Times históricos do NBB – São José (2011-2012)

Jumper Brasil relembra o grande time de São José e uma entrevista com o icônico pivô Murilo Becker

Fonte: Jumper Brasil relembra o grande time de São José e uma entrevista com o icônico pivô Murilo Becker

Depois de relembrar, há duas semanas, a ‘Época de Ouro’ do Brasília, o Jumper Brasil irá apresentar, nesta segunda edição da série sobre times históricos do Novo Basquete Brasil (NBB), o período de glória do São José, que rendeu um título estadual e um vice-campeonato nacional ao time paulista. Junto ao texto, há uma entrevista com o pivô Murilo Becker, ídolo máximo do clube e da cidade.

O São José, uma das equipes mais tradicionais do país, viveu seus anos dourados na década de 1980. Porém, após o sucesso no final do século XX, os joseenses se ausentaram de grandes competições e só regressaram à elite nacional em 2006. Em 2009, ao conquistar o Campeonato Paulista daquele ano, a águia voltou a escrever seu nome na história do basquete brasileiro. Mas hoje falaremos de tempos posteriores, mais precisamente entre 2011 e 2012.

Contratado em 2010 junto ao Minas Tênis Clube, Murilo Becker comentou sobre sua ida para São José O pivô Murilo, que chegou à águia em 2010, após dois ótimos anos atuando pelo time mineiro, comentou sobre sua ida para o clube paulista “Fiz excelentes temporadas no Minas e dei um salto enorme na minha vida. Logo em seguida fui para São José, motivado por Fulvio, Rafa Mineiro e Renato. Sempre soube que iríamos nos dar muito bem juntos e foi o que aconteceu. Todos os anos que joguei ao lado do Fulvio, por exemplo, foram os melhores da minha carreira. Foi, sem dúvidas, uma escolha certeira que só me fez crescer ainda mais.”

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A temporada 2010/11 foi o marco inicial do animador projeto joseense. O insucesso da equipe, eliminada nas quartas de final do Campeonato Paulista e, essencialmente, do NBB, ocasionou em mudanças para a época subsequente, que viria ser a melhor e mais lembrada da história do São José. Murilo lamentou seu ano de estréia, mas afirmou que tudo serviu de aprendizado “Essa temporada definitivamente não foi boa. As coisas não estavam encaixando e sofremos com muitas lesões. Foi decepcionante. Nós sonhamos com uma excelente temporada e as coisas não funcionaram. Tivemos uma sequência grande de derrotas nessa época. Mas aprendemos com os erros.”

Auxiliado por Paulo César Jaú, atual treinador da equipe, Régis Marrelli comandou, na temporada 2011/12, um São José repleto de estrelas e com amplo favoritismo no cenário nacional. Nomes como Jefferson William, Fulvio, Jimmy, Andre Laws, Alvaro Calvo, Dedé Stefanelli e, principalmente, Murilo Becker, formavam, junto a alguns jovens, o célebre elenco da equipe joseense. O panorama, agora diferente, era de esperança. O primeiro teste do plantel aconteceu no Campeonato Paulista de 2011 e o resultado foi amplamente favorável. O desempenho da águia no torneio estadual, finalizando a competição com um vice-campeonato para o Pinheiros de Figueroa, Shamell, Marquinhos, Olivinha e outros, agradou os amantes de basquete de São José e aumentou ainda mais as expectativas para o NBB.

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“Nossa expectativa era conquistar o título estadual, pois sabíamos de nossa qualidade. Infelizmente ficamos com o vice-campeonato. Porém, não abaixamos a cabeça. Nada nos desanimou e continuamos em busca de uma temporada firme no NBB”, disse Murilo.

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Não havia tempo para comemorar a derrota na grande final do Campeonato Paulista. Após o vice-estadual, aquele renomado São José visava com foco total o torneio que seria, com certeza, o maior desafio do clube no século XXI. Afinal, os joseenses nunca obtiveram um favoritismo tão explícito quanto na edição número quatro do NBB. A realidade, inicialmente, superava quaisquer expectativa. Os comandados de Régis Marrelli protagonizaram uma fase regular extraordinária. A campanha de 23 vitórias em 28 jogos garantiu uma primeira colocação com total superioridade. Além do recorde, a águia acumulou uma sequência magnífica de 15 triunfos consecutivos, maior marca do time na história do torneio.

Desta vez, nos playoffs, o São José seguiu fazendo história no NBB. O primeiro lugar na fase regular garantiu à equipe uma vaga direta nas quartas de final da competição. O adversário daquela ocasião? Franca Basquete, o mesmo responsável pela precoce eliminação joseense na temporada 2010/11. Todavia, o histórico desfavorável não foi o suficiente para evitar uma vingança no melhor estilo. Os joseenses devolveram o 3-0 e eliminaram, com uma certa tranquilidade, a equipe francana, garantindo, assim, uma inédita vaga nas semifinais do NBB.

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O embate nas semifinais seria, curiosamente, diante de um adversário também conhecido: O Flamengo, que havia vencido, por 3-0, a série contra o São José nas quartas de final da temporada 2009/10. Embalado, o time paulista não amedrontou-se perante aos gigantes cariocas e protagonizaram mais um triunfo. A classificação, contudo, não foi fácil. A águia de São José dos Campos se garantiu na grande final após vencer três dos cinco árduos confrontos frente ao rubro-negro.

Independente do resultado da final, o nome do São José, naquela altura, já encontrava-se marcado na história do basquete nacional. O elenco e os torcedores queriam, claro, comemorar um título. Mas a inédita campanha na temporada e os tabus quebrados nas eliminações de Franca e Flamengo, duas das maiores equipes do país, já validava todo o planejamento do clube.

