Quem foi melhor: Jason Williams ou Mike Bibby?

Gustavo Freitas analisa as carreiras de dois dos melhores armadores dos anos 2000

Fonte: Gustavo Freitas analisa as carreiras de dois dos melhores armadores dos anos 2000

“Quem é melhor?”

“Quem foi melhor?”

Essas frases já começaram muitas discussões sobre esportes. Não importa o momento histórico ou nível de jogadores, as comparações fazem parte do imaginário popular e são um dos exercícios mais fascinantes entre fãs e analistas. E, com a pausa da temporada da NBA, existe um melhor momento para retomarmos um de nossos quadros mais polêmicos?

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Nessa terceira edição de retomada, vamos com uma comparação entre dois grandes armadores dos anos 2000, Jason Williams e Mike Bibby.

Jason Williams

Posição: armador
Altura: 1,85
Peso: 86
Universidade: Flórida
Draft: Sacramento Kings, sétima escolha em 1998
Temporadas: 12
All Star:
 0

MVP: 0
MVP de finais: 0
Finais: 1
Títulos: 1

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Sétima escolha do draft de 1998, Jason Williams chegou na NBA causando furor por conta de suas habilidades com a bola. De cara, foi titular no Sacramento Kings entre as temporadas 1998-99 e 2000-01. O armador aparecia regularmente nos melhores momentos do SportsCenter americano e era ovacionado por qualquer telespectador. Nesse período, Williams oscilava entre momentos de genialidade pura com erros bobos, talvez pela imaturidade e excesso de preciosismo. Ele queria “assinar” cada jogada, o que irritava não só seus colegas, mas também a comissão técnica e a direção do time californiano. Em três anos, Williams e o Kings foram aos playoffs em todas as ocasiões, mas o time não era competitivo o suficiente. Na pós-temporada, ele desaparecia. Não demorou muito e ele foi negociado para o Memphis Grizzlies, que faria sua primeira temporada em sua casa nova após deixar Vancouver, no Canadá. Na época, Williams e Nick Young foram para o Grizzlies, enquanto Mike Bibby e Brent Price fizeram o caminho inverso.

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No Grizzlies, a torcida de Memphis o abraçou imediatamente. E tinha motivos para isso. Williams saltou de 9.4 pontos e 5.4 assistências em 2000-01 para 14.8 pontos e 8.0 passes decisivos pelo time de Tennessee no ano seguinte. Foram quatro temporadas por lá e, mais uma vez, apresentou queda de rendimento com o passar do tempo. Em agosto de 2005, no entanto, ele foi negociado em uma troca que envolveu cinco times e foi parar no Miami Heat.

Para quem imaginava que seu prestígio havia se encerrado, se enganou. Williams foi, não só titular de um time cheio de estrelas, como Shaquille O’Neal, Dwyane Wade, Antoine Walker e Alonzo Mourning, mas também tornou-se campeão com o astro Gary Payton como o seu principal reserva. Embora não tivesse qualquer protagonismo, ele tinha a função de ditar um ritmo mais forte diante de seus oponentes. Em Miami, Williams atuou por três anos até que seu contrato expirasse e tornou-se agente livre. Ele fechou com o Los Angeles Clippers em agosto de 2008, mas sequer jogou. Pouco mais de um mês depois de acertar com a equipe californiana, ele anunciou a aposentadoria aos 32 anos e ficou toda a campanha 2008-09 de fora. Só que ele quis voltar no ano seguinte e foi para o Orlando Magic, assumindo a condição de reserva pela primeira vez na carreira. Sem grande sucesso, foi trocado em 2010-11 para o Grizzlies, após apenas 16 jogos pelo Magic naquele ano. Sem espaço, aos 35 anos, Williams optou, finalmente, por parar de jogar em definitivo.

