Orlando Magic (25-57)
Playoffs: Não se classificou.
MVPs do time na campanha: Nikola Vucevic (19.3 pontos, 10.9 rebotes e 2.0 assistências) e Victor Oladipo (17.9 pontos, 4.2 rebotes, 4.1 assistências e 1.7 roubos de bola)
Pontos positivos
– Um dos aspectos em que o Magic destacou-se foram os rebotes defensivos: a taxa de 76.0% de oportunidades de rebotes defensivos aproveitados foi a oitava melhor marca na temporada passada, limitando as segundas chances e pontos fáceis ao adversário.
– Aposta da franquia no draft, Elfrid Payton teve uma campanha de estreia bastante sólida. O armador simplesmente não consegue arremessar, mas mostrou boa defesa e surpreendente segurança armando a equipe.
– Jovem e atlético, o elenco fez valer sua vitalidade e disposição sendo uma das equipes mais agressivas da temporada: terminou em quarto na liga com 31.1 drives (ataques à cesta com a bola nas mãos).
– A demissão de um profissional não deveria ser comemorada, mas Jacque Vaughn precisava sair do comando técnico do Magic. Seu trabalho nos últimos dois anos não mostrava qualquer resultado prático – na qualidade do basquete apresentado ou na tabela de classificação.
Pontos negativos
– Uma das marcas da gestão de Vaughn, o ataque do Magic foi muito estático na temporada passada. Além de negar a juventude de seus atletas atuando em um ritmo bastante lento, o time teve o quarto pior índice de eficiência ofensiva da liga (99.6 pontos marcados a cada 100 posses de bola).
– É um desafio explicar como um grupo jovem, que ataca tanto a cesta, pode ter sido a pior entre as 30 franquias da liga em lances livres cobrados por jogo (19.1).
– A defesa, dentro e fora do garrafão, mostrou grandes problemas. O Magic cedeu o segundo melhor aproveitamento da liga em arremessos de três pontos aos adversários (36.8%) e, ao mesmo tempo, o sexto maior aproveitamento aos oponentes em tentativas na área pintada (53.3%).
– O que era para ser uma temporada de evolução deixou gosto de passo para trás: a equipe venceu só dois jogos a mais do que na campanha anterior, mostrando um basquete muito semelhante e sem novidades.
Análise
Decepção. Ninguém contava com o Magic classificando-se aos playoffs nesta temporada, mas as 25 vitórias conquistadas deixaram uma sensação ruim em quem acompanha o elenco nos últimos anos e viu times como o Boston Celtics “beliscando” uma vaga entre os oito melhores da Leste sem que os comandados de Jacque Vaughn e James Borrego sequer chegassem próximos de brigar por uma vaga. Era de se esperar mais da equipe da Flórida a esta altura, diante da fragilidade da conferência. Mas a verdade é que os resultados refletiram o basquete apresentado.
Em resumo, o Magic não parecia o time jovem e atlético do papel em quadra nos dois lados da quadra. O ataque operava em um ritmo muito lento (apenas o 18º maior da liga na temporada passada), sofreu com a falta de arremessadores consistentes em seu perímetro e tinha uma dificuldade crônica de gerar pontos fáceis por sua lentidão e baixíssimos números de lances livres.
Um exemplo claríssimo da inoperância ofensiva da equipe foi a partida em que quase derrotou o Golden State Warriors, fora de casa: nos dois minutos finais, a simples decisão dos futuros campeões de darem espaço para o armador Elfrid Payton arremessar saindo do pick and roll resolveu o confronto. Com o péssimo arremesso do calouro e sem espaçamento na quadra, o ataque do Magic parou em meia de quadra. Sem cestas de transição e lances livres, a equipe estagnou no placar e sofreu a virada nos segundos derradeiros com uma cesta de três pontos de Stephen Curry.
O Magic também não foi tão agressivo quanto poderia defensivamente, além dos problemas já conhecidos em termos de proteção de aro. Em um sistema bastante tradicional e sem opções criativas nas rotações para usar os (atléticos) jogadores de perímetro na cobertura, a equipe ficava constantemente entregue dentro do garrafão quando times tiravam Nikola Vucevic da área pintada. Além disso, o time nunca mostrou uma consistência pressionando a bola e o perímetro como forma de marcar, um modo natural de tentar minimizar os problemas com proteção da cesta.
A demissão de Vaughn, em fevereiro, acabou sendo um produto natural dos resultados ruins e basquete pouquíssimo produtivo apresentado pelo time – que, na verdade, acabou o ano entre os dez piores da liga em eficiência nos dois lados da quadra, não somente ofensiva. Mas, em especial, sua saída pode ser justificada pela total falta de identidade do time no momento. Após três anos da troca de Dwight Howard, o Magic continua a ser um elenco com muito potencial, mas sem uma cara e estilo definidos. Já deveria ser – ao menos – um pouco mais do que isso, pelo material humano que dispõe.
Futuro
A próxima temporada começa um novo ciclo de empolgação em torno do Magic. É consenso que o momento de dar o passo a frente e colocar-se na disputa – mesmo que não consiga a classificação – por uma vaga nos playoffs chegou. A seleção de Mario Hezonja com a quinta seleção do draft traz – finalmente – um arremessador com relativa rodagem internacional ao perímetro de Orlando para reforçar um grupo com vários jovens de grande potencial (Tobias Harris, Aaron Gordon, Payton, Oladipo).
Ao mesmo tempo, a franquia mudou de postura nesta offseason e preferiu a contratação de presenças veteranas que suprem lacunas técnicas da equipe. Veja como C.J. Watson é um armador que traz a capacidade de criar o próprio arremesso, enquanto o ala-pivô Jason Smith espaça a quadra com regularidade saindo do banco. Os dois são referências experientes ao mesmo tempo em que ajudam quando vão para o jogo – o que, por exemplo, não acontece com contratações como Ben Gordon e Willie Green.
A maior diferença, no entanto, não deve ser vista em quadra. A chegada de Scott Skiles soa perfeita para o momento e pretensões do Magic, uma vez que trata-se de um treinador com histórico de tornar times jovens em competitivos e implantando forte mentalidade defensiva (algo interessante a um elenco com vitalidade e condição atlética). Ele tem perfil totalmente controlador e fica com prazo de validade por onde passa, mas será alguém para fazer o que Vaughn não conseguiu – ensinar esse time a criar uma identidade e vencer.
O Magic pode não estar pronto para chegar aos playoffs e a competição da conferência Leste tende a aumentar muito na próxima temporada, mas é seguro dizer que a equipe conseguirá mais do que apenas duas vitórias a mais do que na campanha anterior. É, realmente, hora de dar mais um passo a frente.