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De certo, o sonho de uma cidade de quinhentos mil habitantes estava mais vivo do que nunca. No entanto, o cenário não era tão simples. A grande final, disputada em jogo único, seria diante do, na época, bicampeão nacional Brasília. Um desafio difícil, mas nada impossível para uma equipe que vinha de vitórias sobre Franca e Flamengo. A partida, apesar de realizada em São Paulo, não ocorreu na casa do São José, o Linneu de Moura. Mogi das Cruzes, palco da decisão, recebeu mais de quatro mil torcedores. O resultado? Brasília conquistou o tricampeonato após um triunfo pelo placar de 78 a 62. Mesmo com o revés, o sentimento joseense era de alegria e dever cumprido.

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Murilo Becker relembrou os momentos decisivos desta temporada “Fizemos um excelente campeonato. Nossa campanha foi ótima. E o resultado da final não foi frustante. Perdemos para uma grande equipe, que estava bem mais acostumada a jogar finais. Além disso, jogamos em uma cidade que não era nossa casa e Brasília, ainda por cima, descansou e se hospedou melhor do que nós. No Linneu de Moura, em São José, poderia ter sido diferente. Não achei justo o título ser decidido em jogo único. Mas era a regra e não tínhamos o que fazer.”

Pelo São José, o título do NBB não veio. Mas Murilo Becker fez, na temporada 2011/12, o melhor ano de sua carreira. O pivô teve incríveis médias de 20.6 pontos, 9.9 rebotes e 26 de eficiência e colecionou diversas conquistas individuais. Ídolo da cidade e do clube, o jogador de 2.08m garantiu os prêmios de Cestinha, Reboteiro, Melhor Pivô (Seleção do Campeonato) e MVP da edição. “Individualmente foi a melhor temporada da minha carreira. Saí da festa do NBB com quatro troféus. Sempre treinei muito e a cada temporada tive um excelente passador (Fulvio). Era para acontecer e o time me ajudou bastante. Mas é claro que eu trocaria tudo pelo título.”, afirmou Murilo.

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Murilo recebe os prêmios do basquete da NBB (Foto: João Gabriel / Globoesporte.com)

A temporada seguinte, que viria a ser a última de Murilo no São José, começou de uma maneira diferente. Ainda em 2012, os paulistas venceram o Pinheiros, em uma série disputada e decidida apenas em cinco jogos, e conquistaram o tetracampeonato estadual. O pivô falou sobre a importância de seu primeiro título vestindo as cores da águia “Todos lembram muito mais da campanha no NBB 4 e não do título paulista em 2012. Claro, foi importante. Porém, a temporada 2011/12 foi sensacional e só nós sabemos o quanto lutamos para chegar até a final. O que fizemos pelo basquete de São José vale como título. Eu ando nas ruas de São José e as pessoas sempre perguntam: “e aquela temporada?”.

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O destaque do São José no cenário nacional era devidamente notório e, por isso, a equipe almejava evidência além do país. Entre 2012 e 2013, a equipe disputou duas edições de Liga Sul-americana e uma de Liga das Américas (atual Basketball Champions League Américas). Os joseenses caíram na primeira fase em duas ocasiões. “O melhor resultado veio na LSA de 2013, ano em que atingiram uma semifinal de torneio. “Fizemos excelentes jogos contra grandes equipes. Mas infelizmente perdemos partidas importantes em momentos cruciais. Tínhamos condições de vencer, não foi fácil enfrentar equipes de calibre e com um investimento muito maior que o nosso. Almejávamos chegar longe, pois todos sabiam do potencial da equipe”, ressaltou Murilo ao ser perguntado sobre as campanhas internacionais.

“Sai! Sai da frente! Sai que o Murilo é chapa quente!”. Os cantos da torcida de São José só mostravam o quão saudável era a relação do pivô com a cidade paulista. E esse companheirismo foi se intensificando com o passar do anos. “Tenho uma relação extremamente boa com São José dos Campos. Muitos dos meus amigos são de lá. Moro na cidade do lado, mas estou quase todos os dias em São José. Me dou super bem com todo mundo, adoro viver e passar o dia na cidade. Tenho muita gratidão por tudo que aconteceu. E se for pra acontecer de retornar, vai acontecer”, completa Murilo Becker.

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Após o fim da temporada 2012/13, Murilo Becker despediu-se do São José e acertou com o Bauru Basket. Chegava ao fim uma história vencedora e de amor reciproco entre o pivô e a cidade que respira basquete. “Foi triste. Mas sou profissional e tive que ver o que era melhor para mim. Era a opção mais correta e favorável na época. Tenho família e filhos, não poderia perder a oportunidade. Foi triste pelo o que vivi em São José. Porém, os frutos que colhi depois foram excelentes, fui campeão de vários torneios por excelentes equipes”, finalizou Murilo sobre sua saída.

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O pivô fez um panorama completo de sua passagem por São José. “Foram ótimas temporadas. Me mantive na seleção brasileira, joguei com os jogadores que queria jogar na época e colecionei alegrias. Passei o meu melhor ano no São José. Fui o MVP do NBB e melhor jogador do Campeonato Paulista. Passei momentos sensacionais e defino isso tudo como gratidão. Minhas melhores lembranças são os títulos, claro. As lembranças internas, que eu, lógico, não posso contar por serem pessoais, eram ótimas. Nós tínhamos diversas brincadeiras pré-jogo. Todos dançavam e os titulares cantavam uma musica. Isso mostrava ainda mais o quanto nos divertíamos dentro e fora das quadras. Foi muito especial.”

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