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Jogos  788
PPG 10.5
RPG 2.3
APG  5.9
SPG  1.2
BPG  0.1
TO PG  2.1
FG%  39.8
FT%  81.3
3P%  32.7

Mike Bibby

Posição: armador
Altura: 1,85
Peso: 86
Universidade: Arizona
Draft: Memphis Grizzlies, segunda escolha em 1998
Temporadas: 14
All Star:
 0

MVP: 0
MVP de finais: 0
Finais: 1
Títulos: 0

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Após dois grandes anos na Universidade do Arizona, Mike Bibby foi a segunda escolha do draft de 1998-99, atrás apenas de Michael Olowokandi. Bibby foi parar no obscuro Vancouver Grizzlies que, na época, tinha apenas três anos de existência e acumulava 48 vitórias em 246 jogos. Mas não há nada que não possa piorar. No ano seguinte, o Grizzlies venceu apenas oito dos 50 embates (16% de aproveitamento), mesmo com o armador no elenco. Por lá, Bibby ficou por três temporadas, apresentando um jogo com muito menos erros e mais precisão nos arremessos. A direção do Sacramento Kings viu isso e não pensou duas vezes quando ofereceu, essencialmente, Jason Williams por ele antes de 2001-02.

Em Sacramento, Bibby estabilizou-se como um dos armadores mais promissores e confiáveis, com cerca de 18.0 pontos, 6.0 assistências e um aproveitamento que beirava os 40% nos arremessos de longa distância em seus três primeiros anos. Em 2005-06, sem Chris Webber, trocado para o Philadelphia 76ers no meio da temporada anterior, Bibby tornou-se cestinha da equipe, com 21.1 pontos. Só que o Kings deixou de ser um candidato real ao título depois da saída de Webber e não voltou mais aos playoffs desde então.

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O atleta, entretanto, foi negociado para o Atlanta Hawks, onde serviu como mentor de Jeff Teague e teve papel relativamente importante antes de ser trocado para o Washington Wizards, em 2010-11. Depois de dois jogos em Washington, ele pediu para ser dispensado e assinou com o Miami Heat, que disputaria a final contra o Dallas Mavericks naquele ano. Mesmo como titular durante os playoffs, Bibby jamais conseguiu repetir no time da Flórida o desempenho anterior e deixou o time assim que a campanha, que resultou em um vice, terminou. Ele ainda arriscou mais uma temporada, agora no New York Knicks, mas praticamente sem função alguma e encerrou a carreira após os playoffs de 2011-12.

Jogos  1.001
PPG 14.7 
RPG 3.1
APG  5.5
SPG  1.2
BPG  0.1
TO PG  2.1
FG%  43.6
FT%  80.2
3P%  37.9

 

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Um contra um

Pontuação (20)*

A vantagem é claramente de Mike Bibby que, na carreira, fez 14.7 pontos contra 10.5 de Jason Williams. Em sua melhor temporada, Bibby anotou 21.1, enquanto Williams jamais ultrapassou a barreira de 15. Já como pontuação máxima, Bibby atingiu 44. Williams fez 38. No geral, o ex-Hawks foi superior e correspondeu quando foi exigido.

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Resultado: Bibby, 20 a 15.

 

Rebotes (5)

Os dois, com 1,85 metro, nunca precisaram ir atrás de rebotes. Nunca foi a principal característica deles, também. Bibby encerrou a carreira com 3.1 contra 2.3 de Williams. No mais, Bibby pegou ao menos dez rebotes em cinco ocasiões, enquanto Williams chegou ao máximo em nove.

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Resultado: Bibby, 5 a 4.

 

Assistências (20)

Vamos pensar no seguinte: Bibby teve quase 34 minutos em sua carreira, cerca de cinco a mais que Williams. Ainda assim, o segundo terminou a carreira com 5.9 de média, contra 5.5 de Bibby. Utilizando como parâmetro as marcas por 36 minutos, Williams teria feito em torno de 7.2, enquanto Bibby chegaria a 5.8. Vantagem clara do malabarista.

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Resultado: Williams, 20 a 17.

 

Defesa (10)

Muito parecido. Os dois tiveram um defensive rating quase igual, embora Williams tenha terminado a carreira com 2.1 roubadas por 100 posses de bola, contra 1.8 de Bibby. No geral, eles não eram especialistas em defesa. Um empate seria o mais justo.

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Resultado: Empate, 10 a 10.

