Chet Holmgren, Jabari Smith e Paolo Banchero. Faltam poucos dias para que o Orlando Magic anuncie sua decisão e, enfim, saibamos que será a primeira escolha do draft da NBA. Nós vamos descobrir todos juntos, aliás, já que o Jumper Brasil trará sua já tradicional cobertura multiplataforma do recrutamento em tempo real. Mas o que faz cada um desses prospectos “singulares” nessa concorrência?
É sobre isso, acima de tudo, que vamos tratar aqui. Todos praticamente já sabem quem são esses jogadores, pois os perfis que publicamos no site e as discussões internet a fora popularizam várias informações. O que separa, no entanto, esses possíveis astros em uma análise do “grande cenário”? Como pode-se resumir os seus jogos para, então, realmente definir quem seria o seu primeiro escolhido?
Um draft raro
O draft desse ano é, acima de tudo, um dos raríssimos casos em que alcançamos as semanas finais sem pleno consenso sobre a primeira escolha. Estive envolvido na cobertura de recrutamentos nos últimos 15 anos e, nesse intervalo, digo que isso só aconteceu duas vezes. Duas vezes, aliás, com muita boa vontade. Entrar nos últimos dias com esse mistério, em síntese, é para se aproveitar.
Em 2013, um draft totalmente aberto e atípico acabou com o Cleveland Cavaliers dando um salto de fé com Anthony Bennett. Não deu certo, para dizer o mínimo. Depois, em 2020, existiam debates ainda ativos na reta final sobre quem deveria ser a primeira escolha. Todos pareciam já saber, apesar disso, que o Minnesota Timberwolves escolheria Anthony Edwards – como, de fato, aconteceu.
Vale citar que isso é uma constatação que não reflete a minha opinião. No draft de 2007, teria selecionado Kevin Durant à frente de Greg Oden por causa do histórico de lesões do pivô. Mas nunca houve dúvidas ou até discussão de que Oden seria a primeira escolha. Então, tanto faz. Gostava tanto de Jabari Parker no recrutamento de 2014! Tanto faz, pois Andrew Wiggins sempre foi o número um.
Escolha muito difícil
Holmgren, Smith e Banchero formam um cenário de escolha bastante difícil porque são muito diferentes entre si. São jogadores não só completamente diferentes, na verdade, mas cujas seleções sinalizam prioridades e visões de jogo específicas. E simbolizam, além disso, posturas distintas diante do risco (natural) representado por selecionar no topo de um draft.
Isso é especialmente curioso, pois, em uma análise geral, os três prospectos são alas-pivôs em potencial. Projetar que essa trinca de prospectos pode começar a carreira atuando na mesma posição, aliás, prova o quanto a NBA já está diversa dentro de si. A ideia de posições, em uma liga ditada pela versatilidade, está definitivamente defasada.
Então, de certa forma, a pergunta para quem estiver selecionando é: o que você valoriza em um ala-pivô (ou jogador de garrafão) hoje?
Holmgren: o caso particular
Não é raro que a primeira escolha do draft acabe sendo o jogador mais particular, único entre as alternativas disponíveis. Essa é uma tendência, aliás, quando nós temos uma “concorrência” pelo topo do recrutamento. Nesse caso, certamente, Holmgren é quem sai na frente. Estamos falando do mais completo “unicórnio”, provavelmente, já visto em um draft – um fenômeno desde sempre.
O pivô, em suma, é um jogador extremamente móvel com impacto alastrado por todas as áreas do jogo. Converteu 80% dos arremessos tentados no garrafão na NCAA e, além disso, exibe instintos mais apurados de proteção de aro da classe. Conduz e passa a bola com qualidade acima da esperada para um big. E acertou 39% dos tiros de três pontos na última temporada, em conclusão.
Do ponto de vista técnico, para resumir, é difícil encontrar falhas graves no jogo de Holmgren. Ele não é um armador no corpo de um pivô, como alguns falariam, mas meramente um jogador de garrafão técnico. E todos já sabem que o maior (talvez, único) ponto de interrogação aqui é a forma física, o corpo franzino. Um problema que precisa ser notado mesmo, mas, às vezes, observado à exaustão.
