Brooklyn Nets (21-61)
Temporada regular: 14º lugar da conferência Leste
Playoffs: não se classificou
MVP da campanha: Brook Lopez (20.6 pontos, 7.8 rebotes, 2.0 assistências, 1.7 tocos)
Pontos positivos
– Se há um ponto positivo na temporada regular do Brooklyn Nets é Brook Lopez. O pivô teve uma de suas poucas campanhas totalmente saudáveis da carreira e, mais do que isso, exibiu ótimo basquete. Foi um dos mais eficientes atletas operando no post up da liga e ficou entre os 20 maiores cestinhas do ano atuando em 73 dos 82 jogos (20.6 pontos em média).
– Para um time que passou a maior parte da temporada atuando sem um armador experiente, as estatísticas de assistências do Nets são bastante satisfatórias. Eles ficaram, por exemplo, na metade de cima da tabela em como taxa de assistências (17.1%) e porcentagem de passes que se tornaram assistências (7.6%) jogando com caras como Shane Larkin e Markel Brown na armação.
– O Nets foi um dos times que mais arremessaram para três pontos na temporada passada, mas teve um rendimento interessante no quesito – especialmente, para um elenco sem muitos chutadores. Seus 35.2% de conversão nos tiros de longa distância foram o 13º melhor índice da última campanha.
– Bem, a temporada terminou. Isso não deixa de ser um ponto positivo, né? Desde o começo do ano, todos tinham consciência de que a campanha 2015-16 seria um longo calvário para o Nets antes de ter condições de reestruturar o elenco. O time sobreviveu, no fim das contas.
Pontos negativos
– Convenhamos: a campanha do Nets foi o perfeito do reflexo do seu elenco e atual situação como franquia. Vinte e uma vitórias é até um resultado mais “bondoso” do que esse grupo de jogadores passivo, desmotivado e sem talento em uma franquia totalmente mal gerida parecia poder fazer.
– O Nets esteve entre os três times da última temporada (com Los Angeles Lakers e Phoenix Suns) a terminar entre os cincos piores da liga em eficiência defensiva e ofensiva. Foi uma equipe que não passou nem no teste visual – foi sofrível de se assistir –, muito menos em termos estatísticos.
– Plantéis muito ruins costumam, ao menos, servir como laboratório para encontrar atletas úteis “voando fora do radar” da liga. Mas nem isso o Nets conseguiu fazer. Dos pouquíssimos talentos não lapidados que encontraram, nenhum permanecerá no time para a próxima temporada – como, por exemplo, o ala-pivô Willie Reed.
– É difícil pedir algo de interessante do trabalho à beira da quadra com um elenco tão raso, desmotivado e pouco versátil, mas o fato é que os trabalho de técnicos – entre o experiente Lionel Hollins e o “calouro” Tony Brown – do Nets foi realmente muito pobre e nada acrescentou ao cenário geral.
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Análise
Dizer que o Nets foi um coadjuvante na última temporada seria uma análise muito bondosa. A verdade é que o time foi um verdadeiro figurante. Era difícil encontrar alguma motivação para acompanhar uma de suas partidas ou mesmo para buscar dados e realizar qualquer tipo de análise. Todos já sabiam que o elenco era fraco, sem atrativos e a campanha estava fadada ao fracasso. Aparentemente, ninguém se deu sequer ao trabalho de assistir ao desastre acontecer.
O Nets começou a temporada sem um real armador titular (Jarrett Jack sempre foi um bom reserva), com sete derrotas consecutivas e um claro motim nos bastidores se criou contra o técnico Lionel Hollins, que acabaria demitido. A situação piorou após um dos poucos destaques do elenco, o calouro Rondae Hollis-Jefferson, lesionar o tornozelo e ser declarado desfalque pelo resto da campanha. O clima já era de fim de festa, mas estávamos apenas em dezembro.
“Quando isso acabar, alguém me ligue e diga que não estou mais preso aqui que eu empacoto minhas coisas e vou para casa”, disse Hollins, em uma entrevista coletiva pós-jogo ainda na sexta semana da temporada. Essa era a situação. Um dos pontos fortes da campanha anterior e da gestão do técnico, a parceria entre Brook Lopez e Thaddeus Young já não trazia mais resultados dinamizando o ataque ou dominando os adversários nos rebotes. Tudo desmoronou.
A ruptura dos ligamentos do joelho de Jack, em janeiro, foi só o fundo do poço para a equipe nova-iorquina: já atolada nas últimas posições do Leste, viu-se obrigada a escalar caras como Shane Larkin, Markel Brown, Donald Sloan e Sean Kilpatrick na posição pelo resto do ano. Foram longos três meses de calvário, atenuadas vez ou outra por grandes atuações pontuais de Lopez e Bojan Bogdanovic – jogando bem, mas envolto por rumores de troca.
Nesses três meses, o Nets contratou um novo gerente-geral no ex-pivô Sean Marks – um jogador depressivamente ruim, mas que esboça bons movimentos dentro das possibilidades do time “limpando a casa” dos enganos de Billy King. A efetivação de Tony Brown injetou um pouco mais de vontade ao time na segunda metade do ano: o motim acabou, as derrotas foram menos revoltantes e as formações equivocadas tentadas por Hollins foram extirpadas, dando espaço a jogadores mais jovens.
Mas, sejamos sinceros, quem realmente se importou? Tudo que o torcedor do Nets queria é que o ano simplesmente acabasse.
Futuro
Executivo jovem e visto como uma figura inteligente nos bastidores da liga, Sean Marks possui o evidente objetivo de buscar soluções arrojadas para levantar uma franquia no fundo do poço – sem ativos, escolhas de draft ou imagem sadia entre os jogadores da liga. Ele fez o que pode no início do processo. Ou seja, ainda bem pouco para trazer uma melhora significativa ao time em curto prazo.
Fazer o que pode significa que o novo GM foi atrás de algumas opções periféricas no mercado: fez ofertas altas por atletas que podia convencer a atuar em uma situação menos promissora (Jeremy Lin, Trevor Booker, Kenny Atkinson como treinador), apostas em talentos que pode recuperar (Anthony Bennett, Greivis Vasquez, Caris LeVert via draft) e procurou valores no basquete internacional (Justin Hamilton). Não era o desejável, mas o que foi possível por enquanto.
O Nets não projeta ser uma equipe substancialmente melhor do que na temporada passada, mas, pelo menos, você vê algo se formando: é um grupo de jogadores majoritariamente jovem, que tem muito a provar, comandados por um técnico com experiência tanto na NBA, quanto no basquete internacional. É um recomeço com cara de recomeço, sem queimar etapas e com o magnata russo Mikhail Prokhorov sabendo que dinheiro não compra títulos instantâneos.
O caminho não parece ser curto para o Nets, mas, pela primeira vez em muito tempo, o time parece estar dando um passo firme no caminho certo – e não viver de uma ilusão de grandeza representada pelo seu suntuoso Barclay’s Center.