 

Arremessos de três (15)

Aqui é um caso curioso. Bibby foi melhor arremessador quando teve a bola nas mãos. A queda de rendimento é muito clara quando ele era colocado apenas para arremessar de três. Isso aconteceu em 20 jogos dos playoffs em 2010-11, quando acertou apenas 25.8% e, no ano seguinte, pelo New York Knicks, fez 31.8%. Nos dois casos, ele era armador principal, mas não era quem conduzia as jogadas. No Miami Heat, a bola ficava com Dwyane Wade e LeBron James. Mas Williams também jogou no Heat em uma situação similar em relação a Wade e aconteceu o contrário, acertando 37.2% no ano do título. Mesmo assim, na carreira, a diferença é grande em seu favor: 37.9% contra 32.7% de Williams.

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Resultado: Bibby, 15 a 13.

 

Cuidado com a bola (10)

Ambos terminaram suas carreiras com 2.1 erros de ataque por jogo, mas é bom ressaltar novamente o tempo de quadra e o assist per turnover ratio (assistência por erro de ataque). Enquanto Bibby teve mais tempo de quadra, Williams teve mais assistências. No começo de sua carreira, o “White Chocolate” cometia muitas falhas ofensivas por tentar deixar o jogo mais bonito. Chegou a fazer 3.7 erros de ataque em seu segundo ano, mas isso melhorou depois, quando passou a conduzir as jogadas com mais inteligência e menos firula. Poderia ser empate, mas, mesmo com menos tempo, melhor assist per turnover ratio, Williams foi ligeiramente melhor.

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Resultado: Williams, 10 a 9.

 

Poder de decisão (10)

Temos de pensar que apenas Bibby ficou encarregado de fechar jogos, especialmente após a saída de Chris Webber do Kings. Foram dois anos em que ele e Peja Stojakovic decidiam as partidas. Williams, uma vez ou outra (três, na verdade). Bibby decidiu até jogo de playoffs, como na quinta partida da série final do Oeste, contra o Los Angeles Lakers.

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Resultado: Bibby, 10 a 8.

 

Durabilidade (10)

Nas quatro primeiras temporadas, vale lembrar que os dois participaram do mesmo draft, Bibby perdeu um total de dois jogos por lesões. Williams, 23. Por jogar de forma mais cadenciada, o ex-Hawks parecia que não se cansava e chegou a ter três temporadas acima de 38 minutos de média. A melhor de seu oponente foi 36, no ano de estreia.

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Resutado: Bibby, 10 a 9.

 

Final

Se perguntarmos qual dos dois foi mais genial, a resposta é Jason Williams, por muito. Ele era realmente um jogador de highlights. Seus melhores momentos são tão impactantes como os de Blake Griffin em determinado momento. Williams era um jogador que, apesar de toda habilidade, não precisava tanto da bola para produzir, pois arremessava com praticamente a mesma precisão se estivesse organizando o jogo ou se estivesse esperando apenas para decidir. Mike Bibby era diferente. Dominava muito bem o seu oponente para, depois, executar o arremesso. Sem a bola, não foi tão bem, entretanto.

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Mas quando a gente fala de toda a carreira, apesar de Williams ter um título em sua carreira contra nenhum de Bibby, é bom lembrarmos da importância para os seus times. Bibby foi o principal jogador do Sacramento Kings durante alguns anos e, mesmo quando Chris Webber estava por lá, ele tinha papel muito importante. O mesmo não aconteceu com Williams.

A comparação entre os dois acontecia muito no início de suas carreiras, mais ou menos o que aconteceu com Chris Paul e Deron Williams. Por algum tempo, havia muita gente que cravava que Williams seria melhor que Paul no fim das contas. Hoje, a gente sabe que isso não tem cabimento algum.

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Os quesitos sempre terão pesos diferentes, dependendo da posição. Aqui, os dois eram armadores. Por mais que Williams tenha sido superior justamente no mais importante, Bibby foi mais jogador no geral. Foi mais impactante, teve uma carreira mais sólida. Por isso, Bibby foi melhor.

 Quesito  Williams Bibby
 Pontuação 15 20
 Rebotes 4 5
 Assistências 20 17
 Defesa 10 10
 Arremessos de três 13 15
 Cuidado com a bola 10 9
Poder de decisão  8  10
 Durabilidade 9 10
 Total 89 96 

*Pesos diferentes para cada tipo de comparação. Quando for com pivôs, rebotes valem 20, assim como se fossem grandes defensores, a defesa valeria 20.

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