Não se nega que existe um risco iminente de lesão quando se vê um atleta muito magro chegando a uma competição física. É necessário avaliar os seus exames e testes físicos mesmo, embora contusões sejam muito ditadas pelo imponderável. Seu potencial nos dois lados da quadra, certamente, sofre um “baque” com isso também porque a NBA tem jogadores de perímetro muito fortes.
Mas, ao mesmo tempo, a liga “refaz” os atletas com seus preparadores físicos e profissionais especializados. Franzinos não serão franzinos para sempre, mesmo que não virem “armários”. E, por fim, já não estamos tratando mais de uma liga em que enfrentará esses “fortões” todas as semanas. A maioria dos pivôs atuais, afinal, está mais para Holmgren do que Shaq ou Hakeem Olajuwon, por exemplo.
Smith: a escolha segura
Faz sentido que Smith tenha tomado a aparente dianteira da corrida pela primeira escolha do draft durante os playoffs. Franquias, acima de tudo, olham para a pós-temporada em busca de tendências. Quais são os tipos de jogadores que vencem partidas e títulos para você na NBA atual? E, mais do que isso, quem são aqueles que não conseguem ficar em quadra quando a competição aperta?
O ex-jogador de Auburn, nesse sentido, é o protótipo do atleta que não é “tirado” de quadra nos playoffs. Ele oferece, afinal, as qualidades mais funcionais para os times competitivos da atualidade: arremessa de longa distância e marca múltiplas posições. O basquete de hoje é disputado em espaço e, assim, tais características ajudam a manter o ataque espaçado e a defesa menos aberta.
Não acho que Smith seja particularmente rápido, mas move-se lateralmente com destreza e cobre muito espaço (braços e passadas largas). Essas são, em síntese, as chaves para a eficiente defesa em espaço. E o seu arremesso é extremamente difícil de ser contestado por causa da envergadura. A mecânica com alto ponto de lançamento, aliás, é o ponto que mais justifica a comparação com Rashard Lewis.
Assim como o físico de Holmgren, a incapacidade de criar o próprio arremesso de Smith é um ponto fraco a ser relativizado. Com seu drible instável conduzido em alto centro de gravidade, realmente, acho difícil que seja um criador. Ao mesmo tempo, capacidade de criar o próprio arremesso a partir do drible é algo que as equipes querem depender cada vez menos. Times que funcionam bem hoje, por exemplo, movimentam a bola e jogam em velocidade.
Banchero: o playmaker
Se existe um recurso ofensivo na NBA que está tão valorizado quanto ter inúmeros chutadores é ter vários playmakers. Jogadores que não criam só para si mesmos, mas também para outros. Banchero é, certamente, o atleta que atende esse perfil na concorrência pelo topo do draft. Você coloca a bola em suas mãos e, então, as coisas acontecem. Esse jogo ainda é ditado por cestas, no fim das contas.
O ala-pivô, para começar, é um mismatch ambulante com ótimo jogo de um contra um. Estamos tratando de um jogador de 2,08m de altura e 113 quilos que coloca a bola no chão e faz coisas acontecerem. Cria arremessos em média distância, ataca os adversários mais baixos/lentos e, além disso, finaliza com muito refinamento. É um atleta ambidestro que joga com ritmo e fantástico trabalho de pés.
Jogadores com seu porte físico e instintos de pontuador, no entanto, não costumam ter a capacidade de criar para outros de Banchero. Isso é o que faz sua alcunha de playmaker alcançar outro nível, aliás. Ele explora mismatches a partir do perímetro, por exemplo, mas é capaz de passar a bola em movimento se o garrafão fecha. Faz o drive and kick e distribui para lobs, duas jogadas importantes na NBA atual.
Já que confio mais do que muitos em seu arremesso de longa distância, eu ficaria realmente preocupado com a defesa de Banchero. E nem acho que seja tão ruim assim marcando, mas é a questão citada anteriormente: ele sofre em espaço. E isso acontece porque sua agilidade lateral está abaixo da média. Eu não acho que times com o descendente italiano possam trocar tudo, como tanto gostam na NBA atual.
Então, o que você mais valoriza em um ala-pivô? Qual seria a primeira escolha do draft, afinal, se você estivesse na pele do Orlando Magic?
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