Brooklyn Nets (38-44)
Playoffs: Oitavo colocado do Leste, eliminado pelo Atlanta Hawks em seis jogos na primeira rodada.
MVP do time na campanha: Brook Lopez
Pontos positivos
– É verdade que a temporada passou longe de ser perfeita, mas o Nets alcançou os playoffs e venceu dois jogos contra o time de melhor campanha do Leste (Atlanta Hawks). Para um time que não tem os direitos sobre suas escolhas de draft, a classificação – mesmo que em uma posição baixa – é muito importante.
– A chegada de Thaddeus Young fez a equipe melhorar sensivelmente na segunda metade da temporada. Adquirido em troca do veterano Kevin Garnett, o ala-pivô trouxe uma necessária injeção de vitalidade e condição atlética ao Nets, que terminou a campanha vencendo 17 de suas últimas 30 partidas.
– O Nets ainda possui atletas capazes de criar o próprio arremesso, o que fica claro pelo fato de ter tido o terceiro melhor aproveitamento da NBA na última temporada em situações de isolation (41%).
– Discretamente, Brook Lopez realizou boa temporada após recuperar-se de mais uma fratura no pé. O pivô saudável é peça fundamental para os novaiorquinos porque sua capacidade de pontuação de costas para a cesta é o mais próximo de um diferencial que Brooklyn possui no momento.
Pontos negativos
– Resumindo, o Nets foi um time lento e com pouca movimentação de bola nesta temporada. A equipe teve o sétimo ritmo mais lento (95 posses de bola por jogo) e foi a terceira que menos trocou passes em média na liga (274.1).
– O time apresentou um problema crônico criando pontos fáceis: a carência de jogadores mais jovens e atléticos no elenco foi sentida em campos como pontuação em transição, rebotes ofensivos e lances livres cobrados por partida. Como resultado, o ataque sofreu em diversos momentos da campanha.
– A falta de condição atlética e vitalidade do elenco também se fizeram sentir no lado defensivo da quadra, sendo presa incrivelmente fácil para outros times em contra-ataques e terminando o ano apenas como a 24ª marcação mais eficiente da liga (105.0 pontos sofridos a cada cem posses).
– Para uma das equipes que ainda privilegiam formações mais altas e atuam com dois atletas de garrafão, o Nets decepcionou ao registrar a oitava pior taxa de rebotes coletados na NBA na temporada passada – pegou apenas 49% dos rebotes disponíveis em seus jogos.
Análise
A temporada do Nets foi, para dizer o mínimo, instável. A classificação aos playoffs com só 38 vitórias em 82 partidas é um indicativo da atual situação do Leste, mas a equipe também fez uma boa reta final de campanha regular e jogou como quem merecia uma vaga entre os oito melhores da conferência nos 30 jogos derradeiros do ano. Uma virada que começou pela pontual aquisição de Thaddeus Young.
Os comandados de Lionel Hollins ganharam 21 de suas primeiras 52 partidas na temporada, mas a sensação visual era ainda pior. O time era cronicamente lento, arrastado e sem fluidez nos dois lados da quadra, incapaz de atacar ou defender em transição para gerar ou impedir pontos fáceis. Resultado óbvio de um elenco veterano e carente de jogadores mais atléticos, repleto de atletas que retinham a posse da bola e refém de opções que já passaram de seu auge (notadamente, Kevin Garnett).
A saída de Garnett pelo ala-pivô Thaddeus Young – acompanhada pela inesperada inserção do novato Markel Brown ao quinteto titular – foi a necessária injeção de atleticismo em uma equipe que carecia de jogadores mais jovens e rápidos. Com o ala-pivô recém-contratado, a produção cresceu nos dois lados da quadra: a defesa ganhou opções para tentar marcar os oponentes mais atléticos, o espaçamento de quadra melhorou bastante e o jogo de transição apareceu em Brooklyn.
Com Young e Brown, o Nets venceu 17 dos 30 jogos derradeiros da campanha e conseguiu a recuperação necessária para chegar aos playoffs. Mais do que a inesperada classificação – já que a oitava posição do Leste não oferecia grandes perspectivas –, o basquete mostrado pelo time neste período e o encaixe das alternativas com a inclusão dos novos atletas na rotação eram motivos para se animar.
O Nets ainda fez um bom papel nos playoffs: diante de um Atlanta Hawks longe de seu melhor momento na temporada, os novaiorquinos venceram dois jogos e chegaram a igualar a série após quatro partidas – explorando o arsenal de costas para a cesta de Brook Lopez como o diferencial que precisa ser. O último ato da temporada, porém, foi melancólico: a derrota, em casa, por 111 a 87 no sexto e decisivo jogo do confronto evidenciou como a equipe está bem distante – mesmo em seu melhor momento técnico do ano – dos melhores do Leste.
Futuro
Na ânsia de tornar-se um time competitivo em curto prazo, a franquia despachou os direitos de grande parte de suas escolhas de draft para realizar o plano de cinco anos traçado por Mikhail Prokhorov. A estratégia deu (muito) errado e, agora, não há como pensar em uma renovação de elenco. Futuro não pode ser o primeiro pensamento dos dirigentes do Nets, que precisa ser competitivo sempre e não tem o recrutamento como um aliado.
As renovações com Lopez e Young foram movimentos necessários neste sentido, a qualquer custo, para assegurar a permanência do que deu certo no time neste ano. A aquisição do ala Rondae Hollis-Jefferson no draft, em troca pelo subaproveitado pivô Mason Plumlee, é mais uma adição pontual de versatilidade defensiva e condição atlética ao grupo de Hollins. Além disso, a franquia continua a fazer o que pode na busca de valores fora do radar do mercado, assinando com jovens como Wayne Ellington e Thomas Robinson.
A grande mudança pensando no futuro do Nets, porém, aconteceu com a dispensa de Deron Williams por meio da cláusula de alongamento. Não apenas trata-se do fim da decepcionante passagem do armador pelo time, mas também a primeira vez em anos que a franquia coloca-se em condições de evitar multas por exceder o teto da liga. Aos poucos, os novaiorquinos vão conseguindo limpar sua imensa folha salarial – neste caso, sem uma perda técnica tão grande.
Hollins conseguiu achar uma “pista” do que pode ser sua rotação ideal na segunda metade da última temporada, mas, com as mudanças no elenco, essa dinâmica ainda pode mudar um pouco. A saída de Deron deverá implicar em provável mais tempo do veterano Joe Johnson com a bola nas mãos, por exemplo. As saídas de Alan Anderson e Plumlee também trazem alterações à forma como o banco se configura – aparentemente, mais orientado para o uso de formações mais baixas.
Sem escolhas de draft para investir em uma reformulação, o futuro do Nets tende a continuar repetindo o passado recente: imediatismo. Hollins precisa encontrar formas de fazer o time competitivo, seja como for. Como vimos na última temporada.