Todo esporte é formado por algumas coisas básicas: atleta(s), um ginásio (estádio ou pista), arbitragem, torcida e alguém para escrever, comentar, fotografar e filmar. Sem esses elementos, dificilmente você consegue fazer com que este seja difundido. Mas um dos elos mais legais e leais que existem é entre o ídolo e o fã. Quando é criada aquela identidade, são raros os argumentos contra que vão valer para quem gosta de um atleta, seja lá em qual nível for. E a NBA é sensacional. Não só pelo basquete em si mas por todo o envolvimento que faz com os torcedores e a mídia.
Eu já escrevi e falei diversas vezes sobre os meus ídolos. Eu era tão fã de Dennis Rodman que minhas camisas no basquete eram 10 ou 91. Normal, né? Também pintei o cabelo igual a uma das vezes em que ele jogou. Eu sei, está ficando estranho. Mas e fazer uma tatuagem exatamente igual e no mesmo local? Pois é. Eu cheguei a esse ponto. Sempre quis conhecer o cara, pois me espelhei em sua forma de jogar durante anos. Sim, eu sei que ele não é um grande exemplo e que já fez um monte de besteiras. Eu também. E daí? Agora, e quando o seu ídolo não tem uma mancha sequer na reputação e é muito querido até por seus adversários? Aí é que está o ponto sobre o texto de hoje.
Para quem não sabe, eu passo horas e horas dos meus dias trabalhando em uma loja da CVC, aqui em Uberaba. E é um trabalho gratificante, além do óbvio, porque ali eu tenho a chance de conhecer pessoas incríveis todos os dias. Em dezembro, eu conheci o Lucas Prata Santos. Um garoto de 17 anos, que sonhava em conhecer ninguém menos que Dirk Nowitzki. O Lucas queria viajar para Dallas para realizar esse sonho. Até aí, tudo bem. Só que ele veio parar no lugar certo e na hora certa. Ele foi com a sua irmã procurando passagens para o Texas em janeiro. Perguntei o motivo e, na hora, comecei a rir. Não de deboche, mas porque ali eu tinha a chance de fazer algo por ele.
O Lucas teve um azar danado no ano passado. Ele estava em Los Angeles e sabia que o Dallas Mavericks jogaria contra o Los Angeles Lakers. Nowitzki não havia perdido um jogo sequer naquelas semanas. Lucas se vestiu da cabeça aos pés de Nowitzki. Camisa 41, short do Mavs e tudo mais. Dirk não jogou aquela partida. Pior, sequer foi até Los Angeles. O Lucas conseguiu conversar com o pivô Dwight Powell, mas é óbvio que o sonho dele não estava completo. Ele queria ver Nowitzki.
Não é por nada não, mas quando a pessoa é humilde, sempre ganha ponto comigo. Nem sou ninguém para determinar nada. Porém, o moleque foi assim desde quando sentou-se para conversar comigo. Na hora eu pensei em ajudar. Mas como? Eu tenho alguns contatos, como qualquer um que trabalha com NBA. Poucos, mas tenho. Naquele dia eu resolvi usar todas as cartas que tinha. Liguei para assessor de jogador, troquei e-mail com pessoas que trabalham dentro do Mavericks, porém a resposta era basicamente a mesma: “Vai ser difícil. Imagine quantos pedidos desse tipo temos todos os dias”.
Eu imagino mesmo, só que eu não parei de tentar.
Ele viajou. Me avisou desde o momento em que estava saindo para Dallas até o dia do jogo. Eu não tinha uma resposta. De repente, o Ryan me avisou por e-mail que tinha um pedido de alguém (do Samy Vaisman, da MPC Rio Comunicação) daqui do Brasil para que o Lucas conhecesse Nowitzki. Era o dia do jogo. O pai dele, Cristiano, estava ao seu lado e queria realizar aquele sonho. Não mediu esforços em momento algum. Eu não falei nada. Não queria estragar a surpresa. Vai que chega lá e acontece alguma zebra e não dá certo.
Mas deu.
O dia 24 de janeiro vai ficar marcado para sempre na vida dele. Lucas não só conheceu Nowitzki, mas entrou em quadra e foi nomeado capitão honorário. Tirou fotos, conversou, arremessou e participou da entrada do Mavs.
Sensacional, né? O garoto fez um cara, quase quarentão, vibrar de felicidade. Foi como se eu estivesse lá, conhecendo Rodman.
E olha só. Ele sabe arremessar!
Ao Lucas, muito obrigado por ter realizado seu sonho. De verdade, quem agradece aqui sou eu. De ter visto sua felicidade, de compartilhar essa emoção. Obrigado ainda pelos presentes que recebi na loja. Foi demais. Mas lembre-se sempre: seu pai foi o grande responsável por isso.
Por mais Dirk no mundo. Por mais garotos como o Lucas no mundo.