Toronto Raptors (49-33)
Playoffs: Eliminado pelo Washington Wizards na primeira rodada da conferência Leste.
MVP do time na campanha: Kyle Lowry (17.8 pontos, 5.7 rebotes, 6.8 assistências e 1.6 roubos de bola)
Pontos positivos
– O Raptors conseguiu mando de quadra no Leste pelo segundo ano consecutivo graças ao seu potente ataque: seus 108.1 pontos anotados por 100 posses de bola foram a terceira melhor marca da liga, atrás apenas de Warriors e Clippers.
– A equipe canadense teve o banco como um de seus grandes trunfos na campanha, com três atletas provando serem capazes de mudar uma partida saindo da reserva: Patrick Patterson, Greivis Vasquez e o sexto jogador do ano, Lou Williams.
– Ataque da cesta foi um dos pontos em que agressividade e eficiência se encontraram no ano do Raptors: o time foi o terceiro com melhor aproveitamento em situações de drives (48.1%) e o sexto que mais pontuou em média atacando o aro (31.5).
– O ataque do time conseguiu ser tão produtivo porque, entre outros motivos, não desperdiçava a bola: seus apenas 12% de posses terminando em erros de ataque foi o quarto menor índice da última temporada.
Pontos negativos
– Dwane Casey era assistente especialista em defesa antes de assumir o Raptors, mas quem acompanhou a campanha passada nem imaginaria isso. Cedendo 104.8 pontos a cada 100 posses de bola, a equipe teve o oitavo pior índice de eficiência defensiva da liga.
– O time de Toronto simplesmente não trabalha a bola no lado ofensivo da quadra: terminou entre os dez piores da temporada passada em passes (288.1) e assistências por jogo (20.7), além de ter sido o último da NBA em oportunidades de assistência por partida (39.0) – passe que precede um arremesso, independente da cesta ou não.
– Um dos principais jovens talentos do Raptors, Terrence Ross teve um ano completamente tenebroso. Seu rendimento ofensivo despencou, enquanto o defensivo continua próximo do sofrível. Foi de uma peça importante no futuro da franquia a moeda de troca em meses.
– Após início de temporada excelente, o Raptors desmoronou com o andamento da campanha. Como explicar uma equipe que começou o ano com 22 vitórias em 28 partidas ser varrido nos playoffs, com mando de quadra, por um oponente que atropelou nas últimas duas temporadas?
Análise
A temporada do Raptors parecia destinada a ser um enorme sucesso. Pelo menos, o começo devastador indicava que assim seria. A equipe canadense conquistou 13 vitórias em seus 15 primeiros jogos e liderou o Leste na maior parte dos dois meses inaugurais de campanha, se aproveitando da instabilidade dos oponentes para firmar-se na zona de mando de quadra da conferência. Era um time que mantinha o bom ritmo do fim da temporada anterior, quando esteve entre os dez melhores da liga em eficiência tanto defensiva, quanto ofensiva.
As coisas começaram a balançar em Toronto com a lesão que afastou o astro DeMar DeRozan de 20 partidas, entre dezembro e janeiro. Comandado por um inspirado Kyle Lowry (finalmente all star neste ano), o Raptors não saiu da trilha de vitórias e finalizaria o ano ainda equilibrando-se no topo do Leste, com (excelentes) 24 vitórias e oito derrotas. O que perdeu-se na ausência do ala-armador – e nunca voltou – foi a marcação do time, que desandou em todos os índices defensivos possíveis.
A substituição de DeRozan nunca aconteceu da forma adequada, com técnico Dwane Casey lançando atletas de características bem diferentes para suprir sua ausência (o menos testado, o ala James Johnson, talvez fosse o nome ideal) e expondo a equipe defensivamente. Greivis Vasquez acabou sendo o mais usado e, presumivelmente, a defesa sofreu muito – o perímetro perdeu muita altura em confrontos individuais, presença nos rebotes, a falta de proteção de aro com Jonas Valanciunas foi exposta e Lowry ficou sobrecarregado como principal referência nos dois lados da quadra.
O Raptors pontuava muito, mas não parava ninguém. E, surpreendentemente, isso não mudou com o retorno de DeRozan porque as péssimas atuações de Terrence Ross voltaram a forçar constantes mudanças no time e Lowry ficou absolutamente extenuado por seus esforços ao longo da temporada. Assim, suas partidas viraram convite para francos atiradores e qualquer um podia vencê-los no dia certo. Depois da virada do ano, o time ganhou apenas 25 de seus 50 compromissos. Era o terceiro ou quarto colocado do Leste atuando com o rendimento de um sexto ou sétimo.
Mas nada podia preparar para a decepção que foi os playoffs. O Raptors foi varrido por uma equipe que simplesmente demoliu nos dois anos anteriores (sete vitórias em oito partidas, a única derrota na prorrogação) e também vinha com campanha de 50% depois do Jogo das Estrelas: o Washington Wizards. Casey, novamente subutilizando James Johnson, nunca encontrou resposta para as formações mais baixas do adversário (algo usual hoje em dia, nada demais) e viu o desmoronamento de Toronto ser confirmado de vez. Desceu ao fundo do poço.
Futuro
O GM Masai Ujiri parece também ter entendido que o Raptors chegou ao fundo do poço nos playoffs e realizou uma mudança profunda em seu elenco, com visível foco para melhorar o time defensivamente. Ao mesmo tempo, o executivo resolveu dar um voto de confiança a Casey – apostando que seu sólido trabalho em campanhas anteriores seja um indicativo de que vai melhorar em relação ao péssimo 2014-15.
De uma vez, a franquia abriu mão de dois dos seus três principais reservas (Greivis Vasquez e Lou Williams) para trazer o calouro Delon Wright e tirar Cory Joseph do Spurs. A mudança de característica não poderia ser mais drástica, com a saída de dois pontuadores e a entrada de dois armadores altos sem o perfil de assumir a frente das ações. Não fazer sequer uma oferta para manter Williams, eleito melhor sexto jogador da temporada passada, é uma mostra de como os canadenses podem ter até exagerado na virada de direção.
A contratação de Bismack Biyombo também traz a opção de defesa e proteção de aro que o banco do Raptors nunca realmente teve, contrapondo o titular Valanciunas de forma bastante evidente. Dá a alternativa de mudar o jogo dependendo do adversário, como continuam tendo com Patrick Patterson – um dos melhores alas-pivôs arremessadores da liga. Luis Scola vem mal em tempos recentes e não é um defensor (muito pelo contrário), mas traz a presença veterana e vencedora que o elenco carece.
No entanto, a virada mais impressionante é a saída do ala-pivô Amir Johnson e a chegada do ala DeMarre Carroll. Este parece ser o resultado de um trauma vindo das eliminações dos últimos dois anos, quando a equipe sofreu com formações mais baixas e a quadra cheia de arremessadores. Com Carroll, Toronto não apenas ganha só um grande defensor: ele pode assumir a posição quatro e marcar os “Paul Pierces” da vida com sobras. É possível que Casey já comece a temporada com o novo reforço como ala-pivô e só Valanciunas dentro do garrafão, o que seria uma enorme alteração no desenho da equipe.
O Raptors gastou muito e questionavelmente para mudar o estilo de seu elenco. Algo muito necessário, mas realizado de forma drástica a julgar pelos últimos anos. Agora é esperar o resultado em quadra, que, sinceramente, é difícil de prever. O Raptors estará nos playoffs, evidente. Após duas eliminações na primeira rodada com mando de quadra, porém, sua medida de sucesso tem que ir além do que simplesmente chegar ao mata-mata.