Fonte: Noah Graham/AFPÉ fato! O que Stephen Curry tem feito nas últimas semanas (e na temporada) merece entrar na briga no prêmio de MVP da temporada 2020-21 da NBA. O problema, no entanto, é o seu próprio time, o Golden State Warriors, que ocupa apenas o nono lugar na conferência Oeste.
Antes de qualquer coisa, é importante ressaltar o que Curry faz em 2020-21. Depois de passar quase toda a temporada anterior sem atuar, quando quebrou a mão esquerda, o astro voltou com tudo para a atual campanha, sempre colocando o Warriors em posição de lutar por playoffs. Mas a ausência de Klay Thompson, fora por mais um ano, deixou o time enfraquecido e nada tem daquela dinastia que fez a equipe disputar cinco das últimas seis finais da liga.
Nada, até certo ponto. Tem Curry.
Nas últimas 11 partidas, o camisa 30 anotou, pelo menos, 30 pontos. Mais do que a melhor marca pessoal, a sequência dá sobrevida ao Warriors na disputa por playoffs. São sete vitórias nos últimos 12 jogos (Curry não atuou em um deles) desde o início de tais números. Ele acertou, ao menos, dez cestas de três em quatro das últimas cinco partidas. Neste período incrível, ele possui médias de 40.0 pontos, 6.1 rebotes, 4.5 assistências e um aproveitamento de 49.7% nos arremessos de longa distância (78 acertos em 157 tentativas). Um absurdo!
Montagem/TV
“Ah, mas bateu em adversários sem expressão”, poderia indicar alguém querendo combater o incombatível. Sim, mas superou times como Milwaukee Bucks, Denver Nuggets e Philadelphia 76ers.
Embora a NBA não tenha um candidato disparado ao prêmio de MVP hoje, a briga é muito boa.
Até a contusão de LeBron James, ele era o principal nome. Mas ele perdeu muitos jogos e, como consequência, o Los Angeles Lakers despencou na tabela, caindo para o quinto lugar no Oeste. Joel Embiid, com quem disputava o primeiro posto, também se machucou, ficou várias partidas de fora, mas o Philadelphia 76ers segue em primeiro no Leste. James Harden era outro que pleiteava, mas é outro que sofre com lesões. E, para ele ser o MVP, o Brooklyn Nets precisa desbancar o Sixers do topo. Não há argumento suficiente para um time com Kevin Durant, Kyrie Irving e Harden ficar em segundo e o prêmio cair no colo do ex-jogador do Houston Rockets.
Historicamente, o MVP vai para o melhor jogador do melhor time. O Utah Jazz lidera a NBA em 2020-21, Rudy Gobert e Donovan Mitchell são astros, são ótimos, mas não possuem apelo para isso. Os méritos vão para o conjunto que o técnico Quin Snyder montou, efetivo dos dois lados da quadra.
Sobraram Nikola Jokic e Giannis Antetokounmpo.
Vamos começar pelo grego.
MVP das últimas duas temporadas, Antetokounmpo possui números para seguir como o dono do prêmio, de fato. Um pouco abaixo aqui e ali em relação a 2019-20, mas dentro daquilo que se pensa sobre um candidato real. Só que o Milwaukee Bucks liderou a NBA nos últimos dois anos, algo que não acontece agora. Dificilmente, seria o caso de um hipotético terceiro.
Agora, Jokic. Sim, ele atuou em todas as partidas, tem sido magnífico com o Denver Nuggets e faz o time ter um impacto muito grande quando está em quadra e faz em 2020-21, os melhores números da carreira em pontos (26.4), rebotes (11.1), assistências, (8.8), além de aproveitamentos em arremessos de três (41.9%) e lances livres (85.4%). Os números são fantásticos.
Vamos partir para um exercício de adivinhação.
Jokic lidera a NBA para obter o seu primeiro prêmio, mas o Nuggets é capaz de manter-se na quarta posição do Oeste? Porque Anthony Davis e LeBron James ainda vão fazer nove jogos juntos pelo Lakers e existe a chance de o time superar o Nuggets.
Porque, sinceramente, dar a ele o MVP com o quinto lugar é ainda pior do que quando deram para Russell Westbrook com a narrativa de ter sido o primeiro jogador a ter média de triplo-duplo, mas o Oklahoma City Thunder foi apenas o sexto no Oeste e, na sequência, foi eliminado em cinco jogos para o Houston Rockets, então de James Harden, o segundo naquela votação.
Primeiro, com o Nuggets fora do mando de quadra, qual o sentido de Jokic ser MVP? Depois, ele não tem média de triplo-duplo. Mas, de novo, quem pode ser?
Luka Doncic faz números para estar na discussão, mas o Dallas Mavericks não o ajuda. É quase o mesmo caso de Curry, com a diferença que Doncic anda com medo, ainda que disfarçado, de perder a vaga nos playoffs para um time da repescagem.
Tal indefinição começa a passar por vários nomes até chegar em Curry.
Quando é que a NBA vai dar o MVP para um jogador que não disputará os playoffs? É uma pergunta retórica. Não vai. Quando saem as votações para o prêmio aqui no Jumper Brasil, eu jamais voto em atleta de time fora dos mata-matas. Não tem sentido algum, por mais que ele faça milagres. A equipe precisa lutar por algo.
Claro que o que Curry vem fazendo é algo tão assombroso quanto em seu segundo MVP. Seus números não mentem: 31.4 pontos (novo líder e melhor marca pessoal), 5.9 assistências, 5.5 rebotes (melhor marca da carreira), 49.1% de aproveito nos arremessos de quadra, 43.1% em três pontos e 92.2% em lances livres, aproximando-se do 50-40-90, algo obtido em 2015-16.
Sonhar, no entanto, não paga nada.
O Warriors possui mais 14 jogos a serem disputados até o fim da fase regular. Se o time conseguir manter o ritmo neste período, contando com derrotas de seus principais oponentes (Portland Trail Blazers, Dallas Mavericks e, principalmente, Denver Nuggets), podemos conseguir um caso aqui.
Lembrando, mais uma vez, que se o Lakers embalar e ultrapassar o Nuggets na reta final, o time do Colorado cai para um quinto lugar. Com o Warriors embalado, um hipotético, mas difícil sexto lugar, dá para pensar muito bem em dar a Curry o seu terceiro MVP. Ora, se o Nuggets é o quinto, já está fora da zona de mando de quadra, por que não dar a Curry com o sexto no Oeste? Westbrook já o obteve antes. Já existe precedente. Então, por que não?
