Indiana Pacers (38-44)
Playoffs: Não conseguiu classificação
MVP do time na campanha: George Hill (16.1 pontos, 4.2 rebotes, 5.1 assistências em 29.5 minutos)
Pontos positivos
– Com um elenco enfraquecido e modificado, o Pacers conseguiu continuar inesperadamente competitivo baseando-se na forte defesa e um estilo de jogo mais lento. Passa longe de ser agradável aos olhos, mas o time tem uma identidade enraizada – e isso ficou bem marcado neste ano.
– Considerado um dos pontos fracos do time em temporadas anteriores, George Hill fez ótimas 43 partidas na campanha passada. O armador retomou o estilo agressivo do início da carreira, assumiu a responsabilidade em momentos decisivos e esteve entre os principais responsáveis por manter o Pacers na briga por playoffs até o último dia da competição regular.
– Os rebotes são um ponto positivo de Indiana em tempos recentes e, mesmo com o elenco modificado, seguiu sendo na última temporada: pegando 51.2% dos rebotes que aconteceram em seus jogos, a equipe de Frank Vogel foi a sexta melhor da liga no quesito.
– A necessidade fez com que o Pacers encontrasse alguns jogadores interessantes ao longo da campanha, que podem seguir no time – com um papel menor – no futuro. O armador Donald Sloan, o ala-armador Rodney Stuckey e o ala Solomon Hill são alguns exemplos de atletas “aproveitáveis” que estavam fora do radar da NBA.
Pontos negativos
– Não se culpe por ter assistido a apenas três ou quatro jogos do Pacers na temporada: com seu estilo lento e ultradefensivo, o time passou longe de ser uma experiência divertida de acompanhar – algo reconhecido por jogadores rivais e analistas.
– Um problema crônico da equipe em anos anteriores que ficou ainda mais acentuado em 2015 é a falta de criatividade, alguém capaz de criar arremessos para outros. O único jogador com média superior a quatro assistências por jogo na campanha foi George Hill, que só participou de pouco mais da metade das partidas possíveis.
– Os números passam a impressão de que o Pacers poderia ter aproveitado mais os chutes de três pontos: os comandados de Frank Vogel converteram somente 7.5 arremessos de longa distância em media (18ª melhor marca da liga), mas seus 35.2% de conversão neste tipo de tentativa beirou o TOP 10.
– Apesar da piora sensível do elenco, nós não podemos esquecer o objetivo final. A franquia montou um time visando chegar aos playoffs e a meta não foi alcançada porque o grupo não foi capaz de superar o jovem Boston Celtics e um também enfraquecido Brooklyn Nets.
Análise
A estranha temporada do Pacers começou muito antes dos jogos começarem. Começou no fim da campanha anterior, quando o time ruiu inesperada e inexplicavelmente depois de um início de competição avassalador. Continuou na última offseason, quando o titular Lance Stephenson aceitou salário menor para sair e atuar em uma equipe pior da mesma conferência. E, então, a gravíssima fratura de Paul George em um amistoso interno da seleção norte-americana fechou série de eventos que não poderia ter sido pior para a franquia.
Precisando “tampar” buracos sem grandes alternativas no mercado, a direção de Indianápolis montou um elenco visivelmente enfraquecido com atletas nada além de medianos assumindo papéis muito maiores do que deveriam (Stuckey, Sloan, C.J. Miles). Era uma equipe formada por improviso, sem astros, recém-montada e cheia de desfalques que tinha como objetivo contrariar todas as expectativas e classificar-se. Não deu, mas conseguiu competir até o fim. Por isso, por mais estranho que possa soar, é possível ver o ano do Pacers (ainda assim) como um relativo sucesso.
O Pacers encontrou formas de ser competitivo com esse elenco esquizofrênico, carregando a tarefa ainda de driblar inúmeras lesões ao longo da campanha (os titulares não estiveram à disposição, ao mesmo tempo, por mais de 25 jogos), reforçando a identidade que o time já vinha mostrando sob o comando de Frank Vogel: foco na defesa, desacelerar o jogo e apostando em poucos erros de ataque. Um estilo pouco agradável aos olhos, mas que fez o time crescer com o andamento da temporada. A disparada rumo à briga pelos playoffs aconteceria com o retorno do armador George Hill – melhor jogador disparado de Indiana no ano – após o Jogo das Estrelas.
A vontade de estar entre os oito melhores do Leste fez com que o Pacers apressasse a volta de George e o ala estivesse em quadra em seis dos jogos finais da competição – o que pode ter sido uma temeridade, mas provou que ele está totalmente recuperado e bem fisicamente. Mas não deu para pegar uma das vagas. Não por causa de George, mas pela instabilidade da própria equipe na reta final da campanha – protagonizando sequências que redefinem “altos e baixos”. Foram nove vitórias em dez partidas depois do Jogo das Estrelas, seguidas de nove derrotas em 11 confrontos, respondidas imediatamente por seis vitórias consecutivas. Então, precisando da vitória no último jogo da temporada regular, o revés diante do Memphis Grizzlies sacramentou a eliminação. O pós-ASG do Pacers foi simplesmente insano.
É lógico que a meta final não foi alcançada, mas, diante da qualidade do elenco colocado em quadra e a maximização do talento disponível pelo técnico Frank Vogel, o trabalho foi muito bem feito. O time só não foi aos playoffs por instabilidade, o que é muito mais do que todos previam para esse elenco. O Pacers fez mais do que podia, muito com pouco, após tudo que parecia poder dar errado ter dado.
Futuro
O Pacers ainda não chega a empolgar, mas tem tudo para ser muito melhor na temporada que vem. Tudo começa pelo retorno pleno de Paul George, um all star e jogador decisivo nos dois lados da quadra quando saudável. Mas não é apenas isso. A contratação de Monta Ellis traz alguém capaz de replicar o que Stephenson oferecia ao time em anos anteriores com mais estabilidade, experiência e autocontrole. Projeta ser um grande reforço não só por qualidade, mas por encaixe também.
Mas, se o perímetro vai muito bem, o garrafão é um ponto de interrogação gigante com a saída dos dois titulares de longa data da franquia (Roy Hibbert e David West). É difícil prever mesmo quem serão os substitutos no quinteto inicial de Indiana neste momento, uma vez que diversos atletas parecem estar em condições de igualdade na briga por uma vaga – o que inclui George atuando como ala-pivô como grande possibilidade. Jordan Hill, Miles Turner, Ian Mahinmi, Lavoy Allen são todos opções para completer o garrafão do Pacers.
O mais importante, porém, é que a equipe parece realmente disposta a mudar um pouco seu estilo de jogo: tentar acelerar as ações e tornar sua ofensiva (sempre entre os dez piores em eficiência) mais fluida, dinâmica. As saídas dos veteranos Hibbert e West para a entrada de pivôs mais rápidos, que precisam menos da bola nas mãos, e formações baixas é um sinal forte neste sentido. Com George e Ellis, o elenco já tem garantia de contar com melhores passadores/criadores em relação à última temporada. Tudo conspira positivamente.
A questão é: ainda assim, por mais que soe positivo, é uma mudança de identidade. O Pacers ganhou partidas e virou um candidato ao título do Leste nos últimos anos como o time que travava as ações, diminuía o ritmo e defendia forte para depois pensar em pontuar – o que, quase sempre, revelava-se uma verdadeira tortura para Indiana. Agora, a intenção é virar essas certezas de cabeça para baixo. A adaptação é muito maior do que parece.