ter até três graus diferentes. A de grau 1 é a mais parcial e tem previsão de retorno do atleta em período de um a dois meses. Na de grau 2, a volta pode acontecer em aproximadamente quatro meses. Já a lesão de grau 3 varia de seis a oito meses, dependendo muito do que mais for lesionado – porque, geralmente, esse problema vem acompanhado de mais algum problema (uma ruptura no ligamento anterior cruzado, por exemplo).

Como confirmar a lesão?

É comum que o paciente escuta um estalo na hora da ruptura. Sente uma dor imediata e até mesmo percebe um bloqueio na articulação. No consultório, o médico fará testes específicos para confirmar o diagnóstico – como o de McMurray e Apley –, além de exames de raio-X e ressonância magnética, que são importantes por poder acusar lesões associadas e também para começar a guiar o tratamento.

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A cirurgia

Com os avanços da tecnologia, as cirurgias atuais têm a ajuda de uma microcâmera de alta definição inserida no joelho por cortes minúsculos. Ela auxilia o procedimento, diminuindo danos da intervenção e desconfortos pós-operatórios. No processo cirúrgico, um pequeno corte é feio na parte lateral do joelho, que é por onde o artroscópio entrará acoplado a uma pequena câmera com conexão a um aparelho de televisão e vai possibilitar ao médico observar cautelosamente a situação. No outro lado, um pequeno corte é feito para a entrada das ferramentas cirúrgicas que forem utilizadas no processo.

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Como opções, existem três possibilidades a serem escolhidas pelo médico e paciente: a retirada do menisco, o reparo ou até o transplante (que é mais raro). Normalmente, a decisão do paciente acontece em função do tempo de reabilitação: a extração varia de dois a três meses, enquanto o reparo exige de três a seis meses.

A grande desvantagem em optar pela retirada é que, sem os meniscos, os impactos do joelho vão diretamente para as cartilagens que revestem os ossos e levam a um desgaste da articulação (artrose), que acaba limitando os movimentos.   

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A recuperação

No geral, o processo de reabilitação tem como objetivo principal melhorar os níveis funcionais e diminuir as restrições das suas atividades no dia-a-dia – como caminhar, subir e descer escadas, agachar. Com a normalidade do corpo e, principalmente, do joelho nestes fatores, o treino visando a prática esportiva é iniciado.

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Durante a reabilitação, a parte inicial é o processo de combater a dor e inchaço na articulação e, para isso, o gelo e os recursos de eletroterapia (como ultrassom e laser terapêutico) são os escolhidos. Serão estimulados os exercícios para ganho da mobilidade do joelho, além de todo um trabalho de fortalecimento.

Um dos pré-requisitos para a liberação do atleta é passar nos treinos de propriocepção (coordenação e equilíbrio), onde iniciará os saltos em cama elástica, utilização do balanço e trabalho com bolas.

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Volta ao esporte

Existe um bom índice de sucesso na cirurgia de menisco e trata-se, teoricamente, de um procedimento “tranquilo” pensando no retorno do atleta apresentando rendimento semelhante ao pré-lesão. A volta depende muito do grau da lesão e de qual foi a abordagem escolhida para o tratamento, mas, para lesões mais complexas (grau 2 e 3), temos prazo médio aproximado de seis meses.

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Derrick Rose

Para começar a falar sobre um jogador que vem passando por tudo que o armador passou nos últimos 20 meses, eu devo fazer minha mea culpa aqui e pedir desculpas para os fãs do Bulls e Rose, já que, segundo muitos deles, eu fui o responsável por essa nova lesão ao ter previsto isso no mesmo dia em que ele se machucou.

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Relembremos que defendi o astro na abordagem da primeira lesão. Achei que teve muita coragem em adiar o retorno e pensar em preparar-se bem física e mentalmente para enfrentar novamente a NBA. Ele agiu corretamente ao tentar se proteger e ficar mais confiante, mas e agora? Como ficará Rose, seja física ou mentalmente, depois de mais uma séria lesão?

Eu não posso saber o que se passa dentro da cabeça dele e, por esse motivo, prefiro não especular como será sua vida de agora em diante, passando por mais uma duríssima recuperação. Sabemos que não é fácil para qualquer pessoa ficar impossibilitada de fazer o que gosta e/ou se é bom. Acredito que, neste momento, Rose esteja devastado – seja pela dor, incerteza, insegurança ou por tudo mais que envolva o que vive.

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Sobre o futuro, muitos questionamentos e discursos de certeza de que a carreira do armador está acabada já foram vistos. Não concordo com isso e não acredito que será assim. Não é o fim do mundo ter duas lesões, tantos outros jogadores tiveram, inclusive mais graves. Já vimos milagres como o caso Shaun Livingston aqui mesmo, no Visita ao DM.

A verdade é que eu acredito que Rose ainda possa jogar em alto nível, desde que repense seu jogo e consiga equilibrar mais sua agressividade em quadra. Antigamente, ele era agressivo. Quando voltar, se continuar agressivo, ele também será agressivo ao próprio corpo com tudo o que passou nos últimos dois anos. O astro do Bulls deve ter consciência de que ele ainda pode render em alto nível desde que se permita isso, adaptando o “novo” Rose ao basquete de hoje.

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A dúvida que me resta é se ele realmente ou mesmo quer fazer isso. Mais do que nunca, Rose precisa despertar em si mesmo o “armador” de basquete, tentando ajudar seus companheiros em quadra e não pensar que eles estão ali para ajudá-lo. Precisa armar, passar, se poupar e, principalmente, desenvolver a leitura de jogo para identificar os momentos certos de atacar, ser agressivo. Ele ainda pode ser um grande sucesso na NBA. Só depende dele mesmo.

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