Timberwolves: agradável e competitivo?

Ricardo Stabolito Jr. analisa o início de temporada do Minnesota Timberwolves e as perspectivas competitivas do time no restante do ano

Fonte: Ricardo Stabolito Jr. analisa o início de temporada do Minnesota Timberwolves e as perspectivas competitivas do time no restante do ano

O Minnesota Timberwolves é uma das sensações deste início de temporada não apenas por sua campanha. Na verdade, se fosse somente por seu recorde, é provável que não estivesse atraindo tanta atenção: com sete vitórias em 12 jogos, o time está na oitava posição do Oeste neste momento. Ou seja, estaria nos playoffs com a última vaga da conferência – um grande feito visto o nível da competição, mas nada sensacional ou incompatível com a qualidade do elenco. Ninguém pode compará-los com 76ers ou Suns, por exemplo. O que realmente faz o Twolves cair no gosto de todos é a forma de jogar.

Em resumo, nós poderíamos dizer que Minnesota joga um basquete livre e envolvente. O time possui o segundo maior número de posses de bola usadas por jogo (102.1) e a terceira maior média de pontos da liga (107.8). É uma equipe fluída, que dita o ritmo de jogo e tem um elenco cheio de opções ofensivas. Algo que parece tão original na NBA atual porque, curiosamente, é imagem e semelhança de muitas montadas pelo veterano Rick Adelman em sua carreira.

Na contramão da “onda” de treinadores de base defensiva que tomam a liga nos últimos anos, Adelman é um técnico que sempre se notabilizou por montar elencos ofensivos com sistemas simples. Ele estimula bloqueios, trocas de marcações e movimentação constante sem a bola como forma de dinamizar e fluir o ataque, dificultando o trabalho das defesas. Seu basquete é atraente porque é ofensivo, mas também porque é simples: faz sentido e agrada jogadores e torcedores. É um basquete que acontece (de fato) dentro de quadra, que só procura uma boa chance de arremessar, contrário a estratagemas malucos que só funcionam na prancheta.

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Não existem dúvidas de que, neste cenário de constante movimentação sem a bola, o veterano treinador encontrou seu armador ideal em Ricky Rubio – capaz de “enxergar” e municiar atletas ao menor sinal de falha de defesas, fazendo uso de sua fantástica visão de quadra (melhor da liga?) e noção de passe em ponto futuro. Não por acaso, ele lidera a NBA em porcentagem de posses de bola que terminam em assistências (42.5%). Mas, com Kevin Martin e Corey Brewer nas alas – que não são passadores –, não basta apenas ter apenas um bom passador no time. Cresce a necessidade de homens de garrafão que estejam atentos aos companheiros e possam passar a bola com qualidade.

Quando digo isso, eu não estou me referindo unicamente aos passes do garrafão para o perímetro. Até algo que soava mais como uma curiosidade do que recurso, como a “ligação direta” defesa-ataque que Kevin Love faz tão bem, torna-se uma arma em potencial e ajuda a impulsionar o forte jogo em transição do Twolves de Adelman.

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Mais do que qualquer detalhe citado, porém, o sucesso ofensivo de Minnesota deve-se ao fato de que os jogadores estão conseguindo impor o ritmo acelerado que querem aos jogos, como comprova a média de posses de bola por jogo. Todos exaltam os arremessadores que o time tem, mas, na verdade, possui somente a 18ª melhor equipe da NBA em conversão de chutes de quadra (44%). O grande trunfo é que estão forçando os oponentes a correr com eles – e é muito mais difícil derrotá-los em seu próprio estilo.

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Provavelmente, o aspecto mais interessante sobre o Timberwolves reside na eficiência no lado defensivo da quadra: os comandados de Adelman são, na verdade, mais eficientes marcando do que no ataque. Avaliando os índices de pontos anotados e cedidos por 100 posses de bola, eles têm a 10ª maior marca ofensiva (103.5) e a sétima melhor defensiva (98.7). Este número “aniquila” a impressão de uma defesa ruim passada pelos 100.5 pontos sofridos por jogo – resultado muito mais do alto número de posses do que pela qualidade de atuação.

A eficiência defensiva do Twolves não é impulsionada pelo aproveitamento nos arremessos de quadra que impõe ao adversário – na verdade, os 45.2% que cedem são um índice nada mais do que mediano –, mas por questões menos lembradas. O time sobe no ranking, por exemplo, ao ser o quinto que mais força erros de ataque (17.4) e o segundo que menos permite lances livres (18.1). Ou seja, diminuindo a eficiência por posses de bola e “cortando” pontos fáceis da conta.

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A verdade é que o quinteto titular possui alguns bons defensores individuais (Rubio, Brewer, Pekovic), mas, como coletivo, o Timberwolves ainda não parece se encaixar nos jogos que assisti da equipe. É perceptível que não é tão complicado criar bons arremessos, quebrar a defesa, contra Minnesota. Ter atletas como Martin e Brewer juntos, que são descuidados na marcação fora da bola, contribui para que tudo não se arredonde. O problema mais claro é, provavelmente, a falta de um pivô que proteja a cesta (como Hibbert, Noah, Sanders), o que fica bastante evidenciado nos 3.4 bloqueios por jogo do time – segunda pior marca da liga.

Por isso, a defesa continua a ser a barreira que mantém o Timberwolves longe de alçar voos competitivos ainda mais altos. O problema não é exatamente marcar, que fique bem claro. O problema é que a equipe de Minneapolis vence jogos no ataque, mas não na defesa. Eles dependem do ataque funcionando para serem competitivos e ainda não venceram nenhuma partida na temporada em que marcaram menos de 100 pontos, por exemplo. Neste momento, isso é minimizado pela imposição do ritmo de jogo e suas contagens simplesmente costumam ser sempre centenárias. Mas pense em quantos jogos de playoffs terminam 95 a 90 e quantos acabam 120 a 114. Para cada três ou quatro do primeiro, há um do segundo.

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Contra os melhores times, que sabem proteger a bola e impor seu estilo, o Timberwolves precisará dar mais um passo a frente. Precisará encontrar sua melhor formação defensiva, de Rubio convertendo arremessos para manter as marcações minimamente preocupadas e por aí vai. Mas isso é outra conversa. A se pensar mais para a frente…

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